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A340: big bus
Os Airbus A330 e A340 são, sem dúvida, os aviões
comerciais mais avançados da atualidade e, para muitos,
os mais bonitos. São também o resultado de um conceito
exclusivo: utilizando uma mesma célula básica,
desenvolveram-se várias versões com dois ou quatro
motores. Os modelos bimotores A330 são otimizados para
proporcionar altos lucros e baixos custos operacionais
em rotas regionais ou longas, enquanto os quadrimotores
A340 oferecem versatilidade e baixos custos operacionais
mesmo nas rotas cada vez mais longas. Os quatro motores
deixam de lado, também, as limitações impostas pelas
normas ETOPS para os bimotores.
No total, seis versões diferentes dentro dessas duas
sub-famílias, compartilham a cabine de comando, as
características operacionais, o treinamento dos pilotos
e a seção transversal da fuselagem. Eles oferecem,
também, uma considerável "Comunalidade Operacional" com
os A318, A319, A320, A321 de fuselagem com um corredor,
proporcionando assim uma significativa economia no
treinamento das tripulações e uma maior flexibilidade
operacional para as companhias aéreas que utilizam os
últimos modelos Airbus em vôos de curta e longa
distância.
Sem dúvida nenhuma, o A330 e o A340 continuam a receber
boas encomendas, mesmo depois dos atentados de 11 de
setembro de 2001. Muitos analistas consideraram o Boeing
777 como uma "resposta de pânico" ao A330, enquanto o
Sonic Cruiser (recentemente cancelado) era destinado a
concorrer no nicho servido atualmente pelo A340. Mas, a
Airbus não ficou satisfeita com seus êxitos e continuou
a desenvolver novas versões. A última, o A340-600 é o
avião comercial mais longo do mundo e promete custos
operacionais bem mais baixos que os do Boeing 747.
As raízes do A330/340
Ao lançar o A300, Airbus já sabia que existia mercado
para aviões maiores, e decidiu projetá-los, utilizando a
mesma fuselagem wide-body com diâmetro de 5,64 m. Mesmo
enquanto o A300B2 com capacidade para 250 a 286
passageiros estava sendo certificado, os engenheiros da
Airbus já estavam trabalhando em versões maiores,
planejadas principalmente para substituírem os DC-10 e
Tristar. O A300B9, para 322 passageiros tinha uma
fuselagem alongada para acomodar mais seis fileiras de
assentos, enquanto o B11 era uma versão de longo alcance
do B10, equipada com quatro motores CFM56 e asas
maiores. Assim, o B11 foi projetado para concorrer com o
Boeing 747 nas rotas mais longas. A combinação do Jumbo
de capacidade e alcance há tempo era imbatível, mas a
aeronave era grande demais para algumas rotas muito
longas, o que levou ao desenvolvimento do 747SP de menor
capacidade.
Os Airbus B9 e B11 foram então rebatizados de TA9 e TA11
(TA queria dizer Twin Aisle ou dois corredores), em
1980, quando a Airbus iniciou também os estudos de uma
versão trijato do TA11 com motores Rolls-Royce RB211-535
ou Pratt & Whitney JT10D-232. Apesar de estarem baseados
na célula do A300B/A310, o TA9 e o TA11 tinham mais em
comum com o A320, que era menor, porém mais avançado,
utilizando mais materiais compostos e uma cabine de
comando para dois tripulantes e com seis telas EFIS,
baseada na do A320.
Embora eles já compartilhassem essa comunalidade, foi
somente na Feira de Farnborough de 1982, que foi
anunciado que o TA9 e o TA11 haviam adotado as mesmas
asas (apesar da decisão haver sido tomada em 1977), e
assim tornaram-se, efetivamente, as versões bimotor e
quadrimotor de um mesmo avião básico, sendo em 1986
novamente rebatizados, desta vez como A330 e A340, e
gerenciados como um programa comum. Num determinado
momento, a Airbus pensou em utilizar asas com camber
(curvatura do extradorso) variável, utilizando os flaps
de bordo de fuga para modificar a forma do aerofólio
durante o vôo, mas a proposta acabou sendo abandonada,
ao perceber que os benefícios não justificariam os
custos de desenvolvimento.
As asas finalmente adotadas para os dois novos grandes
modelos eram consideravelmente maiores que as do A300, e
muito mais eficientes, com perfil supercrítico e uma
relação espessura/corda de nada menos que 12,8%. As
primeiras asas projetadas incorporavam, nas pontas,
dispositivos redutores de arrasto , como os que
equipavam os A310, mas eles foram mais tarde,
substituídos por winglets muito maiores e mais altas,
semelhantes às usadas nos Boeing 747-400 e, ao contrário
das que equipavam o A310, as novas asas incorporavam
ailerons na seção externa.
Lá na frente
Como já foi mencionado, a cabine de comando do TA9 e do
TA11 (A330 e A340), tinham mais em comum com a do A320
do que com a do seu verdadeiro antecessor, o A300/310,
sobre o qual suas células estavam baseadas.
De fato, uma das ferramentas de marketing mais
significativas da Airbus é a comunalidade das cabines de
comando de todos os seus aviões, sem importar seu
tamanho e capacidade de passageiros, do A318 (100
passageiros) ao A380, que deverá voar dentro de três
anos e, na sua versão maior, poderá transportar até
1.000 passageiros.
As duas telas externas PDF (Primary Flight Display),
frente a cada um dos pilotos, mostram os dados
principais do vôo, incluindo velocidade, altitude,
atitude, etc., e as telas mais próximas do centro ND (Navigation
Disply), mostram os dados de posição e curso.
As duas telas no centro do painel entre os pilotos
mostram informações sobre as condições dos sistemas,
fornecidas pelo ECAM (Electronic Centralised Aircraft
Monitor), o qual é alimentado por uma complexa rede de
sensores distribuídos por toda a aeronave. A que está
mais em cima, é utilizada, normalmente, para mostrar
dados dos motores, enquanto a inferior mostra os
parâmetros dos sistemas. Todas as seis telas têm funções
totalmente intercambiáveis, e cada tela pode ser
selecionada para mostrar quaisquer informações.
Instrumentação de apoio é fornecida na forma de seis
instrumentos eletromecânicos instalados no centro do
painel.
Outras telas tipo TV estão localizadas no console
central. Essas MCDU (Multipurpose Control and Display
Unit) combinam telas LCD com teclados, e são utilizadas
para programar e ter acesso ao sistema de gerenciamento
de vôo (FMS) e fornecem dados para os sistemas de
manutenção. Mensagens sobre falhas podem, inclusive,
serem enviadas para o pessoal de manutenção, a fim de
serem rapidamente solucionados na chegada.
A cabine de comando também está equipada com "sidesticks",
em lugar dos manches convencionais, e utilizam o mesmo
sistema de controle fly-by-wire (FBW) que o A320. Os "sidesticks"
proporcionam aos pilotos uma visão total do painel e
permite-lhes abrir uma mesa à sua frente. A utilização
de um sistema de controle digital FBW, oferece
consideráveis benefícios operacionais e de segurança de
vôo.
As variantes do A340
Apesar de ter um número "posterior", o quadrimotor teve
uma prioridade mais alta do que o A330, por que a Airbus
previa que a demanda por um quadrimotor de longo alcance
poderia ser mais alta. Naquela época (meados dos anos
80), o ETOPS estava bem no começo, e os vôos longo sobre
o mar eram quase que exclusivamente operados por
quadrimotores Boeing 747, os últimos 707 e os trimotores
McDonnell Douglas DC-10 e Lockheed L-1011 Tristar.
Frente a esse panorama, o A340 surgiu como uma solução
para as companhias aéreas.
Os vôos ETOPS realizados por bimotores eram ainda vistos
com algum receio pela maioria dos passageiros, ao mesmo
tempo em que necessitavam de equipamentos extras e mais
manutenção, mais treinamento para as tripulações e mais
peças de reposição, além de cheques pré-vôo muito mais
apurados. Os vôos podiam ser realizados, apenas, se os
aeroportos alternativos necessários estivessem
totalmente operacionais e excedessem as condições
atmosféricas mínimas previstas. O perigo potencial de um
desvio para um aeroporto alternativo foi considerado
comercialmente negativo, devido aos efeitos sobre a
confiança dos passageiros, além dos custos dos consertos
e do transporte dos passageiros aos seus respectivos
destinos.
Os A340 quadrimotores estariam livres de todas essas
despesas e complicações extras, embora tivessem custos
operacionais ligeiramente mais altos que os dos seus
irmãos bimotores. O fato de não serem afetados pelas
normas ETOPS permite aos operadores desenvolver novas
rotas ultralongas non-stop, voando sobre oceanos,
regiões remotas, ou mesmo montanhas muito altas como o
Himalaia, o que os bimotores não podiam fazer sem
restrições.
O A340 também possui a que seus fabricantes afirmam ser
a cabine de passageiros mais silenciosa do mercado e o
mesmo grande volume disponível no nível inferior que o
A330, seja para carga, áreas extras de cabine ou de
descanso para a tripulação.
O A340 básico mantinha a fuselagem de 59,28 m destinada
ao TA11, ou seja, 5,30 m maior que a do A300. A aeronave
estava, agora, configurada para transportar 261
passageiros em distâncias de até 12.410 km, e a Airbus
esperava que pudesse ser equipada com os que ela chamava
de "super fans", os motores turbofan de nova geração na
classe dos 122,5 a 133,6 kN (27.500 a 30.000 lb). Isso
levou a Airbus a considerar vários motores que ainda
estavam "no papel", selecionando o CFM56-5S1, com empuxo
de 127,4 kN (28.600 lb) como primeira opção. O motor
V2500-A4 da IAE foi considerado inadequado por possuir
um empuxo de 122,5 kN (27.500 lb), por isso a companhia
ofereceu o Super Fan V2500 com empuxo de 133,6 kN
(30.000 lb), o qual permitiria ao A340 superar o MD-11
em carga útil, alcance e custos operacionais. Como
resposta, a CFM International ofereceu o motor CFM56-5C1
com o mesmo empuxo, embora não fosse tão econômico, no
que se refere a consumo de combustível, quanto o
anterior.
Desafortunadamente, o motor V2500 não ficou pronto a
tempo e, para atender ao alcance prometido, Airbus teve
de aumentar a área das asas (levando a envergadura, de
56 m para 58,60 m) e acrescentando winglets com 2,74 m
de altura. Como já foi mencionado, essas asas também
seriam, a partir de então, utilizadas pelo A330.
Posteriormente, a CFM Internacional ofereceu o motor
CFM56-5C2 com empuxo de 139 kN (31.200 lb) e, em 1995, o
-5C4 com empuxo de 151,5 kN (34.000 lb).
A340-100
A designação A340-100 foi utilizada por pouco tempo para
o avião básico no início dos anos 80, antes da aeronave
básica de 262 assentos se transformar no A340-200, e o
de 295 assentos, no A340-300. A designação nunca mais
foi utilizada.