Curtiss C-46

A Curtiss tem sua origem em março de 1909, com a fundação da Herring-Curtiss Company, pelos pioneiros da aviação Glenn Hammond Curtiss e Augustus Moore Herring. Glenn Curtiss já era um nome reconhecido no desenvolvimento de motores aeronáuticos, tendo trabalhado com outros pioneiros da aviação no Aerial Experiment Association (AEA). Essa associação realizou avanços significativos na aviação, incluindo a construção de algumas das primeiras aeronaves bem-sucedidas nos Estados Unidos. A parceria com Herring não durou muito. O relacionamento entre os dois rapidamente se deteriorou e Curtiss acabou assumindo o controle do negócio. Em 1916 o nome da empresa foi alterado para Curtiss Aeroplane and Motor Company. Com o crescimento da aviação, especialmente devido à Primeira Guerra Mundial, a Curtiss expandiu seus negócios e se tornou uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo, produzindo modelos como o Curtiss JN-4 "Jenny", usado para treinamento de pilotos americanos na Primeira Guerra Mundial. Mais de seis mil JN-4 foram produzidos. O sucesso levou à sua fusão com a Wright Aeronautical Corporation, em 1929, formando a Curtiss-Wright Corporation, uma da gigante da indústria aeronáutica americana. A Wright Aeronautical Corporation descendia da empresa original dos irmãos Wright e foi fundada em 1919 com objetivo de fabricar motores aeronáuticos.

Apesar de algumas tentativas no mercado civil, o foco principal da Curtiss-Wright se voltou para a produção de aeronaves militares. Com a iminente Segunda Guerra Mundial, a Curtiss ganhou destaque com o desenvolvimento do Curtiss P-40 Warhawk, um dos caças mais produzidos e utilizados no início da guerra, mais de 13 mil unidades foram produzidas. Paralelamente ao desenvolvimento militar, a Curtiss tentou novamente entrar no setor de transporte comercial com um projeto iniciado em 1937. Inicialmente conhecido como Curtiss CW-20, o avião deveria concorrer diretamente com o DC-3 e DC-4 e ter capacidade para 36 assentos. Para vencer seus concorrentes, a Curtiss apostou em uma cabine pressurizada e fuselagem com o formato “bolha dupla”, que permitia suportar melhor o diferencial de pressão em grandes altitudes. Embora a Curtiss-Wright tenha oferecido a aeronave para várias companhias aéreas, nenhuma se interessou. O CW-20 era um avião mais complexo e caro do que o DC-3, que acabou vencendo facilmente a disputa por encomendas.

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, o governo dos EUA viu potencial no CW-20 como aeronave de transporte militar. O Exército dos EUA precisava de um avião com maior capacidade de carga, alcance e desempenho em altitudes elevadas, algo que o DC-3 não conseguia oferecer. O CW-20 foi então adaptado para uso militar e redesignado como Curtiss C-46 Commando, recebendo modificações como a remoção da cabine pressurizada, reduzindo o custo de produção. Os motores Wright R-2600, que equiparia a versão civil, foram substituídos pelos mais potentes Pratt & Whitney R-2800, garantindo melhor performance em pistas curtas e altitudes elevadas. A primeira entrega foi feita para a Força Aérea Americana em 1942. A Curtiss também produziu a versão C-46A, equipada com porta de carga, piso reforçado e sistema de guincho hidráulico.
Com a entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial, a produção do C-46 começou a aumentar vertiginosamente. O C-46 era a única aeronave capaz de transportar carga pesada em alta altitude, cruzando o Himalaia. No entanto o C-46 não era o favorito de ninguém, pois houveram muitos acidentes com a aeronave, que misteriosamente explodiam em pleno voo. Mais tarde foi finalmente descoberto pequenos vazamentos de combustível onde uma faísca acabaria por causar uma explosão. Após a descoberta todos os C-46 foram modificados para evitar esse tipo de problema.

Depois da Segunda Guerra Mundial o mercado foi inundado por vários C-46 Commando excedentes da guerra com preço muito baixo, o que interessou algumas companhias aéreas. Além do preço baixo, a fuselagem mais larga do C-46 permitia uma configuração de assentos confortável 2+2, para 36 passageiros, ou uma configuração 2+3, podendo transportar até 46 passageiros. Em comparação com o DC-3, o C-46 podia levar mais passageiros, tinha motores mais potentes, o dobro da capacidade de carga, era um pouco mais veloz e voava mais alto. Em contra partida pesava contra o C-46 o fato dele ter custos operacionais até 50% maiores que o DC-3, maior consumo de combustível e manutenção mais complexa e cara. O modelo encontrou boa aceitação na América do Sul, especialmente em regiões montanhosas e de selva profunda, onde o C-46 tinha a vantagem de ter uma taxa de subida mais alta e uma altitude máxima de cruzeiro maior. A maior capacidade e o maior alcance do C-46 em relação ao DC-3, tornava-o atraente para voos de longa distância e alta demanda e voos entre cidades remotas sem necessidade de reabastecimento. O C-46 também tinha vantagem para decolar em pistas curtas e operar em altitudes elevadas, algo necessário em regiões da Colômbia e Bolívia, por exemplo. Outro segmento em que o C-46 se destacou após a guerra foi o transporte de carga. Sua fuselagem maior podia transportar o dobro da carga útil do DC-3 e permitia o transporte de cargas grandes, como veículos e motores. Apesar de suas vantagens, o C-46 não obteve o mesmo sucesso do Douglas na aviação comercial, principalmente devido ao seu maior custo de operação e manutenção.
No Brasil o C-46 iniciou sua carreira no transporte de carga pela TCA, em 1947, e Itau, em 1948. Nos anos 1950 e 1960 Lóide Aéreo, NAB, Real-Aerovias, Varig e Vasp foram as maiores operadoras do C-46 no Brasil, que fizeram com que o modelo se tornasse um tipo comum em rotas domésticas, juntamente com o DC-3. A Varig modificou alguns C-46, equipando-os com hélices Curtiss Electric de três pás e turbojatos Turbomeca. Essas aeronaves ficaram conhecidas como Super C-46. Os C-46 operaram no Brasil até o inicio dos anos 1970, quando foram substituídos por aeronaves mais modernas como o Convair 240/340.

Após a Segunda Guerra Mundial a Curtiss-Wright entrou em declínio e acabou abandonando a produção de aeronaves para focar em outros segmentos do setor aeroespacial. A empresa seguiu fabricando componentes aeroespaciais, como motores, hélices e sistemas hidráulicos para a aviação.

Operadoras no Brasil: Aero Geral, Aeronorte, Itau, LAP, LATB, Lóide Aéreo Nacional, NAB, Paraense, Real-Aerovias-Nacional, Sadia, Taba, TAS, TCA, Transcontinental, UTA, Varig, Vasp
 


Vito Cedrini

 

Origem: Estados Unidos
Produção: 1940-1945
Comprimento:
23,27 m
Envergadura: 32,92 m
Altura: 6,60 m
Peso da aeronave: 13,9 toneladas
Peso máximo decolagem: 20,4 toneladas
Capacidade de combustível: 5,3 mil litros
Motores: 2x Pratt & Whitney R-2800-43 ou Pratt & Whitney R-2800-51 (C-46A)

Velocidade de cruzeiro: 280 km/h

Velocidade máxima: 433 km/h
Altitude de cruzeiro: 7,4 km
(24 mil ft)
Passageiros: 36 a 46
Pista mínima para decolagem: 0,9 km
Primeiro voo: 26 de março de 1940
Entregues: 3100

Concorrentes: Boeing 247, Boeing 307, Fokker 27, Convair 240, Douglas DC-3, Douglas DC-4,
Martin 4-0-4
Alcance: 4750
 km

Comparar com outras aeronaves

 

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