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United UA732
As 5 horas da manhã o aeroporto de Miami, no hall de
embarque, parecia um deserto. O terminal F, usado pela
saudosa Pan Am e herdado pela United, parecia uma
gigantesca e silenciosa caverna kitsch, com seu carpete
arroxeado. O único estabelecimento aberto, uma salvadora
coffee-shop 24H, exalava o odor característico de bacon
e ovos fritos, avidamente devorados por um grupo de
carregadores de malas e mecânicos.
Meu estômago embrulhou com o odor, mas não com o clima
que pairava no terminal deserto: adoro aeroportos
vazios. Tenho a sensação de que, em cumplicidade, os
velhos terminais me contarão seus segredos, suas
histórias de décadas de chegadas e partidas, como se
fossem amigos meus.
Olhei para o balcão de primeira classe da United e só
havia um único funcionário e nenhum passageiro para
fazer o check-in. Por um segundo, contemplei o semblante
do atendente que ainda arrumava algo sob o balcão. Olhei
à volta e me dei conta das inúmeras vezes por que lá
passei. Lembrei chegadas e saídas nos Clippers da Pan Am
e nos Boeings da Transbrasil. Lembrei de vôos felizes
com namoradinhas, de despedidas mais tristes. Da
correria das viagens de trabalho ao ritmo mais relaxado
de viagens de férias. E é por isso que acho impossível
que um lugar que presenciou tanta emoção não grave isso
nas paredes, nos carpetes, nos balcões. Se a vida é a
arte do encontro, então portos e aeroportos deveriam ser
templos.
Tá filosófica demais a coisa: vamos embarcar no
777-200ER da United e cortar esse papo furado. Então: o
check-in foi feito pelo funcionário, que heroicamente
extraiu um sorriso discreto de sua alma ainda sonada.
Sorri de volta, me solidarizando silenciosamente, pois
meu sono também era grande e aumentava quando pensava
que o dia adiante seria longo.
Fazia o check-in para o United 732, vôo proveniente do
Brasil, non-stop de Guarulhos, com escala em Miami e
destino final Los Angeles. Dentro dele estava a Sharon,
minha esposa, a quem reencontraria depois de 8 dias de
trabalho nos USA. E então sairíamos em nossa segunda
viagem de Lua-de-Mel, outra volta ao mundo, que
começaria alí mesmo naquela manhã de 12 de outubro de
2000.
Boarding pass na mão, fui para a sala VIP. Sharon entrou
pouco depois, feliz e bem-disposta, com uma ótima cara
de quem dormiu bem: as suítes de primeira classe
garantiram à ela umas boas horas de sono após decolar de
GRU. Fiquei assistindo CNN enquanto ela tomava um
chuveiro, uma das grandes, senão a maior, vantagem das
melhores salas VIP de Primeira Classe.
O UA732 naquela manhã seria operado pelo N799UA, um
777-200ER com dois anos e 5 meses de uso, entregue à
United Airlines em 8 de maio de 1998. Com 278 lugares em
3 classes, o N799UA já estava equipado com as modernas
suítes na First Class (78 polegadas entre as fileiras) e
com as novas poltronas na Executiva (49 polegadas de
pitch - que vem a ser a separação entre fileiras). Ambas
são excelentes, mas a First Suite é fora de série.
As doze poltronas, ou melhor, suítes, garantem total
conforto pois reclinam 180 graus, transformando-se em
leitos de 1,90m de comprimento. Divisórias podem ser
erguidas, separando-as dos passageiros ao lado, embora
sua configuração "espinha de peixe", a quase 30º do eixo
longitudinal do avião, já garanta bastante privacidade.
Estava com a Sharon ao meu lado e erguer a divisória nem
se cogitava - pelo menos não naquela fase do casamento,
embarcando para nossa segunda lua-de-mel.
Finalmente embarcamos e a tripulação não nos recebeu
como deveria. Atarefados, alguns deles conferiam ítens
na galley e não ajudavam ou recebiam os passageiros como
era de se esperar. Um clima de "help yourself" pairava
na cabine dianteira do avião. Olhei para a Sharon e
ergui a sobrancelha. Ela me olhou de volta e nem
precisou dizer muito: "bem-vindo de volta ao padrão de
atendimento típico de empresas aéreas norte-americanas."
Com casacos e malas de mão por acomodar, começamos a nos
espalhar por nossas suítes quando apareceu a primeira
comissária, que nos saudou sem olhar nos olhos. Reputo
isso como uma arte e tanto, só possível de ser dominada,
talvez, quando você lida como público por mais de 30
anos e odeia cada segundo disso. Parecia ser o caso.
Mecanicamente, ela então levou nossos casacos para o
armário dianteiro enquanto ocupávamos nossos lugares.
Ofereceu suco de laranja ou água, enquanto as portas do
N799UA eram fechadas às 06:55, prenunciando uma partida
antes do previsto, o que de fato acabou ocorrendo. Eram
07:00 quando iniciamos o push-back, e sete minutos
depois, o N799UA taxiava rumo à pista 27L de Miami. Eram
07:13 quando as 280 toneladas do monstro venceram a
gravidade, com seus dois motores gritando. E esse é um
dos únicos problemas que vejo no 777: seu ruído interno
elevado, principalmente na decolagem.
A clássica curva fechada à direita, ainda sobre a pista
- manobra que parece ser marca registrada da United,
como eu previa, foi executada con gusto, fazendo o
gigantesco birreator assumir uma atitude mais própria
para um caça. Foi adorável. Gear up, climb thrust, o 777
ficou um pouco mais silencioso então.
CBs e nimbus nos saudaram, iluminados pelo sol da manhã
que começava. O 777 acelerava rumo ao Golfo do México e
à Costa Oeste dos Estados Unidos. Eu particularmente
adoro vôos transcontinentais domésticos nos Estados
Unidos, principalmente no sentido Oeste. Em primeiro
lugar, porque adoro a Costa Oeste e suas cidades
incríveis. Mas em segundo, pois a maioria dos vôos é
feita sobre paisagens lindas e durante o dia. Era o caso
deste UA732, que 2.342 milhas depois tocaria na
ensolarada Califórnia.
Mal estabelecemos nossa altitude de cruzeiro, a
tripulação passou distribuindo cardápios com as opções
de refeição no UA732. Teríamos um café da manhã completo
e um snack antes do pouso em Los Angeles. Comissários em
empresas aéreas norte-americanos são promovidos por
senioridade, não por meritos. Vôos e equipamentos
nobres, na maioria das vezes, são portanto território de
profissionais mais veteranos e alguns deles já não
demonstram a paciência e dedicação necessária para lidar
com o público. Das duas comissárias trabalhando na First
Class do N799UA naquela manhã, uma fazia parte deste
grupo. A outra, não. Uma senhora já na casa dos 50 e
tantos anos, parecia uma embaixatriz: elegante, dominava
a cabine com sua postura altiva e sua atitude impecável,
o que só acabava por expor ainda mais o descaso de sua
colega.
Tivemos a sorte de contar com seu talento ao servir
nosso café. Sua simpatia e presteza tornaram a viagem
muito mais agradável, o que corrobora minha tese de que
a qualidade da tripulação é diretamente responsável por
pelo menos 50% da experiência de um vôo: pode ser a
aeronave mais confortável e moderna do mundo, mas se o
tratamento é ruim... esta é a impressão que fica.
Nossa comissária serviu o café. Optei por uma saborosa,
conquanto "radioativa" refeição, composta por uma
omelete com queijo cheddar, que deveria ter umas 12.485
calorias, acompanhada por filés de lombo de porco,
salsichas de perú e, como se fosse em remorso, fatias
finas de frutas frescas. Chá, pães quentinhos, geléias e
uma vasilha de cereais imersos em leite Tipo A
garantiram o encerramento do regabofe que deve ter me
custado uma 3 semanas de expectativa de vida, devido ao
sensível estreitamento de minhas safenas e mamárias.
Paciência.
Terminada a refeição, olhei para o relógio; já tinhamos
mais de 1:30 de viagem, o que nos dava pouco mais de 3
horas restantes de vôo para atingirmos a Califórnia. A
combinação de pança cheia e 3 horas de sono na noite
anterior surtiu efeito. Em minutos, a poltrona virou
cama e eu virei anjo. Fui despertado com um leve toque
por nossa simpática comissária afro-americana: "Deseja
uma sopinha, Mr. Beting?" Há modos e modos de se acordar
alguém, e o dela foi excelente.
Não desejava a sopinha, mas ao deitar os olhos na bonita
apresentação da substanciosa clam chowder graciosamente
servida dentro de um mini-pão italiano... não neguei
minha raça e em minutos acabei com ela: Mr. Beting 1 x 0
Clam Chowder.
Dos assentos vazios ao lado dos nossos, observei a
paisagem abaixo: os desertos indicavam nossa iminente
chegada à Los Angeles. O comandante fez um speech curto
e bem humorado, indicando que nosso pouso era questão de
minutos. Em seguida, reduziu as manetes do gigantesco
birreator, que cortava os céus cristalinos de uma manhã
especialmente límpida, comum no outono californiano. É
justamente por condições climáticas como esta que
Holywood fica em... Holywood!
O habitual tráfego intenso de LAX garantiu uma redução
de velocidade em nossa viagem. Mas quando as 12 rodas do
trem de pouso principal tocaram suavemente a pista 25L
do aeroporto de Los Angeles, o United 732 completou mais
um transcon em quatro horas e 50 minutos, excelente
marca. Desembarcamos e saímos para a agradável manhã
californiana, sob um céu CAVOK e com 22ºC no termômetro.
Um típico Happy End Hollywoodiano.
Avaliação: notas vão de zero a dez.
1-Reserva: Nota 7.
Reconfirmada no 0-800 da United nos USA, com a habitual
espera por um atendente.
2-Check-In: Nota 10.
Rápido e sem fila mas com um baita dum sono...
3-Embarque: Nota 10.
Direto da sala VIP para o assento.
4-Assento: Nota 10.
Melhor impossível.
5-Entretenimento: Nota 8.
O padrão da United é muito bom, com vários filmes nos
monitores individuais. Só não é AVOD -Audio-Video
On-Demand.
6-Serviço dos comissários: Nota 7.
Uma ótima, a outra péssima. Welcome to the friendly
skies.
7-Refeições: Nota 10.
Perfeita para o trecho e horário.
8-Bebidas: Nota 10.
Idem.
9-Necessaire: Nota 5.
Modesta, e só foi distribuída depois da decolagem.
10-Desembarque: Nota 10.
Rápido e sem problemas.
11-Pontualidade: Nota 10.
Chegando e saindo antes do horário.
Nota final: 8,82
Comentário final: Quase perfeito. Não fossem os maus
bofes e indiferença de dois comissários na First Class,
o UA732 teria sido um vôo absolutamente impecável.
Quando se voa de Primeira Classe, a peneira fica ainda
mais fina: qualquer deslize tem de ser notado. Afinal,
pelo que se paga, o passageiro tem mesmo o direito de
exigir. Mesmo assim... bom trabalho, United.
Gianfranco Beting
United
Nosso Flight Report avalia dois vôos da United Airlines:
os trechos entre New York (La Guardia) - Chicago (O`Hare)
- Guarulhos. Na terça feira, 20 de março, havia acabado
de chegar de Zürich via aeroporto Kennedy em NYC. O frio
de zero grau e os céus azuis marcavam a despedida de um
inverno nada rigoroso. Nesse clima quase primaveril,
entrei no saguão da United no aeroporto de La Guardia, o
mais central a servir a Big Apple.
Parecia deserto: não havia filas, nem confusão, nem
correria, típicas desse aeroporto que por diversas
razões lembra muito Congonhas. O check-in foi feito
rapidamente nos balcões dedicados aos passageiros de
primeira classe e executiva. Logo minha mala caminhava
rumo ao sistema de esteiras que a levaria ao 737-300
escalado para o vôo UA691. Eu, de cartão de embarque na
mão, enfrentei a fila (curta) do raio-x e inspeção de
segurança para ter acesso ao portão C12, de onde a
aeronave decolaria para O`Hare, distante 740 milhas de
La Guardia. A espera pelo vôo não poderia ser melhor: a
visão dos pátios e pistas desde esse portão é
simplesmente magnífica, e as quase duas horas que
passaria por lá valeriam muitas fotos.
Mas o vôo 691 estava atrasado: ventos fortíssimos, tanto
em rota quanto na terminal, atrasaram toda a aviação
naquela tarde. O Boeing 737 (N341UA) escalado para o vôo
deveria ter pousado as 17h00 mas, até as 17h45, nada
dele. Finalmente, as 17h55 ele pousou e veio taxiando em
alta velocidade ao portão C12: a saída seria atrasada
certamente. O que não seria nada bom: se o vôo 691
estivesse no horário, teria pouco mais de uma hora para
fazer minha conexão no gigantesco aeroporto de O`Hare. E
isso não é nada fácil naqueles terminais monstruosos.
Tão logo os passageiros do vôo que chegava
desembarcaram, os profissionais da UAL avançaram avião
adentro e preparam-no para a nova partida em questão de
minutos. O embarque começou as 06h10 e as 06h25 estava
concluído, apesar de não haver muitos assentos livres.
As 18h27 a comandante Donohue solicitou push-back e
acionamento. Entramos na longa fila de decolaem (18
aviões à nossa frente) taxiando para a pista 04 as
18h34. Ficaríamos em solo aguardando nossa vez até as
19h14, quando o Boeing finalmente alinhou. Sem esperar
mais um segundo, a cmte. Donohue acelerou os dois CFM ao
máximo e em 32 segundos, puxou o manche do 737-300 para
sí. Decolamos e subimos com apenas uma barra avermelhada
a oeste, marcando o poente. Que quase serviria como
nossa proa até Chicago.
O serviço de bordo na classe econômica seguiu o padrão
miserável (ok, espartano) de hoje em dia: limitou-se a
bebidas apenas, neste vôo que levaria 02h04, segundo os
computadores de bordo indicaram à comandante.
Estabilizamos em rota e, no vôo lotadíssimo, não havia
muitas opções de entretenimento. Nem possibilidade de me
mover: estava na poltrona 10F (janela), imediatamente
atrás da saída de emergência, o que ao menos garantiu
espaço para esticar as pernas: não havia assento à minha
frente de maneira a permitir mais espaço para que
esticasse as pernas, ao menos. Sob este aspecto (pitch)
o 737 da United tenha [arecido confortável. São apenas
120 assentos (8 na Primeira Classe e 112 na econômica).
Empresas aéreas low-cost, por exemplo, lotam um 737-300
com 144 assentos. Se o interior do 737 estava bem
conservado, externamente o 737, entregue novo à United
em 10/88, já mostrava visíveis sinais de sua idade.
O serviço de bordo foi iniciado: uma bebida. Ponto
final. Haja paciência para se voar hoje em dia em
"companhias full-fare". Engraçado é pensar que "fare" em
inglês tem duplo sentido: significa tanto "tarifa" como
"refeição." Eu, hem?
Mas do ponto de vista aeronáutico, o 737-300 ia seguindo
em sua rota, avançando rumo ao poente. A noite era
cristalina mas escura, com apenas uma casquinha de lua
nova a se destacar. Finalmente, depois de uma hora e
trinta, o Boeing iniciou sua descida. O pesado tráfego
atrasou ainda mais nossa chegada. Pousamos na pista 09
as 20h28, e iniciamos o taxi ao portão C32. Portas
abertas, saí do 737 as 20h45, quinze minutos antes da
partida do vôo 843 para o Brasil. Pensei: "Não vai dar."
Ao chegar aos monitores que informam as saídas, senti
uma pontinha de esperança: o vôo 843 sairia do portão
C20, a meros 100m de onde estava. Voei para a lá e
encontrei o portão ainda aberto, mas já deserto: o
embarque estava sendo encerrado. Passei como um bólido e
entrei no 767-300ER. Eu havia conseguido. Mas, e a mala?
"Pode ficar sossegado" disse um agente da empresa. "Este
vôo não sai daqui sem sua mala." De fato, com o rígido
controle de segurança nos dias de hoje, malas e
passageiros têm obrigatoriamente de viajar juntos.
Tranquilizado, ocupei minha poltrona, 6A, segunda
fileira da classe executiva do N656UA, Boeing 767-323ER,
entregue à United em janeiro de 1993. Poltrona
confortável, interior num padrão razoável de conforto,
(2+2+2) com espaço correto entre fileiras.
O 767 foi rebocado para o pátio as 21h01 e o motor 2
acionado. Com mais seis minutos, saímos taxiando em meio
ao mar de jatos da United, neste que é seu maior hub.
Lotação completa na primeira classe (10 assentos), na
executiva (32) e metade dos assentos desocupados na
econômica, que neste 767 está configurada com 151
poltronas. O vôo 843 partiria abaixo do peso máximo da
decolagem (184.612 kg) mas com tanques cheios para a
etapa estimada pelo comandante em 10 horas de vôo até
Guarulhos.
Alinhamos na pista 32R (3.050m) e a autorização para
decolagem veio às 21h22 minutos. Os dois motores Pratt &
Whitney PW4060 foram acelerados ao máximo e em 32
segundos atingimos nossa V-R, rodando suavemente e
subindo em cumprimento à SID O`Hare One. Trens em cima,
o 767 negociava sua saída em meio ao pesado tráfego de
ORD onde, a cada dia, nada menos que 2.600 operações de
pouso e decolagem são realizadas em suas sete pistas.
Estabilizamos a 31.000 pés e a veteraníssima tripulação
de cabine, toda ela baseada em Chicago, iniciou o
serviço de jantar. As tradicionais castanhas quentes
vieram junto com um drinque de boas vindas. Examinei o
cardápio: de entrada, uma salada verde com duas fatias
de salmão defumado. Depois, três opções de prato:
costela bovina com vinho do porto, uma massa recheada
com tês queijos e peito de frango empanado com arroz
pilaf. Fiquei nesta última e estava razoável. Bebidas: a
carta mostrava quatro opções de vinhos brancos e quatro
de tintos, mas na prática havia apenas duas opções de
brancos e duas de tintos no vôo. Os dois escolhidos
estavam bastante bons: um chardonnay californiano,
Jaffelin Rully 2004 e o shiraz australiano Warburn
Premium Reserve 2005.
Os monitores nas poltronas ainda são pequenos (6
polegadas) e o sistema de entretenimento da United ainda
é central, ou seja, não há controle da programação pelo
passageiro, que pode apenas escolher o que quer ver e
ouvir, mas não detreminar o "quando". Em função disso,
não dei muita bola para o sistema e liguei meu Ipod.
Deixei minha telinha no sistema Airshow onde acompanhei
nossa trajetória: após a decolagem, sobrevoamos os
estados de Indiana, Tennessee, Alabama, Geórgia, costa
oeste da Flórida e a cidade de Miami, passando
ligeiramente à oeste dela as 23h00. O Boeing já voava a
34.000 pés quando deixou a costa norte-americana para
trás.
Exausto pelo dia - que havia começado em Zurique,
passado em Nova York, trocado de aeroporto e enfrentado
a tensão de achar que perderia a conexão em ORD -
estiquei-me na poltrona e embarquei num sono profundo e
pesado, de seis horas. Acordei com o café da manhã: um
prato de frutas frescas, um croissant, bebidas e iogurte
ou cereais. Nada de pratos quentes, ovos. Geração saúde
ou padrão "monástico-espartano"? Você decide.
Lá fora, uma linda manhã de outono: muito sol e 24ºC.
STAR Tuca para a "zero nove" direita de Guarulhos e
pouso suave às 10h00, entre quatro Boeings 737 da Gol:
um à nossa frente (PR-GIC) e três atrás. Estacionamos no
terminal um, ao lado do N653UA, o 767 da United pintado
nas cores da Star Alliance. Depois de voar 9.897 milhas
em 24 horas, estava em casa. E minha mala também!
Avaliação: notas vão de zero a dez.
1-Reserva: Nota 10.
Muito bem feita pela United, usando minhas milhas.
2-Check-In: Nota 10.
Simpático e eficiente, feito em La Guardia.
3-Embarque: Nota 10.
Organizado em LGA, como uma flecha em ORD.
4-Assento: Nota 6.
Dentre os assentos "comuns" é dos mais confortáveis. Tem
entrada para laptop, monitor individual (antiquado). A
despeito de não virar cama, ainda assim permite um bom
descanso.
5-Entretenimento: Nota 6.
Não há sistema AVOD.
6-Serviço dos comissários: Nota 6.
Simpáticas? Umas sim, outras definitivamente não. Bem
apresentadas? Não. Eficientes? Razoavelmente.
7-Refeições: Nota 6.
Menos do que foi oferecido seria insultoso. Ponto alto
as quantidades, ponto baixo a variedade - e a falta de
finesse de modo geral.
8-Bebidas: Nota 7.
Somente metade da carta estava a bordo. Mas o que
embarcou estava bastante bom.
9-Necessaire: Nota 6.
Apenas razoável. Um saquinho de nylon com o básico
dentro.
10-Desembarque: Nota 10.
Bastante organizado e com minha mala na esteira sem
muita demora.
11-Pontualidade: Nota 10.
Saiu cravado e chegou adiantado cinco minutos.
Nota final: 7.90
Comentário final:
Tendo voado horas antes na Primeira Classe da Swiss e na
Executiva da Emirates, confesso que meu padrão de
tolerância estava desregulado. Havia sido tratado como
rei nestas duas empresas. Sabia que a United estava em
processo de recuperação, e que seu padrão de serviço,
que já conhecia de vários vôos anteriores, era
satisfatório. Depois destes dois vôos, o tumultuado UA
691 e o sereno UA 843, saí favoravelmente impressionado
com a empresa. Sim, ela já teve melhores momentos. Sim,
ela por muito tempo foi a segunda maior empresa aérea do
mundo e ainda é uma gigante. Mas é um Gentle Giant, em
homenagem ao grupo de rock progressivo dos anos 70.
Coisas da minha geração.
Gianfranco Beting