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Tudo rosa,
tudo Azul
Um avião rosa... da Azul? Jogada de marketing? Piada ou
boato? Nada disso: uma ação social que envolve não
apenas a Azul como a Embraer e seus milhares de
colaboradores, engajados na luta contra o câncer de
mama. Veja agora os bastidores da criação desta ação
social que está apenas começando.
Um dia Rosa em Porto Alegre
Após ministrar uma palestra na capital gaúcha, um
encontro fortuito mudaria a minha história - e,
acredito, também a de muita gente. Na ocasião, fui
apresentado à Doutora Maira Caleffi. Fácil perceber que
trata-se de uma mulher de fibra, uma pessoa simplesmente
impressionante. Ao final de sua rápida apresentação - ou
seria pregação um termo mais adequado? - eu já estava
hipnotizado pela presença, inteligência e intensidade
desta médica gaúcha que, em 2006, fundou e até hoje
preside a FEMAMA - Federação Brasileira de Instituições
Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama. Desde então, a
Dra. Maira vem liderando a FEMAMA e lutando pela
diminuição do índice de mortalidade do câncer de mama.
Embora deteste holofotes sobre sí, (não confundir com a
necessária exposição à causa que ela defende), não posso
deixar de louvar um pouquinho que seja esta notável
brasileira. Médica renomada no País e no exterior, a
Dra. Maira é cirurgiã e médica especializada em câncer
de mama. Por muitos anos, exerceu sua profissão, em
Porto Alegre e em Londres, salvando milhares de vidas
nas mesas de operação. E foi por aliar seu conhecimento
técnico e habilidade, reconhecidos internacionalmente, à
uma profunda vontade de enfrentar esta terrível doença,
que a Dra. Maira percebeu que era preciso travar esta
guerra de maneira mais inteligente: de forma preventiva,
através de maior conscientização sobre a doença antes
que ela se manifestasse.
O fato é que 50 mil brasileiros, em média, contraem
câncer de mama a cada ano. Destes, 12 mil perdem a
batalha. A cada dia, morrem em média 35 pessoas
vitimadas por câncer de mama. Os outros que conseguem
sobreviver à esta traumática experiência muitas vezes
carregam para sempre as cicatrizes físicas e emocionais
que o câncer costuma deixar. Um verdadeiro problema de
saúde pública.
O que mais angustia a Dra. Maira é saber que, no Brasil,
45.3% dos casos são descobertos em estágio avançado da
doença, quando a cura é muito difícil - ou simplesmente
impossível. Pior: o número de pacientes vêm crescendo a
cada ano, em parte pelo aumento da idade média de vida
do brasileiro. Hoje, espera-se em média 188 dias para a
marcação de um exame ou início do tratamento para
aqueles milhões de brasileiros e brasileiras que
dependem do SUS. Um tempo longo demais, sobretudo pelo
fato do câncer de mama ser um inimigo terrível que
poderia ser enfrentado com muito mais eficácia se
enfrentado com maior agilidade. Uma doença que, quando
descoberta e tratada a tempo, não é necessáriamente
fatal. É preciso atrair a atenção para a causa,
despertar a consciência das pessoas e alertá-las para o
fato de que esta doença não escolhe suas vítimas:
homens, mulheres, ricas, pobres, remediadas, cultas,
ignorantes, brancas, pretas, jovens ou maduras, tanto
faz. Imagine que você pode ser o próximo, e defenda-se,
através de exames preventivos periódicos.
Rosa e Azul
Foi justamente naquele encontro em Porto Alegre que a
Dra. Maira pediu singelamente: "Você poderia fazer algo
pela nossa causa? A Azul poderia nos ajudar?" Nada
prometi a ela, embora pessoalmente já tivesse sido
"cooptado" por sua argumentação apaixonada. Embarcando
no Salgado Filho em um jato azul, veio o estalo: "Azul e
Rosa, a cor que simboliza internacionalmente a luta pelo
câncer. Azul vai ter que virar Rosa!" Cheguei em casa,
beijei esposa e filhos, jantei e fui para o computador.
Escolhi uma imagem de um jato voando sobre o mar azul e,
através do photoshop, modifiquei as cores da aeronave: o
que era azul virou rosa. No dia seguinte, levei comigo a
imagem do avião, já devidamente batizado de "Rosa e
Azul" para submeter a ideia aos colegas. As reações
foram imediatas: "Panda, vamos fazer os uniformes em
pink" sugeriu a Heloisa, Gerente de Marca na Azul.
"Vamos voar com esta aeronave somente com nossas
tripulantes mulheres" - acrescentou Renato Covelo, nosso
diretor jurídico. "Que tal um ônibus cor-de-rosa"
agregou nosso Diretor de Arte, Nemo Sampaio. E se
fizessemos uma caravana em todas a cidades em que
voamos? E uma campanha interna de conscientização? Em
minutos, as ideias fluiam. Começava a nascer um grande
círculo de amor em torno da causa.
"Vamos fazer isso imediatamente!" Foi essa a reação de
David Neeleman, ao ver a imagem renderizada do avião e o
escopo do projeto de atuação, que começaria com a
cerimônia de entrega e iria prosseguir através de um
calendário de atividades intensas pelos meses seguintes.
Empolgado pela calorosa acolhida da ideia, liguei para
nosso representante na fábrica da Embraer, Odaglas
Freitas, e perguntei a ele: "Freitas, quando é que nosso
próximo avião a ser entregue entrará em pintura?" - "Em
três dias", respondeu. "Então segura! Não passa a tinta!
Segura aí que pode ser que tenhamos novidades", disse e
ele. Teríamos que fazer os desenhos técnicos, validar o
conceito com o pessoal da área técnica da Embraer e da
Azul e definir tudo em questão de horas. Aí veio o
estalo: ao invés de pedir a colaboração da Embraer, que
tal propor à empresa que se associasse conosco e
comprasse ela também essa briga?
Os anjos conspiram
Horas depois, quando ainda estava preparando uma
apresentação empowerpoint para levar a Embraer, adivinhe
quem entra na minha sala, na sede da Azul em Barueri?
David Neeleman e Frederido Curado, o próprio Presidente
da Embraer. Não podia acreditar naquilo. Eu que iria ter
que procurar o Fred pelos dias seguintes recebida o
homem em carne e osso, visitando os escritórios da Azul
por outras razões. Não acredito em coincidências: aquela
visita TINHA mesmo que acontecer. Mal tive tempo de
abrir o arquivo em powerpoint e mostrar para ele:
Frederico comprou a ideia no ato. O Embraer 195 "Rosa e
Azul" - e tudo que ele representa - seria mesmo uma
realidade!
Várias reuniões foram feitas nos dias seguintes, na Azul
e na Embraer. Dezenas de colaboradores nas duas empresas
mobilizaram-se de foram espontânea, contagiante, para
dar asas ao projeto. A pintura padrão azul da aeronave
PR-AYO foi suspensa, aguardando a aprovação dos detalhes
e muitas modificações necessárias nos desenhos técnicos.
Em encontros subsequentes, acertou-se a realização de um
evento na fábrica, para apresentar o avião publucamente.
Definimos a estratégia da Caravana "Azul e Rosa" para
Novembro. Recrutamos voluntárias para representar cada
departamento na festa. Desenhamos uniformes, folhetos,
ônibus, detalhes de serviço. Envolvemos pessoal de
operações, RH, manutenção, aeroportos, treinamento,
escala de voo, CCO, financeiro, marketing, comunicação.
Tudo entrou em orçamento e produção em questão de horas.
E, nos dias seguintes, na hora de receber os orçamentos,
mais uma série de gratas surpresas: nenhuma empresa,
indivíduo ou parceiro quiz cobrar. Todos trabalharam, (e
não foi pouco) de graça, pela causa. O círculo de amor
só aumentava.
Naquela altura dos acontecimentos, só quem não sabia era
a mãe da ideia, a Dra. Maira. O "avião rosa" que um dia
ela havia sonhado, para ela ainda era exatamente isso:
um distante sonho. Mal sabia ela que, àquela altura, a
tinta "pink" já estava sendo aplicada ao Embraer 195.
Marquei uma reunião com ela, em um café em São Paulo.
Até então vinha propositalmente mantendo-a afastada das
decisões, de modo a poder preparar uma bela surpresa.
Chegou o dia. Durante esse café, ela recebeu em mãos a
imagem digitalizada do "Rosa e Azul" em pleno voo - ao
menos no Photoshop. Sua reação foi absolutamente
emocionante.
Te Toca Brasil
A partir daí, a Azul, Embraer e FEMAMA estavam unidas em
um só ideal. Juntas, estas três organizações trabalharão
pelos próximos anos no sentido de amplificar a
consciência sobre a doença, alertando e promovendo ações
para ampliar o conhecimento e reduzir a ignorância - e
os preconceitos - que cercam este terrível inimigo
comum.
Isso é só o começo. Em novembro de 2010 o Embraer 195
PR-AYO "Rosa e Azul" começa a operar regularmente nas
linhas da Azul Linhas Aéreas Brasileiras, promovendo com
sua cor diferenciada o engajamento na guerra contra o
câncer de mama. Serão realizados uma série de voos
especiais para levar à todos os 25 destinos operados
pela companhia este verdadeiro estandarte voador,
símbolo alado da luta contra doença. Todos estes voos
serão operados por uma tripulação 100% feminina composta
por aeronautas da Azul: Comandante Maria Medeiros;
Primeiros-Oficiais Flávia Furlan e Caroline Damé Da
Silva; Comissárias Lidia Soares Lopes, Pamela Meireles
Roque, Regina Reis Abreu e Alessandra Comes Gonçalves.
Elas formam a "Tripulação Rosa", atuando como
embaixadoras da causa em todas as cidades para onde vão
conduzir, com segurança, competência e muita graça,
centenas de passageiros da Azul todos os dias.
Nos próximos meses, a Azul e a Embraer farão o possível
para engajar empresas e indivíduos na ação da Dra.
Maira, integrando o Projeto Te Toca Brasil. Ele consiste
na união de diversas entidades ligadas à causa do câncer
de mama para o alinhamento de objetivos que devem ser
alcançados por meio de planejamento estratégico na busca
por avanços na aérea da saúde da mama, tais como a
melhoria da qualidade dos exames, das medicações e, não
menos importante, por maior representatividade junto ao
Congresso Nacional.
A FEMAMA, que tem 32 sócios fundadores, entre entidades
filantrópicas, empresas privadas e pessoas físicas, está
apenas no início de sua longa caminhada. Agora, FEMAMA e
sua líder, a Doutora Maira Caleffi, têm razões a mais
para acreditar que será possível mudar a história da
saúde nacional e vencer a guerra contra o câncer de
mama. Elas ganharam milhares de novos soldados azuis,
cor oficial tanto da Azul como da Embraer. Eles e elas,
com a alma cor de rosa, construíram e vão operar uma
"Fortaleza Voadora" de 52 toneladas, cujo principal
"armamento" é mesmo sua pintura especial, Rosa e Azul.
Gianfranco Beting
PS: Você também pode ajudar a FEMAMA: conheça o trabalho
notável que é feito e veja como você pode ajudar. http://www.femama.org.br