|
Em 1924 surgia, na Alemanha, a Condor Syndikat, com o objetivo de ligar os Estados Unidos, a América Central e a Colômbia. Foi formada
então, na Colômbia, a SCADTA (futuramente seria a
Avianca). Enquanto
isso chegava no Brasil Otto Ernst Meyer, um imigrante alemão (ex-
piloto da força aérea de seu país) com objetivo de
montar uma companhia aérea no Brasil. Passando por Recife e Rio de
Janeiro, o alemão só encontrou o apoio necessário em Porto Alegre. Em
1926 ele partiu para a Alemanha para visitar o escritório da Condor Syndikat.
Lá um acordo foi feito: 21% da companhia brasileira estaria
nas mãos da Condor Syndikat e em troca a companhia emprestava um
Dornier
Do J Wal para a companhia brasileira iniciar operações, além de
funcionários para a operar a aeronave.
Em 26 de janeiro de 1927 a Condor Syndikat recebeu autorização do
governo brasileiro para operar em território nacional por um ano. Sendo
assim, em 3 de fevereiro de 1927, às 8 horas da manhã, decolava o
primeiro voo comercial do Brasil. O Dornier, batizando de "Atlântico",
decolou do rio Guaíba com destino ao Rio Grande. O nome provisório da
subsidiária da Condor era "Companhia Rio Grandense de Transportes
Aéreos". A rota ligava Porto Alegre ao Rio Grande, com escala em
Pelotas e durava 2 horas e 20 minutos. O voo ficou conhecido como "Linha
da Lagoa".
Em 7 de maio de 1927 nascia finalmente a primeira companhia aérea
brasileira: Viação Aérea Rio Grandense, mais conhecida como VARIG. Sendo
assim a Condor Syndikat passou a linha e a aeronave para a Varig em 15
de junho de 1927. Em dezembro do mesmo ano a Condor Syndikat fundou
outra empresa no Brasil: a Syndicato Condor (futuramente -
Cruzeiro do
Sul).
Em agosto de 1927 chegou ao Brasil a segunda aeronave da Varig, um
Dornier Merkur, batizado de "Gaúcho".
Em 1929 a companhia recebeu dois Klemm L25, as aeronaves transportavam
malas e postais e faziam propagandas da companhia.
Em 1930 a Condor Syndikat saiu da sociedade e a Varig teve que devolver
o "Gaúcho" em 25 de junho e o "Atlântico" em 2 de julho. Com isso a
Varig passou a operar somente os Klemm. A companhia então pediu ajuda do
governo gaúcho e incorporou dois Junkers F-13. O primeiro chegou em 18 de
abril
de 1932 e com eles a companhia passou a atender Livramento, Santa Cruz,
Cruz Alta e Santana do Livramento.
Em 1937 chegou o Messerschmitt M20, que possuía banheiro à bordo. Com
ele o voo para Livramento foi estendido até Uruguaiana. No mesmo
ano a companhia recebeu o Junkers JU-52, o maio avião da frota (para 21
passageiros). A aeronave era tão grande, que só decolava se houvesse um
número de passageiros suficiente.
Em 1938 a Varig foi obrigada a cancelar a sua primeira linha entre Porto
Alegre e Rio Grande devido à baixa ocupação. Porém a companhia fechou um
acordo com a Viação Férrea do Rio Grande do Sul e passou a oferecer
viagens de trem entre as cidades. Mas nessa mesma época, o
Junkers JU-52
se acidentou, marcando o primeiro acidente com perda humanas da Varig.
Em 1942 a empresa recebeu um De Havilland Dragon Rapide e em 5 de
agosto
de 1942 iniciou a sua primeira rota internacional, ligando Porto Alegre
à Montevidéu. A companhia ainda era pequena se comparada a
Syndicato Condor e a
Panair
do Brasil (apenas sete aeronaves, contra mais de vinde das duas outras)
e ainda começou a enfrentar problemas devido à Segunda Guerra Mundial. A
maioria das aeronaves eram de origem alemã e o Brasil acabou ficando
contra a Alemanha e a favor dos Estados Unidos na guerra. Com isso a
peças das aeronaves alemãs, que eram maioria na frota da empresa,
começaram a ficar cada vez mais difíceis de serem obtidas. Além disso
Otto Ernst Meyer era alemão e decidiu sair da presidência da empresa
para proteger a Varig. Otto saiu em dezembro de 1942 e entrou em seu
lugar Érico de Assis, porém ele morreu duas semanas depois da indicação
e em seu lugar entrou Ruben Martin Berta. Berta estava na empresa desde
1927 e como Otto era apaixonado pela Varig. A primeira medida de Berta foi começar a padronizar a frota e comprar
aviões norte-americanos. O primeiro foi o Lockheed Electra
I. Com ele a
Varig iniciou o serviço de bordo.
Em 1945 Ruben Berta inovou e criou a Associação de Funcionários da
Varig. A idéia de Berta era proteger a Varig e ao mesmo tempo
beneficiá-la. A associação teria 50% da empresa e todos os funcionários
da companhia fariam parte dela. Ela daria uma série de benefícios aos
funcionários, melhorando a sua qualidade de vida e conseqüentemente a
sua produção na empresa. Em outubro de 1945 os acionistas transferiram
50% da ações para a Associação de Funcionários da Varig. A associação
trouxe inúmeros benefícios para a Varig, mas também foi uma das
responsáveis pela sua crise cinqüenta anos mais tarde...
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a Varig recebeu vários
DC-3. O
primeiro voo aconteceu em 27 de agosto de 1946, ligando Porto Alegre,
Rio de Janeiro e São Paulo.
Em 1948 chegaram os primeiros Curtiss C-46,
que juntamente com o
DC-3, passaram a ser a principal
aeronave para rotas domésticas.
Em maio de 1952 a Varig comprou a
Aero Geral e a frota da companhia
ganhou mais C-46 e DC-3 e voos para o nordeste.
Em 1954 chegaram os
Convair 240, a sua velocidade de 435 km/h reduziu o
tempo das viagens. A Varig chegou a operar doze unidades por todas as
rotas no Brasil e para Montevidéu e Buenos Aires.
Em 1953 a Varig recebeu autorização para voar entre o Brasil e os
Estados Unidos (devido a desistência da Cruzeiro). Para isso a companhia
encomendou três Lockheed Super G Constellation. Em
julho de 1955 a rota
para Nova York foi inaugurada. O Constellation fazia o voo Buenos Aires
- Montevidéu - Porto Alegre - São Paulo - Rio de Janeiro - Belém - Port
of Spain - Trujilho - Nova York. Com o primeiro voo internacional de
longa distância, a Varig fez uma completa reestruturação. O
Constellation
foi configurado para apenas 66 assentos (contra cerca de 99
numa configuração padrão), tornado a aeronave
mais confortável. Além disso o Constellation possuía oito camas beliche e
por ter mulheres e crianças com pijamas à bordo, a companhia contratou
pela primeira vez mulheres. À bordo a companhia oferecia o que havia de
melhor, a cozinha da Varig contava com um cozinheiro da família real
russa e para muitos a comida da Varig era melhor do que de qualquer
restaurante no Brasil. Em pouco tempo a Varig começou a ser reconhecida
como uma das melhores companhias do mundo. Além de disputar os
passageiros com a
poderosa Pan Am, a Varig também encarou uma
guerra tarifária com a
Real, que também voava
para os EUA. A Real preferiu
atrair os passageiros cobrando preços muitos baixos, enquanto a Varig preferiu
atrair os passageiros investindo na qualidade do serviço.
Em setembro de 1957 a Varig encomendou os seus primeiros jatos: três
Boeing
707-400. Em outubro a companhia encomendou dois
Caravelle. Mas devido à
problemas na produção do 707, o
Caravelle chegou antes. Então em
setembro de 1959 a Varig fez o primeiro voo com um jato no Brasil. Como o
Boeing 707 ainda não havia chegado, o
Caravelle foi para a rota Rio de
Janeiro - Nova York e operou na rota até a chegada o
707. Com o
Caravelle, o tempo de viagem foi reduzido de 25 para 14 horas.
Em
julho de 1959 a Varig começou a operar na Ponte Aérea Rio de Janeiro
- São Paulo com o Convair 240.
O primeiro
Boeing
707-400 chegou em 22 de junho de 1960 e já veio
trazendo os passageiros da Varig de Nova York. Com a chegada dos
707, foram inauguradas novas rotas para Nova
York, como o voo "non-stop" (sem escalas) entre o Rio de Janeiro e
Nova York. Mesmo assim os
Constellation ainda
continuaram a operar na rota para Nova York por algum tempo.
Depois eles passaram a operar em rotas domésticas, até
finalmente serem aposentados.
Em agosto de 1961 a companhia deu o seu maior salto com a compra da
Real Aerovias. A Real era quase duas vezes maior que a Varig, com uma
frota de mais de cem aeronaves. Porém grande parte da frota foi vendida
para pagar a divida gerada com a compra. Com a compra, a Varig se tornou
a líder no mercado nacional e expandiu suas rotas para Lima, Bogotá,
México, Miami, Los Angeles e depois para o Tokyo. Além disso a Varig,
relutante, teve que assumir a encomenda feita pela Real dos
Electras II e
Convair 990. O
Electra II tinha uma péssima reputação nos Estados
Unidos devido à vários acidentes e o Convair 990 não tinha um grande
alcance. Porém os Electra II se tornaram um
grande trunfo para a Varig, fazendo com que ela dominasse a
Ponte Aérea Rio de Janeiro - São Paulo (a rota mais
lucrativas do país) por vários anos. Os dois primeiros
chegaram em 1962 e foram utilizados nas rotas nacionais. Por algum tempo
eles também faziam o "Vôo da Amizade" ligando
Rio de Janeiro e Lisboa com escala em Recife e na Ilha do Sal. Em
setembro de 1962 os Electra II iniciaram os voos na
Ponte Aérea e
ficaram por lá até janeiro de 1992. Os Electra II voaram na Varig por
quase trinta anos sem sofrer nenhum acidente.
Em fevereiro de 1965 o governo militar declarou a falência da
Panair do
Brasil, a maior companhia aérea no mercado internacional brasileiro. As
rotas nacionais ficaram com a Cruzeiro e as internacionais com a Varig.
Porém ficou
claro que o fechamento da Panair já tinha sido planejado. Na
mesma noite do fechamento da companhia, os Boeing 707 da Varig cumpriram
todas as rotas da Panair, isso deixou claro que a Varig já havia se
preparado para operar as rotas da Panair vários dias antes.
Com o fim da
Panair, a Varig se tornou a maior companhia aérea do Brasil
e da América Latina. A companhia também havia encomendado dezessete
Boeing 707-300 para cobrir as novas rotas internacionais e aumentar as
freqüências. Nessa época também surgia a famosa rotas dos ventos, que
passou a ser a logomarca da empresa. Com o falência da
Panair do
Brasil,
a Varig recebeu dois Douglas DC-8-33 e passou a ser uma das poucas
companhias no mundo a operar simultaneamente o DC-8,
Boeing 707 e
Convair 990. Os novos destinos
internacionais da Varig foram Lisboa, Madrid, Paris,
Londres e Roma. Até 1968 a companhia também iniciou voos para Zurique,
Copenhagen, Beirut e Tokyo.
Em dezembro de 1966 Ruben Beta morreu em sua mesa de trabalho. Em
homenagem à ele, a associação de funcionários passou a se chamar
Fundação Ruben Berta. Em seu lugar assumiu Erik Carvalho, ex-funcionário
da Panair.
Em 21 de agosto de 1970 a Varig iniciou voos para África, na rota Rio de
Janeiro - Luanda - Johanesburgo. Também em 1970 a companhia recebeu os
HS 748, também conhecidos como "Avro", que substituíram o
DC-3 e
chegaram a operar na Ponte Aérea Rio - São Paulo. Também chegavam nesse
ano os primeiros Boeing 727.
Em dezembro de 1972 a Varig escolheu o
Douglas DC-10-30 como o novo
avião intercontinental. A companhia estava estudando o
Boeing 747 ou o
DC-10 e acabou escolhendo o
DC-10, pois ele era menor e mais econômico,
refletindo melhor a demanda de passageiros.
Em fevereiro de 1974 a companhia encomendou os
Boeing 737-200 e os
primeiros chegaram em outubro do mesmo ano. O primeiro
DC-10-30 da Varig
chegou em maio de 1974 e iniciou serviços regulares em julho na rotas
para Nova York e para Europa. O DC-10 foi o primeiro "wide-body" (avião
de fuselagem larga) da Varig e do Brasil, era o que havia de mais
moderno na época.
Em 1975 a Cruzeiro do Sul não estava bem financeiramente e negociava a
sua venda para a Vasp. Porém em maio desse ano quem comprou a
Cruzeiro
foi a Varig. Com isso a Varig passou a dominar 100% do mercado
internacional, ou seja, era a única companhia aérea brasileira a ter
voos internacionais, posição que manteve até a década de 90. A Varig
manteve o nome Cruzeiro até 1993 e sempre usava a companhia para testar
novos produtos.
Em 1976 o governo determinou a criação de companhias regionais para
aumentar o número de cidades atendidas. A Varig se associou à Top Taxi
Aéreo e criou a Rio Sul. A Rio Sul ficou responsável por atender toda a
região sul e o estado do Rio de Janeiro, além de parte do estado de São
Paulo e Espírito Santo. Com isso a Varig começou a reduzir ainda mais os
seus voos regionais e se concentrar nos voos de maior demanda de
passageiros.
Na década de 70 a Varig estava no seu auge. Era a maior companhia aérea
da América Latina, a maior empresa privada do Brasil, a maior empresa
aérea privada fora dos EUA, a oitava do mundo em carga transportada e a
vigésima segunda em passageiros transportados. Além disso era
considerada uma das melhores companhias do mundo e dominava 50% do
mercado nacional e 100% do internacional. Com o fim da década de 70, a
Varig encerra o seu "super crescimento" e enfrenta a década de 80 com um
crescimento mais modesto.
Com uma posição de destaque na aviação comercial mundial, as fabricantes
queriam que a maior companhia da América Latina operasse suas aeronaves,
como foi o caso do Concorde e do
Airbus A300. O Concorde não entrou em
operação na Varig, mas o Airbus sim. Em abril de 1979 a Varig encomendou
dois Airbus A300B4.
Em junho de 1980 o primeiro Airbus do Brasil entra em operação, mas não
nas cores da Varig e sim nas da Cruzeiro e voando nas rotas para a
América do Sul. O Airbus se mostrou uma ótima aeronave, muito silenciosa
e muito confortável. Com o sucesso do A300 na
Cruzeiro, a Varig recebe
mais dois A300 em junho de 1981 e os pintou nas suas próprias cores. O
A300 estreou na Varig na rota São Paulo - Santiago. O
A300 passou a ser
a maior aeronave operando no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Em
janeiro de 1981 a Varig encomendou três Boeing 747. A companhia
demonstrava interesse na aeronave desde a década de 70, mas o
747 era
grande demais para a demanda de passageiros. Os 747 encomendados eram da
versão 747-200B, que eram metade para passageiros e metade para carga,
com isso o 747 se tornava mais adequado para as rotas da Varig. O
747
estreou na companhia em 12 de fevereiro de 1981 na rota Rio de Janeiro -
Nova York, competindo diretamente com o Boeing 747-100 da
Pan Am. Com a
chegada dos outros dois, a Varig iniciou o voo com o
747-200 na rota Rio
de Janeiro - Paris - Frankfurt.
Em 1985 a companhia encomenda a mais nova versão do
747, o
Boeing
747-300. Os dois 747-300 Combi (metade passageiros, metade carga)
chegaram em dezembro de 1985 e substituíram o DC-10-30 na rota Rio de
Janeiro - Los Angeles - Tokyo. Em 1988 a Varig recebeu mais três
Boeing
747-300, dessa vez totalmente para passageiros. Os
747-300 "full-pax" da
Varig chegaram a ser configurados para 408 passageiros em três classes.
Em
março de 1987 a Varig recebeu seis
Boeing 767-200ER para substituir
os A300. Os 767 foram negociados
com preços bem baixos, pois a Boeing
queria que a Varig deixasse de operar aeronaves da Airbus. A Varig foi a
primeira companhia do mundo a operar o 767 com
motores da General Electric.
Em 1988 a companhia recebeu quatro
Boeing 767-200ER e começou a receber
os primeiros Boeing 737-300, que passaram a ser a principal aeronave
para voos nacionais da companhia até a sua falência em 2006.
Em 1989 a Varig foi a primeira companhia aérea a usar o
aeroporto de
Guarulhos, pousando com o seu Boeing 747 no voo vindo de Nova York. A
partir de 1989 a Varig começou a transferir lentamente os voos internacionais
do Galeão para
Guarulhos.
No inicio da década de 90 a companhia começou a voar para Chicago,
Orlando, Washington, Atlanta, Porto e Barcelona. Porém essa década foi o
inicio do fim da empresa...
Em 1990 a Varig perde o monopólio das rotas internacionais. A
TransBrasil e depois a
Vasp iniciaram voos internacionais, aumentando a
concorrência e diminuindo os lucros da Varig.
Em novembro de 1991 a Varig é uma das primeiras companhias aéreas no
mundo a operar o novo McDonnell Douglas MD-11. Ele iniciou os seus
serviços na rota São Paulo - Rio de Janeiro - Paris - Amsterdã. A parir
daí o MD-11 passou a ser a principal aeronave para voos internacionais
da Varig. Em dezembro do mesmo ano, chegou o primeiro
Boeing 747-400,
que operou na rota São Paulo - Roma. Posteriormente a companhia recebeu
mais dois 747-400 e com ele, em 1993, inaugurou a rota Rio de Janeiro
- São Paulo - Johanesburgo - Bangkok - Hong Kong. Porém os
747 foram
negociados em moeda japonesa e houve uma grande valorização da moeda
japonesa em relação à brasileira, fazendo com que mesmo com 100% de
ocupação, o 747-400 tivesse prejuízo.
Com isso a Varig devolveu os
Boeing 747-400 em 1994, com apenas três anos de operação na companhia. Além disso, a concorrência no
mercado internacional estava ficando cada vez mais forte. Antes somente
a Varig e a Pan Am voavam entre o Brasil e os EUA e em menos de um ano
elas tiveram que competir com Vasp,
TransBrasil,
Eastern,
American
Airlines, United, Tower Air,
Delta e
Continental! Resultado: antes os
voos partiam lotados e o preço era alto e agora os voos saiam bem mais
vazios e o preço era menos da metade.
Além de "sofrer" no mercado internacional, a Varig começava a ser
incomodada por uma pequena empresa do interior de São Paulo, que vinha
numa grande expansão com os seus Fokker 100: a
Tam. Ela estava em
grande vantagem por usar jatos contra os turbo-hélices da subsidiária da
Varig, a Rio Sul. Para competir com o Fokker 100,
a Rio Sul começou a incorporar
aeronaves Boeing 737 em
1995.
Em 1995 a Fundação Ruben Berta demitiu, pela primeira vez, o presidente
da Varig. Aliás a Fundação Ruben Berta também contribuiu para a crise da
empresa. Qualquer membro da fundação, que já dominava mais de 80% da companhia, podia ocupar o cargo máximo.
Muitas vezes a pessoa não
tinha preparo técnico para ocupar o cargo e acabava tomando decisões
equivocadas. A fundação vinha cada vez mais interferindo na empresa e
nas decisões do presidente. Entre 2002 e 2005 a Varig teve nada menos de
nove presidentes, todos demitidos pela Fundação Ruben Berta. Com as dívidas aumentando, a Varig vendeu todas as suas aeronaves e
as
alugou de volta (Sale and lease back), ou seja, a companhia começou a
pagar um aluguel pelas aeronaves que antes eram dela.
Em 1995 a Varig comprou 49% da
Pluna, que passou a fazer parte do grupo.
No mesmo ano, a Nordeste foi comprada pela
Rio Sul e também passou a
fazer parte do grupo Varig.
Em setembro de 1996 um
Boeing
747-300 apresentou as novas cores da
companhia, a antiga pintura foi uma das mais duradoras da mundo (de 1955
a 1996).
Em novembro de 1997 a Varig foi a primeira companhia a entrar na
Star Alliance. Porém as dividas da companhia continuavam a crescer e a Varig
começou a cortar rotas e devolveu quatorze aeronaves. A oferta de
assentos foi reduzida em 20% no mercado internacional e 17% no nacional.
Mesmo assim a Varig encomendou vinte e duas novas aeronaves dos modelos
Boeing 737-700,
Boeing 737-800 e
Boeing 777-200.
Em agosto de 1998 a Varig saiu do pool da
Ponte Aérea (com
Vasp e TransBrasil) e passou a operar com a sua subsidiária
Rio Sul. No mesmo
ano, a companhia recebeu o primeiro Boeing 737-700, sendo a primeira da
América Latina a operar esse modelo.
Em 1999 a companhia retirou de operação os
DC-10-30 e deixou de operar
com o Boeing 747, retirando de operação os últimos
747-300.
A chegada do século XXI
trouxe muitas mudanças no setor aéreo brasileiro. Em janeiro de 2001
a Gol começou a operar e puxou os preços para baixo, fazendo a
rentabilidade dos voos nacionais diminuir. Em março a Varig perdeu a liderança no
mercado nacional para a Tam (a Varig era a líder desde 1961). Porém se
somássemos as participações da Varig, Rio Sul e
Nordeste, a Tam só
passou a Varig em 2003. Em 11 de setembro de 2001 a aviação comercial
mundial sentiu uma nova e forte crise com os atentados terroristas.
Enquanto as companhias mais "modernas" rapidamente diminuíram sua oferta, as "tradicionais" como a Varig
continuaram a atender todos os destinos internacionais e seus aviões
voaram vazios e no prejuízo.
Conclusão: a Varig devolveu mais 22 aeronaves e cortou mais rotas. Em
novembro a Varig foi a primeira companhia aérea da América Latina a
operar o Boeing 777 e o
Boeing 737-800. O
777-200 foi inaugurado em 15 de
novembro, na rota Rio de Janeiro - São Paulo - Londres - Copenhagen. O
777 trouxe várias inovações, dentre elas a internet à
bordo. A Varig foi a terceira companhia do mundo a oferecer internet à
bordo. Os dois 777 foram batizados de "Otto Meyer" e "Ruben Berta"
e foram
as duas últimas aeronaves novas recebidas pela companhia. As novidades do
737-800 foram os winglets, que reduzem o
consumo de
combustível, e os monitores de vídeo à bordo. Com o
777 e o
737-800 a
Varig se equiparava à Tam com os seus modernos
Airbus A319/320 e
A330-200. Mas devido à crise financeira, as vinte e duas encomendas
foram reduzidas a cinco 737-700, dois
737-800 e dois
777-200. Também em
2001, a companhia criou a Varig VEM (Varig Engenharia e Manutenção), que
se tornou um dos dez melhores centros de manutenção de aeronaves do mundo.
Em 2003 a Varig "ensaiou" uma fusão com a
Tam e houve um code-share
entre as duas no mercado nacional. Por um lado a Varig se beneficiou com
uma melhora na ocupação dos voos e da rentabilidade. Por outro
lado as pessoas que só voavam Varig e que começaram a voar
Tam acabaram trocando a Varig pela
Tam. A
tentativa de fusão não deu certo, pois enfrentou grande resistência da
Fundação Ruben Berta e dos funcionários.
Afogada em dívidas, a Varig
foi obrigada a organizar um plano de emergência para se
reestruturar. A companhia então iniciou, em 2002, a
incorporação das suas subsidiárias
Rio Sul e
Nordeste. Além disso mais rotas foram canceladas e mais de dez aeronaves
foram devolvidas, entre elas todos os Boeing 767-200. A Varig chegou até a reativar os
Boeing 737-200 para
não reduzir tanto a oferta de assentos.
Em 2004 a companhia recebeu o seu último modelo de aeronave,
o Boeing 757. Como a Boeing havia anunciado o fim da produção de
757, o
preço da aeronave despencou e a Varig aproveitou para alugar quatro
exemplares. A Varig também recebeu mais aeronaves
Boeing 777-200 e
MD-11, todos usados. O objetivo da Varig era substituir mais rapidamente
os MD-11 por Boeing 777, mas os
777 eram velhos e não estavam em bom
estado de conservação. Também em 2004 a companhia anunciou o fim das
operações com o ERJ-145, pois o leasing da aeronave era mais caro do que
a do Boeing 737-500, sendo que o Boeing transportava 120 passageiros
contra 50 do ERJ. Além disso a Varig passou a operar somente aeronaves
da Boeing, reduzindo os custos. Nesse ano a Varig voltou a voar para
Johanesburgo e Cidade do Cabo, mas cancelou o voo meses depois.
Em junho de 2005 a
Gol passou a Varig no mercado nacional. Também em
2005 a companhia entrou com um pedido de recuperação judicial. Nesse ano
a frota da companhia foi reduzida para pouco mais sessenta aeronaves
operantes e a Tam já tinha oitenta. Porém a Varig tinha mais que o dobro
de funcionários que a Tam. O motivo era que a Fundação Ruben Berta não
permitia uma demissão se quer, apesar da frota ter encolhido para menos
da metade, os tripulantes de aeronaves já devolvidas há anos atrás
continuavam a receber seus salários mesmo sem voar. Quase sem dinheiro,
a companhia vendeu a VarigLog para a VOLO e a VEM para a
Tap. Chegaram a
especular uma possível compra da Varig pela Tap, mas não aconteceu. Sem
dinheiro para pagar o aluguel dos aviões, houveram vários casos em que a
aviões da Varig foram apreendidos em aeroportos estrangeiros.
2006 é o último ano da companhia. Em janeiro, devido à Copa,
a Varig voltou a voar para Munique. Em acordo com a Tap, a Varig deixou
de voar para Lisboa, deixando o mercado entre Brasil e Portugal
exclusivamente para a Tap. Outro voo cancelado foi para Tokyo, em
janeiro, e com isso a Varig deixou de voar para o Japão (o voo para
Nagoya já tinha sido cancelado em meados de 2004). Em abril os
funcionários da companhia fretaram um MD-11 da própria Varig e foram
protestar em Brasília, mas sem sucesso. Em junho a companhia entrou em colapso e
quase toda a frota ficou parada, pois se decolassem elas seriam
arrestadas pelas empresas de leasing. Em 21 de junho de 2006 a Varig
cancelou todos os voos para Milão, Madrid, Munique, Paris, Los Angeles,
Nova York, México, Montevidéu, Assunção e Bogotá. Com isso a companhia
passou a operar somente para Buenos Aires, Caracas, Aruba, Santa Cruz de
La Sierra, Miami, Copenhague, Frankfurt e Londres. Vários passageiros ficaram presos no aeroportos da Europa e
Estados Unidos, pois nenhuma companhia aceitava os bilhetes da Varig. Em
julho a companhia foi dividida em duas: a "antiga
Varig" ficou com toda a divida e a "nova Varig" ficou com a parte
saudável da empresa. Foi feito um leilão e houveram boatos de uma
possível compra pela Lan ou Air Canada, mas a única oferta foi dos
próprios funcionários e que nem tinham o dinheiro todo.
Um novo leilão foi feito e em 20 de julho de 2006 a empresa foi
comprada pelo fundo de pensão americano Matlin Patterson (VOLO Brasil),
a mesma que comprou a Varig Log.
Batizada de VRG Linhas Aéreas, a empresa continuou a operar com o CHETA
da antiga Varig até dezembro.
Em 14 de dezembro de 2006 a
VRG Linhas Aéreas ganhou o seu próprio CHETA
e a Varig - Viação Aérea Rio Grandense deixou de voar oficialmente
colocando fim aos seus quase oitenta anos de história.
Em 20 de agosto de 2010 foi decretada a falência da S.A.
Viação Aérea Rio-Grandense (Varig), Rio Sul e Nordeste.
Evolução da empresa:
Empresas do Grupo:
|
Fundação: 1927
Encerrou Atividades: 2006
Principais Aeroportos: Guarulhos, Galeão, Salgado Filho
Sede: Porto Alegre
Códigos: VRG / RG
Aeronaves já operadas: Airbus A300-200, Boeing 707-300, Boeing 707-400, Boeing 727-100, Boeing 727-200, Boeing 737-200, Boeing 737-300, Boeing 737-400, Boeing 737-500, Boeing 737-700, Boeing 737-800, Boeing 747-200, Boeing 747-300, Boeing 747-400, Boeing 757-200, Boeing 767-200, Boeing 767-300, Boeing 777-200, Caravelle, Convair 240, Convair 440, Convair 990A, Curtiss C-46, Douglas C-47, Douglas C-53, Douglas DC-3, Douglas DC-6, Douglas DC-8-33, Douglas DC-10-30, McDonnell Douglas MD-11, De Havilland Dragon Rapid, Dornier Do J Wal, Dornier Merkur, Embraer ERJ-145, Fiat G2, HS-748, Junkers A50, Junkers F-13, Junkers J-52, Klemm L25, Lockheed Electra I, Lockheed Electra II, Lockheed Super G Constellation, Messerschmitt M20, Messerschmitt BF108, Nordwyn UC641.
Code-Share: Integrante da Star Alliance de 1997 a 2007.
Destinos internacionais já servidos: Abdijan, Amsterdã, Aruba, Assunção, Atlanta, Bangkok, Barcelona, Bariloche, Beirut, Bridgetown, Bogotá, Buenos Aires, Caiena, Cancun, Caracas, Chicago, Cidade do Cabo, Copenhagen, Córdoba, Dakar, Frankfurt, Genebra, Georgetown, Guayaquil, Hong Kong, Ilha do Sal, Johanesburgo, La Paz, Lagos, Lima, Lisboa, Londres, Los Angeles, Luanda, Madrid, Maputo, Mendonza, México, Miami, Milão, Montevidéu, Montreal, Munique, Nagoya, Nova York, Orlando, Panamá, Paramaribo, Paris, Port of Spain, Porto, Punta Del Este, Quito, Roma, Rosário, Santa Cruz de La Sierra, Santiago, Santo Domingo, São Francisco, São José, Tokyo, Toronto, Zurique.
> Veja os Mapas de Rota da Varig
> Veja as propagandas do grupo Varig
> Veja a participação do grupo Varig no mercado nacional, internacional e de carga
Atualizado em novembro de 2009