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Aviação
Comercial: mudar ou morrer
"Mudanças drásticas nas regulamentações governamentais e
na implementação de nova tecnologias são fundamentais
para a sobrevivência desta indústria. A situação
continua crítica como nunca esteve antes. E para
conseguir superar estas dificuldades é preciso rapidez,
paixão, comprometimento, conhecimento e capacidade de
liderança".
O recado, que não poderia ser nem mais claro nem mais
acertado, foi dado por Giovanni Bisignani, diretor geral
da IATA na conclusão da 59a Assembléia Geral Anual deste
órgão, que une as grandes empresas aéreas mundiais,
realizado na primeira semana de junho em Washington.
Mudanças drásticas, capazes de quebrar os paradigmas de
um setor com vocação para dinossauro, ou melhor,
pterodáctilo. Um setor gigante no tamanho e em
importância, mas lento por características atávicas,
resultado da soma de uma visão conservadora à um
ambiente de "competição" engessado por amarras
históricas. Como resultado, as mais tradicionais
empresas da aviação comercial, qual os antigos gigantes
que dominaram a terra, agonizam, ameaçadas de entrar em
extinção.
Exagero? Da mesma maneira que não se imagina o céu sem
aviões de carreira, não se imaginava um mundo sem
dinossauros. E é justamente a combinação desse
pensamento arrogante (o da inegável necessidade da
existência do setor) com as mais difíceis condições
operacionais jamais encontradas, que ameaçam sobretudo
as maiores, mais longevas e mais auto-confiantes
operadoras mundiais. Não precisamos ir muito longe para
encontrar exemplos.
Pois é essa incapacidade de quebrar os paradigmas,
acoplada à sensação de imortalidade típica de algumas
grandes empresas aéreas que acabou por lhes custar o
couro. Swissair, Sabena e Ansett são alguns dos grandes
e tradicionais nomes que foram varridos dos céus. Muitas
outras empresas com décadas de experiência e até mesmo
com amplo domínio sobre seus mercados estão por um fio:
da Varig à Air Canadá, da United à Swiss, nenhuma delas
se encontra em condição de suportar qualquer outro revés
conjuntural (além de suas dificuldades internas) e
sobreviver sem ajuda externa. Outro Iraque ou SARS será
fatal.
O fato é que o tráfego de 2003 caiu mais de 18% em
relação a 2002, um ano já catastrófico. Estima-se que
mais de 400.000 empregos foram perdidos apenas nesta
crise do setor, que já custou 25 bilhões de dólares aos
cofres das empresas aéreas. Milhares de aviões estão
estacionados nos desertos, sem utilidade. E os
fabricantes preparam-se para o pior: em 2004 estima-se
que entregarão por volta de 200 aeronaves cada um, ou
apenas 1/3 dos melhores anos.
E qual é a chave da mudança? Bisignani dá a solução:
"destruir os três pilares da estagnação do transporte
aéreo internacional. Precisamos acabar com os acordos
bilaterais, com as protecionistas regras nacionais de
participação acionária e com uma visão antiquada do que
vem a ser competição". Vamos agora estudar estas três
bestas desse apocalipse aéreo.
Acordos Bilaterais: fechando os céus
Firmados ainda na época da Segunda Guerra, os famosos
"acordos bilaterais" regulam a oferta de tráfego aéreo
entre dois países. Os governos, através de seus orgãos
competentes (no caso do Brasil, o Departamento de
Aviação Civil) é que discutem, controlam, partilham e
regulamentam a capacidade de oferta de serviços aéreos
entre duas nações.
Assim, por exemplo, dois países fixam o número de vôos
que estarão disponíveis entre ambos. E cabe a cada
governo designar qual (ou quais) empresas poderão servir
a estes destinos e com quantas frequências. Em alguns
casos, os acordos determinam até o número de vôos, as
cidades terminais, e até mesmo de assentos oferecidos
numa determinada rota. A regra geral, normalmente
utilizada sob os preceitos da diplomacia, é a da
reciprocidade.
Tomemos por caso típico os vôos entre Brasil e Estados
Unidos. Hoje, os governos trabalham com o sistema de
múltipla designação: cada país pode designar um mesmo
número "x" de empresas de sua bandeira nas ligações
entre países. Até 1990 porém, o sistema era de dupla
designação: apenas duas empresas aéreas de cada país
podiam operar entre as duas nações. Assim, representavam
o Brasil a Real e a Varig e, pelos Estados Unidos, a Pan
Am e a Braniff. Apenas estas empresas podiam ligar os
dois países em vôos regulares de passageiros. Em pouco
tempo, as 4 foram reduzidas para duas, o que deu origem,
na prática, a um duopólio. Enquanto elas fingiam
competir, os passageiros arcavam com os custos, pagando
até US$ 2.000,00 por um bilhete de classe econômica. Por
estas e por outras , não é a toa que destas 4, 3 já
fecharam: afinal, como mostra amplamente a história,
elas nunca souberam competir pra valer.
Mas voltando ao tema, o sistema de dupla designação
evoluiu em 1990 para múltipla designação. Entraram a
Vasp e Transbrasil por aqui e por lá, a American e
United. Anos depois é que vieram a Tower Air, Delta,
Continental e depois a TAM. Mas sempre, só entrando no
mercado, após obter o beneplácito dos governos.
Esse sistema vigora na maior parte do globo. O resultado
é uma grande perda de tempo, que fatalmente se
transformam em custos, que fragilizam as empresas e
acabam por onerar as passagens. Afinal, criam-se as
condições ideais para o florescimento da burocracia, que
é a arte de criar a dificuldade para depois vender a
facilidade. Se é que você me entende.
A reação começou em países de cabeça mais aberta, de
visão mais moderna. Quando esses acordos bilaterais são
jogados de volta aos escaninhos de onde nunca deveriam
ter saído, o resultado é um só: todos ganham. Quando
isso acontece, esse quadro de liberalização geral, é
chamado na indústria de acordo "Open Skies". Este é o
caso em que as ligações entre dois países são liberadas,
ficando ao encargo de cada operador definir frequëncias,
horários, equipamentos, rotas.
Um exemplo clássico foi o primeiro e mais famoso Open
Skies, entre os Estados Unidos e a Holanda. Depois de
assinado o tratado, o número de vôos, empresas voando na
rota e passageiros embarcados explodiu, os custos para
os operadores foram reduzidos, ninguém perdeu dinheiro,
nem as companhias nem os passageiros.
Mas quando os céus estão fechados, ocorre justamente o
contrário. Não precisa ir muito longe: levante o
telefone e experimente você mesmo ver como essa verdade
funciona. As 16h15 do dia 24 de junho de 2003 eu liguei
para a reserva da Varig e fiz o teste. Veja só: Nas
mesmas datas e condições tarifárias de classe e
utilização, para voar entre São Paulo e Caracas a Varig
cobra US$ 940,00. E de São Paulo para Miami, US$ 842,00.
Não precisa ser muito inteligente para imaginar porque
um vôo que é duas horas mais longo custa US$ 100,00 a
menos.
Isso se chama falta de liberdade de escolha. A Varig
cobra a mais mesmo porque não tem competição direta
entre Brasil e Venezuela, e faz o mesmo para o Perú,
Bolívia, Equador... Só funciona mesmo a verdadeira
competição, sob a Lei da Oferta e Procura. Somente onde
as companhias aéreas verdadeiramente competem é que os
preços podem ser controlados pelo único mecanismo à
prova de falhas, ingerências e incompetências: o bolso
do Sr. Consumidor. E esse é o principal benefício de um
tratado Open Skies: Ele abre os céus para os mais
competentes.
Alguem falou em competência? Pois é: seria tudo
perfeito, se o Open Skies não representasse um grande
risco para os países onde as empresas aéreas não são tão
desenvolvidas. Afinal, para competir e sobreviver, é
necessário ter competência.
Além disso, quando não há razoável equilíbrio entre as
companhias aéreas, o lado mais fraco geralmente sucumbe.
Essa lição foi duramente ministrada a alguns países da
América Latina, que viram suas empresas aéreas varridas
dos céus ao competirem diretamente com gigantes como a
United e principalmente, a American Airlines. É por
estas e por outras que a fusão de TAM com Varig parece
ser uma condição imprescindível para o sucesso
(sobrevivência) de ambas.
Mas é claro que neste particular, o equilíbrio é mesmo
delicado. Se defendemos a liberalização dos mercados,
por outro lado a experiência mostra que eles não podem
ou não conseguiram se auto-regulamentar. Por mais
paradoxal que pareça, se os governos deixam de exercer
um papel regulamentador, práticas competitivas
predatórias fatalmente ocorrem.
Uma delas, conhecida como dumping, é uma das mais
comuns. Uma determinada empresa aérea, geralmente a mais
forte, pratica tarifas baixíssimas, obrigando suas
competidoras mais fracas a seguí-la nos preços ou voar
vazias. O resultado é que as mais fracas acabam tendo de
cobrar os mesmos preços irrisórios. Mas invariavelmente,
depois de algum tempo, vão à falência ou saem daquele
mercado. Nesta mesma hora, a empresa "vencedora" sobe o
preço das passagens.
Este fenômeno, muitas vezes chamado de Guerra Tarifária,
é um conflito que sempre termina sem vencedores: embora
em princípio pareça benéfico ao consumidor, na realidade
mostra que o sistema está doente, sem parâmetros, sem
governo. Não raro, empresas aéreas fecham abatidas por
guerras traifárias. E no final, é justamente o
consumidor que irá pagar o pato, quando as tarifas sobem
aos índices antigos e o mercado se vê ainda mais
concentrado nas mãos de um par de empresas aéreas
sobreviventes.
Esse ciclo vicioso indica que empresas livres para
competir, quando totalmente liberados de regras claras,
não se equilibram sozinhos. Ocorre uma seleção natural,
onde apenas as mais fortes sobrevivem. A história
mostra, portanto, a necessidade de confiar às
autoridades governamentais o papel do Poder Moderador,
fiscalizador.
Os reflexos desse ambiente de absoluta liberdade
competitiva podem ser dramáticos. Este desequlíbrio,
recentemente vivido no mercado brasileiro, leva ao
desaparecimento ou diminuição drástica da liberdade de
escolha. A fusão da TAM com a Varig é uma prova disto.
Quem garante que ao concentrar praticamente 3/4 da
oferta num único grupo, os consumidores consigam
barganhar melhores preços e serviços?
É uma arte harmonizar tantos conflitos e interesses. Mas
cabe somente ao governo, se este ainda espera exercer
algum papel que justifique sua existência numa sociedade
moderna, exercê-lo sem titubear, com autoridade,
competência e justiça.
Soberania
Nacional
ou "A arte de ser 100% dono de empresas 100% falidas"
Para muitas empresas em dificuldades, atrair sócios é
fundamental para garantir a própria sobrevivência. Mas
os governos, na falta de uma visão mais moderna da
questão, optam por manter intocável um dos três pilares
da crise: manter o capital das empresas aéreas sob
comando de grupos nacionais.
Que o diga a LAP Paraguayas, uma empresa 100% nacional
até falir. Ou ainda a Aerolineas Argentinas, salva pelo
gongo com a venda para um grupo espanhol, o Marsans. Não
fosse a entrada destes recursos salvadores, ela já teria
batido as botas.
No Brasil, discute-se hoje os paradigmas da indústria,
com a criação da propalada Agência Nacional de Aviação
Civil (ANAC). Seja como for, estranhamente, esta regra
parece irremovível. O que nos leva a formular algumas
perguntas, todas sem resposta: De que vale limitar a
venda de capital a 20% das ações de uma empresa a grupos
estrangeiros? Qual a garantia que empresas 100%
nacionais (e 100% falidas) são melhores que estruturas
modernas, saudáveis, conquanto de capital multinacional?
Tomemos o exemplo da telefonia: alguém tem saudade do
tempo em que nossas empresas deste importante setor eram
estatais? Lembra-se do tempo em que o consumidor
esperava até 4 anos para receber em casa uma linha
telefônica? E quem prova que o setor de telecomunicações
é menos vital, menos "estratégico" para uma nação do que
seu transporte aéreo? Porque dois pesos e duas medidas?
Sabe-se apenas que a participação estrangeira está
limitada a 20% do capital de nossas companhias aéreas.
Isto desestimula completamente a busca por parceiros
estratégicos fora das fronteiras dos países, um desvio
de rota que ocorre em muitos países, inclusive na pátria
do pensamento neo-liberal, os Estados Unidos, onde o "foreign
ownership" está confinado a 25% das empresas.
Para as companhias aéreas, este antiquado dogma
representa uma condenação. Sem encontrar sócios
internacionais, o setor é fragilizado por esta visão
arcaica de "Poder e Soberania". Soberana é uma nação de
empresas fortes e prósperas, que crescem e pagam
salários, geram empregos, recolhem impostos. Soberana é
a nação que dá condições aos seus empresários e emprego
aos seus trabalhadores, que facilita e fomenta o
crescimento, permitindo o que for melhor para os
negócios e empregos.
Cheong Choong Kong, CEO da Singapore Airlines e
fervoroso defensor do fim desta barreira protecionista,
resume sua visão: "A parte mais podre do sistema é
justamente a que restringe a participação de capital
estrangeiro nas companhias aéreas, asfixiando-as do
fluxo vital de capital". Amém.
Empresas aéreas: é preciso aprender a competir
O terceiro e último pilar do sistema é o que compete às
empresas aéreas: reconhecer sua incapacidade de mudar,
de aprender, de reagir. Enquanto os dois temas
anteriores tratam de fatores estruturais e
governamentais, o terceiro e último pilar é o que diz
respeito às próprias operadoras, que têm enorme
dificuldade em conceder que não fazem nem o que
deveriam, nem o que poderiam. Enfim: que não sabem viver
num ambiente francamente competitivo.
Outro ponto importante é que hoje, no mundo todo, há
menos controle sobre a regulamentação tarifária.
Historicamente, as ineficiências das empresas aéreas
eram repassadas aos preços dos bilhetes. Foi a Southwest
que, reduzindo e racionalizando custos e métodos
operacionais (quebrando paradigmas) percebeu que era
muito mais fácil ganhar um pouco sobre muitos, ao invés
do velho modelo de faturar muito sobre alguns poucos.
Cobrando até 80 dólares por trecho, a empresa dá lucros
consecutivos há decadas, ao contrário de suas perplexas
competidoras "full-service" que perdem dinheiro mesmo
cobrando milhares de dólares de cada passaeiro por
algumas horas de vôo...
Isto exemplifica a necessidade de se quebrar paradigmas
e agir: reiventar a roda, ou melhor, a asa. Mas ainda se
encontra muita resistência. Em escala global, observa-se
um bando de empresários-chorões, saudosos dos bons
tempos da competição controlada, vulgo cartel. Ao
primeiro sinal de crise no setor, ouve-se imediatamente
os gritos de ordem: "Abaixem os impostos!", "Menos
controle do governo!" ou até mesmo, "Mais controle do
Governo!", dependendo do lado em que se está. Nestes
tempos bicudos, acontecem cenas insólitas, como quando
executivos das empresas tradicionais vêm a público
protestar contra "o aparecimento descontrolado de nova
operadoras", como se o céu fosse um lugar sagrado,
reservado apenas às já estabelecidas.
Como se tudo isto não bastasse, num plano mais restrito
ao cenário aéreo brasileiro, por aqui os empresários
ainda têm de lutar contra os famosos (e realmente
injustos) impostos, taxas e leis conjuntamente chamados
de "Custo Brasil." Embora seja um pleito justo, a
reclamação encobre muitas vezes o fato de que a empresas
aéreas simplesmente não sabem ou não querem se
modernizar para melhor competir.
Há exemplos em todas as partes do mundo. A Ansett, a
Transbrasil, a Sabena e a Swissair quebraram por terem
sido mal administradas, pois não se preparam para uma
nova realidade, mais competitiva. E ponto final. Os
atentados de 11 de setembro serviram apenas para jogar a
pá-de-cal. O mesmo pode ser dito de tantas outras, que
vêm perdendo dinheiro e participação em seus mercados e
não reconhecem seus próprios erros.
Em resumo: com a liberação dos vôos internacionais, das
regras protecionistas de participação acionária e com um
tardia adptação à um ambiente de livre competição, a
vida das empresas aéreas irá ficar mais fácil, e o setor
embarcará numa nova era de crescimento. E algumas
empresas aéreas, já estão fazendo seu dever.
Apontando saídas
Será que todas as empresas aéreas do mundo hoje perdem
dinheiro? Claro que não. Na maioria dos mercados,
existem exemplos de empresas que estão sabendo
adaptar-se com rapidez aos desafios encontrados por
todas. Por exemplo, a Air France, que aumentou suas
receita e conseguiu fechar 2002 com lucro, um feito
quase inacreditável. A companhia ultrapassou a British
Airways e a Lufthansa e hoje é a maior empresa aérea da
Europa. E é lá no Velho Continente, (seria uma
referência à mentalidade de muitas empresas aéreas) que
florescem as companhias aéreas low-cost/low-fare,
justamente nas barbas de muitas das mais tradicionais
companhias aéreas, que estão tendo de se reinventar ou
arcar com as consequências.
Este ponto é crucial: não é mais o tamanho, a massa
crítica, que garante a sobrevivência de uma operadora. É
certo que ganhos de economia de escala são sempre
bem-vindos, mas não são suficientes. As empresas que
mais prosperam são as mais rápidas, e não mais as
maiores. São aquelas capazes de se adaptar, de se
flexibilizar diante de adversidades e oportunidades.
É o choque de gerações. De um lado, os pterodáctilos, as
antiquadas empresas aéreas de modos e costumes estatais,
administradas em pachorrentos comitês, e "dirigidas" por
camadas e mais camadas de níveis administrativos. Estas
estão com os dias contados. Do outro, as empresas mais
focadas, centralizadas, administradas por executivos
rápidos e antenados, capazes de adptar ofertas, produtos
e serviços às condições de mercado. Estas serão capazes
de sobreviver.
Southwest, jetBlue, Ryanair, easyJet, Virgin e no
Brasil, a Gol, parecem prosperar justamente por
apresentar um modelo administrativo enxuto, focado,
ágil. E um produto que agrada aos consumidores,
especialmente sensíveis nos dias de hoje à questão do
preço e portanto, cada dia menos fiéis às empresas
aéreas. O exemplo de sucesso da jetBlue, que usa a mais
moderna tecnologia (que por sinal, ajudou a inventar)
para reduzir custos (isso é que faz dela uma autêntica
low-cost) e com isso, mesmo sendo uma low-fare, ganhar
dinheiro. Muito dinheiro.
E se o termômetro é mesmo o consumidor, é inegável o
exemplo de sucesso da Gol, que com a promessa de preços
enxutos acoplada à uma imagem moderna e atraente, em
dois anos abocanhou quase 20% do mercado doméstico,
mostram que o passageiro, que sabe onde aperta mais, já
mudou.
Mudar para sobreviver
Agora que precisa mesmo de mudança é o setor. Os
governos e órgãos reguladores precisam soiltar as
amarras do setor e assumir o papel de controlar a
competição, evitando abusos econômicos.
E as empresas precisam aprender a competir. Grandes ou
pequenas, não importa mais. Lentas ou ágeis é que é a
grande questão. O mercado está mudando a cada dia, cada
vez mais complexo. Novidades tecnológicas, sobretudo no
chão, têm obrigatoriamente de ser incorporadas pelas
empresas tradicionais. O uso da internet, de novos
procedimentos, canais e sistemas de distribuição, de
controle de inventário e de vendas estão produzindo uma
vertiginosa mudança nos bastidores da indústria.
Compreender e assimilar todas estas mudanças é
fundamental para a sobrevivência das empresas. O recado
está aí: quebrar paradigamas e reinventar-se é a única
solução. Ou sair da frente, que atrás vem gente.
Gianfranco Beting