|
Os 10 mais importantes aviões comerciais
Qual avião você mais gosta? Qual é o avião mais
importante de todos os tempos? Qual o melhor avião
comercial? Perguntas como esta sempre surgem nas
rodinhas. As repostas são pessoais, mas contra alguns
fatos não há argumentos. Avanços e prodígios
tecnológicos, por exemplo. Algumas aeronaves quebraram a
escrita, romperam os paradigmas existentes, elevando a
aviação para novos patamares.
Assim, resolvemos elencar as 10 aeronaves comerciais
mais importantes da história. Não necessariamente as
mais vendidas, ou bem-sucedidas comercialmente, mas dez
modelos que ajudaram a transformar a aviação no que ela
é hoje.
1 O imortal DC-3
Começamos nossa lista pelo Douglas DC-3, o mais famoso e
importante avião comercial de todos os tempos. Mais de
70 anos após seu vôo inaugural, o DC-3 continua cruzando
os céus de muitos países em todas as regiões do planeta.
Sua importância deve-se não apenas ao grande número de
aeronaves construídas, mas pelo fato do DC-3 ser um
avião excepcional: seguro, rápido (para a época),
confiável, ele colocou a Douglas no primeiro lugar entre
todos os fabricantes de aeronaves. De operação econômica
e grande robustez, antes mesmo da Segunda Guerra, nada
menos que 90% de todo o tráfego comercial era
transportado por Douglas DC-3!
Por ter sido o principal avião de transporte da Segunda
Guerra Mundial, o DC-3 (C-47 na designação militar) foi
produzido em enormes quantidades, até mesmo na Rússia,
chegando a nada menos que 10.654 unidades. Foi com esses
aviões que quase todas as companhias aéreas iniciaram
(ou recomeçaram) seus serviços. Até o início dos anos
90, os DC-3 podiam ser vistos pelo Brasil transportando
passageiros, carga ou correio.
O DC-3 facilmente irá chegar ao ano 2010. Algumas
aeronaves foram transformadas com a colocação de motores
turbo-hélice. Para os saudosistas, porém, nada substitui
o ronco dos motores Pratt & Whitney originais. Melhor
dizendo, nada substitui o inigualável Douglas DC-3, o
mais importante avião comercial já construído.
2 Lockheed
Constellation, epítome do pistão
O excêntrico milionário Howard Hughes era apaixonado
por aviões. Construiu o maior avião de todos os tempos,
o Spruce Goose. Desenvolveu e pilotou modelos com os
quais quebrou recordes de velocidade, entre outros
feitos. Quando foi dono da TWA, encomendou à Lockheed o
Constellation, na opinião de muitos o mais belo avião à
hélice já construído.
Suas Linhas sinuosas encantam quem o vê. Sua cauda, com
três estabilizadores verticais, o diferencia de todos os
outros aviões. Parado no chão, seu longo trem de pouso
faz com que ele se destaque ainda mais. Juntos, o
Constellation, o Super Constellation e o L-1649
Starliner foram a epítome das aeronaves a pistão.
Através de suas asas, vôos transcontinentais tornaram-se
realidade. Por exemplo, os Starliners eram capazes de
voar sem escalas da Califórnia a Europa, ainda nos anos
50. No total, 980 foram produzidos entre 1943 e 1958, em
várias versões.
No Brasil, entre 1946 e 1967, a Panair, a Varig, a
Arruda e a Real operaram um total de 26 aeronaves, dos
modelos 049/149, (Panair) e 1049 nas versões Super G
(Varig) e Super H (Real). Os Connies como eram
carinhosamente chamados, reinaram soberanos na época
dourada das viagens aéreas.
3 Viscount, pioneiro das turbinas
O Vickers Viscount foi a primeira aeronave a
utilizar-se da tecnologia turbo-hélice como fonte de
propulsão, o primeiro avião comercial a voar sem motores
a pistão. Foi um tremendo sucesso no mundo todo,
inclusive no Brasil. Em junho de 1945 os primeiros
esboços foram apresentados pela Vickers. A aeronave
seria movida por quatro Rolls Royce Darts, o espetacular
motor turbo-hélice usado até os dias de hoje com enorme
sucesso.
O primeiro vôo foi realizado em 16 de julho de 1948. Em
29 de julho de 1950, o protótipo G-ARHF decolou de
Northolt com destino a Le Bourget, transportando 12
convidados e 14 passageiros pagantes: foram os primeiros
passageiros da era da turbina. O exemplar de
pré-produção, da série 700, teve sua fuselagem aumentada
para acomodar até 40 passageiros (na época) embora anos
mais tarde, comumente transportasse 63 pax em
configuração de alta densidade. Os primeiros serviços
regulares começaram em 18 de abril de 1953 entre Londres
e Larnaca, Chipre.
Nesta época, as qualidades do Viscount já haviam se
tornado tão evidentes qua as encomendas já chegavam a
300 unidades. Não havia outros turbohélices no mercado e
os passageiros ficavam fascinados pela velocidade,
silêncio e enormes janelas ovais do avião. A Vickers
anunciou em 1952 a versão alongada do Viscount, o V800,
com capacidade para até 86 passageiros em configuração
de alta densidade.
O sucesso do nobre britânico foi notado pela Vasp, que
em junho de 1957 encomendou cinco unidades na versão
V827. Usado nas rotas mais nobres da empresa, voava de
norte a Sul pelo Brasil. A Vasp adquiriu em 1963 mais
dez V701. Os V827 serviram até 1975, quando os últimos
foram retirados da Ponte Aérea Rio-São Paulo. Outro
operador ilustre dos Viscounts no Brasil foi o Grupo de
Transporte Especial (GTE) da FAB, que encomendou e
recebeu dois V789D para Transporte VIP. Os 438 Viscounts
voaram para mais de 200 operadores nos mais remotos
pontos do globo. Para milhões de passageiros, o Viscount
representou a primeira viagem à turbina, o que garante
seu lugar em nossa lista.
4 O fulgurante
Comet
Mais de 50 anos após seu primeiro vôo, em 1997 o
último Comet fez seu derradeiro vôo na Inglaterra. Este
foi o primeiro jato comercial a entrar em operação, uma
revolução que na época assombrou o mundo. A passagem e o
sucesso do Comet no cenário da aviação comercial foi
exatamente como a dos cometas: rápida e fugaz.
Os ingleses, liderados por Sir Frank Whittle e Frank
Halford, foram pioneiros na propulsão a jato, criando
motorescomo o de Havilland Ghost, que anos depois,
colocariam o mundo da aviação num novo patamar. Com
capacidade para 36 assentos em duas classes ou 48 em
classe econômica, o Comet 1 nascia para revolucionar a
aviação. Seu primeiro vôo deu-se em 27 de julho de 1949
e no dia 2 de maio de 1952 o Comet 1 G-ALYP decolou de
Heathrow para entrar na história: o primeiro serviço
regular a jato acabava de começar.
Mas pouco mais de um ano depois, três acidentes
suspeitos provocaram a paralisação dos Comets. Meses de
investigações incansáveis descobriram o culpado: fadiga
metálica. Liderança tecnológica perdida para os
norte-americanos, a de Havilland juntou forças para
continuar com o Comet. Em 17 de março de 1955, anunciou
um novo modelo, que teria capacidade realmente
transcontinental, com uma autonomia de 3.255 milhas e
quatro motores Rolls Royce Avon: nascia o Comet 4.
Com seu sucesso e imagem abalados para sempre, as vendas
acabaram sendo desapontadoras: apenas 121 aeronaves
foram construídas. Os Comet, porém, nunca deixarão de
ter uma importância histórica, mesmo que ela seja
marcada pela tragédia. Em última análise, o elegante
jato da de Havilland pagou um preço alto demais pelo seu
pioneirismo.
5 Caravelle, o
primeiro jato para rotas curtas
Com suas linhas limpas e elegantes, o Caravelle não
foi apenas bonito: foi o primeiro jato desenhado para
linhas curtas no mundo a fazer sucesso. Seu
desenvolvimento começou em 1951. Em 27 de maio de 1955 o
protótipo fez seu vôo inaugural e a SAS inaugurou os
serviços com o modelo em 26 de abril de 1959.
Logo os Caravelle chegavam ao Brasil: a Varig inaugurou
a era do jato puro em nosso país, quando recebeu o
PP-VJC no dia 16 de setembro do mesmo ano. A seguir veio
a Panair, que encomendou quatro VI-R em 1961. Em
seguida, foi a vez da Cruzeiro do Sul em dezembro do
mesmo ano. Estas aeronaves operaram até julho de 1975. O
quarto operador brasileiro foi a LASA - Engenharia e
Prospecções Ltda, entre 1971 e 1973, quando voou um
Caravelle VI-R especialmente modificado para
aerofotogrametria.
O desenvolvimento do Caravelle não parou na Série VI. Um
novo modelo, o 10 foi construído a partir de 1964.
Utilizava os motores Pratt & Whitney JT8D, ao invés dos
Rolls-Royce Avon, e teve sua capacidade aumentada para
um máximo de 104 passageiros. Outra versão ainda maior e
mais pesada foi o Caravelle 12 para 140 passageiros,
também equipada com motores Pratt & Whitney.
Ironicamente, apenas doze destas foram produzidas.
No dia 8 de março de 1973, o último Caravelle construído
encerrou 18 anos de fabricação, com nada menos que 282
Caravelles entregues, o maior sucesso da indústria
aeroespacial francesa. Com a entrada em operação de
jatos mais modernos, o Caravelle perdeu espaço e hoje,
sua operação está restrita somente ao Congo.
Aproximadamente dez aeronaves sobrevivem, em diversos
países, em condições de vôo.
6 Boeing 707, o primeiro sucesso a jato
Na época dos motores a pistão, ou seja, até 1952, a
Boeing criou e lançou algumas aeronaves comerciais,
nenhuma excepcionalmente bem sucedida. Mas foi então que
a fábrica de Seattle apostou tudo num projeto
revolucionário, com asas enflechadas e motores suspensos
em pilons, uma configuração desenvolvida na Alemanha
nazista.
A Boeing vendeu a versão militar, os KC-135, à Força
Aérea Americana e a Pan Am logo encomendou 20 modelos do
novo jato, batizado de Boeing 707, que logo
estabeleceu-se como líder entre todos os jatos
comerciais de primeira geração: 1012 foram construídos.
Foram feitas as versões 120, inicial, de alcance
limitado, a 320 Intercontinental com motores Pratt &
Whitney, a 420 também Intercontinental, com motores
Rolls Royce. O Boeing 720 (ou 707-020), tinha a
fuselagem encurtada, especialmente desenvolvida para
vôos domésticos nos EUA.
No Brasil, a história do 707 é longa. A Varig recebeu
seus primeiros 707, do modelo 420, em 1960 e voou com o
tipo até 1988. A Transbrasil operou com 10 Boeing 707
entre 1982 e 1996. Várias empresas cargueiras
brasileiras utilizaram ou ainda voam com os 707:
Aerobrasil Cargo, Brasair, Vasp Cargo, Phoenix, Beta e a
Skymaster. Além destes, houve um 707 bastante famoso no
Brasil: o FAB 2401, o "Sucatão", apelido nada carinhoso
dado ao 707 de uso presidencial, que acabou aposentado
pelo presidente FHC em 1999.
O 707 deu à Boeing uma enorme vantagem sobre seus
competidores. Se hoje Boeing é sinônimo de jatos
comerciais, isto se deve ao 707.
7 Rei dos Ares: o Boeing 747
Até hoje, mais de 33 anos depois de entrar em
serviço, o 747 continua sem rivais. Ele só perderá o
posto de rei dos ares com a entrada em operação em 2006
do Airbus A380. Até lá e por nada menos que 36 anos,
recorde absoluto na aviação, o Jumbo, como também é
conhecido, terá sido o rei Dos Céus.
O Boeing 747 encolheu o mundo em que vivemos. Foi com
sua entrada em serviço, em 1970, que finalmente as
viagens transcontinentais passaram a se tornar
acessíveis a centenas de milhões de pessoas em todos os
continentes.
Depois de uma programa de desenvolvimento e construção
acelerado, o protótipo fez em 9 de Fevereiro de 1969 seu
vôo inaugural. Cinco versões básicas do Boeing 747 foram
construídas. A original foi a Série 100. Depois, em
1970, a versão 200, com maior autonomia e capacidade de
carga. Em 1975, foi a vez da Série SP, Special
Performance, de fuselagem encurtada para longas
distâncias. A quarta versão básica foi a Série 300,
reconhecível externamente pelo deck superior alongado. E
finalmente, em 1988 foi a vez da Série 400. O modelo
400XLR, o mais novo e atualmente em produção, ainda não
tem rivais em termos de capacidade de carga paga
combinada ao seu alcance, devendo ser a opção
"peso-pesado" dos operadores até a chegada dos A380.
Há muitas outras versões feitas pela Boeing, como por
exemplo, os Combi de passageiros e carga na cabine
principal, os modelos "F" de carga, e ainda os 747D (de
Doméstico) ou SR (Short Range, alcance curto)
desenvolvidos sob encomenda para uso doméstico no Japão.
Isso sem contar as versões militares, como o Air Force
One ou o novo YAL-1A.
O Jumbo teve uma longa e bonita história operacional no
Brasil, nas cores da nossa Varig, que recebeu 3 série
200 em janeiro de 1981. Depois, em 1986 recebeu seus
dois primeiros 747-300 Combi. Em 1987, arrendou um da
South African Airways, por um breve período, (PP-VNW,
Série 200). Em 1988, foram mais três 747-300 (full-pax),
matriculados PP-VOA, VOB, VOC. E em 1991, chegaram 3
Boeings 747-400 (VPG, VPH, VPI) que operaram até 1994,
sendo devolvidos então aos arrendadores.
Podemos concluir dizendo apenas que para a aviação
comercial, e até mesmo para a história da humanidade, a
contribuição do Boeing 747 é proporcional ao seu
tamanho.
8 737: o DC-3 da era do jato
Depois de 5.000 unidades comercializadas, não há
páreo para o Boeing 737, o DC-3 da era do jato. Nascido
para trazer o conforto dos jatos aos vôos mais curtos,
sua longa história fez com que se transformasse num
coringa, capaz de transportar de 100 a quase 200
passageiros. Em 9 de abril de 1967 o protótipo fez seu
vôo inaugural e começou a vender no mundo todo,
inclusive no Brasil. A Vasp recebeu seus quatro
primeiros 737-200 ainda em 1969. Depois, a partir de
1975, a Cruzeiro recebeu 6 e a Varig, 8. O atarracado
737 começou a se transformar em sinônimo de aviação
comercial no Brasil.
A Boeing anunciou o sucessor dos 737-200 em março de
1981: o 737-300, aeronave que inaugurou a "New
Generation" que incorporava grandes mudanças. A mais
visível delas estava nas asas: novos motores CFM 56,
mais silenciosos e econômicos. O primeiro vôo de um
737-300 deu-se em 24 de fevereiro de 1984. Duas novas
versões completavam a linha, os modelos -400 e -500,
respectivamente aeronaves alongadas e encurtadas em
relação ao 737-300.
Em 17 de novembro de 1993 a Boeing anunciou oficialmente
o lançamento de novos modelos, as versões 700, 800 e
600. Conjuntamente, passaram a ser designados 737-NG,
abreviação de Next Generation. Várias novidades foram
incorporadas, entre elas, novas asas, otimizadas para
maiores velocidades de cruzeiro e novas empenagens. Os
737NG voam mais longe, mais rápido, mais alto, mais
silenciosa e economicamente. Em outubro de 1996, o
primeiro 737NG foi entregue. Mas a Boeing não parou por
aí e em 10 de outubro de 1997 anunciou o Boeing 737-900,
com uma fuselagem ainda mais alongada em relação ao
737-800.
Os Next Generation estão também no Brasil. Começando
pela Varig, que trouxe 5 Boeings 737-700 e dois -800.
Depois foi a vez da Gol, que montou sua frota em torno
dos Boeings 737-700 e -800 e a Rio-Sul com os 737-700.
Dos 737NG nasceram os BBJ, ou Boeing Business Jets,
capazes de vôos extremamente longos, com a incorporação
de tanques de combustível auxiliares.
Sem os Boeings 737, o mundo não seria o que é hoje: para
resumir, ele é o jato mais importante da história da
aviação comercial.
9 A320:
liderança tecnológica
Em 14 de fevereiro de 1987 o A320 foi apresentado
oficialmente na fábrica da Airbus em Toulouse. Jacques
Chirac discursou na ocasião: "O Consórcio Airbus não
mais será ameaçado pelos americanos, que mataram o
Concorde. O A320 já se constitui num espetacular
sucesso. Nós iremos lutar nesta guerra comercial,
batalha por batalha, golpe por golpe, pois é o futuro da
indústria aeronáutica e os empregos que ela gera que
estão em jogo".
Os presentes assistiram ao lançamento do primeiro
concorrente aos Boeings 737, uma tarefa nada fácil.
Nascia alí também o mais moderno jato até então
construído. Para se ter uma idéia, ele não possuia
manche, apenas um joystick utilizado para pilotar o
avião. E mais: dependendo dos comandos efetuados pelo
piloto, se o computador considera a manobra como
indevida, arriscada, (por exemplo, aproximando-se demais
do terreno, voando lento demais, enfim, voando fora dos
limites de operação), o computador simplesmente assume
para sí o controle da aeronave, cancelando a atuação dos
pilotos, um computador que "rouba" o comando da aeronave
do próprio piloto, que dá a última palavra à bordo. O
A320 foi também o primeiro avião "paperless",
desenvolvido em computadores e o primeiro avião a ser
construído em larga escala a usar a tecnologia "fly-by-wire"
de comando, substituindo controles mecânicos e
hidráulicos.
Em resumo: desde então, os Airbus são os aviões mais
avançados que existem. O fato de que mais de 500 A320
foram vendidos antes do avião fazer seu primeiro vôo, um
recorde histórico, confirma isso. Essa liderança
tecnológica fez com que a Airbus acabasse vendendo mais
de 2.500 derivados entre os vários modelos descendentes
diretos do A320, os A318, A319 e A321, um sucesso
arrebatador.
O A320 é um dos 10 mais importantes aviões comerciais da
história pois seu sucesso desequilibrou o mercado,
levando ao fechamento da McDonnell Douglas, alterando
para sempre a "geopolítica" dos construtores de
aeronaves. Foi o A320 o primeiro sucesso incontestável
da Airbus, o avião que bancou - e banca - novos projetos
como os A330 e A340. Sua presença e suas qualidades os
colocam firmemente nesta lista dos 10 mais.
10 Concorde: insuperável
A indústria da aviação comercial é a indústria do
tempo. Do precioso e cada vez mais escasso tempo. Mas a
maioria dos terráqueos, como o nome indica, sente-se
mais confortável em terra firme do que atada à cilindros
pressurizados, voando a 1.000 km por hora a mais de 10
quilômetros acima dos solos e oceanos do planetinha.
Enfim: as pessoas não voariam se não fosse pela rapidez
do avião. E nenhuma outra aeronave até hoje construída
ganha tanto tempo quanto os maravilhosos Concorde.
Por ser o mais rápido (mais que o dobro) e voar mais
alto que a maioria dos outros aviões, é que o Concorde,
apesar de seu limitado sucesso comercial, é
indiscutivelmente a mais carismática das aeronaves
voando e uma das dez mais importantes da história da
aviação comercial.
Tendo feito seu primeiro vôo em 2 de março de 1969, o
Concorde passou por um longo programa de testes, que
coincidiu com a crise de petróleo de 1973, o que levou
muitas das empresas interesaadas a cancelar encomendas.
Foi mais por teimosia e defesa da honra nacional, que o
consórcio franco-britânico composto pela British
Aircraft Corporation e pela Sud Aviation (Aerospatiale)
prosseguiu com o programa, que culminou com os vôos
inaugurais simultâneos da Air France (Paris-Dakar-Rio de
Janeiro) e British Airways (Londres-Bahrain) em 21 de
Janeiro de 1976.
Curiosamente, as autoridades americanas tiveram uma rara
manifestação de consciência ecológica. Quando ninguém
ainda sabia direito o que era isso, o congresso
americano, alegando que os Concorde seriam prejudiciais
à camada de ozônio, proibiram vôos supersônicos sobre
seu território, comercialmente matando a aeronave.
Engraçado é pensar que o mesmo congresso permite que
centenas de caças supersônicos decolem todos os dias,
com efeitos muito mais prejudiciais ao precioso gás.
Questão de "segurança nacional"? Ou seria pelo fato de
que o Concorde representava uma ameaça à "segurança
nacional" da Boeing e da Douglas? Seja como for, a era
do transporte supersônico fica adiada para os nossos
netos.
Mas o que ninguém tira do Concorde, além de sua
espantosa beleza, é seu carisma. A sensação de
aceleração dentro dele é equivalente à voar num caça à
jato. Ver a terra de 60.000 pés, com o céu acima quase
negro, é espetacular. Tomar café da manhã em Londres,
fazer uma reunião de negócios em New York e retornar
para a capital britânica a tempo de jantar também é.
Pagar 12.000 dólares pela passagem é para poucos. Mesmo
assim, o Concorde hoje dá lucro aos seus únicos
operadores, a Air France e a British Airways. No começo,
porém, a operação foi deficitária. além disso, o trágico
acidente em Gonesse, em julho de 2000, único fatal
experimentado pelo Concorde, em nada ajudou. O tipo
ficou proibido de voar por mais de um ano e ßeop
retornou com vearais modificações. Hoje, apenas 9 operam
regularmente, embora 13 sejam mantidos pelos operadores.
Por elevar os limites da aviação à estratosfera, os
Concorde entraram supersonicamente e encerram a nossa
lista dos 10 mais importantes aviões comerciais de todos
os tempos.
Gianfranco Beting