Boeing Model 40
A Boeing foi fundada em
julho de 1916 como Pacific Aero Products, pelo
engenheiro William Edward Boeing. A primeira aeronave
projetada pela empresa foi um hidroavião feito de
madeira, linho e arame, com capacidade para duas
pessoas, batizado de B&W, fazendo referencia as iniciais
dos sobrenomes de William Boeing e Conrad Westervelt,
tenente da Marinha que projetou a aeronave em parceria
com William.
Em 1917 o nome da empresa foi alterado para Boeing
Airplane Co. Aproveitando a entrada dos EUA na Primeira
Guerra Mundial, a Boeing voltou sua atenção para
produção de aeronaves militares. Porém após o fim da
guerra, as encomendas para aeronaves militares
despencaram, deixando a Boeing em uma situação
financeira delicada.
Com o fim da Primeira Guerra Mundial as aeronaves
militares iniciaram as primeiras rotas regulares civis
de correio aéreo. Muitas fabricantes, como a Boeing,
ficaram animadas com uma potencial demanda
por aeronaves para transportar correio aéreo. No entanto o mercado estava inundado de
aeronaves excedentes da Primeira Guerra Mundial, como
por exemplo o de Havilland DH-4. Isso dificultava a
venda de aeronaves novas, já que muitas empresas
simplesmente compravam esses aviões a preços baixos.
Porém esses modelos eram originalmente projetados para a
aviação militar e tinham limitações para carregar
passageiros e correio de forma eficiente.
Percebendo a necessidade de substituir a frota por
aeronaves mais eficientes, o Correio dos EUA solicitou
novas aeronaves para as fabricantes. Uma das candidatas
foi a Boeing, com o Model 40, um biplano monomotor com
capacidade para dois passageiros. A fuselagem era feita
com tubos de aço e madeira, enquanto as asas eram de
madeira e tecido. Os motores Liberty eram uma exigência
do Correio dos EUA e todas as aeronaves candidatas foram
projetadas com esse motor. Embora tenha tido um
desempenho satisfatório, o Boeing Model 40 perdeu para o
Douglas M-1 (Mailplane) e não recebeu a encomenda do
Correio dos EUA, fazendo com que a Boeing arquivasse o
projeto.
Em 1925 o Contract Air Mail Act permitiu que o Correio
dos EUA contratasse empresas privadas para transportar
correspondências por via aérea. A Boeing então fez um
lance para um dos contratos com o Correio dos EUA, para
transportar correio aéreo entre Chicago e São Francisco.
Caso ganhasse a aeronave que realizaria a rota seria o
Model 40. No entanto William Boeing fez uma modificação
no projeto original, trocando os motores para os novos
Pratt & Whitney Wasp. Esses motores eram mais leves e
potentes do que o anterior, tornando a aeronave mais
econômica e eficiente. Isso permitiu que a Boeing
conseguisse dar o lance mais baixo e vencesse o
contrato.
Em fevereiro de 1927 foi criada a Boeing Air
Transportation (BAT), uma subsidiária operando como
companhia aérea para o transporte de correio aéreo. Sua
frota inicial era composta por aeronaves Boeing Model
40A (a versão com os novos motores). Devido ao menor
peso do motor, o Model 40A podia transportar mais carga
útil. A sua cabine de passageiros era bem pequena, toda
revestida de metal, com dois assentos cobertos de couro
e uma janela de vidro que podia ser aberta durante o
voo. O cockpit era típico da época, com controles de
mistura e aceleração no lado esquerdo, junto com o
instrumento de voo padrão que incluía altímetro e
inclinômetro (Turn and Bank). A cabine também era
equipada com luzes para operações noturnas.
A Boeing Air Transportation iniciou o serviço de correio
aéreo em 1º de julho de 1927, com um voo a cada 24 horas
entre Chicago e São Francisco. Com um contrato do
Correio dos EUA, o Model 40 conseguiu vendas garantidas
da Boeing Air Transportation, se tornando a primeira
aeronave comercial bem sucedida da Boeing.
Em 1928 a Boeing lançou o Model 40B, com novos motores
Pratt & Whitney Hornet. A maioria dos Model 40A foram
convertidos para o Model 40B. No mesmo ano a Boeing Air
Transportation adquiriu o controle da Pacific Air
Transport, passando a atender também a rota entre
Seattle e São Francisco.
Em outubro de 1928 voou pela primeira vez a variante
Model 40B-4, com capacidade para 4 passageiros. Após o
lançamento dessa versão, o Model 40B para dois
passageiros passou a ser denominado Model 40B-2.
Em 1929 a Boeing se uniu com a Pratt & Whitney Aircraft,
formando a United Aircraft and Transport Corporation (UATC).
Dois anos mais tarde, a UATC adquiriu a National Air Transport,
passando a se chamar United Air Lines. Após a aquisição
a malha da companhia aérea cobria as duas costas dos
EUA, aumentando significativamente a frota e a demanda
por aeronaves da Boeing. Enquanto isso a fabricante
continuava investindo em melhorias no Model 40, como por
exemplo testes com transmissores e receptores de rádio,
permitindo pela primeira vez a comunicação terra-ar.
Entretanto a tecnologia na construção de aeronaves
continuou a evoluir.
O surgimento de aeronaves totalmente feitas de metal,
como o Junkers F-13, tornaram
evidentes as vantagens do metal em relação a madeira e
tecido, como maior resistência, durabilidade e
eficiência aerodinâmica. A introdução do alumínio, mais
leve que o aço e ainda assim muito resistente, tornou a
utilização desse material o padrão nas aeronaves. Outra
mudança foi a popularização dos monoplanos, que podiam
voar mais rápido e eram mais eficientes no consumo de
combustível. A medida que os motores foram se tornando
cada vez mais potentes, as asas dos biplanos criavam
mais arrasto na aeronave. Nesse cenário estava claro que
o biplano Model 40, feito de madeira, aço e tecido,
estava obsoleto.
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Samuel S. Johnson
|
Origem: Estados Unidos
Produzido: 1927
- 1932
Comprimento: 10,12 m
Envergadura: 13,47 m
Altura: 3,74 m
Peso: 1,6 tonelada
Peso máximo de decolagem: 2,7 toneladas
Motores: 1x
Pratt & Whitney Wasp ou Hornet
Velocidade de cruzeiro:
169 km/h
Velocidade máxima: 206 km/h
Altitude de cruzeiro: 4,4 km (14,5 mil pés)
Capacidade: 2 ou 4 passageiros e 544 kg de correio
Primeiro voo: 7 de julho de 1925
Alcance: 1046 km
Entregues: 82
Companhia lançadora: Boeing Air Transportation
Boeing 247
Com o aumento na demanda de
passageiros e os avanços tecnológicos, a Boeing iniciou
o projeto para uma nova aeronave comercial. O foco
inicial era construir uma aeronave mais veloz
do que havia atualmente no mercado. Para isso,
inicialmente, a Boeing previa uma aeronave pequena, para
até seis passageiros, priorizando a velocidade em
detrimento de espaço e conforto. Para conseguir superar
os rivais, a Boeing incorporou diversas tecnologias
recentes, como fuselagem monocoque feita de alumínio e
asas cantilever. Muitas dessas inovações foram
aproveitadas do Boeing Model 200 Monomail, um monoplano
todo em metal, projetado especificamente para o
transporte de correio aéreo. Apenas duas unidades foram
construídas (considerando também sua variante Model 221)
e o projeto foi aproveitado para a criação do
bombardeiro Boeing B-9.
Para ter uma velocidade de cruzeiro maior, a Boeing
determinou que o modelo seria monoplano e utilizaria
apenas dois motores. Na época era comum aeronaves
trimotores, com um motor em cada asa e um terceiro na
frente da fuselagem. O terceiro motor servia para dar
mais potência ao avião, permitindo que ele pudesse
transportar mais carga e passageiros. No entanto o motor
adicional também gerava mais peso e arrasto durante o
voo. Para conseguir usar apenas dois motores, o Model
247 precisava ser menor e mais leve ou utilizar motores
mais potentes. Outra forma de ganhar mais velocidade foi
a adoção do trem de pouso retrátil, que diminuía a
resistência do ar durante o voo de cruzeiro.
Tentando posicionar a nova aeronave para competir com os
modelos que estavam sendo desenvolvidos pela Lockheed,
os projetistas foram aumentando o tamanho da aeronave.
Porém isso causou uma certa preocupação de que o peso
adicional poderia prejudicar o objetivo inicial de
construir uma aeronave rápida. O aumento do tamanho do
avião também fez com que a cabine de comando passasse a
comportar um piloto e um copiloto, ao invés de apenas um
piloto. O cockpit do Boeing 247 incorporou os últimos
avanços tecnológicos da época, incluindo piloto
automático, equipamento de degelo e rádio, onde o
pessoal em terra poderia passar para os pilotos
informações metrológicas atualizadas. Já para os
passageiros, o B247 tinha cabine mais confortável e
silenciosa, com ar condicionado, luzes de leitura
individuais e banheiro. Os assentos eram dispostos em
cinco fileiras, na configuração 1+1.
A primeira companhia aérea a operar o Boeing 247 já
estava definida desde o começo, a United,
que na época era controlada pela própria Boeing.
Entretanto os pilotos da companhia estavam especialmente
preocupados com o tamanho e o peso da aeronave, que
poderia ser alto demais para pousar com segurança em
aeroportos menores. Isso ajudou a Boeing a decidir por
motores mais leves e menos potentes, porém mais
confiáveis, limitando a capacidade da aeronave para 10
passageiros. Com o projeto definido, a United
fez um pedido para nada menos que 70 unidades, o que
deixou a fábrica da Boeing comprometida exclusivamente
com pedido da United por dois
anos. Dessa forma a United
também garantiu que ela seria a única operadora do tipo
durante esses dois anos, aproveitando as vantagens do
Boeing 247 em relação aos seus competidores.
Em abril de 1933 o Boeing 247 realizou o seu primeiro
voo comercial, entre Seattle e Portland. Ao entrar em
operação a aeronave superou os seus antecessores, sendo
capaz de atravessar os Estados Unidos oito horas mais
rápido.
Em 1934 foi lançada uma versão melhorada, Boeing 247D,
com motores aprimorados, hélices de passo variável e
outras melhorias, que aumentaram a velocidade de
cruzeiro e o alcance. O B247D foi também o primeiro
avião comercial bimotor capaz de voar com apenas um
motor funcionando.
O bom desempenho atraiu o interesse de outras companhias
aéreas, como a TWA que entrou em
contato com a Boeing para fazer uma encomenda. No
entanto a Boeing não podia atender o pedido da TWA,
uma vez que estava totalmente comprometida com o pedido
da sua subsidiária United. A
recusa da Boeing em produzir o B247 para a TWA
fez com que a companhia procurasse a Douglas para
produzir uma aeronave semelhante, culminando na criação
do
Douglas DC-2. O
DC-2 era mais rápido e podia
transportar mais passageiros em uma cabine mais
espaçosa, superando o Boeing 247. A capacidade limitada
de passageiros do B247 pesou ainda mais quando a Douglas
lançou a versão maior
DC-3, que rapidamente se tornou o
preferido das companhias aéreas. Até mesmo a United
acabou substituindo os seus Boeing 247 por
DC-2/DC-3 anos mais tarde. Com a Segunda Guerra Mundial,
várias unidades foram convertidas para a aviação
militar. Após a guerra o mercado foi
inundado com
DC-3 excedentes da guerra, tirando
qualquer chance de algum interesse pelo Boeing 247.
No Brasil o Boeing 247 foi operado pela
VAB entre 1947 e 1948. Em
1953 a SAVA começou a
operar o mesmo Boeing 247, porém ele realizou um pouso
forçado em abril de 1963, no Pará, após um dos seus
motores pegar fogo. A aeronave foi resgatada, mas foi
considerada irrecuperável.
Operadoras no Brasil: SAVA,
Viação Aérea Bahiana
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Bob Mayer
|
Origem: Estados Unidos
Produzido: 1933
- 1934
Comprimento: 15,72
m
Envergadura: 22,58 m
Altura: 3,70 m
Peso: 4 toneladas
Peso máximo de decolagem: 6,1 toneladas
Capacidade de combustível: 1 mil litros
Motores: 2x
Pratt & Whitney R-1340 S1H1-G Wasp
Velocidade de cruzeiro:
304 km/h
Velocidade máxima: 321 km/h
Altitude de cruzeiro: 7,6 km (25,4 mil pés)
Passageiros: 10
Primeiro voo: 8 de fevereiro de 1933
Concorrentes: Douglas DC-2,
Lockheed Electra L-10
Alcance: 1200 km
Entregues: 75
Companhia lançadora: United
Boeing 307 "Stratoliner"
Em 1934 a legislação antitruste impediu que fabricantes
de aeronaves possuíssem companhias aéreas, forçando a United Aircraft
and Transport Corp. a se dividir em três empresas independentes: a
companhia aérea United Air Lines e as
fabricantes de aeronaves United Aircraft e Boeing Airplane Company.
Nessa nova fase a Boeing não podia mais contar com a venda certa para
uma companhia aérea subsidiária e começou a estudar o lançamento de aeronaves
maiores.
Em 1935 a Boeing foi iniciado o desenvolvimento de uma aeronave comercial de grande
capacidade, baseada no bombardeiro B-17. O projeto do Boeing 307 adotou
as asas, motores e trem de pouso do bombardeiro, no entanto a fuselagem
foi modificada para ter um diâmetro maior, possibilitando uma cabine
mais confortável para os passageiros. Mas o grande diferencial em
relação aos seus concorrentes na época, como o
DC-4,
era a sua cabine pressurizada. O B307 foi o primeiro avião comercial do
mundo a oferecer essa inovação. Graças a pressurização da cabine, o
Boeing 307 podia voar mais alto do que qualquer outra aeronave,
reduzindo as turbulências. A aeronave era capaz de subir até 6 mil
metros acima do nível do mar, mantendo uma pressão interna equivalente à
2,4 mil metros. Seu nome refletia justamente a sua capacidade de voar
alto, uma junção de estratosfera (stratosphere) e avião (airliner). Para
operar em altitudes mais altas, os motores também precisaram evoluir. A
medida que a aeronave sobe, o ar fica cada vez mais rarefeito,
diminuindo a potência dos motores. A solução foi a criação de motores
com dois estágios de compressão, permitindo atingir relações de
compressão mais altas e assim extrair a quantidade necessária de
oxigênio para a combustão.
A maior altitude de cruzeiro também significava que as companhias aéreas
podiam traçar rotas mais curtas, passando por cima de grandes montanhas
que aeronaves anteriores teriam que contornar.
Para os passageiros, o Boeing 307 oferecia uma cabine espaçosa e
silenciosa, equipada com ar condicionado. A aeronave tinha dois
banheiros, um na parte da frente e outro na parte de trás da cabine.
Eles podiam servir também como vestiário e normalmente um era
exclusivamente para mulheres e outro exclusivamente para homens. Na
parte de trás da aeronave estava localizada a cozinha, capaz de fornecer
refeições completas. De um lado os assentos estavam divididos em quatro
partes de 6 assentos, sendo três assentos virados de frente para outros
três assentos. Cada três assentos podiam ser transformados em beliches
para voos noturnos. Do outro lado haviam mais 9 assentos reclináveis
enfileirados ao lado da janela.
O cockpit do Stratoliner era equipado com piloto
automático e rádio e foi o primeiro a necessitar de um engenheiro de voo como membro da tripulação.
Ele era responsável pelos aspectos técnicos da operação da aeronave,
incluindo pressurização da cabine.
Em março de 1939 um acidente fatal com uma das unidades de teste atrasou
o programa em mais de um ano. As investigações concluíram que eram
necessárias mudanças na cauda para evitar a perda de sustentação em
determinadas manobras.
A
Pan Am iniciou voos regulares com o Boeing 307 no dia 4 de
julho de 1940, entre Los Angeles, Miami e México. Quatro dias depois a
TWA iniciou os seus voos com a aeronave, entre Nova York e Los
Angeles. O B307 reduziu o tempo de viagem entre as duas costas dos EUA
para 13 horas. Ainda em 1940 o Stratoliner da
Pan Am também começou a operar para o Brasil, sendo a primeira
aeronave comercial pressurizada a pousar no país. Todavia pouco mais de
um ano após o inicio das operações regulares, os EUA entraram na Segunda
Guerra Mundial. A fabricação de aeronaves comerciais foi interrompida em
favor da produção de aeronaves militares. Apenas 10 unidades do Boeing
307 haviam sido produzidas até então. Muitos deles, que estavam operando comercialmente, foram convocados para o transporte militar.
Após a guerra já haviam no mercado aeronaves
mais modernas e eficientes, colocando um fim definitivo na curta
carreira do Stratoliner.
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Bob Harrington
|
Origem: Estados Unidos
Produzido: 1938
- 1941
Comprimento:
22,66
m
Envergadura:
32,69
m
Altura: 6,33 m
Peso: 13 toneladas
Peso máximo de decolagem: 20-25 toneladas
Capacidade de combustível: 4,8 mil litros
Motores: 2x Wright GR-1820
Velocidade de cruzeiro:
344 km/h
Velocidade máxima: 387 km/h
Altitude de cruzeiro: 6,1 km (20 mil pés)
Pista mínima para decolagem: 0,6 km
Passageiros: 33
Primeiro voo: 31 de dezembro de 1938
Concorrentes: Douglas DC-4
Alcance: 2820
km
Entregues:
10
Companhia lançadora:
Pan Am/TWA
Boeing 314
"Clipper"
Na década de 1930 a Pan Am estava em franca
expansão internacional, ampliando a sua malha com cada vez mais voos
transcontinentais. Para continuar sua expansão a companhia queria um
hidroavião com autonomia, conforto e capacidade superiores aos modelos
anteriores, como o Sikorsky S-42 e Martin
M-130. Sendo assim a Pan Am pediu para as
fabricantes um avião seguro, de grande alcance e capacidade de
passageiros e capaz de cruzar os oceanos com o menor número de escalas
possível. Outra demanda da empresa era uma cabine espaçosa e
confortável, onde seus passageiros tivessem uma experiência de luxo
comparável a um navio transatlântico de primeira classe. A Boeing
utilizou o projeto do bombardeiro XB-15 como base e realizou
modificações como o aumento da envergadura, fuselagem mais larga e novos
motores mais potentes. O Boeing 314 foi o vencedor e ganhou uma
encomenda da Pan Am para seis unidades, em julho
de 1936.
Projetado para operar na água, o Boeing 314 era um "barco com asas". Sua
fuselagem foi projetada para garantir excelente flutuabilidade no mar.
Esse design também contribuiu para a sua confiabilidade e reputação de
segurança, pois se o avião precisasse realizar um pouso de emergência na
água, ele era capaz de flutuar até que o salvamento chegasse. A
percepção de segurança ajudou atrair os passageiros mais desconfiados e
reforçar a imagem da Pan Am como uma companhia
inovadora e segura. A parte inferior da fuselagem o B314 é equipada com
sponsons (projeções que se estendem das laterais), que fornecem proteção
e estabilidade para a aeronave. A sua cauda possui três estabilizadores
verticais, projetados para melhorar a estabilidade e o controle em
diferentes condições.
Na parte de cima da fuselagem está localizada a cabine de comando,
alojamento da tripulação, banheiro e compartimento de carga e bagagens.
Logo abaixo fica a cabine dos passageiros, que era dividia em seções.
Entre cada seção haviam degraus, pois o nível do piso subia devido à
curvatura do fundo da aeronave. Os passageiros eram acomodados em
cabines privativas de luxo com sofás, poltronas e camas beliche, além de
grandes janelas para observar a paisagem. A cabine também tinha uma sala
de jantar para até quatorze pessoas (que podia ser transformado em um lounge), cozinha preparada para fazer refeições completas e banheiro
masculino e feminino, que também serviam como vestiário. Na parte
traseira do avião havia a "suíte deluxe" ou "suíte nupcial", com
sofá-cama, mesa de centro, penteadeira, escrivaninha, espelho,
guarda-roupa e pia. Esse nível de luxo tornava o Boeing 314 uma
experiência única para os passageiros, com serviço de bordo refinado,
refeições quentes preparadas por chefs e servidas em louça fina. Nessa
época os voos eram longos e duravam dias, porém os passageiros podiam
desfrutar de uma boa noite de sono em camas.
A
Pan Am iniciou operações com a aeronave em fevereiro de 1939, na
rota São Francisco - Hong Kong, numa viagem com mais de seis dias de
duração. Em junho do mesmo ano foram iniciados voos com passageiros para
Europa, na rota entre Nova York e Southampton. Na empresa o Boeing 314
ganhou o apelido de "Clipper" que vem do verbo inglês "to clip" (avançar
rapidamente). Os clippers eram embarcações velozes que transportavam
carga e passageiros entre continentes. Na sua época eles eram
considerados sinônimo de velocidade, sofisticação e inovação no
transporte marítimo. A
Pan Am então decidiu associar seu serviço transoceânico às
qualidades desses navios, destacando a rapidez, eficiência, elegância e
exclusividade. Mesmo após o fim dos hidroaviões a companhia continuou
usando o termo para suas aeronaves.
O sucesso dos Clippers fizeram a Pan Am
encomendar mais seis unidades, dessa vez do modelo Boeing 314A, com
motores mais potentes, maior capacidade de combustível e maior alcance.
A primeira unidade desse tipo ficou pronta em março de 1941, porém nesse
momento o mundo já estava em plena Segunda Guerra Mundial, afetando
diretamente os voos transatlânticos. Com a redução na demanda, a
Pan Am
vendeu três unidades para a BOAC. Após
a entrada dos EUA no conflito, o governo dos EUA requisitou a maioria
dos Boeing 314 para uso militar. O grande alcance e capacidade de carga
tornou a aeronave estratégica para operações transoceânicas.
Após a guerra a aeronave se tornou obsoleta. A vantagem de não exigir
longas pistas de pouso e decolagem não fazia mais sentido agora que já existiam
muitos aeroportos em terra ao redor do mundo. Os novos aviões terrestres
eram mais fáceis de pilotar, voavam mais rápido, eram mais econômicos e
tinham maior alcance.
Boeing
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|
Origem: Estados Unidos
Produzido: 1938
- 1941
Comprimento:
32,33
m
Envergadura: 46,36
m
Altura: 6,22 m
Peso: 21,9 toneladas
Peso máximo de decolagem: 37-38 toneladas
Capacidade de combustível: 16-20,5 mil litros
Motores:
4x
Wright R-2600-3
Velocidade de cruzeiro:
302 km/h
Velocidade máxima: 340 km/h
Altitude de cruzeiro: 5,9 km (19,6 mil pés)
Passageiros: 74 (sentados) ou 36 (em camas)
Primeiro voo: 7 de junho de 1938
Alcance: 5896 km
Entregues:
12
Companhia lançadora: Pan Am
Boeing 377 "Stratocruiser"
Em 1941, com a entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial, o foco da
Boeing e das demais fabricantes americanas passaram a ser a aviação
militar. Após a guerra a empresa voltou sua atenção para a aviação
civil. A guerra não só havia introduzido uma produção de aviões mais rápida e em
larga escala, mas também avanços tecnológicos que beneficiaram
os passageiros e revolucionaram o setor. Os voos de longa distância, que
eram dominadas pelos hidroaviões, agora davam lugar para os litoplanos
(aviões terrestres). Para a sua próxima aeronave intercontinental, a
Boeing usou como base o avião militar C97 Stratofreighter, incorporando
os avanços tecnológicos herdados da guerra. O Boeing 377 tinha cabine
pressurizada melhorada, novo sistema de ar condicionado, motores mais
potentes e avançados e aerodinâmica mais refinada. Com maior alcance e
velocidade de cruzeiro em relação aos hidroaviões, o B377 reduziu
significativamente o tempo de viagem. A sua maior altitude de cruzeiro
tornava os voos mais suaves e confortáveis, minimizando os efeitos da
turbulência. O apelido do avião "Stratocruiser" refletia a junção de
estratosfera (stratosphere) e cruzador (cruiser), destacando sua
capacidade de operar em altas altitudes e seu grande alcance. O 377
podia cruzar os oceanos sem escalas, sendo capaz de realizar voos sem
escalas entre Nova York e Londres por exemplo. Ele foi projetado para
manter um nível semelhante de conforto e sofisticação dos hidroaviões,
mas com a vantagem de operar em aeroportos terrestres, que estavam se
tornando o padrão da aviação comercial.
A sua fuselagem incomum de "bolha dupla", fez do B377 uma das poucas
aeronaves comerciais com dois andares, embora os assentos fossem
instalados apenas no andar superior. O formado de sua fuselagem foi
herdado do C-97, onde uma fuselagem foi construída sobre a outra. A
seção superior, onde ficavam os passageiros, é mais longa e larga,
tornando o Boeing 377 maior do que seus concorrentes Douglas DC-6
e
Lockheed Constellation e o
maior avião terrestre já construído pela Boeing até então. A fabricante também
pensou na flexibilidade para se adequar a várias condições operacionais.
O Stratocruiser pode ser configurado com até 100 assentos numa
configuração de baixo custo ou 72 assentos numa configuração de luxo.
Também há a possibilidade de equipar a aeronave com assentos que se
transformam em camas beliche para voos noturnos. Sua fuselagem dupla
permite também maior capacidade de carga, podendo inclusive ser adaptada
para voos exclusivamente cargueiros. O grande diferencial ficava por
conta do lounge que ficava na cabine inferior, ele poderia servir
coquetéis e refeições, além de acomodar até quatorze passageiros ao
mesmo tempo.
As características do Boeing 377 chamaram a atenção de companhias aéreas
nos EUA e na Europa, como
Pan Am,
United
e BOAC,
tornando o Stratocruiser a aeronave comercial da Boeing com a maior
diversidade de operadores até então.
Em abril de 1949 o Stratocruiser começou a operar pela Pan Am,
que colocou a aeronave para realizar voos entre São Francisco e
Honolulu. Mais tarde essas aeronaves também faziam voos sem escalas
entre Honolulu e Tokyo. A partir de julho de 1950 a companhia também
utilizou o B377 nos seus voos para o Brasil, passando a ligar Nova York
e Rio de Janeiro com apenas uma escala, reduzindo o tempo de voo em
relação ao DC-4 para 20h. Quando entrou em
operação o B377 representava o auge do luxo e sofisticação na aviação da
época, com sua cabine espaçosa, assentos largos e reclináveis. O serviço de bordo era de alto padrão, com refeições quentes servidas em
louças de porcelana fina, talheres de prata e copos de cristal. As
refeições eram preparadas por chefs e servidas em várias etapas, como em
um restaurante de alta gastronomia. A cabine do Stratocruiser ainda
contava com uma elegante escada em espiral que levava até o andar
inferior com o lounge. As características únicas fizeram com
que a Pan Am escolhesse a aeronave para operar os
seus voos mais
luxuosos, apelidados de "President". Apenas os
Stratocruiser operavam os voos President, onde os passageiros
tinham o mais alto nível de conforto e atendimento em voos de longa
distância. Esses voos também eram caracterizados por ter o menor número
de escalas possível, levando menos tempo para concluir a viagem. A Pan Am
batizou o avião de "Strato Clipper", mas no Brasil ele ficou mais
conhecido como "Presidente" devido ao nome do serviço de bordo da
empresa na época.
Apesar do sucesso entre os passageiros, o
Stratocruiser
frequentemente apresentava problemas em seus motores e era
consideravelmente mais caro de operar do que seus concorrentes, o que
afastou novas encomendas. A introdução de aeronaves ainda mais
eficientes como o
DC-7 e
Super Constellation também
contribuiu para a falta de interesse no Boeing 377.
A
chegada dos jatos, no inicio dos anos 1960, tornou o Stratocruiser
totalmente obsoleto e acabou com qualquer chance de novas encomendas.
Com o mercado de aviação comercial dominado pela Douglas, a Boeing
decidiu que a única maneira de superar sua rival era estar um passo à
frente. Sendo assim a fabricante começou o desenvolvimento do seu
primeiro jato, que resultaria no Boeing 707.
Bill Armstrong
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|
Origem: Estados Unidos
Produção:
1947 - 1950
Comprimento:
33,63
m
Envergadura: 43,05
m
Altura: 11,66 m
Peso: 37,8 toneladas
Peso máximo de decolagem:
67,1 toneladas
Motores: 4x
PW R-4360-B6
Velocidade de cruzeiro:
483 km/h
Velocidade máxima: 603 km/h
Altitude de cruzeiro:
9,8 km (32 mil pés)
Passageiros: 65 a 85
Versão
de luxo: 55 a 75 (passageiros sentados) ou 28 beliches
Versão
Classe Turística: 75 a 100
Primeiro voo: 8 de julho de 1947
Concorrentes: Douglas DC-6,
Douglas DC-7,
Lockheed Constellation/Super Constellation
Alcance: 6760 km
Entregues:
56
Companhia lançadora:
Pan Am
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