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Embraer EMB-110 Bandeirante


A Embraer comemorou em 22 de outubro passado os 40 anos do primeiro vôo do Bandeirante, aeronave que deu origem à empresa que se tornou referência no mercado de aviação mundial. Lançado em 1965 como o projeto IPD-6504 e desenvolvido no então Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), em São José dos Campos, Estado de São Paulo, o primeiro protótipo do Bandeirante realizou o vôo inaugural no dia 22 de outubro de 1968.

O avião decolou às 7h07 do aeroporto do CTA para um vôo de aproximadamente 50 minutos, sob o comando do major-aviador José Mariotto Ferreira e do engenheiro de vôo Michel Cury. O IPD-6504 era uma referência ao ano (65), número do projeto (04) e ao Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPD) do CTA, local da gênese, desde os primeiros rascunhos, passando pela geração de milhares de desenhos, testes de equipamentos, até a construção do protótipo da aeronave que daria origem ao futuro EMB 110 Bandeirante, revolucionando a indústria aeronáutica brasileira.

Para a construção do primeiro protótipo do IPD-6504 foram necessários três anos e quatro meses, num total de 110 mil horas de trabalho, que contou com cerca de 300 pessoas lideradas pelo engenheiro aeronáutico e, à época, Major Ozires Silva.

No dia 27 de outubro de 1968, o IPD-6504 decolou novamente, com a mesma tripulação à bordo, para o primeiro vôo oficial, com a presença de autoridades e imprensa. Era o início de uma história de sucesso que começou a ser escrita pelo Governo Brasileiro e que permitiu transformar ciência e tecnologia em engenharia e capacidade industrial, hoje reconhecidas em todos os continentes nos quais voam os aviões fabricados pela Embraer.

"Pela sua importância na criação da indústria aeronáutica brasileira, o avião Bandeirante é um dos marcos de um bem-sucedido projeto estratégico de longo prazo empreendido pelo Governo Brasileiro, que culminou na criação e na consolidação da Embraer no cenário internacional", enfatizou Frederico Fleury Curado, Diretor-Presidente da Embraer, durante evento que comemorou a importante data.

O Jetsite presta sua homenagem a este verdadeiro Pioneiro relembrando um feito importantíssimo na longa e prestigiosa carreira do Bandeirante: foi por suas asas que o Brasil passou a contar com um verdadeiro, lógico e bem planejado sistema de aviação regional. Fator imprescindível de integração nacional, há pouco mais de 32 anos, a aviação regional brasileira ganhava novo sopro de vida através da criação do SITAR. Essa fase de desafios e pioneirismos só foi possível porque pode contar com uma aeronave certa perfeita para esse tipo de missão. Vamos fazer um vôo razante sobre a operação dos Embraer EMB-110 Bandeirante nessa fase de desafios e pioneirismos. < BR>
Após a segunda guerra mundial, a aviação comercial brasileira conheceu seu período de maior expansão. Várias companhias aéreas começaram a operar sobretudo vôos de caráter regional, ligando pequenas comunidades à algumas capitais estaduais. Suas autorizações de tráfego limitavam-se às regiões que serviam. No final dos anos 50, nada menos que 354 cidades brasileiras eram servidas por vôos regulares.

Em meados da década de 50, a aviação brasileira entrou num processo de consolidação. Começaram a se formar as grandes empresas aéreas brasileiras, resultado de fusões ou incorporações das empresas menores por parte das maiores. Estas trataram expandir suas linhas através sobretudo das chamadas linhas-tronco, que unem as maiores cidades do Brasil. O número de cidades servidas começou a ser reduzido gradual e continuamente e o advento dos jatos, no início dos anos 60, acelerou ainda mais essa tendência. Para agravar esse quadro, as grandes empresas aéreas brasileiras iniciaram programas de reequipamento, sobretudo a partir de meados dos anos 60. Os Douglas DC-3 que operavam em ligações de "terceiro nível" foram sendo gradativamente substituídos por aeronaves maiores e mais sofisticadas, incapazes de operar nas precárias pistas de dezenas de pequenas localidades. Os aeroportos e as comunidades mais remotas do Brasil foram sendo literlamente abandonadas à própria sorte.

Os anos 70 surgiram na proa e trouxeram uma nova aeronave. Robusta, econonômica, segura. Simples de operar e de manter. Capaz de, ao mesmo tempo, trazer lucros ao operador e servir ao usuário com conforto e segurança. Essa aeronave desbravou, pelo ar, regiões remotas do Brasil, abrindo verdadeiros estradas do ar. Seu nome não poderia ser mais apropriado: Bandeirante, o primeiro grande sucesso da Embraer.

O primeiro a ser entregue a uma empresa aérea foi o PT-TBA, um EMB-110C (de Comercial) que entrou em operação regular em 17 de abril de 1973 nas asas da Transbrasil. Essa é mesmo uma data histórica: pela primeira vez, uma aeronave brasileira transportava passageiros em vôos regulares. Durante a cerimônia de entrega de seus dois últimos Bandeirante - de uma encomenda de seis unidades - o presidente da Transbrasil, Omar Fontana, anunciou que suas quatro primeiras aeronaves já haviam voado 1.7 milhão de km, o suficiente para fazer quatro viagens à lua. O comandante Marcos Lacerda, piloto-chefe de Bandeirante na Transbrasil, era só elogios: "Esse avião é muito valente. No solo, encara qualquer pista. No ar, é uma delícia de pilotar. Muito dócil, estável. Parabéns para a Embraer." Em 4 de novembro desse mesmo ano, a Vasp tornou-se a segunda operadora do EMB-110C em vôos regulares, ao receber o PP-SBA, primeiro de uma encomenda de dez aeronaves.

A despeito da qualidades desses novos Bandeirantes do ar, o número de cidades servidas por transporte aéreo regular continuava caindo. Em meados dos anos 70, apenas 80 cidades brasileiras eram servidas por vôos regulares. Analistas preciam que esse número cairia à metade tão logo os turboélices empregados pelas empresas nacionais fosse desativados.

Em 11 de novembro de 1975, o Governo Federal e as principais empresas aéreas do Brasil reuniram-se para encontrar uma solução. Nascia ali o o SITAR - Sistema de Transporte Aéreo Regional. A idéia era simples: dividir o país em cinco regiões, que seriam servidas por cinco novas empresas de caráter regional. Estavam plantadas as sementes da criação de cinco novas empresas aéreas: Nordeste, Rio-Sul, TABA, TAM e Votec. Em comum, além da missão de integrar este país-continente, todas elas tinham algo especial: a clara preferência pelo Embraer Bandeirante como aeronave principal na composição de suas frotas. Inicialmente, essas empresas operaram 32 aeronaves dos modelos EMB-110C (16 lugares) e EMB-110P (18 assentos), assim divididas: TAM com nove aeronaves; Rio-Sul com sete; Votec com seis; Taba e Nordeste, com cinco cada uma. Não é exagero dizer que a aviação regional no Brasil - e muitas das mais remotas regiões do Brasil - foram salvas pelos serviços prestados pelo bravo bimotor. Nos primeiros anos do SITAR, os Bandeirante responderam por nada menos que 79,7% dos assentos-quilometro oferecidos por essas cinco empresas, cujas rotas somadas perfaziam 40.544 km de linhas aéreas regionais regulares.

 

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