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David Neeleman
O Jetsite traz uma entrevista com David Neeleman,
presidente da mais nova empresa aérea brasileira.
Porque você resolveu retornar ao Brasil?
Eu amo o Brasil. Nasci aqui e sou cidadão brasileiro
com muito orgulho, embora as pessoas me conheçam mais
como fundador e Chairman da JetBlue. Apesar de ter
passado boa parte da minha vida trabalhando,
constituindo companhias na América do Norte, estava
esperando o momento certo de voltar para o país. Esta
nova companhia aérea é a oportunidade que eu esperava.
Chegou a hora certa.
O mercado brasileiro pode acomodar uma terceira
companhia aérea?
Pode sim. A despeito de aumentos significativos no
preço das passagens, o mercado brasileiro cresceu 12% no
último ano. Quando analisamos as condições
macroeconômicas, temos certeza de que esse crescimento
deve continuar, e muito provavelmente, ganhar ímpeto.
Inflação sob controle, moeda forte, linhas de crédito ao
consumidor abertas são algumas das razões. Nós
acreditamos mesmo na manutenção de um crescimento
sustentável e acelerado. Ao mesmo tempo, o mercado de
aviação brasileiro hoje encontra-se dominado por um
duopólio. Gol e TAM, juntas, detêm mais de 90% do
mercado. O público hoje tem que arcar com tarifas
excessivamente elevadas e com reduzidas opções de
serviços. A chegada de uma nova e bem capitalizada
empresa, oferecendo serviços de alta qualidade, vai
melhorar essas condições para o benefício de todos.
TAM e Gol reduziram custos aumentando o tamanho das
aeronaves e colocando o máximo possível de assentos em
cada uma delas. Para poder ganhar dinheiro e encher
esses aviões, TAM e Gol dependem de um sistema de rotas
base baseado no padrão "hub and spoke" centrado nas
cidades de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. Essas
empresas não conseguem servir lucrativamente vários
mercados brasileiros com o emprego de aeronaves de 180
assentos. Desta maneira, sujeitam os passageiros a fazer
conexões ou demorados trajetos que muitas vezes não
fazem sentido. Boa parte dos usuários são obrigados a
fazer viagens longas, inconvenientes, para voar entre
muitas cidades brasileiras. Nossa intenção é oferecer
serviços convenientes, sem escalas, estimulando assim o
tráfego. Aeronaves menores do que as dos concorrentes
vão permitir um número maior de freqüências. Segundo
nossa visão, ao eliminarmos esse fator de inconveniência
vamos permitir que um número maior de brasileiros
usufrua das comodidades e segurança do transporte aéreo.
Quais as diferenças entre o mercado brasileiro e o
norte-americano?
As tarifas aéreas no Brasil são, em média, 50% mais
elevadas do que nos Estados Unidos, comparando-se
viagens em distâncias equivalentes. O perfil dos
usuários de transporte aéreo no Brasil reflete isso. Em
nosso país, 80% do tráfego é feito a negócios, e apenas
20% a lazer, a turismo. Nos Estados Unidos, é exatamente
ao contrário. Enquanto no Brasil, com 190 milhões de
habitantes, menos de 250 jatos são operados pelas
empresas comerciais, nos Estados Unidos, há mais de
5.000 aeronaves de grande porte a serviço de 300 milhões
de habitantes. Ao ajustarmos estes números contra a
diferença de renda per cápita, se nós brasileiros
voássemos tanto quanto os norte-americanos, nosso
mercado seria simplesmente quatro vezes maior do que é
hoje.
A diferença é que lá, a redução de custos e eficiência
das companhia aéreas foi repassada aos consumidores
através de tarifas mais baixas. Aqui no Brasil, viajam
todos os anos 150 milhões de passageiros em ônibus
interestaduais. Nos acreditamos que estes números se
traduzem como um grande potencial de mercvado a ser
explorado. Não apenas por nós, como também pela Gol e
pela TAM.
Nos Estados Unidos, viajantes a trabalho podem completar
uma viagem de ida e volta no mesmo dia. No Brasil, em
função dos serviços com conexões e horários convenientes
somente às empresas aéreas, isso muitas vezes não é
possível entre muitos pares de cidades brasileiras.
Vamos oferecer mais ligações sem escalas entre cidades
que ainda não são ligadas por serviços como estes. Nós
acreditamos que poderemos estimular a demanda dessa
maneira.
Porque a escolha pelo Embraer 195?
A JetBlue foi a empresa que lançou e ainda é a maior
operadora do Embraer 190. Quando nós encomendamos essa
aeronave, tínhamos certeza de que tratava-se de um
modelo revolucionário. Ele oferece custos por assento
muito próximos do Airbus A320 com um terço a menos de
capacidade. Depois de aqpenas 18 meses, essa frota
atingiu elevadíssimos níveis de eficiência e
confiabilidade operacional, hoje na casa de 99.8%,
equivalentes aos obtidos pela frota de Airbus A320. Mais
importante é que o Embraer 195 é a mais avançada
aeronave em sua categoria. Na configuração que
escolhemos, optamos por opcionais como o HUD - Heads Up
Display - duplo, tanto para o piloto como para
co-piloto. Esse sistema aumenta muito a segurança nas
operações. Nós seremos a única companhia aérea no mundo
a equipar 100% da frota com esse dispositivo. O Embraer
195 é uma versão alongada do Embraer 190. Em relação a
este modelo de 100 assentos, o E195 oferece 18% a mais
de poltronas com um aumento de apenas 6% no custo por
viagem (trip cost). Com custos por assento comparáveis
aos custos dos Boeing da Gol e aos airbus da TAM, os
jatos da Embraer apresentam trip costs substancialmente
mais baixos do que os da concorrência. Isso nos leva a
acreditar que os jatos da Embraer são aeronaves
perfeitas para o mercado brasileiro.
Uma análise recente de um banco brasileiro afirma que
a nova empresa terá dificuldade em capturar mais do que
6% do Mercado doméstico. Vocês acreditam nisto?
Quando começamos com a JetBlue ouvimos análises
semelhantes. Cinco anos depois, somos a maior operadora
do aeroporto JFK em Nova York, o maior aeroporto da
maior cidade geradora de tráfego aéreo no mundo. Nós
acreditamos que existe um vasto potencial de mercado não
explorado. Nosso objetivo é estimular o crescimento da
demanda de forma ampla. O mercado de passageiros
viajando por razões pessoas (turístico e/ou visitando
parentes e amigos), deverá crescer através de passagens
mais em conta e com o incremento de conforto e
conveniência resultantes de operações mais diretas. Não
vamos depender de oferecer preços baixos de passagens,
até porque nossos competidores imediatamente reduziriam
seus preços igualando-os aos nossos. Na verdade,
acreditamos que els também vão ser beneficiados pelo
estímulo geral do mercado. Com um produto mais
confortável e conveniente no mercado, oferecendo um
produto superior por um preço competitivo, temos certeza
de que podemos ser bem sucedidos no Brasil.
Vocês vão adotar o mesmo modelo de negócios da
JetBlue?
Vamos adotar princípios básicos em comum, porque
eles são universais, não apenas norte-americanos. Vamos
contratar pessoas com vocação genuína para servir aos
clientes. Pessoas que GOSTEM mesmo de servir. Vamos
reforçar essa cultura com treinamentos constantes e
reclicagem intensiva. Vamos criar um ambiente de
trabalho onde nossos colaboradores terão prazer em
desempenhar suas funções, ajudando-se entre sí e aos
clientes. Sabemos que a excelência de serviços é
fundamental para o sucesso da companhia e, num ciclo
virtuoso, para o sucesso de seus colaboradores. Com o
emprego de alta tecnologia em todas as areas do negócio,
permitiremos o auto-atendimento. Tudo isso trará uma
redução de custos, aumentando a eficiência e entregando
um produto de alta qualidade. Igualmente, nosso foco
operacional está baseado na busca de máxima segurança
nas operações, tanto para nossos passageiros, clientes e
nossos colaboradores no ar e em terra. A exemplo da
Jetblue, nosso objetivo está em oferecer serviços de
alta qualidade. É por esta razão que a JetBlue é
escolhida, "Melhor Empresa Aérea Nos Estados Unidos" há
6 anos consecutivos.
Vocês vão oferecer duas classes de serviço?
Cada assento em nossas aeronaves vai oferecer mais
espaço e conforto do que qualquer outro competidor em
operação atualmente no Brasil. Com a configuração de
quatro assentos por fileira, dispostos 2 a 2 (sem as
poltronas do meio), na prática vamos oferecer um padrão
de conforto de classe executiva com tarifas de classe
econômica.
Qual é a relação entre você, a nova empresa e a
JetBlue?
Nenhuma. Esta é uma empresa brasileira, constituída
no Brasil e que vai ser administrada por executivos
brasileiros. Eu ainda sou Chairman (não executivo) da
Jetblue. Tenho uma considerável parcela de ações na
companhia, mas não mais faço parte do comando executivo
da empresa. Não há nenhuma participação no dia a dia da
Jetblue. Por esta razão, poderei me dedicar 100% à nova
companhia.
Onde será sua base de operações?
A sede administrativa será em São Paulo, capital.
Não pretendemos operar um sistema de hub-and-spoke como
a Gol e a TAM, focando boa parte dos serviços num
punhado de aeroportos. No entanto, esperamos conseguir
slots em aeroportos centrais como Guarulhos, Congonhas
ou Santos Dumont. Mas o fato é que nossa estratégia não
depende de obter slots nesses aeroportos. Nosso foco
está em explorar aeroportos que ainda não são plenamente
servidos.
Para que cidades vocês pretendem voar?
Em cinco anos, pretendemos voar para a maioria das
principais cidades do Brasil, unindo esses mercados com
múltiplas frequências diárias sem escalas. As pessoas
que vivem for a de São Paulo, Brasília e Rio, cidades
onde a TAM e a Gol têm seus hubs, simplesmente não
contam com serviços sem escalas entre as grandes cidades
brasileiras. Nas cidades onde vamos operar, pretendemos
oferecer uma cobertura larga e profunda, ou seja, com
vários destinos sem escalas e múltimplas freqüências.
Não iremos focar nossa oferta nos hubs congestionados.
Pretendemos criar uma malha com ligações sem escalas ou
rápidas conexões. Essa estratégia permitirá, por
exemplo, aos executivos de centros de fora do eixo Rio -
São Paulo, partirem e voltarem para suas cidades de
origem no mesmo dia. Isso hoje em dia é praticamente
impossível para muitos destinos for a do eixo Rio - São
Paulo.
Quem faz ou fará parte do seu grupo de executivos?
Por enquanto, eu ocupo as posições de Chairman e
CEO. Trouxemos um grupo de executivos de aviação
altamente competentes do competitivo mercado
norte-americano de aviação comercial. Entre eles, Trey
Urbahn, que foi até recentemente o Chief Commercial
Officer na jetBlue. Temos também Gerald Lee,
ex-Vice-Presidente de Desenvolvimento de Negócios na
JetBlue. Eles têm sido fundamentais na estruturação da
nova companhia e deverão ajudar a formar um grupo de
novos executivos brasileiros que vamos trazer para a
companhia. Nós estamos empenhados num agressivo programa
de recrutamento de executivos no Brasil.
O Gianfranco "Panda" Beting foi o primeiro brasileiro
contratado e é nosso Diretor de Marketing. Em breve
poderemos anunciar a contratação de outros executivos,
inclusive o presidente da companhia, diretor de
operações e outros cargos da alta administração. Nossa
intenção é construir uma empresa de classe
internacional. Por esta razão, estamos contratando os
melhores executivos brasileiros do disponíveis no
Mercado. Eles terão suas funções suplementadas, ao menos
a princípio, por alguns executivos norte-americanos
especializados na indústria.
Como vai ser o serviço de bordo?
O serviço será superior ao oferecido hoje no Brasil.
Par começar, vamos oferecer mais espaço individual.
Tanto em termos de distância entre fileiras (pitch) que
terá 31 polegadas entre fileiras, duas a mais que a
maior parte das aeronaves em serviço no Brasil. Além
disso, no Embraer 195, o arranjo de poltronas dispostas
2 a 2 elimina o terrível assento do meio. E todas elas
serão revestidas em couro ecológico. Nos snacks, vamos
oferecer uma generosa gama de opções para os passageiros
escolherem as que mais lhes agradem. Eles vão poder
escolher os snacks em simpáticas cestas, que serão
oferecidas pela nossas tripulações. Em nossa empresa o
cliente sempre poderá fazer escolhas pessoais. Ele
estará no comando das decisões.
Como na jetBlue, vocês vão oferecer TV ao vivo em
monitores individuais?
Sim, nossa intenção é oferecer TV ao vivo em
monitores individuais em cada poltrona. Eu fundei e
ainda estou envolvido com a companhia que domina essa
tecnologia, a Live TV. Seremos os primeiros a oferecer
TV ao vivo, em todos os vôos, na América do Sul. Os
passageiros vão poder assistir jogos de futebol e
novelas a 36.000 pés de altitude.
Qual o capital investido na nova empresa?
Levantamos um total de US$ 150 milhões entre
investidores privados no Brasil e nos Estados Unidos.
Quais são seus planos de longo prazo na composição da
frota?
Nosso plano é iniciar operações com três aeronaves
no início de 2009. Nos três anos seguintes, vamos
receber uma aeronave por mês. Em cinco anos, nosso plano
é operar 76 aeronaves.
Você está preocupado com a possível reação das
competidoras, sobretudo a GOL e TAM?
Não estamos receosos. Nós respeitamos nossos
concorrentes. É natural que estas duas empresas e as
demais operadoras no Brasil tratem de defender suas
participações de mercado, tão arduamente conquistadas.
Sobretudo quanto à estas duas empresas, são companhias
profissionalmente administradas, capitalizadas e
respeitadas no mercado. Nós acreditamos que eles vão
reagir logicamente, e não emocionalmente, quando de
nossa entrada no mercado, de maneira sensata,
respeitando os interesses de seus acionistas. Nossa
estratégia sera focada em aproveitar o tamanho menor de
nossas aeronaves para oferecer ligações sem escalas em
cidades que não contam com este tipo de serviço
atualmente. Nosso histórico mostra que soubemos competir
no mercado mais disputado do planeta, os Estados Unidos,
conquistando excelentes resultados para nossos
acionistas, colaboradores e clientes.
Pretendemos ocupar nosso terreno de forma prudente e
deliberada. Não vamos "comprar" nossa participação
oferecendo indiscriminadamente tarifas baixíssimas, que
no fim das contas levariam à uma inócua, desnecessária
guerra de preços. Nós já entramos em batalhas assim e
delas saímos vitoriosos. Nossa estratégia é competir com
serviços de alta qualidade, baixos custos e segmentação
eficiente de Mercado e de comunicação, trazendo de volta
os passageiros que desistiram de voar. E também permitir
a um número maior de brasileiros a possibilidade de
adquirir passagens aéreas. Não estamos aqui para roubar
fatias de um bolo; estamos aqui para fazer o bolo
crescer. Temos certeza que isso vai acontecer, que nós
vamos encontrar o nosso espaço através da estimulação de
tráfego, muito mais do que dependendo de "roubar"
passageiros de nossas concorrentes. Todos poderão voar e
todas as companhias aéreas vão poder ganhar com isso.
Qual sera sua estratégia de distribuição?
Nosso foco sera em nosso website, que terá
capacidade transacional plena. Não é apenas o meio mais
rentável de distribuição, como o mais direto veículo de
diálogo com nossos clientes, num ambiente no qual termos
pleno controle. Com o crescimento acelerado da internet
no Brasil, esperamos que pelo menos metade de nossas
vendas sejam feitas aos consumidores diretamente em
nosso website. Os Agentes de Viagem são e continuarão
sendo muito importantes no Brasil e nós sabemos disso.
Vamos trabalhar com eles, certamente, sobretudo devido à
sua importância junto ao mercado corporativo. Os custos
de distribuição são compensados, neste segmento, pela
melhor qualidade de receita. Mas iremos sempre analisar
cuidadosamente distintas propostas de política de
remuneração e distribuição, de acordo a flexibilizar
comissões e descontos em relação aos valores envolvidos.
Nosso modelo não considera apenas os custos, mas os
valores envolvidos nessas transações.
Vocês pretendem entrar em alianças com outras
empresas aéreas?
Vamos ter presença também nos sistemas globais de
distribuição (GDSs), de maneira a permitir a exploração
de oportunidades de atuação em conjunto com outras
empresas aéreas, brasileiras e/ou estrangeiras.
Como vocês encaram a possibilidade de novas
competidoras no mercado?
Com naturalidade. Nós não temos medo de competir,
nós gostamos de competição. Nos saímos muito bem no mais
competitivo mercado do mundo, nos Estados Unidos. Não
temos medo de enfrentar essas batalhas. É a melhor
maneira de se manter afiado, estimulado, focado no
negócio. No Brasil, o surgimento da Gol forçou as
empresas estabelecidas a reduzir seus custos (TAM) ou
acabou provocando o fracasso de outras (Vasp, Varig e
Transbrasil). O resultado é que hoje todas têm condições
semelhantes de competir, com custos semelhantes. As
novatas não conseguem trazer custos substantcialmente
menoresa ao Mercado. De toda forma, nós amamos competir.
Eu mesmo sou uma pessoa muito competitiva. E competição
acirrada faz parte da aviação desde os seus primórdios.
Vocês se preocupam com a congestão e problemas de
infraestrura nos aeroportos brasileiros?
Esse é um fator que não nos preocupa. O problema diz
respeito a três cidades: Rio, São Paulo e Brasília, onde
Tam e Gol têm seus hubs. Isso na verdade criou uma
oportunidade para nossa empresa: evitando operar nesses
hubs congestionados, obrigando os clientes a fazer
conexões, acreditamos que podemos oferecer um produto
muito mais conveniente. Nosso plano de negócios
considera esse fator da congestão. Mas o Brasil é um
país enorme. Há muito potencial para ser explorado em
aeroportos não congestionados.
Vocês planejam reduzir o custo das passagens aéreas
no Brasil?
Sim, esta é uma meta da qual não fazemos segredo. As
passagens aéreas no Brasil não oferecem flexibilidade de
preços como poderiam. Oferecendo descontos de forma
inteligente, sobretudo para consumidores que utilizam
outros meios de transporte - ou que deixaram de viajar
em aviões - sabemos que podemos estimular a demanda.
Sabemos também que nossos preços serão imediatamente
igualados pela concorrência. Aí, esperamos que o usuário
escolha a empresa que, no seu entender, ofereça mais
serviço por cada real cobrado. É aí que entra nosso
modelo e operar com alta tecnologia, reduzindo custos e
ao mesmo tempo, prestando um serviço de quelidade
superior. A começar pelos nossos novíssimos E-Jets, que
serão os mais confortáveis jatos em operação no Brasil.
Até mesmo o Ministro Jobim vai aprovar o espaço
individual!
Quem são os seus principais targets - viajantes a
negócio ou a turismo?
Ambos, nós precisamos atrair esses dois segmentos.
São públicos complementares. Em viagens de negócio,
clientes exigem conveniência. No turismo, preço é
fundamental. Estes incrementam a demada, nos obrigando a
aumentar as freqüências. Pagando um pouco a mais,
viajantes a negócio permitem a redução dos preços para o
tráfego a turismo. Os viajantes a negócio pagam o preço
pelo baixo desenvolvimento de tráfego turístico. Rotas
com escalas e falta de frequências são resultado de uma
base de tráfego desestimulada. Em contrapartida,
viajantes a turismo pagam preços mais elevados em função
de custos mais elevados das companhias aéreas. Ou viajam
de ônibus ou ficam mesmo em casa. Segmentando mais e
melhor as tarifas, teremos maior lucratividade.
Oferecendo maior elasticidade nos preços, mais clientes
são servidos e melhores resultados serão obtidos.
Acreditamos tanto na qualidade de nossos serviços que me
atreveria a dizer que teremos produtos sedutores para os
mais distintas necessidades de diferentes grupos.
Teremos qualidade, regularidade e freqüência para os
executivos; preços competitivos e flexibilidade de
pagamento para aqueles em viagens de caráter turístico
ou por razões pessoais, como pessoas viajando para
visitar parentes ou por motivos de saúde. Nossa meta é
transportar um número maior de brasileiros, sem
distinção de classe ou razão para suas viagens, tanto
sob o aspecto demográfico quanto geográfico.
Como eventuais aumentos nos combustíveis irão
impactar seus negócios?
Nossos E-Jets são modernos, eficientes e econômicos.
Seus motores GE incorporam as tecnologias mais modernas,
com eficiência comprovada. Os eventuais aumentos nos
preços de combustíveis deverão impactar nossas finanças
numa escala menor do que nossos concorrentes, que operam
aeronaves maiores e mais antigas.
Vai ser difícil encontrar pilotos para as suas
aeronaves?
É preciso notar que bons profissionais não trabalham
apenas pelo dinheiro. Eles trabalham por vocação e
realização profissional. Em função disso, vamos oferecer
salários comparáveis aos de nossos concorrentes, mas com
condições de trabalho mais atraentes. Por exemplo,
pretendemos trazer um novo conceito ao Brasil: as "bases
operacionais virtuais", espalhadas por todo o país. Na
prática, este conceito se traduz em maior produtividade
dos tripulantes e mais tempo em casa para desfrutarem da
companhia de seus familiares. Além disso, pretendemos
publicar as escalas de vôo, com a programação de
trabalho de cada um deles, com maior antecedência, de
maneira a permitir aos nossos tripulantes maior
controlee m suas vidas pessoais e familiares.
Finalmente, aos pilotos, a incorporação dos
avançadíssimos E-Jets deve ser outro atrativo
significativo. Eles terão muito orgulho em pilotar jatos
que estão entre os mais avançados e seguros do mundo,
jatos desenhados e construídos no Brasil.
Vocês vão oferecer programas de milhagem?
Acreditamos que nossos clientes vão querer um
programa de fidelidade. Sabemos que programas assim
adicionam custos à nossa operação. Nos próximos meses,
vamos estudar junto aos viajantes e entender melhor suas
necessidades e desejos. Se lançarmos um programa de
fidelidade sera em resposta aos anseios dos
consumidores.
Vocês vão adquirir uma empresa aérea para acelerar a
obtenção do CHETA - Certificado de Homologação de
Empresa de Transporte Aéreo?
Não. No início estudamos essa possibilidade, mas logo
desistimos. Optamos por certificar a nova empresa do
zero.
Vocês acreditam que possam encontrar dificuldades para
estabelecer os certificados técnicos para operações no
Brasil?
Temos plena confiança que as autoridades brasileiras que
regulam o setor trabalham de forma idônea, equânime,
permitindo a igualdade de direitos e cobrando igualmente
os deveres de todos os operadores. Nossa impressão até o
momento foi a melhor possível.
Vocês já se encontraram com autoridades para discutir a
nova empresa?
Sim, já fizemos visitas de cortesia à ANAC. Estivemos
reunidos com dona Solange Vieira, presidente da Agência,
para aprezsentar nossas credenciais e explicar nossa
intenção de estabelecer uma companhia aérea no Brasil.
Mas ainda não fizemos visitas à outras autoridades de
órgãos importantes, como a Infraero ou o próprio
ministro Jobim, por exemplo.
Vocês tem planos de voar em rotas internacionais?
Está nos nossos planos num período de 3 a 4 anos,
mas somente depois de estabelecermos solidamente nossa
presença no mercado doméstico. Nesse caso, estudaremos
provavelmente adicionar serviços para destinos em outros
países da América do Sul.
Qual a idéia por trás do programa "você escolhe"?
Nossa intenção é mesmo construir uma empresa aérea
diferenciada, desde o princípio. Queremos dar aos
clientes o poder de escolher. Nosso marketing terá a
missão de traduzir em forma de produtos os desejos e
necessidades do consumidor. Optamos por iniciar uma
relação com nossos consumidores baseada num princípio
participativo, interativo. Eles poderão criar o nome,
escolher aspectos de marca, do produto, de serviços, os
uniformes. Para isso, criamos um site que irá funcionar
como uma ferramenta de relacionamento entre o mercado e
nossa empresa.
Como os consumidores brasileiros poderão fazer as
escolhas para a companhia?
Através do site www.voceescolhe.com.br vamos
convidar o público a criar 5 nomes para a companhia
aérea. Daí, num Segundo momento, eles irão votar entre
uma lista de nomes. O primeiro a enviar o nome escolhido
receberá um passe vitalício para voar, de graça (sujeito
a espaço) em nossas aeronave, com direito a levar um
acompanhante. Os primeiros 1000 internautas a votar no
nome vencedor também ganharão um bilhete gratuíto de ida
e volta. Essa é uma maneira de mostrar que vamos mesmo
interagir com o Mercado. Sabemos que é bem mais fácil
atender a esses pedidos e sugestões do que tentar impor
um produto pré-concebido. Vamos ouvir o que os usuários
querem de uma companhia aérea e trabalhar para
atendê-los. Assim, vamos posicionar a nova empresa como
a companhia que o passageiro escolheu.
Vocês vão oferecer refeições quentes?
Provavelmente não. Mas quem vai decidir é o público,
que vai nos dizer o que ele deseja encontrar a bordo de
nossos aviões. Mas uma coisa é certa: eles não vão
passar fome.
Quem fará a manutenção das aeronaves?
Quem melhor do que a empresa que desenhou e
construiu as aeronaves? A própria Embraer vai cuidar da
manutenção pesada para nós. A nova empresa vai cuidar da
manutenção de linha.
E quem quiser trabalhar na nova empresa? Vocês estão
recrutando?
Sim, no site "voceescolhe" há um espaço (trabalhe
conosco) onde recebemos currículos. Buscamos pessoas
motivadas, trabalhadoras, que queiram crescer conosco.
Se você se identifica, visite nosso website.