Antonov An-2 / An-3 / An-4 / An-6

A Antonov foi fundada em maio de 1946 como OKB-153 (Departamento de Pesquisa e Design número 153). A empresa recebeu imediatamente a tarefa de desenvolver uma aeronave agrícola. Para liderar o projeto foi escolhido o projetista de aviões soviético Oleg Konstantinovich Antonov, que anteriormente trabalhava na Yakovlev. Em 1984, após a morte de Oleg, a OKB-153 e todas as suas aeronaves foram renomeadas para Antonov em sua homenagem.
A especificação exigia uma aeronave capaz de decolar e pousar em pistas curtas e não pavimentadas e operar em regiões remotas da URSS, como a Sibéria. Além disso a aeronave precisava ser de fácil manutenção, uma vez que operaria em lugares com pouca ou nenhuma infraestrutura. Oleg Antonov então escolheu um design biplano para maximizar a sustentação em baixas velocidades, contrariando a tendência de transição para monoplanos que estava ocorrendo no mundo naquele momento. Além disso o avião foi deliberadamente equipado com um mínimo de sistemas complexos e era considerado fácil de pilotar. Inicialmente denominado como SKh-1, o Antonov An-2 começou a ser produzido em uma fábrica em Kiev. Sua primeira missão foi na aviação agrícola, pulverizando fertilizantes e pesticidas em plantações. Porém não demorou muito para as companhias aéreas perceberem as vantagens do An-2. Suas características permitiam voar em áreas remotas da URSS e conectar comunidades isoladas. A capacidade de cumprir uma ampla variedade de missões fez com que o Antonov 2 fosse utilizado para diversas missões tais como aviação comercial, aviação militar, ambulância aérea, combate a incêndios e exploração polar. O Antonov 2 foi exportado para mais de 50 países, em sua maioria para a aviação militar.
O Antonov An-2 deu origem a uma série de variantes projetadas para atender diferentes funções e necessidades operacionais, incluindo sua fabricação sob licença na Polônia (pela PZL-Mielec) e na China (como Shijiazhuang Y-5).
Em março de 1948 voava pela primeira vez o An-6, baseado no An-2, para reconhecimento meteorológico e otimizado para operar em regiões montanhosas e de altas altitudes. Em julho de 1951 foi a vez do An-4, uma versão do An-2 equipado com flutuador para realizar pousos e decolagens na água.
O An-2 se tornou tão popular na URSS que permaneceu em produção por mais de 50 anos! Com tanto sucesso a Antonov tratou de atualizar o modelo, nascia ai o An-3, equipado com motores turboélice ao invés de pistão. Porém devido à falta de interesse oficial, o projeto prosseguiu muito lentamente. Apesar do primeiro voo ter sido realizado em maio de 1980, os testes de voo só foram concluídos em 1991. Embora a Antonov tenha feito uma grande campanha de marketing em 2000, o An-3 não conseguiu muitos compradores. Quando finalmente estava disponível para o mercado, a URSS não existia mais e o mundo havia mudado.

 


Michael Carter

 

Origem: URSS
Produção: 1947-2001 (An-2) / 2000-2009 (An-3)
Comprimento: 12,74 m (An-2) / 13,97 (An-3)
Envergadura: 18,18 m
Altura: 4,93 m
Motores:
1x Shvetsov ASh-62IR (An-2) / Glushenkov TVD-20-03 (An-3)
Peso: 3 toneladas
Peso máximo de decolagem: 5 toneladas
Velocidade de cruzeiro: 190
km/h (An-2) / 250 km/h (An-3)
Velocidade máxima: 258 km/h (An-2) / 289 km/h (An-3)
Passageiros: 12
Primeiro voo: 1947
Entregues: mais de 18 mil (An-2) / 25 (An-3)
Alcance: 845 km (An-2) / 550 km (An-3)
Companhia Lançadora: Aeroflot

 

 

 

Antonov An-10 / An-12

Em dezembro de 1951 a Antonov iniciou o projeto para um avião militar bimotor, nascia ai o An-8. A aeronave deveria ser capaz de decolar de aeroportos com pouca infraestrutura, ter alcance para realizar rotas longas e ter grande capacidade de carga. Outra característica do An-8 são as suas asas altas, que facilita o carregamento e o descarregamento de carga, evita a colisão com pedras ou outros obstáculos em pistas não pavimentadas e oferece maior estabilidade ao avião, especialmente durante a decolagem e a aterrissagem em terrenos irregulares. O primeiro voo ocorreu no dia 11 de fevereiro de 1956, porém foram encontrados problemas de estabilidade e controle, o que obrigou a Antonov a voltar aos estudos para encontrar soluções. O novo design exigiu o uso de novas técnicas de produção e a primeira unidade finalmente foi produzida em 1958.
Com o aprendizado adquirido, a Antonov começou um projeto para um avião maior. A nova aeronave deveria ter uma fuselagem alongada, gerando maior capacidade de carga, e quatro motores (ao invés de dois no An-8). A Antonov viu a oportunidade de adaptar a aeronave também para a aviação comercial, dessa forma duas versões foram desenvolvidas em paralelo: o An-10 para a aviação comercial e o An-12 para a aviação militar. As duas aeronaves utilizam a mesma base e são muito semelhantes, porém existem algumas diferenças. Enquanto o An-10 possuí cabine pressurizada, o An-12 possuí uma porta cargueira na parte de trás da aeronave. A porta cargueira do An-12 possibilita o transporte de grandes cargas, como por exemplo veículos militares. O An-12 é capaz de transportar até 11 toneladas de carga ou até 60 passageiros. Em 1981 a China começou a produzir sob licença o An-12, sob o nome Shaanxi Y-8, que se tornou uma das aeronaves militares mais populares da China.
A versão inicial do An-10 foi projetada para transportar cerca de 85 passageiros, porém a versão de produção, batizada de An-10, podia acomodar até 100 passageiros, graças a um aumento do peso máximo de decolagem. A versão seguinte, An-10B, aumentou ainda mais a capacidade máxima, para até 132 passageiros, e também incorporou tanques adicionais de combustível.
O An-10 entrou operação pela Aeroflot em 1959, sendo usado principalmente em rotas domésticas de média distância, conectando grandes cidades soviéticas e regiões remotas. No entanto a aeronave enfrentou problemas de controlabilidade. Um acidente fatal em 1972 prejudicou sua reputação como uma aeronave segura e o governo acabou decidindo retirar todos os An-10 de operação regular. Apesar do sucesso da versão militar, An-12, o An-10 operou por pouco tempo na aviação comercial. Outras versões como o An-10D, com maior alcance, e An-10V, com maior capacidade, foram canceladas.

 


Steve Hall

 

Origem: URSS
Produção: 1959-1973
Comprimento: 33,10 m
Envergadura: 38,00 m
Altura: 10,53 m
Motores:
2x Ivchenko AI-20
Peso: 29 toneladas
Peso máximo de decolagem: 55 toneladas
Velocidade de cruzeiro: 600
km/h
Velocidade máxima: 660 km/h
Altitude de Cruzeiro: 10 km (33 mil ft)
Passageiros: 85-132
Primeiro voo: 7 de março de 1957
Entregues: 104 (An-10) / 1248 (An-12)
Alcance: 1200 a 4075 km
Concorrentes:
Bristol Britannia, Lockheed Electra II, Vickers Vanguard, Illyushin Il-18
Companhia Lançadora: Aeroflot

 

 

 

Antonov An-24 / An-26 / An-30 / An-32 / An-34

Em 1957 iniciou-se o projeto para um avião turboélice para mais de 30 passageiros e com capacidade de decolar e pousar de pistas não pavimentadas, para substituir os antigos aviões a pistão como por exemplo o Illyushin Il-14. A Antonov iniciou então o projeto do Antonov An-24, um turboélice bimotor para rotas de curta distância. A fabricante inicialmente focou em uma aeronave com fortes características STOL, ou seja, capaz de decolar e pousar em pistas muito curtas. O projeto previa que o An-24 iria precisar de apenas 300 metros de pista para poder decolar. Porém, para isso, a aeronave tinha que estar equipada com motores muito potentes, com maior consumo de combustível. Isso não agradou as companhias aéreas, que preferiram uma aeronave mais econômica. Atendendo o pedido dos potenciais clientes, a Antonov trocou para motores mais econômicos e a aeronave perdeu a sua característica STOL. Ainda assim o An-24 cumpria o requisito de ser capaz de decolar e pousar de pistas curtas e não pavimentadas, além de ser capaz de operar em condições adversas e locais com pouca ou nenhuma infraestrutura. Para isso a aeronave adotou asa alta e trem de pouso reforçado. A fuselagem foi projetada para ter um diâmetro grande o suficiente para a acomodação de quatro assentos por fileira, na configuração 2+2, semelhante ao Fokker 27.
O Antonov 24 entrou em serviço comercial pela Aeroflot, em 1962. Rapidamente o modelo se tornou popular entre as companhias aéreas da região de influência da URSS, devido ao seu baixo custo de manutenção e operação e sua capacidade de operar em regiões remotas e em qualquer condição climática. O An-24 ganhou inclusive uma versão produzida sob licença na China, denominada Xian Y-7.
O An-24 teve diversas versões que adaptaram o modelo para diferentes missões além de melhorar sua performance. O An-24A foi a primeira versão para venda, já o An-24B tinha maior peso máximo de decolagem. Em 1961 voou pela primeira vez uma modificação do An-24B para a aviação militar, equipada com porta de carga, denominada An-34 (também conhecida como An-24T). Em 1967 foi lançada a versão para vigilância e fotografia aérea, denominada An-30, e, em 1969, a versão militar com rampa de carga na parte traseira da fuselagem, denominada An-26. Já em 1976 foi lançado a versão militar projetada para suportar condições climáticas adversas, incluindo regiões quentes e altas, denominada An-32.

 


Dmitry Kazakov

 

Origem: URSS
Produção:
1959-1979 (An-24)
1969-1986 (An-26)
1971-1980 (An-30)
1976-2012 (An-32)
1965-1971 (An-34)
Comprimento: 23,53 m
Envergadura:
29,20 m
Altura: 8,32 m
Peso: 13 toneladas
Peso máximo de decolagem: 21 toneladas
Capacidade de combustível: 5,5 mil litros
Motores: 2x Ivchenko AI-24 (An-24)

Velocidade de cruzeiro: 450 km/h (An-24)
Velocidade máxima: 500
 km/h (An-24)
Altitude de Cruzeiro: 8 km (27 mil ft)
Pista mínima para decolagem: 1,0 km
Passageiros: 44 a 52
Primeiro voo: 29 de outubro de 1959 (An-24)
Concorrentes: Convair CV-240/340/440/580, Fokker 27, HS-748

Alcance:
2400 km (An-24)
Entregues:
An-24: 1367
An-26: 1403
An-30: 123
An-32: 373

 

 

 

Antonov An-28 / An-38

Em 1960 a URSS precisava de uma aeronave de curto alcance para operar em áreas remotas, com infraestrutura limitada e em regiões com condições adversas. A Antonov usou como base o bimotor leve militar Antonov An-14 para produzir a nova aeronave. O Antonov An-28 possuí asa alta reforçada, trem de pouso fixo e estabilizador vertical duplo. A sua fuselagem é toda em metal, com alguns elementos estruturais feitos de materiais compósitos e fibra de vidro. Por ser equipado com motores turboélice mais potentes em relação aos motores a pistão do An-14, a fuselagem do An-28 é maior, sendo capaz de acomodar até 17 passageiros. A aeronave se mostrou ideal para operações em regiões remotas, como na Sibéria, além de rotas regionais com pouca demanda de passageiros. Além da aviação comercial, o An-28 foi operado para diversas missões tais como carga, patrulhamento, fotografia aérea, levantamento geológico, ambulância aérea e paraquedismo. Entre 1982 e 1992 foram produzidas 170 unidades sob licença na Polônia, pela PZL-Mielec.
Apesar do primeiro voo em 1969, o An-28 só entrou em operação comercial em fevereiro de 1986, pela Aeroflot.
Em 1989 a Antonov percebeu que haveria demanda para uma aeronave semelhante ao An-28, mas com maior capacidade de passageiros. A partir daí a fabricante começou a trabalhar em uma versão alongada do An-28, denominada An-38. Além do maior tamanho, o An-38 também incorporou diversas melhorias em relação ao modelo anterior tais como melhor isolamento acústico, maior peso máximo de decolagem e radar meteorológico. Os motores mais potentes e eficientes do An-38 permitiram redução de até 30% no consumo de combustível em relação ao An-28 e maior velocidade máxima. A aeronave mantêm as características do An-28 para operar em pistas curtas, aeroportos com pouca infraestrutura e condições climáticas adversas, além de ser capaz de pousar em uma trajetória íngreme, em aeroportos localizados em regiões montanhosas.
Entretanto o An-38 não encontrou muitos compradores. O fim da URSS, em 1991, impactou a demanda e o suporte financeiro para todas as aeronaves da Antonov. Com a abertura econômica, as companhias aéreas que antes só podiam comprar aeronaves de fabricantes soviéticos, passaram a adquirir aeronaves ocidentais, mais avançadas e eficientes. Sem compradores interessados, a produção do An-28 e An-38 foi encerrada definitivamente.

 


Aleksey Lisitsyn

 

Origem: URSS/Ucrânia
An-28 / An-38
Produção:
1983-1997 / 1994-2001
Comprimento: 12,95 m / 15,67 m
Envergadura:
22,06 m
Altura: 4,50 m
Peso: 4 / 5 toneladas
Peso máximo de decolagem: 6,5 / 8,8 toneladas
Capacidade de combustível: 1,9 / 2,2 mil litros
Motores: 2x
Glushenkov TVD-10B / Honeywell TPE331
Velocidade de cruzeiro: 350 km/h
Velocidade máxima: 355
 km/h / 405 km/h
Altitude de Cruzeiro: 6 km (20 mil ft)
Pista mínima para decolagem: 0,4 km
Passageiros: 17 / 27
Primeiro voo: Setembro de 1969 / 23 de junho de 1994
Concorrentes: DHC-6, Let L-410, EMB-110 / Dash-8-200, EMB-120,
Dornier 328, Saab 340
Alcance: 1250-1980 km / 600-1650 km

Entregues: 191 / 11

 

 

 

Antonov An-72 / An-74

Em 1972 foi iniciado um projeto para uma aeronave com características STOL (Short Takeoff and Landing) capaz de operar em regiões remotas e em condições climáticas adversas. Para cumprir os requisitos, a Antonov projetou a aeronave de forma a se beneficiar do chamado efeito Coandă. Como resultado o An-72 se destaca pelo design único, com motores posicionados acima das asas, onde o fluxo de ar expelido pelos motores na superfície superior das asas aumenta a sustentação. Esse processo é particularmente útil para permitir que a aeronave possa voar em baixas velocidades, permitindo pousos em pistas curtas e mal preparadas. Os motores acima das asas também ficam mais protegidos de detritos levantados durante operações em pistas não pavimentadas ou cobertas de neve. O An-72 possuí trem de pouso reforçado e preparado para superfícies não pavimentadas, como terra, grama ou neve.
Em junho de 1979 o An-72 foi apresentado ao mundo, no Salão Aeroespacial de Paris, em Le Bourget. A aeronave finalmente entrou em serviço, em maio de 1987, inicialmente operando para a aviação militar.
Em 1974 a URSS iniciou discussões sobre a necessidade de uma aeronave capaz de enfrentar condições climáticas extremas, uma vez que era necessário patrulhar regiões como Sibéria. Dessa forma a Antonov começou o desenvolvimento do An-74, um aperfeiçoamento do An-72, otimizado para operar em quaisquer condições climáticas, variando de um frio extremo de -60 °C até um calor de  45 °C. Para isso o An-74 teve modificações no trem de pouso e equipamentos de degelo aprimorados. O An-74 voou pela primeira vez em setembro de 1983, entrando em operação regular por volta de 1992.
Embora inicialmente projetados para uso militar, ambos os modelos foram adaptados para aviação comercial, transportando passageiros e carga em companhias aéreas da URSS. Os modelos tinham especial vantagem em rotas para áreas remotas e com clima extremo.
Após o fim da URSS, em 1991, a demanda e o suporte financeiro para o An-72 e An-74 caiu drasticamente. O design dos motores ofereciam vantagens, mas o consumo de combustível era muito alto se comprado com outras aeronaves do mesmo porte. O An-72/74 era útil em nichos específicos, como transporte para locais remotos e missões humanitárias, mas não competia bem no mercado de larga escala. O suporte técnico limitado e a dificuldade em obter peças sobressalentes, especialmente após o colapso da URSS, dificultaram sua operação.

 


Mick Bajcar

 

Origem: URSS/Ucrânia
Produção:
1977-2018
Comprimento: 28,07 m
Envergadura:
31,89 m
Altura: 8,65 m
Peso: 19 toneladas
Peso máximo de decolagem: 34 toneladas
Motores: 2x
Lotarev D-36
Velocidade de cruzeiro: 550 km/h
Velocidade máxima: 700
 km/h
Altitude de Cruzeiro: 10 km (33 mil ft)
Pista mínima para decolagem: 0,8-1,3 km
Capacidade: 52 passageiros ou 10 toneladas de carga
Primeiro voo:
31 de agosto de 1977
Alcance: 4.325 km

Entregues: 195

 


 

Antonov An-124

Em fevereiro de 1965 voou pela primeira vez o Antonov An-22, considerado o primeiro wide-body (aeronave de fuselagem larga) do mundo. O An-24 também é a maior aeronave turboélice do mundo, projetada para uso militar, no transporte de cargas grandes e pesadas. A aeronave tinha um volume utilizável de 639 m³ e capacidade para até 80 toneladas de carga. No entanto, com o aparecimento de aeronaves mais modernas e avançadas, como o Lockheed C-5 Galaxy, o An-22 ficou para trás. O governo da URSS então incumbiu à Antonov a construção de uma nova aeronave, mais avançada e com maior capacidade de carga, com objetivo de igualar ou superar o Lockheed C-5 Galaxy. Inicialmente a Antonov propôs uma versão melhorada do An-22, porém o governo rejeitou a proposta, especificando que queria uma aeronave com alto nível de eficiência e aerodinâmica, além de maior alcance e menores custos de manutenção.
A criação de uma aeronave tão grande e pesada representou desafios significativos em termos de aerodinâmica, materiais e motores. Os motores foram desenvolvidos especificamente para o An-124. Mesmo assim foram necessários quatro deles para conseguir potência suficiente. O An-124 é equipado com um sistema de inclinação da fuselagem, que facilita o carregamento e descarregamento de grandes volumes. Suas rampas dianteiras e traseiras também permitem acesso direto ao compartimento de carga, além disso a aeronave possuí uma porta cargueira tanto na frente quanto atrás da fuselagem, facilitando a entrada e saída da carga. A aeronave está equipada com a tecnologia fly-by-wire híbrido, onde também há controles mecânicos convencionais para alguns aspectos. O Antonov An-124 também é adaptado para pousar em diferentes tipos de solo, tais como asfalto, terra, grama e neve, graças ao seu trem de pouso reforçado com nada menos que vinte e quatro rodas. A cabine do An-124 possuí duas partes distintas. Na parte inferior - a maior - a pressurização é limitada e o espaço é destinado exclusivamente para o transporte de carga. Já a parte superior é totalmente pressurizada, sendo adequado tanto para o transporte de carga quanto de passageiros. Dessa forma o An-124 é capaz de levar até 88 passageiros.
Em junho de 1985, no Airshow de Paris, o mundo se surpreendeu com o maior avião do mundo. Não era o Boeing 747, era o Antonov An-124, batizado de Ruslan (um herói russo). O An-124 foi por anos o maior avião cargueiro do mundo, quando perdeu o posto para o An-225. O An-124 também foi o avião com maior volume de carga: 1014 m³, mas perdeu o posto com o "Beluga" (A300-600ST), com 1400 m³. O An-124 fez sucesso não só no "mundo comunista" como em todo o ocidente, devido à sua grande capacidade de carga e versatilidade. O An-124 é capaz de transportar carros de luxo, carros de corrida, helicópteros, cavalos de corrida, tanques de guerra e outros aviões, graças a sua capacidade de até 150 toneladas. Fez tanto sucesso que até uma "versão ocidental" foi proposta pelos EUA, porém a idéia não decolou. A grande vantagem do An-124 está em sua capacidade de transportar cargas que outras aeronaves não conseguem, nem mesmo o Boeing 747.
O colapso da União Soviética, em 1991, teve um impacto profundo no programa Antonov An-124 e na própria Antonov. Como muitas outras empresas soviéticas, a Antonov enfrentou dificuldades financeiras, interrupções na cadeia de suprimentos e incertezas políticas. A produção em larga escala do An-124 chegou a ser interrompida. Porém mesmo após a interrupção, algumas unidades do An-124 foram concluídas usando peças remanescentes. A Rússia expressou interesse em reiniciar a produção do An-124, mas a falta de financiamento e as disputas com a Ucrânia atrasaram os planos. A Ucrânia, como nação independente, não possuía recursos para sustentar programas caros como o An-124.  A Antonov adaptou sua estratégia para sobreviver no mercado, concentrando-se no aluguel e operação de sua frota de aeronaves para transporte de cargas especiais. Fundada em abril de 1989, a Antonov Airlines começou a operar uma frota de An-124 comercialmente, transportando cargas como turbinas, carros e equipamentos industriais.
Tanto a Rússia quanto a Ucrânia modernizaram os An-124 existentes, com atualizações de aviônicos, por exemplo. Apesar das tensões políticas, Rússia e Ucrânia colaboraram em alguns projetos até 2014, quando a crise na Crimeia acabou com qualquer chance cooperação. A interrupção do fornecimento de peças de reposição e suporte técnico dificultou a operação de aeronaves An-124 em ambos os países. A Rússia iniciou esforços para nacionalizar a produção de componentes, enquanto a Ucrânia tentou manter sua frota com recursos limitados.
Em 2022 após o inicio da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a situação da Antonov ficou ainda mais delicada, com grande parte de sua infraestrutura sendo destruída.

 


Andreas Fietz

 

Origem: URSS
Produção: 1982 - 2004
Comprimento: 68,96 m
Envergadura: 73,30 m
Altura: 20,78 m
Peso: 175 toneladas
Peso máximo de decolagem/pouso: 405/330 toneladas
Capacidade de combustível: 262,7 mil litros
Motores: 4x Iychenko Progress D-18T}
Empuxo: 92 (4x 23) tonf
Velocidade de cruzeiro: 850
km/h
Velocidade máxima: 865 km/h
Altitude de Cruzeiro: 12 km (39 mil ft)
Pista mínima para decolagem: 3,0 km
Capacidade de carga: 150 toneladas
Primeiro voo: 24 de dezembro de 1982
Alcance: de 15000 (vazio) a 4500 (carregado) km
Pista mínima para decolagem: 2,5
km
Entregues: 56

 

 

 

Antonov An-225

O Antonov An-225, batizado de "Mriya" (sonho), foi originalmente desenvolvido para o transporte de espaçonaves, para o programa espacial soviético. A Antonov usou como base o An-124  para produzir a maior aeronave já construída até então. A fuselagem foi alongada com a inclusão de novas seções nas partes dianteira e traseira, as asas também foram ampliadas e foi necessário a criação de uma cauda totalmente nova, com estabilizador vertical duplo para manter a estabilidade da aeronave mesmo com cargas externas montadas no topo da fuselagem. Para lidar com tanto peso, foi necessário a instalação de mais dois motores, elevando o número total de motores para seis, três em cada asa. O trem de pouso também teve que ser reforçado e possuí trinta e duas rodas. Semelhante ao An-124, o trem de pouso dianteiro do An-225 é capaz de abaixar o nariz da aeronave, formando uma rampa para facilitar a entrada e saída da carga. Diferentemente do An-124, o An-225 não possuí uma porta de carga na parte de trás da fuselagem, apenas da frente. Em todo o comprimento do compartimento de carga, existem quatro guindastes de carga suspensos que podiam se mover ao longo da fuselagem. O An-225 tinha uma capacidade única de transportar cargas externamente, como por exemplo a espaçonave Buran, que ficava presa na parte superior do avião. Isso foi possível porque o An-225 tinha uma estrutura, na parte de cima da fuselagem, especialmente projetada para suportar cargas pesadas e capaz de mantê-la presa durante o voo.
Em 1989, durante o Paris Air Show, o mundo foi apresentado ao maior avião do mundo, An-225. Seu tamanho não foi superado nem mesmo pelo A380. Com volume de carga de 1300 m³ e capacidade para até 250 toneladas, o An-225 tornou possível transportar via aérea coisas antes inimagináveis como trens, locomotivas e geradores com mais de cem toneladas. Ao longo do seu período em operação a aeronave bateu diversos recordes mundiais, como por exemplo a carga única mais pesada já transportada por via aérea, em agosto de 2009. O An-225 também foi muito utilizado em operações humanitárias e desastres naturais, devido a sua grande capacidade de carga.
Com o fim da URSS, em 1991, o projeto do An-225 foi cancelado. Apesar de duas unidades terem sido encomendadas, apenas um exemplar foi construído, uma vez que a segunda nunca chegou a ser terminada. O único An-225 em operação perdeu seu propósito e foi desativado por falta de verbas. Apenas no inicio dos anos 2000 o único An-225 foi reativado com objetivo de operar no transporte de carga, através da Antonov Airlines.
Em fevereiro de 2022 o único An-225 do mundo foi destruído durante a guerra entre Rússia e Ucrânia, quando o Aeroporto de Hostomel, onde o An-225 estava baseado, foi bombardeado por forças russas.

 


Alexey Yakubov

 

Origem: URSS
Produção: 1988
Comprimento:
84,00 m
Envergadura: 88,40 m
Altura: 18,10 m
Peso: 285 toneladas
Peso máximo de decolagem: 640 toneladas
Capacidade de combustível: 375 mil litros
Motores:
6x ZMKB Progress D-18
Empuxo: 140 (6x 23) tonf
Velocidade de cruzeiro: 800 km/h
Velocidade máxima: 850 km/h
Capacidade de carga: 250 toneladas
Primeiro voo: 21 de dezembro de 1988
Altitude de cruzeiro: 11 km (36 mil pés)
Alcance: de 15400 a 4000 km
Entregues: 1

 

 

 

Antonov An-140

Em 1993 a Antonov começou um projeto de uma nova aeronave para substituir o An-24. O projeto do An-140 ficou marcado como um dos primeiros que a Antonov desenvolveu após o fim da URSS, com o apoio do governo ucraniano e parcerias internacionais. O An-140 é um bimotor turboélice de asa alta, capaz de operar em aeroportos com pouca infraestrutura e com baixos custos de manutenção. Apesar da ambição de querer competir globalmente, o An-140 ficou concentrado em clientes na Rússia e Ucrânia principalmente. Além da forte concorrência de modelos da ATR, Bombardier e Embraer, a Antonov não conseguiu estabelecer uma rede global de suporte técnico, o que limitou a atratividade do modelo fora de mercados locais. Além disso a dependência de fornecedores russos tornou a produção vulnerável, principalmente com o aumento das tensões políticas entre Rússia e Ucrânia. Após a anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014, e o início do conflito na Ucrânia, a cooperação entre Rússia e Ucrânia foi interrompida, causando um golpe fatal no An-140. A produção e manutenção do An-140 dependia de componentes russos, o que acabou levando ao fim da produção. Sem peças e suporte técnico adequado, muitas operadoras foram forçadas a aposentar o An-140 mais cedo do que o planejado.

 

Dmitry A. Mottl

 

Origem: Ucrânia
Produção: 1997 - 2016
Comprimento: 22,60 m
Envergadura: 24,50 m
Altura: 8,22 m
Peso: 12 toneladas
Peso máximo de decolagem: 19 toneladas

Motores: 2x
Klimov TV3-117VMA-SBM1
Velocidade de cruzeiro: 520
km/h
Velocidade máxima: 575 km/h
Altitude de cruzeiro: 7,6 km (25 mil pés)
Passageiros: 52
Primeiro voo: 17 de setembro de 1997
Alcance: 900 a 3700 km
Concorrentes: ATR-42, Dash-8-300, Dornier 328, Saab 2000, BAe ATP, Fokker 50
Entregues: 33

 


 

Antonov An-148/An-158

No inicio dos anos 1990 a Antonov começou a desenvolver um projeto para uma aeronave regional, utilizando como base o An-74. O projeto foi realizado durante um período de transição política e econômica na Ucrânia pós-soviética. Apesar da ausência de apoio financeiro da URSS, a Antonov aproveitou sua experiência em projetos anteriores e buscou parcerias comerciais e governamentais para concluir o projeto. Apesar das semelhanças com o An-74, o An-148 possuí fuselagem maior e motores instalados sobre as asas. Os dois compartilham asa alta e capacidade de operar em pistas não pavimentadas e aeroportos com infraestrutura limitada. Além disso o An-148 incorpora sistema de auto-diagnóstico, display de LCD e sistema fly-by-wire.
Em junho de 2009 o An-148 realizou o seu primeiro voo comercial, pela Aerosvit, entre Kharkov e Kiev.
Em abril de 2010 voou o primeiro An-158, a versão alongada do An-148. Além da maior capacidade de passageiros, o An-158 possuí wingtip na ponta das asas. O modelo também ganhou uma versão executiva, An-168, e a versão cargueira, An-178.
O An-148/An-158 teve uma base de clientes limitada, sendo operada por poucas companhias aéreas. Os dois modelos enfrentaram forte concorrência de aeronaves ocidentais, como Embraer E-Jet e Bombardier CRJ, que ofereciam maior eficiência de combustível, suporte técnico global e reputação consolidada. Além disso operadores relataram dificuldades para obter peças de reposição e suporte técnico consistente, especialmente após a escalada dos conflitos entre Rússia e Ucrânia. Apesar da aeronave ser produzida na Ucrânia, as peças de reposição eram provenientes da Rússia. A invasão da Criméia, em 2014, prejudicou a produção e o suporte para as aeronaves, culminando na interrupção da produção. Falhas técnicas, incluindo um acidente fatal, em 2018, abalaram a confiança nas aeronaves, fazendo com que as companhias aéreas decidissem retirá-las de suas frotas.

 

Anthony Noble

 

 

Origem: Ucrânia
Produção: 2009 - 2018
Comprimento: 29,13 m (An-148) / 30,83 m (An-158)
Envergadura: 28,91 m
Altura: 8,19 m
Peso: 22 toneladas
Peso máximo de decolagem: 38 a 43 toneladas
Capacidade de combustível: 12 mil litros
Motores: 2x Progress D-436

Velocidade de cruzeiro: 800
km/h
Velocidade máxima: 870 km/h
Pista mínima para decolagem: 1,5 a 1,8 km
Altitude de cruzeiro: 12,2 km (40 mil pés)
Passageiros: 68 a 85 (An-148) / 86 a 99 (An-158)
Primeiro voo: 17 de dezembro de 2004
Alcance: 2100 a 4400 km
Companhia Lançadora: Aerosvit
Concorrentes: Embraer E-175/190, Bombardier CRJ-700/900, Sukhoi Superjet 100
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