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Presidente da
Oceanair
O Jetsite entrevistou Carlos Ebner, presidente da
OceanAir, durante o evento de anúncio da aquisição de
uma nova frota de jatos 787 Dreamliner, os primeiros
encomendados por uma empresa aérea brasileira.
Jetsite: Qual a sua formação?
Carlos Ebner | Sou graduado em Administração de
Empresas pela Faculdade Cândido Mendes do Rio de
Janeiro, com MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC, além
de graduação em Programas de Gestão Avançada do INSEAD/FDC
e no FDC/Kellogg Graduate School of Management.
Jetsite: Antes de assumir a OceanAir, o senhor
trabalhava na Varig, não é?
Carlos Ebner | Antes de me juntar à diretoria da
Synergy Aerospace, controladora da OceanAir, Avianca,
Wayra do Peru, exerci os cargos de diretor de
desenvolvimento de negócios de logística da Companhia
Vale do Rio Doce e a presidência da Docenave Navegação.
Minha experiência na aviação foi na Varig, na qual
ocupei os cargos de diretor Financeiro e diretor da
VarigLog.
Jetsite: o senhor trabalhou também na Star Alliance?
Carlos Ebner | Minha experiência em nível
internacional foi como chairman de Cargo da Star
Alliance e como membro executivo do Cargo Committee da
Intenational Air Transport Association.
Jetsite: o senhor assumiu o lugar de German
Efromovich, certo?
Carlos Ebner | Sim. Com a minha entrada na empresa,
German Efromovich passou a presidir o Conselho da
OceanAir. Ele é também o presidente da Holding Synergy,
que controla ainda a Avianca.
Jetsite: a encomenda histórica de 20 jatos 787-8 foi
feita para as duas empresas?
Carlos Ebner | Exato. Temos 20 aeronaves
encomendadas com entregas começando em 2012. Ainda não
sabemos precisar quantas serão empregadas pela OceanAir
e quantas irão para a Avianca. Até lá, muita coisa pode
mudar.
Jetsite: por exemplo?
Carlos Ebner | Os acordos de Open Skies. Acredito
que em 3 anos, no máximo, os céus da América do Sul
estarão abertos. Com esta condição, realmente não haverá
muita diferença se os novos jatos levarão o nome da
OceanAir ou Avianca. Voar vai ser liberado, ao menos
dentro deste continente.
Jetsite: E da América do Sul para os Estados Unidos e
Europa também?
Carlos Ebner | Não acredito. Acho que nesses casos
pode-se levar mais tempo.
Jetsite: O 787 é a mais avançada aeronave do mundo.
Isso mostra que a OceanAir veio para ficar?
Carlos Ebner | Sem dúvida. Isso mostra toda a
capacidade do Grupo Synergy e nossa intenção de ser uma
das empresas aéreas dominantes na América do Sul. É
importante lembrar que somente nesta compra, estamos
investindo 1.5 bilhão de dólares, o que mostra a
seriedade de nosso compromisso.
Jetsite: Já estão definidos os motores e a
configuração interna dos 787?
Carlos Ebner | Ainda não. Mas devemos ficar mesmo
com duas classes, executiva e econômica. O Dreamliner é
um avião fantástico e trará um novo padrão de conforto
nas viagens. Janelas mais amplas, ar mais úmido e denso,
o que reduzirá a fadiga. É o jato mais bem sucedido da
história da Boeing: vendeu 495 unidades para 34 empresas
ainda antes de seu primeiro vôo.
Jetsite: Quais os planos para o mercado brasileiro?
Carlos Ebner | Continuar crescendo e sedimentar
nossa participação no doméstico em 10% da oferta, medida
em assentos-quilômetro (ASK) até 2010.
Jetsite: Como a empresa espera conquistar isso?
Carlos Ebner | Através de serviços de qualidade a
preços justos. O mercado pede nosso crescimento. As
conseqüências do duopólio que está aí são desastrosas, é
só notar. Nosso diferencial será o atendimento de
qualidade.
Jetsite: mesmo com a Varig fortalecida pela Gol?
Carlos Ebner | Mesmo assim. A Varig e a Gol agora
são uma empresa só. Nossa missão é ocupar o terceiro
lugar atrás da TAM e da Gol.
Jetsite: Há novas armas nessa luta por um lugar ao
céu?
Carlos Ebner | Sim. Estamos lançando nosso programa
de fidelidade, o "Amigo OceanAir". Estamos trazendo
novas aeronaves para os vôos internacionais e
domésticos.
Jetsite: poderia falar um pouco mais sobre isso?
Carlos Ebner | Estamos incorporando outras jatos
Mk28 para reforçar a frota doméstica. E estamos
negociando a aquisição de novas aeronaves que irão
complementar o trabalho dos Mk28.
Jetsite: Já há modelos definidos?
Carlos Ebner | Ainda não. Estamos tratando ainda com
os dois maiores construtores.
Jetsite: A Embraer está descartada?
Carlos Ebner | Sim. Nossos estudos técnicos apontam
para a necessidade de aeronaves maiores, na categoria de
150 assentos.
Jetsite: Fala-se em pelo menos 20 jatos. O número
confere?
Carlos Ebner | Ainda não posso dizer, mas o número
incluindo as encomendas da Avianca é maior que esse. E
note que vamos acrescentar esses jatos aos já operados,
sem substituição, com complementação mesmo de frota.
Jetsite: Quantos 767 serão incorporados?
Carlos Ebner | Serão dois inicialmente, da versão
300ER, que usaremos para inaugurar nossos primeiros vôos
internacionais.
Jetsite: Quando e para onde?
Carlos Ebner | Esperamos voar para Luanda, Angola,
em 15 de maio. Depois, para a Cidade do México, Los
Angeles e Lagos, Nigéria.
Jetsite: Os mercados africanos não são arriscados?
Carlos Ebner | Ao contrário. Acreditamos que trarão
excelentes resultados. Nossa vocação é servir destinos
relacionados com a indústria petrolífera, é assim desde
o começo. Acreditamos que temos boas chances
principalmente em Angola, um país em franco
desenvolvimento.
Jetsite: Os jatos já estão configurados?
Carlos Ebner | Sim, são dois 767 usados, ex- United
Airlines, configurados com 30 poltronas de classe
executiva e 182 de econômica.
Jetsite: Há previsão de novos destinos
internacionais?
Carlos Ebner | Há sim. Estamos estudando outras
regiões com potencial inexplorado por nossas empresas,
como o Caribe, por exemplo.
Jetsite: A compra da Varig pela Gol atrapalha os
planos de crescimento da OceanAir?
Carlos Ebner | De forma alguma. Sabíamos que a Varig
estava à venda. Essa situação não altera nosso plano de
vôo. E só nos estimula ainda mais a continuar prestando
um ótimo serviço ao viajante.
Jetsite: Obrigado e boa sorte para a OceanAir!
Carlos Ebner | Obrigado e o mesmo para você também.
NE: Carlos Ebner deixou a presidência da empresa em
24/04/2007, pouco depois de conceder esta entrevista. /
GB