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Turkish Airlines
Esta é nossa primeira experiência na Turkish Airlines,
ou Türk Hava Yollari. Você vai voar no A340-300 da
empresa sem escalas entre Guarulhos e Istambul,
literalmente passando um fim de semana onde a Ásia
começa e a Europa acaba.
Sexta-feira 13 de agosto foi um dia de fato agourento,
pelo menos em São Paulo. Ainda que não seja
supersticioso, a caminho do aeroporto, um atropelamento
obrigou o pouso do helicóptero de resgate, complicando
ainda mais o já difícil trânsito paulistano nos Jardins.
E como desgraça pouca é bobagem, um grave incêndio
arrasou uma favela às margens da rodovia que leva a
Guarulhos, interrompendo metade das faixas de trânsito
das vias de acesso. Chegar a GRU, invariavelmente uma
provação, ficou especialmente complicado naquela noite
de lua crescente. Crescente como a lua estampada na
bandeira turca. Ainda que o grande herói da moderna
Turquia, Ataturk, tenha definido o Estado turco como
laico, este fascinante país de maioria islâmica era o
meu destino naquela noite agourenta.
A sorte aparentemente estava ao meu lado, sobretudo ao
chegar a Guarulhos. Com menos de uma hora antes da
partida do voo TK16, marcada para as 23h25, não havia
fila no check-in, tampouco mala para despachar, pois
passaria apenas 14 horas na Turquia antes de voltar ao
Brasil. Em dois minutos, cartão de embarque na mão,
rumei para a imigração e, novamente, não havia filas
quilométricas. Em pouco tempo, cheguei à Sala VIP Smiles,
empregada para receber os passageiros da business class
da Turkish. Fomos chamados por volta de 22h45, bem antes
da partida. Embarquei no A340-300 matriculado TC-JII e
batizado "Mersin" em homenagem a uma das maiores cidades
da Turquia. Esta aeronave voa desde quando foi entregue
pelo fabricante em abril de 2000 e por fora já
aparentava sua idade. Por dentro, porém, estava muito
bem conservada.
A tripulação, extremamente amável ao me receber - e
depois constataria, durante todo o voo -, acomodava a
todos a bordo, oferecendo água, champanhe ou sucos como
gesto de boas-vindas. Fui conduzido ao assento 1K,
primeira fila da aeronave, que não dispõe de primeira
classe- pelo menos não oficialmente, pois o padrão de
conforto e serviço, como viria a experimentar nas horas
seguintes, seria mais para uma primeira classe do que
para uma executiva.
O embarque transcorreu sem problemas. Nosso push-back
foi atrasado em 20 minutos, em função do pesado tráfego
aéreo naquela hora de pico em GRU. O "Mersin" foi
rebocado do portão 24 da ala C e seus quatro motores CFM
acionados. Naquela noite, a pista em uso era a 27R e
nossa saída por instrumentos a Nemo 27, com transição
Nogur. Pesando 246,7 toneladas, o Airbus estava abaixo
de seu peso máximo de decolagem, 275.000 quilos.
Iniciamos o longo táxi, ainda mais lento em função dos
trabalhos na taxiway próxima à cabeceira 27, o que
obrigou o comandante do TK16 a adentrar na própria pista
e realizar a manobra conhecida como back track, quando
uma aeronave usa a própria pista no sentido oposto ao da
decolagem para posicionar-se na cabeceira. Finalmente, e
já aos 22 minutos da manhã do sábado, o A340-300 alinhou
na pista 27R e aguardou a autorização da torre GRU para
iniciar sua jornada de 10.535 quilômetros até a pista
36R do aeroporto Ataturk Istanbul International.
Autorização concedida, potência foi aplicada à quadra de
motores CFM 56-5C4. Quem já decolou em um A340-300 sabe
que este notável avião nunca será lembrado por ter um
desempenho, digamos, exuberante. Na relação
peso/potência, o A340-300 mais parece um jato de
primeira geração. A aceleração e ganho de altitude são
mesmo muito lentos. Sendo assim, nessa decolagem de
Guarulhos, somente no terço final da pista é que
atingimos nossas velocidades críticas: V-1 de 142 nós,
V-R de 151 e V-2 de 158 nós. Cada metro de altitude
parece ser negociado como no Chuk, o fascinante mercado
no centro de Istambul - que nesta viagem "bate-e-volta"
não teria oportunidade de visitar novamente. Assim, após
deixarmos o solo, me senti participando
involuntariamente de uma excursão cujo nome poderia
muito bem ser "Guarulhos City by Night": ganhando altura
devagar sobre o casario modesto da cidade, fiquei com
inveja do pessoal em terra - o quadrimotor turco
passando baixinho naquela noite de lua crescente deve
ter sido uma visão e tanto. Devagar e sempre, aos poucos
ganhamos altura e tomamos a proa oeste, passando sobre
São José dos Campos, no Vale do Paraíba; depois Nova
Friburgo, Estado do Rio; antes de prosseguirmos para
Cachoeiro do Itapemirim, Espírito Santo, que deixamos
ligeiramente à nossa esquerda. Cruzamos o litoral
brasileiro um pouco ao norte de Vitória e de lá apenas o
Oceano Atlântico teríamos pela frente até cruzar a costa
africana horas depois.
Tão logo estabilizamos, a tripulação passou a servir
desde o bar que domina a parte frontal da cabine de
classe executiva, que dispõe de 34 poltronas arranjadas
2-2-2. Em minutos, drinques de boas-vindas foram
distribuídos. Uma bandeja com canapés frios tão vistosos
quanto saborosos logo circulou. Cardápios foram
distribuídos e observei as várias opções disponíveis.
Como entrada teria que escolher entre rosbife e salada
verde ou carpaccio de salmão; depois, um mezzé típico
composto por tabule, berinjela no azeite e salada; um
saboroso creme de cogumelos precedia uma das três opções
de pratos principais: costeletas de cordeiro com molho
de alecrim; ravióli de ricota e espinafre; namorado com
puré de batata. A carta de vinhos agradou: havia desde
produtos locais, com garrafas de turcos tintos (2005
Doluca Karma) e brancos (2007 Kavaklidere Narince). Para
os menos curiosos, opções de vinhos da França (Chablis
Michel Laroche 2005 e Lamothe Pontac Medoc 2006),
Espanha (200 Beronia Crianza) e Argentina (Norton Bodega
Privada 2007). O champanhe era um Gosset Brut e o Porto,
um Graham's 2003 Late Bottled. Chivas Regal, Johnnie
Walker Black Label, Smirnoff Black, Grand Marnier,
Bailey's, cervejas Carlsberg e a turca Efes Pilsen
completavam as opções de bebidas. A sobremesa, então,
foi um caso à parte. Quando a comissária percebeu que eu
havia pedido "apenas" frutas e queijos, ela ficou
indignada: "Como? Não vai provar nossos doces turcos?
Ah, vai sim!". E trouxe um pratinho com pequenas
quantidades de doces típicos. Ela estava certa em
insistir: a base de pistache, mel e massa folhada,
estavam deliciosos.
Era noite fechada e já passava das 2 da manhã. Abaixo de
nós, adiante, somente a escuridão do Atlântico.
Cruzávamos a 35.000 pés e teríamos muitas horas de voo
pela frente. Analisei o sistema de entretenimento
on-demand. Muito bom, com navegação interativa, boa
seleção de áudio e vídeo. A "CDteca" foi claramente
escolhida por alguém que tem muito bom gosto. Nos vários
gêneros à disposição, títulos clássicos como Heavy
Weather do Weather Report ou Kind of Blue de Miles Davis
apareciam ao lado de seleções mais modernas, mas muito
bem escolhidas. Gostei muito. Havia ainda a
possibilidade de envio de mensagens SMS (pagando com
cartão de crédito) bem como outras possibilidades de
comunicação, como um sistema de alimentação on-line de
notícias que podiam ser lidas através de um menu
interativo. Jogos, é claro, além de vasta programação de
vídeo, completavam as múltiplas possibilidades de
entretenimento.
Durante a noite, à medida que o A340 queimava 7.500
quilos por hora das 92 toneladas de JET A-1 abastecidas
antes da partida, a aeronave ficava mais leve e ia
ganhando altitude. Cruzamos o Atlântico a 35.000 pés,
subindo depois para 37.000 pés, nossa altitude final de
voo. Entramos na costa africana em um ponto ligeiramente
ao norte de Dacar, Senegal, e depois entramos em espaço
aéreo da Mauritânia. Nesse ponto, despertei e fiquei
admirando a paisagem desoladora abaixo: uma imensidão de
areia amarela, plana como uma tábua, até onde a vista
poderia alcançar. A tripulação logo veio oferecer um
sanduíche, pois a maioria dos passageiros ainda dormia e
o café da manhã não seria servido tão cedo. Aproveitei
para escrever este Flight Check, ligando meu laptop na
tomada universal, que está muito bem localizada nesta
poltrona da THY. Isto sempre agrada, pois em algumas
empresas é necessário ser contorcionista para achar e,
depois, conectar seu computador.
O A340 cruzava a Mach 0,81, mantendo uma IAS de 270 nós,
com GS (Ground Speed) de 550 milhas por hora. Durante a
noite enfrentamos um vento praticamente de proa com 13
nós. Nossa navegação nos fez alinhar a proa do jato com
Tunis, cidade que sobrevoamos às 11h00 ou 10 horas e 38
minutos após a decolagem. Nesse ponto já havíamos
percorrido 5.741 milhas. Deixamos o continente africano
e o jato tomou a proa da Sicília, cujo litoral norte
sobrevoamos. Então foi a vez de cruzar praticamente na
vertical do Estreito de Messina e cortar a Calábria.
Antes da chegada, mais uma refeição foi servida. O
brunch, bem completo, apresentava frutas, sucos, pães,
iogurtes, bem como dois pratos quentes para escolher.
Como no jantar, agradou bastante. Eram 12h37, hora de
Brasília, ou 18h37, hora local, quando iniciamos a
descida para Istambul. Uma tarde linda, Cavok, com 31ºC,
nos esperava. Navegamos seguindo a aproximação EKI 1A
para a pista 36R. Tocamos às 19h08, com suavidade,
concluindo esta etapa de 10.535 quilômetros em 12 horas
e 46 minutos.
TK15 IST-GRU
Manhã de domingo ensolarada em Istambul no dia 15 de
agosto. O calor já se fazia intenso, 30ºC, quando entrei
no saguão do moderno terminal internacional para fazer o
check-in na classe executiva da Turkish. O procedimento
feito na ala "Echo" do aeroporto, dedicada aos
passageiros da business, levou apenas alguns segundos. O
controle de passaportes, também em uma ala dedicada aos
passageiros da business e first, igualmente não
apresentava filas. Em poucos minutos estava entrando no
enorme salão VIP da Turkish, decorado de forma
inusitada, reproduzindo uma típica habitação turca. O
enorme espaço tem várias subdivisões, onde é possível
tomar um chuveiro, descansar, alimentar-se - café da
manhã era servido naquele momento - ou simplesmente
esperar a chamada para embarque. Eram 9h45 quando
finalmente chegou a hora do embarque. Nosso portão foi o
312, com direito a uma viagem de ônibus até uma posição
remota, onde nos aguardava o A340-300 matriculado TC-JIH
e batizado "Kocaeli" em homenagem a outra cidade turca.
A bordo, outra tripulação amável nos recebeu com drinque
de boas-vindas, acomodando os 252 passageiros com
destino ao Brasil - ou destinos além. Havia um grupo que
tinha por destino final Buenos Aires e faria conexão com
a TAM, parceira da THY na Star Alliance. Dia de casa
cheia: nada menos que 100% dos assentos na classe
econômica ocupados, mas apenas 16 dos 34 assentos da
business ocupados. Minha poltrona era a 5K, penúltima
fila da cabine dianteira. Eu sempre dou preferência a
poltronas nas últimas fileiras. Primeiro, porque a
possibilidade do assento ao lado estar vazio é sempre um
pouco maior. Mas, principalmente, porque consigo
observar o ritmo do serviço de bordo, a maneira como os
tripulantes servem e se movimentam no trato com os
passageiros. Portas fechadas pontualmente, deveríamos
partir no horário previsto, 10h45. No entanto, o tráfego
pesado impediu o início de nossa viagem.
Somente às 11h05 o trator iniciou nossa jornada,
empurrando o TC-JIH para o ensolarado pátio. Quatro
motores acionados em sequência, tudo pronto para o táxi.
Os freios foram soltos e às 11h09 o A340 iniciou sua
marcha lentamente, entrando numa fila de nove aeronaves
sequenciadas para a pista 36. Finalmente às 11h37
alinhamos. Potência aplicada, o A340-300 estremeceu e
iniciou a corrida de decolagem. O "Kocaeli" pesava
264.100 quilos e carregava um total de 101.200 quilos de
combustível para a jornada estimada em 13 horas e 50
minutos. Ele levou exatos 48 segundos para atingir a
V-R, calculada em 142 nós. Nossa V-1 foi de 149 e a V-2,
ou safety speed, foi de 157 nós. Razão positiva de
subida estabelecida, o comandante deu a ordem de trens
de pouso recolhidos. Ainda que mais "limpo"
aerodinamicamente, o A340 resfolegava para ganhar
altitude naquela quente manhã de verão na Turquia.
Cumprindo a decolagem por instrumentos (SID) EKI 1K, o
A340-300 descreveu uma suave curva ascendente para a
esquerda, tomando a proa oeste, que nos levaria em
questão de minutos para espaço aéreo grego.
Sob um sol pleno e sem nuvens, esta viagem ia se
convertendo em uma aula de geografia, sobrevoando uma
região muito interessante. Dividia minha atenção entre a
janelinha e o monitor individual, acompanhando o trajeto
através do sistema Airshow. Literalmente, o tempo passou
voando.
Aproximadamente uma hora após a partida, teve início o
serviço de bordo. Mesmo padrão do voo na ida: coquetel
de champanhe e laranja, com canapés frios. Um carrinho
com múltiplas seleções de entradas frias; uma sopa
típica (e deliciosa) de lentilhas; três opções de pratos
quentes: badejo com legumes e batatas, um típico shish
kebab, um espetinho de carne de cordeiro (minha escolha
e estava excelente), e, para fechar, um rigatoni com
molho cremoso de tomates. Um carrinho de sobremesas,
frutas e queijos seguiu-se e, depois de tudo, chá, café
e digestivos. O almoço servido foi realmente muito bom.
Uma tradição que anda em franco desuso na classe
executiva, o mise en place, ainda é padrão na THY. Ao
invés do seu prato vir já montado pela comissária, é o
passageiro quem escolhe, de um carrinho no corredor, o
que e quanto ele quer comer. Dá mais trabalho, acarreta
mais desperdício e, portanto, maiores custos para a
empresa. Mas é muito mais elegante e lembra o padrão de
antigamente, quando voar ainda era para poucos. Não que
eu tenha saudade disso, mas que é mais charmoso, não há
dúvidas. Estava experimentando um almoço saboroso, bem
apresentado, com boa variedade de pratos, ingredientes
fresquinhos - a salada verde estava impecável. E não
menos importante, com a presença de pratos típicos
turcos, uma culinária milenar e sofisticadíssima, embora
pouca gente saiba disso. Rica em texturas, temperos e
com matéria-prima de qualidade, os sultões sabiam
realmente se tratar.
Sendo assim, entreguei-me com curiosidade aos vinhos
turcos. Acompanhando os camarões e salmões da entrada,
provei e aprovei o chardonnay Kavaklidere Narince 2007:
bastante equilibrado, com uma acidez agradável e uma
alma bem mineral. Depois, junto ao kebab de cordeiro,
fui no tinto Doluca Karma 2005, um corte de merlot com
uma cepa local, a bogazkere. Também surpreendentemente
agradável. Sobrevoamos, depois de deixar a Grécia, o sul
da Itália, passando de raspão sobre a sola do calcanhar
da "bota", ligeiramente ao sul de Catanzaro. Então
seguimos, voando praticamente na vertical de Palermo,
Sicília, sobrevoada às 13h20. O A340 ainda mantinha o
nível de voo 320 (32.000 pés), pois não havia queimado
combustível suficiente para subir. Em duas horas de voo,
apenas 15 toneladas haviam sido queimadas. Eram
exatamente 14h27 quando deixamos a costa da Sicília para
trás e, apenas 13 minutos depois, cruzamos a costa
africana um pouco ao sul de Tunis. Minutos depois, olhei
para baixo e não pude deixar de ficar assombrado com a
desoladora paisagem. Era uma imensidão de areia, sem
nenhum traço da mão humana, nenhuma estrada, vila,
animal, nada. Apenas areia até onde a vista podia
alcançar. Uma boa hora para aproveitar a programação de
entretenimento on-demand. A THY tem uma publicação
especial, Planet, editada justamente para ajudar na
escolha dos programas de entretenimento, tamanha a
variedade. Dormi um pouco e acordei minutos antes de
concluída esta parte "africana" de nosso percurso.
Durante a travessia do norte da África, o Airbus, cada
vez mais leve, ascendeu para 34.000 pés. Prosseguimos
sem enfrentar ventos de proa muito fortes, mantendo boa
velocidade em relação ao solo. Após deixar a costa
africana ligeiramente ao norte de Dakar, precisamente às
17h50 (horário de Istambul), com 4 horas e 13 minutos de
voo e 3.300 milhas percorridas, o "Kocaeli" subiu para
36.000 pés. A velocidade nesse momento era de 550 milhas
por hora em relação ao solo. O voo ficou turbulento
pouco depois disso: pesadas formações de cúmulos-nimbos,
comuns nessa região e sobretudo nessa hora do dia,
tinham seus topos mais altos até do que o nível 360 que
o jato da Turkish cruzava.
Esta é uma viagem longa, não apenas para nós
passageiros, mas sobretudo para os tripulantes. Se
considerarmos 14 horas de voo, mais o tempo de
apresentação anterior à viagem e o tempo de deslocamento
até o hotel na chegada, passamos facilmente de 17, 18
horas de jornada. Sendo assim, em viagens desta duração,
as empresas empregam o que se chama de "tripulação
técnica de revezamento". São duas equipes de pilotos
que, como o nome indica, revezam-se nos comandos. A
praxe é dividir em duas duplas a tripulação. A parelha
que faz a decolagem, depois deixa a cabine e descansa
durante a etapa de cruzeiro, enquanto a outra dupla
assume o comando. Depois, antes da chegada, os dois
pilotos que decolaram voltam a seus lugares no cockpit e
pousam a aeronave. No voo de regresso, esses papéis são
trocados. Em uma viagem como esta, São
Paulo-Istambul-São Paulo, cada piloto normalmente faz
apenas uma operação, um pouso ou uma decolagem. Pouco,
não é? Voar 28 horas para de fato "pilotar" manualmente
o enorme Airbus por apenas alguns minutos pode parecer
frustrante, mas é esta a realidade da moderna aviação
comercial.
Na cabine de passageiros, são 11 os comissários cuidando
do conforto e segurança dos viajantes. Há também uma
escala de revezamento e períodos de descanso. Em
aeronaves modernas desenhadas para voos longos, como o
A340 e 777, os fabricantes incorporaram áreas de
descanso no porão ou na "coroa", o espaço que fica acima
da cabine de passageiros. Estas áreas são dotadas de
beliches, luzes de leitura ou até monitores de vídeo, e
podem acomodar até seis comissários por vez. Para os
pilotos, normalmente esta área fica bem atrás da cabine,
com acesso direto através do cockpit, por razões de
conforto e segurança. Ainda assim, viagens longas como
esta cobram um preço elevado à saúde. A diferença de
pressão, longas horas sentado (ou em pé), diferenças
bruscas de clima e atravessar vários fusos horários são
algumas das causas do envelhecimento precoce de tantos
aeronautas.
Seja como for, a viagem transcorreu confortavelmente.
Durante todo o voo, o bar na parte dianteira da cabine
permanece aberto, para quem sentir que ainda pode se
servir de algo, o que definitivamente não era meu caso.
Ainda assim, três horas antes da chegada, a tripulação
ofereceu mais uma refeição leve. Começou com um mezzé
composto de salada caprese, alcachofras e salada de
frango ao curry; duas opções de pratos quentes, um trio
de massas ou karniyarik, berinjela recheada com carne,
molho de tomate e arroz. Provei esta típica iguaria e
realmente estava deliciosa. Um parfait de chocolate, chá
ou café deram por encerrada a experiência gastronômica
da Turkish Airlines, para desgosto do meu cardiologista.
Mais leve, o TC-JIH atingiu sua altitude de cruzeiro
final, 38.000 pés. Nossa rota nos levou após a travessia
do Atlântico a cruzar a costa brasileira sobre a cidade
de Vitória. De lá, descemos para o nível 340 e tomamos
uma proa direta para o Rio de Janeiro. Primeira redução
de velocidade, limitada a 400 milhas por hora pelo
controle de tráfego. Na vertical da Cidade Maravilhosa,
curva à direita e fomos então margeando o litoral entre
Rio e São Paulo, antes de entrar no tráfego para a 09R
de Guarulhos. Iniciamos a descida às 18h07, horário de
Brasília, ou 0,07 em Istambul. Negociamos o pesado
tráfego na chegada e tocamos suavemente em solo paulista
às 18h35, 25 minutos adiantado em relação ao horário
publicado de chegada. Tempo total para a etapa: 12 horas
e 58 minutos de voo.
Avaliação: as notas vão de 0 a 10
1- Reserva: nota 10
Emissão e escolha de assentos feita diretamente por
telefone em São Paulo. Fui atendido com extrema
cortesia.
2- Check-in: nota 10
Eficiência e simpatia totais, aqui e em Istambul.
3- Embarque: nota 10
Rápido e eficiente, lá e cá.
4- Assento: nota 8
Poltronas modernas, bem equipadas, mas não são lie-flat
como as melhores da categoria.
5- Entretenimento: nota 8
On-demand, atualizado tanto em software como em hardware
também: monitores de tamanho generoso.
6- Serviço dos comissários: nota 9
Simpático, faltou só um pouquinho mais de envolvimento
em função da dificuldade de linguagem: percebe-se que os
tripulantes da THY têm domínio apenas básico do inglês.
7- Refeições: nota 9
Saborosas e bem apresentadas, com toques típicos,
realmente muito boas.
8- Bebidas: nota 8
Corretas, com varidas opções de cervejas, de uísques, de
vinhos, etc.
9- Necessaire: nota 10
Compacta, completa, superelegante, uma das melhores
vistas recentemente em business class.
10- Desembarque: nota 10
Rápido e ágil.
11- Pontualidade: nota 10
Lá, ligeiro atraso. Aqui, chegamos 25 minutos antes do
STA.
Nota final: 9,20
Comentário final: a nota exprime a agradável experiência
que foi voar na THY. Para ficar perfeita, talvez
faltasse investir mais no treinamento dos tripulantes,
que mostram boa vontade, mas pouca fluência no inglês.
Pense na Turkish Airlines na hora de voar para a
Turquia, Europa Mediterrânea, subcontinente indiano e
Ásia. Você também vai ter uma agradável surpresa.