A aviação comercial na Argentina ainda dava os seus primeiros passos em setembro de 1927, quando foi fundada a Aeroposta Argentina, uma subsidiária da Compagnie Générale Aéropostale. A Aéropostale foi uma companhia aérea francesa pioneira nos serviços de correio aéreo. Fundada em 1917 como Latécoère, seu objetivo era estabelecer uma malha aérea que conectasse a Europa, África e América do Sul. No entanto sua expansão para a América do Sul esbarrava nas legislações locais, que proibiam companhias aéreas estrangeiras de operarem voos locais. A solução foi criar subsidiárias locais, como a Aéropostale no Brasil e a Aeroposta Argentina. Finalmente, em novembro de 1927, foi inaugurada a rota Buenos Aires - Rio de Janeiro - Natal, operada pelo Latécoère 25. O a rota fazia diversas escalas pelo litoral, passando por cidades como Montevidéu, Porto Alegre, Florianópolis, Santos, Salvador e Recife. O trajeto entre Natal, no Brasil, e Mermoz/São Luiz, no Senegal, ainda era feito por navios. A partir do Senegal as malas postais continuavam via aérea até chegar em Paris.
Uma vez criada a rota principal, a Aeroposta Argentina começou a estabelecer rotas secundárias. Em 1928 foram inauguradas as rotas Buenos Aires - Assunção e Buenos Aires - Mendoza - Santiago. A travessia dos Andes foi um dos maiores desafios enfrentados pelos pioneiros da aviação. A cordilheira, com seus picos elevados, condições climáticas extremas e ventos imprevisíveis, era considerada uma barreira quase intransponível para os aviadores. Muitos consideravam a ideia de voar sobre os Andes uma loucura devido aos riscos envolvidos. Naquela época os aviões não tinham cabines pressurizadas e as altitudes elevadas representavam riscos para os pilotos. Em altas altitudes, a densidade do ar diminuía, reduzindo a eficiência dos motores e a sustentação das asas. Durante a travessia, as temperaturas podiam cair a -50°C, podendo prejudicar o funcionamento dos motores e causar hipotermia nos pilotos.
Em novembro de 1929 foi inaugurada a primeira rota doméstica, entre Buenos Aires e Bahía Blanca, Comodoro Rivadavia e Rio Gallegos, no sul da Argentina.
Em 1931 a Aéropostale perdeu os subsídios do governo Francês e acabou encerrando as operações em março do mesmo ano. Como consequência a Aeroposta Argentina perdeu o suporte financeiro e estratégico de sua matriz francesa. Para evitar a interrupção de suas operações, o governo argentino assumiu o controle da empresa. A Aeroposta Argentina passou então a explorar rotas na região da Patagônia e no interior do país, com uma frota de aeronaves Latècoere 28.
Em 1936 um grupo de empresários argentinos adquiriu a empresa, que renovou a frota com três Junkers Ju-52. Mais duas unidades foram adquiridas em 1942 e 1943, totalizando uma frota de 5 aeronaves.

Após a Segunda Guerra Mundial, o governo argentino liderou esforços para impulsionar a aviação comercial no país. Foi nessa época que surgiram várias companhias aéreas na Argentina, entre elas: ZONDA (Zonas Oeste y Norte de Aerolineas Argentinas), fundada em fevereiro de 1946, com objetivo de substituir a Panagra em rotas de cabotagem na Argentina. A empresa era uma "sociedad mixta", o que significa que combinava capital estatal e privado, refletindo a política de incentivo à aviação promovida pelo governo argentino no período. Sua frota inicial era composta por 15 Douglas DC-3. Já a ALFA (Aviación del Litoral Fluvial Argentino) foi estabelecida em maio de 1946 como uma joint venture entre o governo argentino e a fusão de duas companhias aéreas: Sudamericana de Servicios Aéreos (CSSA) e Compañía Argentina de Aeronavegación Dodero (CAAD). Com objetivo de explorar rotas aéreas comerciais nos rios Paraná e Uruguai, a companhia adquiriu cinco hidroaviões Short S.25 Sandringham. Além de destinos domésticos, como Buenos Aires, Rosário e Iguazu, a ALFA também tinha voos internacionais para Montevidéu e Assunção. Além disso, a companhia adquiriu quatro Douglas DC-3, o que possibilitou voos para localidades longe dos rios.

Apesar do crescimento da aviação argentina com a criação de novas empresas, o governo precisou subsidiar muitas dessas operações, o que se tornou insustentável no longo prazo. Além disso as companhias aéreas regionais enfrentavam dificuldades para operar de forma independente. A unificação foi vista como um passo para melhorar a eficiência e coordenar melhor as operações aéreas no país, além de criar uma companhia aérea nacional forte e capaz de competir com outras grandes do setor. A Aerolíneas Argentinas surgiu em 1949, após a fusão entre a Aeroposta Argentina, ZONDA, ALFA e FAMA, tornando-se a principal companhia da Argentina e totalmente controlada pelo governo. A companhia já nasceu grande malha doméstica e destinos internacionais. A frota inicial era composta de aeronaves DC-3, DC-4 e DC-6.
Em março de 1950 a empresa iniciou oficialmente seus voos para Nova York. No mesmo ano foi inaugurada oficialmente a rota para Europa. Ambas faziam escala no Brasil antes de chegar no destino final: Buenos Aires - Rio de Janeiro - Belém - Trinidad - Havana - Nova York, Buenos Aires - Rio de Janeiro - Natal - Dakar - Lisboa - Paris - Frankfurt - Londres e Buenos Aires - Rio de Janeiro - Natal - Dakar - Lisboa - Roma, todas operadas pelo DC-6. A Aerolíneas também tinha voos para Santiago, São Paulo e Rio de Janeiro, operados com o DC-4. Ainda em 1950 a companhia começou a receber os Convair 240.
Em janeiro de 1953 foi inaugurada a rota Buenos Aires - Córdoba - Salta - Santa Cruz de la Sierra e, em outubro de 1954, a rota Buenos Aires - Montevidéu, operada com o DC-3. Ainda em 1954 a Aerolineas expandiu sua malha para Assunção e Lima.
Em março de 1959 a Aerolineas recebeu o primeiro jato do país, um De Havilland Comet IV. A primeira rota regular foi Buenos Aires - Bariloche, em dezembro de 1960. No mesmo ano o Comet também passou a voar para Santiago, EUA e Europa. Como fazia parte das escalas nos voos de longa distância, os Comet também passaram a operar para o Brasil. Em 1963 era possível encontrar o Comet tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo (Viracopos).
Em fevereiro de 1965 a Aerolíneas Argentinas recebeu o primeiro Boeing 707-300, que substituíram os Comet. O B707 foi o responsável por realizar o primeiro voo sem escalas entre Buenos Aires e Madrid, em novembro de 1966. Nessa década a companhia também renovou a frota com aeronaves Caravelle e Avro HS-748.
Em 1963 a empresa começou a voar para La Paz, capital da Bolívia.
Em agosto de 1969 recebeu o primeiro Boeing 737-200, que passou a ser a principal aeronave para rotas curtas e médias.
Em 1973 a Aerolíneas inaugurou a rota Buenos Aires - Miami com o Boeing 707, em 1974 Buenos Aires - Bogotá - México - Los Angeles, em 1975 Buenos Aires - Caracas e em 1978 Buenos Aires - Nova York - Montreal.
Em dezembro de 1976 recebeu a primeira aeronave "wide-body" (fuselagem larga), Boeing 747-200. O voo inaugural aconteceu no dia 5 de janeiro de 1977 na rota Buenos Aires - Madrid - Roma - Frankfurt. Com a chegada dos wide-body, os Boeing 707 foram remanejados para voos cargueiros.
Em junho de 1980 a Aerolíneas Argentinas foi a primeira companhia a realizar uma rota comercial transpolar, na rota Buenos Aires - Río Gallegos - Auckland -Hong Kong, com o Boeing 747. Em dezembro foi a vez do primeiro voo para Austrália, na rota entre Buenos Aires e Melbourne.
Em novembro de 1990 a empresa foi privatizada por um consórcio liderado pela Iberia, que investiu na companhia trazendo os MD-83 (em 1992), A310 (em 1994) e A340 em 1999. Apesar das promessas de melhoria na eficiência e expansão, a Aerolíneas continuou dando prejuízo. A crise econômica argentina e a queda na demanda também contribuíram para um investimento cada vez menor da Iberia na empresa, que começou a vender parte de suas ações. Com sérias dificuldades financeiras, a frota da empresa passou a ter vários tipos de aeronaves diferentes, pois a empresa não conseguia renovar totalmente a frota. A situação chegou no limite em 2001, quando a empresa suspendeu vários voos, incluindo para São Paulo, Rio de Janeiro, Nova York, Los Angeles e Sydney.
Em outubro de 2001 a Aerolineas foi vendida para o Grupo Marsans. Em janeiro de 2002 retomou os voos suspensos e lançou uma nova identidade visual. A companhia recebeu aeronaves Boeing 737-500 e Boeing 747-400 para renovar a frota, mas continuou com sérias dificuldades financeiras.
Em 2008 a empresa voltou a ser do governo argentino, para evitar que a empresa fosse à falência. Com o dinheiro injetado, a empresa fez um acordo com a Embraer e com a Boeing para renovar a frota.
Em novembro de 2009 aconteceu o último voo com o Boeing 737-200, substituídos por Boeing 737-500 e Boeing 737-700.
Em junho de 2010 a Aerolíneas Argentinas apresentou uma nova identidade visual para marcar a nova fase da companhia. Como parte do seu plano de expansão, a companhia aumentou os seus voos para São Paulo e iniciou voos diretos para Salvador.
Em fevereiro de 2012 ocorreu o último voo com o Boeing 747, substituídos pelos Airbus A340. Em agosto a companhia anunciou a sua entrada na aliança global SkyTeam. No final de 2012 a companhia finalmente conseguiu renovar completamente a sua frota, que ficou padronizada com Boeing 737-700/800, Airbus A340-200/300 e Embraer E-190.
Em 2013 a Aerolíneas iniciou uma grande expansão no Brasil e anunciou voos diretos entre Buenos Aires e Belo Horizonte. A companhia também adquiriu aeronaves A330 para substituir os A340-200.
Em fevereiro de 2018 a companhia foi a primeira na América Latina a operar o Boeing 737MAX.
Em janeiro de 2020 a companhia realizou o último voo com o A340 e em maio anunciou a fusão com a subsidiária Austral.
Em 2020, devido a pandemia do COVID-19, a Aerolineas chegou a suspender todos os voos regulares. Os voos para o Brasil só foram retomados em novembro.

 

 

 

I

A Flota Aerea Mercante Argentina (FAMA) foi a criada em fevereiro de 1946 com intuito de operar exclusivamente voos internacionais, uma vez que apenas companhias aéreas estrangeiras realizavam voos internacionais na Argentina até então. A empresa foi criada por um decreto que estabelecia que o transporte aéreo comercial deveria ser operado pelo Estado ou por Empresas Mistas. O primeiro voo aconteceu no dia 4 de junho de 1946 na rota Buenos Aires - Natal - Dakar - Lisboa - Paris - Londres, realizado com um hidroavião Short Sandringham Mk3. O segundo Short Sandringham Mk3 recebido pela empresa foi batizado de "Brazil".
Em julho de 1946 foram inauguradas as rotas Buenos Aires - Porto Alegre - São Paulo - Rio de Janeiro e Buenos Aires - Córdoba - Mendoza - Santiago, operadas pelo Vickers Viking. A partir do mês seguinte a FAMA começou a adquirir aeronaves DC-4, que substituíram os Vickers Viking. O voo entre Rio e Buenos Aires durava cerca de 6 horas e 20 minutos.
Em agosto de 1946 a FAMA iniciou a rota Buenos Aires - Recife - Dakar - Madrid - Barcelona - Roma e Buenos Aires - Rio de Janeiro - Natal - Belém - Trinidad - La Guayra - Nassau - Nova York.
Em 1949 a FAMA anunciou a chegada de aeronaves DC-6, que iriam inclusive operar numa rota sem escalas entre Buenos Aires e Rio de Janeiro, reduzindo o tempo de viagem para 3 horas. Porém em maio do mesmo ano a FAMA foi nacionalizada e fundida com outras empresas, formando a Aerolíneas Argentinas, em 1950.

Fundação: 1946
Encerrou atividades:
1949
País:
Argentina

Sede: Buenos Aires
Aeronaves já operadas: 2xShort Sandringham Mk3, 5xAvro 685 York, 3xAvro 691 Lancastrian, 8xVickers Viking, 5xConvair 240, 3xDouglas DC-3, 20xDouglas DC-4, 6xDogulas DC-6
Destinos no Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Natal, Recife

 

 

A Austral Linhas Aéreas foi fundada em 1971, como resultado da fusão da ALA (Aerotransportes Litoral Argentino) com a Austral Compañia Argentina de Transportes Aéreos. A frota inicial era composta por YS-11 e BAC 1-11, atendendo uma vasta malha doméstica.
Em 1980 a empresa estava com sérias dificuldades financeiras e foi estatizada. A frota foi renovada com aeronaves MD-80 e a Austral passou a ser a principal concorrente da Aerolíneas Argentinas em rotas domésticas.
Em 1987 a Austral foi privatizada, adquirida pela holding Cielos del Sur. Essa mesma empresa se juntou a Iberia em 1990 para adquirir a Aerolíneas Argentinas. Com o mesmo dono, a Austral passou então a operar como uma subsidiária da Aerolíneas Argentinas.
Em 2000 a frota foi parcialmente renovada com aeronaves Boeing 737-200 e a partir de 2002 a Austral adotou a mesma identidade visual da Aerolineas.
Em 2008 a empresa voltou a ser estatal, juntamente com a sua empresa-mãe. No mesmo ano a frota começou a ser totalmente renovada com aeronaves E-190.
Em maio de 2020 a companhia foi totalmente absorvida pela Aerolineas e a marca deixou de existir.

 

Evolução da empresa:
Logos antigos:
 

Pinturas:

 

AEROLÍNEAS ARGENTINAS
Fundação:
14 de maio de 1949
País:
Argentina
Principais Aeroportos: Ezeiza e Aeroparque
Sede: Buenos Aires
Códigos: ARG / AR
Destinos: 58
Destinos operados atualmente no Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba e Salvador
Destinos já operados no Brasil: Belo Horizonte

 

 

> Frota Atual:

E
Aeronave: Ativos: Inativos: Idade Média: Encomendas: Passageiros:

AEROLÍNEAS ARGENTINAS

Airbus A330-200 10   13 anos   272 (24J+248Y)
Boeing 737-700 7 1 17 anos   128 (8J+120Y)
Boeing 737-800 28   9 anos   170 (8J+162Y)
Boeing 737-800F 2   23 anos   -
Boeing 737 MAX 8 11   3 anos 3 170 (8J+162Y)
Embraer E-190 24 2 12 anos   96 (8J+88Y)
TOTAL: 82 3 11 anos 3 -

Airbus A330-200

Assentos na classe executiva: 24
Assentos na classe econômica: 248
Alcance: 13400 km
Entretenimento: canais de vídeo e música

Boeing 737-800 / Boeing 737 MAX 8

Assentos na classe executiva: 8
Assentos na classe econômica: 162
Alcance: 5420 km / 6500 km
Boeing 737-700

Assentos na classe executiva: 8
Assentos na classe econômica: 120
Alcance: 6000 km
Embraer E-190

Assentos na classe executiva: 8
Assentos na classe econômica: 88
Alcance: 4450 km
Entretenimento: telas individuais

Códigos: F: Primeira Classe, J: Classe Executiva, W: Classe Econômica Premium, Y: Classe Econômica

 

> Histórico de Frota:

E
Aeronave 1953 1955 1960 1965 1970 1980 1990 2004 2012 2015 2020
A310-300               1      
Airbus A330                   6 10
Airbus A340               4 11 11  
B707-300         6 8 1        
B727-200           3 8        
Boeing 737           13 11 20 32 38 39
Boeing 747           4 7 6 1    
Caravelle       3 3            
Comet 4     4 4 4            
CV-240 5 4 4                
DC-3 20 18 15 12              
DC-4 4 5 6 6              
DC-6 6 6 5 3              
HS748       12 12            
Fokker 28           4 4        
MD-80 6 3    
outras 6 6 6    
TOTAL: 41 39 40 40 25 32 31 37 47 50 49

 

> Aeronaves Utilizadas:

Aeronave:

Período: Total de unidades: Passageiros:

Airbus A310-300

1994-2008 10 194 (24J+170Y) ou 193 (18J+175Y)

Airbus A320

2008-2009 3 164 (8J+156Y)

Airbus A340-200

1999-2017 4 249 (32J+217Y)

Airbus A340-300

2007-2020 9 280 (32J+248Y)

Boeing 707-300B/C

1965-1993 9  

Boeing 727-200/ADV

1977-1996 15  

Boeing 737-200

1969-2009 66 111 (8J+103Y) ou 107 (8J+99Y)

Boeing 737-300F

2005-2007 1 -

Boeing 737-500

2002-2012 17 108 (8J+100Y)

Boeing 747-200

1976-2004 14 392 (46J+346Y) ou 400 (46J+354Y)

Boeing 747-SP

1980-1990 2  

Boeing 747-400

2002-2012 3 421 (42J+379Y)

Caravelle 6N

1962-1973 9  

Convair CV-240

1950-1962 5  

De Havilland Comet 4/C

1959-1973 14  

Fokker 28-1000/4000

1975-1994 7  

Hawker Siddeley HS-748

1962-1977 24  

Douglas DC-3 (C-47)

1949-1970 34  

Douglas DC-4 (C-54)

1949-1971 9  

Douglas DC-6

1949-1967 6  

McDonnell Douglas MD-81/83/88

1992-2012 14 153 (8J+145Y) / 147 (12J+135Y) /
143 (12J+131Y) / 148 (8Y+140Y)

Short S.25

1950-1963 8 22

YS-11

1967-1968 2 60
 

 

> Mapa de Rotas:


Ano: 2022


Ano: 2017


Ano: 2012 (Clique para ampliar)


Ano: 2010


Ano: 2000


1998


1980


Ano: 1968


Ano: 1957

Atualizado em junho de 2024

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