Em 1954 a
American Airlines apresentou as especificações para uma nova
aeronave de médio alcance e para mais de 50 passageiros. A Lockheed se
baseou nessas especificações e iniciou o projeto do Lockheed 118, nascia
o L-188 Electra. O Electra era concorrente direto do
Viscount e recebeu a primeira encomenda da
American Airlines, em junho de 1955. Em setembro do mesmo ano a
Eastern Airlines encomendou 40 exemplares, cinco a mais que a
American. A
Eastern foi a primeira a receber o
Electra em outubro de 1958 e o primeiro voo comercial aconteceu em
janeiro de 1959, na rota Nova York - Miami.
Além da versão básica, L118A, foi lançada a versão cargueira L188F (Freight), e
a versão com mais alcance, maior capacidade de combustível e maior peso
de decolagem, denominada L118C. As versões L118A convertidas para
cargueiros ficaram conhecidas como L118PF ou L118AF, enquanto as versões
L118C convertidas para cargueiros ficaram conhecidas como L118CF.
O L118 Electra incorporava motores turboélice, mais potentes, confiáveis
e capazes de gerar maior velocidade de cruzeiro para a aeronave do que
os motores a pistão das aeronaves mais antigas. Dessa forma o Electra
conseguia realizar voos curtos com um tempo de viagem semelhante a um
jato, mas com um custo muito menor. Além disso o Electra possuía cabine
pressurizada e sua altitude de cruzeiro superava os 8 mil metros, o que
garantia um voo mais confortável, evitando o mau tempo das altitudes mais
baixas. Outra vantagem do L118 Electra era a sua capacidade de decolar e
pousar em pistas curtas e em aeroportos com pouca infraestrutura. O
avião inclusive era equipado com uma escada interna, permitindo o
embarque e desembarque os passageiros sem a necessidade de um serviço de
solo.
Antes mesmo de ser lançado, o Electra já possuía
mais de cem encomendas. Tudo parecia bem, até que o avião
entrou em operação.
Em apenas onze dias de operação um Electra da
American Airlines caiu nas águas do
East River. Segundo a investigação, o acidente foi causado pela
inexperiência da tripulação, pois a aeronave era nova. Mas isso era
apenas o começo...
Em setembro de 1959 um Electra da Braniff se
desintegrou no ar e todos os Electras foram proibidos de voar. Nas
investigações concluiu-se que a asa esquerda havia se soltado. A imagem
do avião já começou a ficar arranhada e a opinião publica dos EUA queria
que o Electra fosse definitivamente proibido de voar. Porém a FAA
permitiu que a aeronave voltasse a voar, com a velocidade limitada a 418
km/h.
Em março 1960 o primeiro Electra da Nortwest
Airlines caiu, matando todos os ocupantes. Finalmente as investigações
descobriram a causa: a vibração proporcionada pelos motores, fazia com que as
asas se desprendessem da fuselagem. Com isso a Lockeed reforçou as
estruturas e resolveu o problema. Assim as restrições da FAA foram
retiradas, mas já era tarde demais. A aeronave, que agora era conhecida como
Electra II, estava com uma péssima imagem nos EUA e não recebeu mais
nenhuma encomenda, forçando o fim da produção em apenas quatro anos.
Com a má reputação, as companhias aéreas começaram a "se livrar" dos Electras II, mesmo com menos de três anos de uso.
Enquanto isso no Brasil, a Varig comprava a
Real Aerovias e herdava a encomendas de Electra
II. A companhia não queria receber a encomenda, mas não conseguiu
convencer a
American Airlines (dona das
aeronaves) a desistir do negócio e acabou sendo obrigada a receber. O
primeiro chegou ao Brasil no dia 2 de setembro de 1962. Ao
contrário dos Estados Unidos, o Electra II foi um sucesso no Brasil,
agradando os passageiros e se mostrando uma aeronave extremamente
versátil. Na
Varig o Electra II realizou voos domésticos,
voos internacionais na América do Sul, para os EUA e para Lisboa, e até
mesmo voos cargueiros. Satisfeita com o avião que não queria receber, a
Varig encomendou mais unidades, chegando a
operar quatorze unidades simultaneamente. Ainda em setembro de 1962 o
Electra II também começou a operar na Ponte Aérea Rio - São Paulo, rota
em que a aeronave se tornou icônica. Entre 1975 e 1991 os L118 se
tornaram a única aeronave a operar a rota aérea mais movimentada do
país, realizando mais de 500 mil viagens e transportando mais de 33
milhões de passageiros por 217 mil quilômetros, em 30 anos de serviço,
sem nenhum acidente. Os Electra II começaram a ser substituídos pelo
Boeing 737-300 a partir de novembro de 1991 e o último voo foi realizado
no dia 5 de janeiro de 1992, com direito a ampla cobertura da imprensa e
muitas homenagens especiais.
Operadores no Brasil: Varig
Henry Tenby Entregues: 170
|
Origem: Estados Unidos
Produção: 1957-1961
Peso da aeronave: 27,8 toneladas
Peso máximo decolagem/pouso:
Capacidade de combustível: 23,6-51,6 mil
litros
Altitude de Cruzeiro: 7,6-9,1 km
Pista mínima para decolagem: 1,4 km
Passageiros: 70 a 90
Configuração de luxo (2+2): 66 a 74
Configuração internacional (3+2): 83 a 89
Configuração doméstica (3+2): 85 a 98
Primeiro voo: 6 de dezembro de 1957
3450 a 4460 km
Companhia Lançadora:
Eastern