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Swiss
Vôos curtos podem servir como um retrato 3x4 de uma
empresa aérea: está tudo lá, o DNA da empresa,
apresentado em poucos minutos. Um caso perfeito é este
vôo entre a Alemanha e Suíça, cumprido num A319 da
empresa helvética Swiss International Air Lines. Venha
voar conosco.
Finalmente as 14h20 o vôo 1057 iluminou-se na tela de
LCD da sala VIP da LH em Hamburgo: era hora de partir.
Passei pela imigração rapidamente e loogio ocupava a
poltrona 1A, reservada no Airbus A319-119 de prefixo
HB-IPT.
Fazia 3ºC no aeroporto de Hamburgo, quando me apresentei
para o check-in para o vôo 1055, que tinha saída marcada
para as 20h10. Havia mudado meus planos de viagem e
tentei antecipar minha partida. Por sorte e consideração
da equipe de terra da swiss, fui acito no vôo 1057, que
tinha saída marcada para as 14h45. Recebi meu boarding
pass e logo fui para a sala VIP da empresa aguardar a
chamada para o vôo.
Finalmente, as 14h20 o vôo 1057 iluminou-se na tela de
LCD da sala VIP da LH em Hamburgo: era hora de partir.
Passei pela imigração rapidamente e logo ocupava a minha
poltrona no Airbus A319-119 de matrícula HB-IPT, em
operação desde 1997. Recebido com simpatia, ocupei meu
assento (1A) e logo um drinque de boas vindas foi
servido. Fui o último passageiro a embarcar e logo
detrás de mim a porta do Airbus foi fechada. Embarque
completo, havia apenas 5 assentos ocupados dos 12
disponíveis na classe executiva. O comandante logo deu
as boas vindas em três idiomas: inglês, francês e
alemão. O Airbus foi tratorado exatamente as 14h45, ETD
do vôo. Três minutos depois rumávamos para a pista 33 de
Hamburg. Taxi curto: as 14h51, os motores do A319 foram
acelerados ao máximo. Em apenas 27 segundos atingimos
nossa V-R e o jato decolou da pista molhada do aeroporto
alemão como um flecha.
Sua subida vigorosa fez com que rapidamente a paisagem
do norte da Alemanha desaparecesse, tragada pelo mar de
nuvens que cobria boa parte da região. O Airbus então
tomou a proa sul e iniciou sua subida para o nível de
vôo 330 (33.000 pés) que rapidamente atingiu. A cabine
estava tão impecável quanto a atitude da tripulação.
Parecia que o A319 tinha saído da linha de produção, que
fica a apenas alguma milhas do aeroporto de Hamburgo,
por sinal: os jatos A319 e A321 são montados pela Airbus
na unidade de Finkenwerdehr. Pode-se dizer que os A319 e
A321 são as únicas aeronaves alemãs do consórcio. Todos
os outros modelos da Airbus têm sua montagem final em
Toulouse, França.
Tão logo o A319 estabilizou, a comissária serviu um
brunch, uma refeição leve, fria e saborosa: arroz
basmati, branco, integral e selvagem acentuado por
lascas de aspargos. Bebidas a escolher foram oferecidas,
inclusive champagne Möet Chandon. Juntamente ao prato
principal, na bandeja, havia pão, manteiga e uma fatia
de torta de nozes com uma redução de calda de morango.
Café, chá, e uma generosa oferta de chocolates suíços
foram servidos com graça, em rápida sucessão.
Mal terminei a refeição e o HB-IPT abandonou sua
altitude de cruzeiro, após sobrevoar as cidades alemãs
de Hannover, Kassel, Frankfurt e Stuttgart. As manobras
iniciais de aproximação para pouso foram ainda
executadas sobre a Alemanha antes do Airbus entrar no
espaço aéreo helvético. Trem de pouso abaixado as 15h57,
a belíssima paisagem das cercanias do aeroporto de
Zurique passou rápido sob nossas asas: as 15h59,
precisamente, tocamos em solo suíço. Tempo total de vôo
para as 431 milhas percorridas: 01h08. Como não havia
malas despachadas, em minutos estava na calçada,
encarando o frio de 3ºC que congelava o norte da Suíça
naquela tarde.
LX16: Zurich-New York
Nevava profusamente em Kloten, o vilarejo onde está
situado o aeroporto de Zurique, no dia 20 de março de
2007. Aliás, era a primeira forte nevada de um inverno
especialmente quente e, até então, praticamente sem
neve. A apresentação no aeroporto foi as 08h00. Havia
feito o check-in na véspera ao chegar de Hamburgo. Não
houve nenhuma perda de tempo nos procedimentos de
imigração - nenhuma fila ou inconveniência - estamos no
primeiríssimo mundo, afinal. Embarquei no trem
subterrâneo que me levaria do terminal principal ao
portão E26, de onde o vôo LX16 partiria para New York.
Em lá chegando, a desagradável surpresa de ter de passar
duas vezes pelo contrrole de raio-x. O estranho
procedimento se explica: a sala VIP da Swiss, Bellevue,
fica na parte "de fora" da zona de segurança máxima
imposta pelo governo norte-americano em todos os vôos
para a América do Norte, que necessitam de um controle
absoluto, muito mais rígido de segurança. Após essa
dupla chicana, entrei no lounge Bellevue, de onde se tem
uma visão magnífica das pistas e terminais de ZRH. Tomei
meu café da manhã e pouco tempo depois prossegui para o
portão E26, onde tive a agradabilíssima surpresa de
saber que havia recebido um upgrade para a primeira
classe da Swiss!
Extremamente satisfeito com a novidade, aguardei o vôo.
Fomos chamados para embarque as 09h20, o que me permitiu
fotografar com calma o interior da aeronave e ainda
socializar com a tripulação que me levaria a NYC. Pouco
depois, uma entrada fria e quente foi servida ainda em
solo, juntamente com a bebida de minha preferência.
Excelente!
O embarque foi terminado em tempo mas o cmte. do vôo,
Eric Dekker, avisou os passageiros que sofreríamos um
atraso em nossa partida em função do controle de área de
Paris, que não poderia receber o vôo LX16 em função de
tráfego. Nosso novo estimado era 10h50. O jeito foi
aguardar. A neve que havia caído no princípio da manhã
cobria as asas do HB-IQC, que teria de passar por um
processo de descontaminação de gelo, sobretudo nas asas
e superfícies horizontais de controle. Finalmente, as
10h20 o trator empurrou o A330 para o pátio e os dois
motores foram acionados. O HB-IQC pesava 213,3
toneladas, sendo 55 t de combustível e 158,8 toneladas
entre a estrutura e a carga paga. Como seu peso máximo é
230 toneladas, a performance da aeronave deveria ser
melhor do que a de costume, o que permitiria uma subida
mais rápida e talvez algum ganho de tempo em rota. O
A330 em média consume aproximadamente 5,5 t de JET A-1
por hora de vôo.
Havia 194 pessoas a bordo: onze tripulantes, sendo dois
pilotos, o purser do vôo, Bruno Hasler; Dois comissários
trabalhando na primeira classe (Thomas Jegen e Daniella
Erni); três na classe executiva e três na classe
econômica. Dentre os passageiros a bordo do HB-IQC,
havia 5 na primeira classe, 34 na classe Executiva e 142
na econômica, num total de 183 pax (mais um bebê de
colo). Casa quase cheia: a capacidade do A330-200 da
Swiss na configuração de três classes é de 196
passageiros: 142 assentos na econômica, 42 na executiva
e 12 na primeira. A Swiss também tem mais duas
configurações internas no modelo A330, sendo que nesta
duas, há apenas duas classes de serviço (executiva e
econômica). Nestes casos, a capacidade de assentos chega
a 230 lugares.
Ainda nevava muito em Zurique quando iniciamos nosso
taxi as 10h24. O Airbus então saiu do portão E26 e fomos
até a estação de descongelamento. Através de
caminhões-tanque especiais, jatos de uma substância
descongelante dão um verdadeiro banho nas superfícies de
controle, derretendo a neve acumulada. Findos os
procedimentos, dez minutos depois, o A330 seguiu seu
taxi finalmente para a decolagem na pista 14.
O cmte. Dekker alinhou o Airbus e, com os freios
acionados, acelerou os dois motores P&W ao máximo. O
Airbus rugiu e com mais dois segundos, após a potência
ter atingido os parâmetros selecionados pela tripulação,
os freios foram soltos. O A330 iniciou sua corrida as
10h55. A V-1 de 142 nós foi ultrapassada sem dificuldade
e a V-R de 147 nós foi atingida 37 segundos após a
liberação dos freios. Em meio ao manto branco que cobria
os campos, pátios, pistas de taxi, o A330 deixou sua
base na Suíça para trás. Ultrapassamos nossa V-2 com 154
nós sem qualquer dificuldade. Ainda nevava bastante em
ZRH e o A330 logo entrou na camada de nuvens. Trens em
cima, aceleramos em nossa subida para nosso nível de
cruzeiro inicial, FL360 ou uma altitude de 36.000 pés.
O Airbus ainda subia cumprindo a SID VEBIT 2N (transição
LASUN) quando a tripulação de cabine ofereceu o menu, o
kit de amenidades e um simpático chinelo para utilização
durante o vôo. Tudo feito com classe e elegância. O
tempo estimado de vôo seria de 08h17 minutos, com
chegada oficialmente definida para as 14h00, hora local
em New York.
Logo que atingimos nossa altitude inicial de cruzeiro, o
almoço foi servido. A enorme mesa que faz parte da suíte
de primeira classe foi aberta e uma toalha de linho
colocada sobre a mesma. O cardápio trazia uma combinação
de opções variadas de entrada: um prato foi montado com
vieiras ligeiramente fritas, salmão marinado à oriental,
um enrolado de queijo de cabra e uma torta de frutos do
mar. Tudo excelente. Um belíssimo Premier Cru da
Borgonha, Beaune de Château 2004, foi escolhido para
acompanhar.
Depois, fomos aos pratos principais, que eram 4 neste
vôo: um red snapper (pargo), filé mignon com molho de
trufas e um arroz com tapenade, cenouras e risotto de
espinafre; um gigot de frango recheado de cogumelos
morel ao molho bechamel com batatas; uma lasagna de
aspargos com molho de aspargos. Depois, uma seleção de
queijos e duas sobremesas: chocolate Royale ou timbale
de manga. Depois, café, licores e trufas de chocolates
suíças,naturlich. E, para completar a pantagruélica
refeição, um belíssimo Sauternes, Les Sables D`Or
2003/2004, deixou boas memórias deste meu primeiro vôo
na Primeira Classe da Swiss. Tudo excepcional.
O A330 seguia sua rota rumo oeste cruzando a Mach 0.82,
com velocidade em relação ao solo de 430 nós. Após a
decolagem, sobrevoamos Lucerna, Nantes, Paris, a
Normandia antes de chegar à costa francesa, que deixamos
para trás exatamente as 12h00. A parte oceânica da
viagem foi estimada em 04h20 pelo primeiro-oficial
Christian Mayer. Depois da travessia, executada no nível
380 (38.000 pés), o A330 prosseguiu até chegar novamente
sobre terra, no continente norte-americano, as 13h25,
sobre a Terra Nova (St. John, Canadá). Depois o A330
tomou um rumo mais direto para a cidade de New York,
sobrevoando Halifax (também no Canadá) antes de entrar
em espaço aéreo norte-americano.
Antes do pouso, a tripulação comandada pelo purser Bruno
Hasler ofereceu mais uma refeição, oficialmente chamada
de chá da tarde e, na prática, composta por chás finos,
saladas, sanduíches frios, queijos finos, frutas frescas
e chocolates.
Sobrevoamos então Boston antes de iniciar (às 14h40)
nossa descida rumo a JFK. O Airbus navegou em meio ao
pesado tráfego, cumprindo a STAR PLYMM 4 para a pista
31L, onde pousamos as 15h15. Em questão de minutos
atracamos no velho terminal de JFK, completando as 3.391
milhas da travessia em 08h20.
Avaliação: notas vão de zero a dez.
1-Reserva: Nota 10.
Feita pela United, pelo telefone, usando milhas. Tudo
perfeito e simples.
2-Check-In: Nota 10.
Feito numa das estações de auto-atendimento. Rápido e
simples.
3-Embarque: Nota 10.
Perfeito e organizado, fui o primeiro passageiro a
entrar no A330.
4-Assento: Nota 10.
Soberbo: o mais belo e confortável que existe, na minha
opinião.
5-Entretenimento: Nota 5.
Não há sistema AVOD no A330, o que explica a nota baixa.
Um ponto que a LX precisa mesmo melhorar, urgentemente.
6-Serviço dos comissários: Nota 10.
Perfeitos, sublimes, maravilhosos.
7-Refeições: Nota 9.
Tudo maravilhos, sinto apenas falta do caviar de
antanho.
8-Bebidas: Nota 10.
Suscinta mas muito boa a carta da LX.
9-Necessaire: Nota 7.
Simples demais para a primeira classe.
10-Desembarque: Nota 10.
Organizado e ágil.
11-Pontualidade: Nota 10.
Saiu atrasado e chegou com mais de uma hora depois do
ETA, mas a Swiss nada pode fazer a esse respeito.
Nota final: 9.18
Comentário final:
Confesso que estava muito ansioso antes do embarque. Meu
último vôo com a Swissair, uma de minhas empresas
prediletas, tinha ocorrido há muitos anos. Não havia,
até a véspera, voado na Swiss e a empresa me pareceu
brilhante. Quase tão boa quanto a velha Swissair de
outrora. Mas creio que não há, dentre todas as empresas
aéreas norte-americanas e européias, nenhuma que não
tenha experimentado uma sensível redução na qualidade
dos serviços desde 11/09/2001.
De qualquer forma, a Swiss é de fato, mas por sua rara e
inegável competência, a verdadeira herdeira do
maravilhoso legado da Swissair. E com a administração
mais eficiente que tem hoje, sob a tutela da Lufthansa,
ela não somente ocupa uma posição brilhante dentre as
clássicas empresas aéreas européias, como tem todas as
condições de retomar sua posição de destaque no Velho
Continente.
Danke Vilmal, Swiss!
Gianfranco Beting