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Varig RG2770
Eram pouco mais de 06:30 de uma fria e ensolarada manhã
que mal começava. Se lá fora os termômetros mal passavam
dos 10ºC, dentro do saguão principal de Congonhas a
atividade era frenética. O lugar estava cheio, sobretudo
nos guichês da Varig. O uniforme tradicional dos
passageiros, terno e gravata ou tailleur, bem cortados,
denunciavam as razões, os motivos para as viagens que
começavam tão cedo. Alguns já falavam nervosamente ao
celular naquele tom de voz deselegantemente alto, típico
de quem dá tanta importância à esta praga do mundo
moderno.
A fila única era enorme, e avançava lentamente.
Funcionários da Varig passavam em meio aos passageiros
perguntando: Belo Horizonte? Curitiba? Os vôos
precisavam ser "fechados", isto é, todos os passageiros
com reserva deveriam ser atendidos o quanto antes para
garantir saídas pontuais.
Confesso que fiquei surpreso e feliz ao ver a casa
cheia. Nossa economia desacelerada esvaziou ruas,
rodoviárias e aeroportos. Era bom imaginar que talvez o
pior já estivesse passando. Chegou finalmente minha vez
de fazer o check-in e em segundos, fui atendido com
simpatia, recebendo meu boarding pass em troca do número
fornecido: era a minha primeira utilização de um ticket
eletrônico na Varig e tudo correu bem. Partida
confirmada para o vôo RG 2770 das 07:30, ainda havia
tempo para um cafezinho.
A sala de embarque número 3, usada pelas empresas do
Grupo Varig, não estava tão cheia assim. Minutos depois,
fomos chamados e saímos caminhando pelo pátio. Como
sempre, escolhi meu assento na última fileira, onde
costumo sentar sempre que preciso escrever um Flight
Report.
Embarcando pela porta traseira, pude fazer umas belas
fotos da cauda do PP-VOR, o 737-300 escalado para o
nosso vôo à capital gaúcha, com escala em Floripa.
Entregue à Varig em junho de 1990, estava muito bem
mantido por dentro e por fora, na melhor tradição da
companhia. O interior da aeronave encontrava-se arrumado
e a tripulação estava a postos, simpática e sorridente.
Sentado na 22A, aguardei o final do embarque. No total,
apenas 36 pax ocupavam os 132 assentos disponíveis, e
além de um primeiro oficial da Varig ocupando a 22F, não
havia mais ninguém na fileira que ocupava. Portas
fechadas, o Oscar Romeo recebe o empurrão do push-back e
protesta com um ligeiro tranco, em seguida sendo
tratorado para o pátio. Cinco minutos depois e já
estamos taxiando para a pista 35 de Congonhas. O PP-VOR
aguarda um pouco de tráfego e às 07:34 o comandante tira
sua aeronave do solo com gosto.
Subimos direto, na proa da pista, e só no través da
marginal do Rio Pinheiros é que iniciamos uma fechada
curva à esquerda, passando rápido e baixo sobre os
bairros do Morumbi e Cidade Jardim. Da janela, via os
tradicionais congestionamentos matinais em todo o seu
"esplendor"... Subiamos em curva, tomando a proa sul que
nos levaria à primeira escala. O ar frio da manhã
garantia uma atmosfera limpa, e acompanhava a paisagem
lá fora, brilhando sob um lindo sol de inverno.
Passamos sobre a represa Billings e fomos ganhando
altura. O comandante estabilizou o 737 na altitude de
cruzeiro de 29.000 pés e nos deu as boas vindas mais uma
vez, com excelente humor: falou num tom de voz, claro,
aberto, pausadamente. Explicou os pontos de sobrevôo, as
condições "excepcionalmente boas para o vôo, uma linda
manhã até nosso destino final em Porto Alegre" e estimou
o pouso em Florianópolis para as 08:20. A tripulação
apressou-se em servir o "café da manhã": bebidas e um
sanduíche quente servido num cestinho.
A paisagem então foi encoberta por uma camada baixa e
uniforme de nuvens, um gigantesco colchão branco que
tudo escondia, indicando condições climáticas estáveis.
Experimentei o lanchinho e... dizer o que? Já tivemos
dias melhores.
Mas este é um vôo curto mesmo. Mal tive tempo de ler a
última edição da Ícaro, com uma bela matéria sobre o
Atol da Rocas. As 08:09 iniciamos a descida para a Terra
da Maryeva. Os tripulantes passaram retirando os
serviços, conferindo cintos e assentos em antecipação à
nossa chegada. Pousamos firmemente as 08:24 na pista 32,
taxiamos rapidamente e em poucos minutos as portas do
VOR se abriaram para o desembarque local.
Esperei os passageiros saírem do avião e levantei-me
para esticar o esqueleto. Levei junto minha câmera e,
postado na porta traseira, fotografei um 727 da Total
estacionado no pátio. Uma comissária se aproximou e
comentou de forma simpática: mas como você gosta de
aviões, hem? Conversamos um pouco sobre isso e sobre as
razões de minha viagem, a caminho do CEMAN-POA da Varig.
Minutos depois, novo embarque. Os passageiros
originários em FLN começaram a se arrumar em seus
assentos, sendo saudados novamente pelo bem-humorado
comandante. Portas fechadas com 34 passageiros na etapa
final do RG2770, as 08:45, apenas vinte e um minutos
depois de nosso pouso, o VOR foi tratorado para iniciar
seu taxi rumo à pista 14. Aos 48, rolávamos suavemente,
deixando o terminal para trás.
E as 08:54, 30 minutos após nosso pouso, o VOR decolou
para sua curta etapa final. Uma repetição do trecho
inicial: speech simpático, correria para servir outro
lanchinho quente, cabine com baixa ocupação.
Estabilizamos no nível 310 (31.000 pés) rumo à POA. A
deslumbrante paisagem abaixo roubava a atenção. E as
09:14, com 20 minutos de vôo, iniciamos a descida para o
Salgado Filho, que operava com névoa seca e 13ºC de
temperatura. O sol brilhava lá fora quando o PP-VOR
completou o vôo RG 2770 as 09:39, pousando com um
ligeiro atraso.
Avaliação: notas vão de zero a dez.
1-Reserva: Sem nota.
Feita pela própria Varig.
2-Check-In: Nota 10.
Rápido e impecável.
3-Embarque: Nota 10.
Simples e a pé, algo que em breve vai ser história...
4-Assento: Nota 7.
Pitch correto, bem arrumados e limpos.
5-Entretenimento: sem nota.
Não há.
6-Serviço dos comissários: Nota 9.
Corretos, eficientes e muito simpáticos.
7-Refeições: Nota 4.
Ah, já tivemos dias melhores e porções maiores. A nota é
baixa mesmo, pois a memória aqui guarda os serviços de
outros tempos. Comparações são inevitáveis.
8-Bebidas: Nota 6.
No padrão.
9-Necessaire: Sem nota.
Não é distribuída.
10-Desembarque: Nota 10.
Rápido e sem problemas.
11-Pontualidade: Nota 9.
Ligeiramente (9 minutos) atrasado.
Nota final: 8,12
Comentário final: Tudo correto, à exceção das refeições,
que apresentam uma sensível redução de qualidade e
quantidade. A impecável tripulação e um 737 muito bem
conservado, condizente com a expectativa que se tem ao
voar Varig, propiciaram a boa nota atribuída a este RG
2770.
Gianfranco Beting
Varig RG8920
Manhã clara em Guarulhos, sol banhando o mais
movimentado aeroporto da América Latina. Do lado de
dentro dos terminais, o mundo da aviação parecia imerso
em trevas: longas e tortuosas filas formavam-se pelos
corredores e salões, conseqüência de uma greve ilegal
deflagrada pela Polícia Federal, que escolheu a
questionável tática de prejudicar o público para
angariar sua atenção. E o que dizer da simpatia à causa?
Certamente a minha não conquistaram. Até porque eu tive
de despertar as quatro da manhã para me apresentar no
balcão da Varig em GRU para fazer o check-in de um vôo
que só sairia as 10h15. Claro, não peguei fila alguma,
mas tomei um chá de cadeira daqueles. Sorte que esperei
na sala VIP da Varig, usando meu cartão Gold da United,
parceira da empresa.
As 09h45 descemos para o embarque. Voaríamos no RG 8920,
operado naquela manhã por um MD-11, de prefixo PP-VTG,
operado anteriormente pela Swiss. Por dentro, a aeronave
estava ainda como se voasse na Suíça, apresentando a
mesma padronagem e configuração de sua operadora
anterior.
O vôo não estava cheio, no máximo 50% de ocupação na
classe econômica. Lá estava eu, bem no fundo da cabine,
poltrona 42A, na antepenúltima fileira de assentos do
avião. Embarcamos. e nada. O tempo passou e, finalmente,
as 10h32, mais de 15 minutos depois do previsto de nossa
saída, o comandante do vôo anuncia que por "motivos
técnicos" nossa saída seria atrasada "por mais 20
minutos". Finalmente, as 11h01 o trator empurrou
lentamente o PP-VTG para o pátio.
O speech curto do comandante foi a única explicação dada
pela tripulação para o atraso. Nenhuma tentativa de
criar um clima mais positivo, de desculpar-se ou até
mesmo, de cativar os passageiros. "Motivos técnicos" e
miau.
E daí? Nos últimos sete vôos que fiz com a Varig, seis
atrasaram. Não me surpreendo mais. Motores Pratt &
Whitney girando, lá foi nosso MD-11 rumo à cabeceira
09L. Eram 11h05. Mais cinco minutos e saíamos rumo ao
Chile.
Estabilizado em 35.000 pés, o MD-11 prosseguiria
passando sobre Foz de Iguaçú, Resistência, Córdoba e
Mendoza na Argentina, antes de iniciar sua descida para
a capital chilena. Solícita e simpática, a tripulação
passou servindo o almoço: uma saladinha de aspecto
terrível e um beef strogonoff bastante honesto,
saboroso, até. As três garfadas que usei para devorá-lo
foram suficientes para aplacar a minha fome.
O sistema de entretenimento da Varig exibia um filme,
mas eu trazia um ótimo livro sobre histórias de
tripulantes da Pan Am, que devorei durante o vôo. E
quando iniciamos nossa descida para Santiago, as 13h17
ao invés de apreciar a deslumbrante visão dos Andes,
enfrentamos uma das mais fortes turbulências que já
experimentei em mais de 30 anos de vôo. Uma frente fria,
ao norte de Santiago, que impedia uma visão clara da
Cordilheira dos Andes, era a culpada.
Nosso MD-11 jogava de um lado para outro, de cima para
baixo, como uma folha seca ao vento. Sentado próximo à
cauda, a sensação era ainda mais forte, pois o momento
da oscilação era ainda maior. Foram 10 minutos de
pauleira pura. E, tão repentinamente quanto começou, o
MD-11 saiu da camada e já entrou na aproximação para
pouso na pista norte do aeroporto. Tocamos no solo as
13h45, trinta minutos depois do horário previsto.
Completamos o vôo em 03h35 de vôo.
RG 8921
No dia dois de abril, uma sexta-feira, apresentei-me no
moderno aeroporto de Santiago e entrei na fila para
check-in da Classe econômica. Vôo lotado, 100% dos
assentos ocupados, a fila caminhava lentamente. Quando
chegou minha vez, o funcionário da Varig, chileno, foi
eficiente e cordial. Ao chegar à sala de embarque -
portão 14, constatei que iríamos retornar ao Brasil no
PP-VTH, o MD-11 da empresa que ostenta as cores da Star
Alliance.
Vôo cheio, embarque lento. Mesmo assim, o RG 8921 saiu
no horário. Eram 14h13, dois minutos antes do previsto,
quando o MD-11 foi tratorado para o pátio e cinco
minutos depois, já sob a força dos três motores P&W,
taxiamos rumo à cabeceira.
Na cabine completamente lotada, tive a sorte grande de
sentar ao lado de um velho amigo, Tom Casey, da IAE.
Tom, que é uma das figuras mais adoráveis da aviação,
garantiu o "entretenimento de bordo" durante todo o vôo.
Decolamos as 14h28 e, aí sim, o espetáculo da travessia
dos Andes foi assistido, embora com algum esforço de
minha parte, que ocupava a poltrona 42C, no corredor.
Logo após estabilizarmos, o serviço foi iniciado: um
jantar, que como no vôo de ida, trazia duas opções de
pratos quentes: desta vez, uma massa ou peito de perú,
este o escolhido. Igualmente como no vôo de ida, estava
saboroso o prato principal, embora a porção fosse
diminuta.
As conversas e "causos" de Tom Casey fizeram a viagem
passar rapidamente, mas nossa atenção não foi dispersada
para os detalhes de serviço. Aliás, reparamos ainda mais
na tripulação do RG8921, trocando impressões sobre os
profissionais e suas atitudes, que, neste vôo em
particular, deixaram a desejar. Indiferentes, sem nehum
traço de simpatia na voz ou no olhar, trabalharam como
autômatos na maior parte do vôo. Nada bom.
Eram 18h12 quando o PP-VTH iniciou a descida para pista
27L de Guarulhos, onde tocamos as 18h35, fechando nosso
tempo de vôo em 03h07. Daí veio a grande surpresa desta
viagem: o MD-11 foi para uma posição remota, o que,
aparentemente, pegou o pessoal de terra da Varig de
surpresa. Eu e Tom, que ocupávamos as últimas fileiras,
fomos ficando para trás no moroso processo de
desembarque. O ônibus que levou os passageiros ao
terminal chegava e saía dos pés da escada usada para
desembarque, e só saía quando realmente ficava lotado. O
problema é que só havia um ônibus por vez. E após 4
viagens. ele não voltou mais!
Resultado? Eu, Tom e mais uns 10 passageiros tivemos de
pedir carona e viajar ao terminal no próprio ônibus de
transporte da tripulação da Varig! Para encurtar: nada
menos que 50 minutos após o pouso, bufando de raiva,
finalmente entrei no terminal para fazer os
procedimentos de imigração e alfândega. Haja.
RG8920- Avaliação: notas vão de zero a dez.
1-Reserva: Nota 9.
Sem queixas, feita pelo sistema e-tkt, que dispensa o
bilhete e perda de tempo.
2-Check-In: Nota 9.
Pouca fila, e como sempre acontece na Varig em
Guarulhos, eficiente.
3-Embarque: Nota 8.
Igualmente rápido e organizado.
4-Assento: Nota 6.
O MD-11 ainda ostenta o interior da Swiss, que é
bastante bom. O pitch (espaço entre fileiras) é
confortável, mas a aeronave não estava muito limpa.
5-Entretenimento: Nota 6.
Além da Ícaro, a tradicional revista de bordo da Varig,
apenas um filme exibido.
6-Serviço dos comissários: Nota 7.
Com exceção de uma comissária num péssimo dia, todos
atenciosos e prestativos.
7-Refeições: Nota 6.
Correto para o trecho. Isto é, se aceitamos o fato de
que o produto vai ser eternamente o mesmo: micro-salada,
micro-prato principal, micro-sobremesa.
8-Bebidas: Nota 6.
Nenhuma inspiração no fato de voar para o Chile, um dos
maiores produtores mundiais de vinho. Tava lá, firme e
forte, o intragável Marcus James.
9-Necessaire: Sem Nota.
Não é distribuída.
10-Desembarque: Nota 8.
Avião vazio e malas na esteira pouco depois.
11-Pontualidade: Nota 5.
Partida com quase uma hora de atraso e chegada 30
minutos depois do ETA.
Nota final: 7,00
RG8921- Avaliação: notas vão de zero a dez.
1-Reserva: Nota 10.
Sistema e-tkt, que dispensa o bilhete e perda de tempo.
Funcionária cordialíssima da Varig em Santiago do Chile,
na reconfirmação da volta.
2-Check-In: Nota 9.
Com mais fila, demorou uns 20 minutos. Mas o
profissional que me atendeu foi simpático, além de
eficiente.
3-Embarque: Nota 8.
Igualmente rápido e organizado.
4-Assento: Nota 6.
No VTH como no VTG, este MD-11 ainda conserva o interior
de seu ex-operador (a Swiss). A exemplo do VTG, o
interior do PP-VTH também não estava muito limpo.
5-Entretenimento: Nota 6.
Somente um filme exibido.
6-Serviço dos comissários: Nota 5.
Pouco atenciosos, sem qualquer inspiração: não traziam
no rosto, nas atitudes, nenhum sinal de consideração com
os passageiros. Sabe aquela impressão de gente que está
contando os dias para se aposentar? Pois é...
7-Refeições: Nota 6.
Correto para o trecho. O meu micro-perú estava saboroso.
8-Bebidas: Nota 6.
Idem ao vôo da ida.
9-Necessaire: Sem Nota.
Não é distribuída.
10-Desembarque: Nota 0.
Caos absoluto. Inenarrável experiência.
11-Pontualidade: Nota 5.
Partida antes do ETD e chegada ao terminal com quase uma
hora de atraso, cortesia da desorganização no solo. Pelo
menos a noite do dia 2 de abril estava bonita, e fiquei
quase 40 minutos no pátio, respirando o perfume do
querosene. Já o meu companheiro Tom Casey, quase perde a
conexão que faria para o Rio.
Nota final: 6,10
Comentários finais:
Há tempos, noto um problema de atitude, em geral, por
parte dos tripulantes da RG. Repito: claro que há
exceções. Mas no caso do RG8920, simplesmente anunciar
um atraso de quase uma hora "por problemas técnicos" e
não se desculpar, enfim, não tentar justificar. é uma
atitude abaixo da performance esperada para um
comandante internacional.
A gente sempre espera muito da Varig, uma companhia que
já foi uma das melhores do mundo. E cobramos mesmo,
porque não há razões para a empresa continuar prestando
um serviço neste patamar, sombra do que já foi um dia.
Além de desagradável, como passageiro, a atitude geral
demonstrada me assusta, analisando sob a ótica de
profissional de aviação: não há lugar, no futuro, para
quem não voar direito. Mas o mais triste é notar, ao
embarcar no taxi de volta para casa, é que, mesmo
lutando mentalmente contra isso, o fato é que rebaixei
minhas expectativas em relação aos serviços da Varig. Me
acostumei a encontrar problemas como estes descritos - e
não ver melhoras significativas. Até quando?
Gianfranco Beting
Varig RG8865
Estava de altíssimo astral quando cheguei ao renovado
Terminal 4, o moderno e belíssimo terminal usado pela
Varig no aeroporto JFK. A semana em NY havia sido muito
boa e voltava para casa satisfeito. Na véspera, havia
reconfirmado meu vôo pelo serviço de reservas da Varig,
ligando no toll free 1-800-GOVARIG. Fui atendido por uma
funcionária que falava muito bem tanto inglês como
português, e em ambas as línguas, me atendeu com
simpatia e eficiência.
Assento reservado 35H e partida estimada (STD) as 19:05
do dia 4 de fevereiro, as 16:45 entrávamos e minha
mulher no terminal. Lá fora, um sol maravilhoso ia se
deitando no horizonte, em céus limpos por quase todo um
dia de chuva. O terminal é belíssimo e finalmente a
cidade tem uma instalação à altura de sua importância.
Apesar de uma pequena fila, passamos a frente e fizemos
o check-in em minutos, pois minha patroa é portadora de
um cartão Smiles Gold, que confere estes privilégios.
Grávida de cinco meses, fomos tratados com ainda maior
dedicação e simpatia pelo funcionário da Varig, que
contudo não portava crachá.
A atitude da funcionário culminou com um gesto
simpático: como o vôo não estava lotado, ele bloqueou
quatro assentos na fileira 40, penúltima fila central do
MD-11. Assim, enquanto eu dormi sentadinho na minha
poltrona, minha senhora pode acomodar-se em três
cadeiras e dormir por quase todo o vôo.
Parado no Gate 22, nesta noite a aeronave designada para
o vôo RG8865 era o PP-VPO. Após o rápido check-in, fomos
para a Sala VIP da Varig, outro benefício exclusivo dos
portadores do Smiles Gold. O lounge da Classe Executiva
da Varig é bonito, espaçoso e amplo, e o que é melhor:
com ampla visão do pátio abaixo. Naquele momento,
dividiam o terminal um 757 da North American, A30-200 da
Swiss, DC-10 da Biman, 777 da Egyptair, 747-400 da El Al
e um A340-300 da Royal Jordanian. Nada como estar na
cidade sede da ONU... Embarcamos antes da hora prevista,
junto com os 26 passageiros da executiva e da 6 da
primeira classe. Fomos lá para o fundão, e instalados
nas poltronas 40D e 40H, esperamos o final do embarque
dos 132 colegasque voariam conosco para São Paulo na
classe econômica. No total, naquela noite o PP-VPO
levaria 166 passageiros de um total de 272 12/49/221
assentos disponíveis.
Embarque concluído, fomos saudados pelo Purser Jarrier
que deu as boas-vindas em nome do Cmte. Alexandre Abs,
por coincidência, era o mesmo comandante que junto com o
colega Maurício Aquino, pilotara dias antes para Miami
no RG8818. Embarque completado, portas fechadas, as
18:55 o trator de push-back posicionou nosso MD-11 no
pátio. Saímos antes do horário previsto, que era as
19:05. Excelente.
Na fria noite que já começava, o Victor Papa Oscar
iniciou as 19:03 seu taxi rumo à cabeceira da pista 31L,
a mesma onde pouco mais de 48 horas antes tinha passado
horas fotografando. Nos monitores de video espalhados
pela cabine, era exibido o video de instruções de
segurança.
Esse é o horário de pico em JFK e naquela noite não
seria diferente: uma verdadeira amostra da ONU taxiava
na nossa frente. Com menos de 3ºC de temperatura
externa, entramos numa fila de 9 aeronaves aguardando a
vez. Afinal, as 19:26 o MD-11, empurrado por fortes
ventos e ajudado pela carga relativamente leve e pela
baixa temperatura, decolou com um foguete pela pista
31L. A famosa curva à esquerda após a decolagem tirou o
trijato da McDonnell Douglas da proa de Manhattan, que
brilhava na noite cristalina. Já tomando o rumo
sul/sudeste, o MD-11 ganhava altura e entrava na proa
que nos levaria para casa.
Nosso primeiro nível de cruzeiro naquela noite, 31.000
pés, foi atingido e então o Cmte. Abs fez um breve
speech em português e inglês, saudando seus passageiros
e informando sobre as condiçoes de vôo, fixando nosso
pouso em GRU para as 07:15 minutos, com quase nove horas
de viagem pela frente. E, de quebra, assinalando nossa
partida antes do previsto e desculpando-se pelo longo
taxi - algo de que não precisava absolutamente se
desculpar!
O peculiar aroma do jantar invadiu a cabine e começamos
a nos preparar para desfrutar do serviço de bordo, que
começaria pelo jantar. Frango ou massa? perguntavam os
comissários. Frango com molho de tomate e arroz branco
para mim, um rondellli de ricota para minha mulher.
Ambos saborosos. De sobremesa, um cheesecake apenas
razoável, e acompanhando, uma saladinha de atum, pão e
manteiga.
O tamanho das bandejas agora é de 2/3 e não full-size
como eram antigamente. Prevenidos, almoçáramos
lautamente em Manhattan, portanto não havia fome. Como
no RG8818 dez dias antes, estava tudo bem apresentado e
saboroso. As toalhas seguem o padrão de cores
azul-amarelo adotado pela Varig e os pratinhos de
plástico da empresa holandesa De Ster são moderninhos e
simpáticos. Um bom conjunto.
O trolley com as bebidas vinha logo atrás, e entre as
opções etílicas, fiquei satisfeito em constatar que o
velho e bom (sic) Marcus James deu lugar para os Santa
Ana Malbec argentinos e por um Casa Valduga nacional.
Whiskies, Campari, Martinis e cervejas completavam as
opções.
Durante o jantar, começamos a assistir o programa de
entretenimento de bordo. Como dito anteriormente, este é
a meu ver o grande problema do produto internacional da
Varig hoje em dia, à exceção dos 777-200. As duas
empresas competindo com a Pioneira nesta rota já contam
com videos individuais em todos os assentos, enquanto
que nos MD-11 da Varig ainda só é possível assistir a
programação pelos monitores espalhados pelo teto da
cabine.
Fora isso, o MD-11 safra 1992, entregue à empresa em
1997, não mostrava sinais de cansaço, a não ser talvez,
pelos sanitários, que a exemplo do encontrado no PP-VQG,
mereceriam maior atenção por parte da empresa. Um
detalhe positivo: flores nos banheiros, um toque
delicado e difícil de encontrar hoje em dia. Na cabine,
porém, tudo impecável. Luzes de leitura e PCUs (Passenger
Control Units) funcionando direito, bancos arrumados e
tudo muito bem cuidado. O que a gente sempre espera do
padrão Varig.
Quase todos comissários trabalhando na classe econômica
neste vôo tiveram um comportamento bastante distante,
indiferente para com os passageiros. Exceção notável foi
a comissária Helena Lodder. Já experiente, sua figura
alta, elegante e simpática tornou o vôo mais agradável.
Trajando o clássico uniforme azul marinho da Varig, ela
perfeitamente poderia estar voando numa Lufthansa ou
British ou SAS da vida. Mas repito: fora ela, nenhum
destaque. Uma tripulação de atitude correta, é verdade,
mas fria demais para o meu gosto, e certamente gelada
para a maioria de nós brasileiros, pessoas naturalmente
mais cálidas.
Com um dia de trabalho pela frente, tratei de dormir
logo após o jantar. E nas quatro horas seguintes, foi o
que fiz. Acordei naturalmente, liguei meu laptop e
começei a escrever este Flight Report. Ao passarmos pela
ITCZ (não lembra o que é? Vá até a a seção Glossário...)
quando digitava estas mal-traçadas, o PP-VPO ia sendo
vigorosamente chacoalhado pelos ventos, turbulência que
se manteve bastante ativa por mais de 30 minutos.
Com as luzes de cabine sendo acesas as 05:40 (horário de
São Paulo) no través de Gurupi, a 1.177km ao noroeste de
São Paulo, a tripulação iniciou os procedimentos para o
serviço de café da manhã. Veio outra caixinha de
lanches, mas desta vez, não da Ponte Aérea
Varig/Rio-Sul, e sim uma bonita ilustração com uma foto
de um Junkers, aeronave histórica da Varig. Ao seu lado,
servido quentinho, um sanduíche de perú bastante
saboroso, envolto no pão ciabatta.
Recolhido o café da manhã, já estavamos chegando a S.
Paulo, o PP-VPO iniciou sua descida e tocou às 07:05,
hora local, quando o comandante Abs colocou as rodas do
trijato na pista 09L de Guarulhos, encerrando a etapa de
vôo com 08:35 no ar, bem antes do previsto.
Avaliação: notas vão de zero a dez.
1-Reserva: Nota 10.
Reconfirmação feita com rapidez e muita simpatia pela
Varig.
2-Check-In: Nota 10.
Ágil e cordial, com o detalhe da troca de assentos e do
bloqueio para maior conforto. Minha mulher e nosso
filhinho na barriga dela agradecem...
3-Embarque: Nota 10.
Rápido e organizado, vôo não muito cheio. E aguardar o
vôo numa sala VIP melhora o astral de qualquer um.
4-Assento: Nota 5.
Antiquado, sem apoio para os pés, suporte lombar ou
encostos laterais para a cabeça.
5-Entretenimento: Nota 5.
vale o mesmo dito para o RG8818: Já que a Varig não
deverá renovar sua frota de longo curso em breve,
poderia investir um pouquinho mais nesta área. Sob este
aspecto, o produto tem um padrão "anos 80" que precisa
ser melhorado urgentemente.
6-Serviço dos comissários: Nota 5.
Indiferentes ou cansados? Não interessa: deixaram a
desejar. E olhe que eu prestei atenção em todos os
comportamentos, da galley ao serviço. Exceção feita à
cmra. Helena Lodder, conforme descrito no texto.
7-Refeições: Nota 6.
Duas opções e não três como no RG8818. Porções pequenas,
mas saborosas. A caixinha do breakfast com o Junkers
está bem bonita.
8-Bebidas: Nota 6.
Adeus Marcus James! Olá Casa Valduga! Finalmente algo
começa a melhorar neste capítulo...
9-Necessaire: sem nota.
Não é distribuída, apenas um uma escova de dente e pasta
dental.
10-Desembarque: Nota 9.
Malas na esteira rapidamente. Aproveito o ensejo de
estar de volta ao congestionado e antiquado Guarulhos e
pergunto: que pior imagem poderia um aeroporto causar
para São Paulo? Descemos no primeiro gate ao lado das
escadas que levam ao andar inferior, mas tivemos de dar
toda a volta no terminal para desembarcar pelo outro
lado, graças à absurda arquitetura do aeroporto. Pior:
nossas autoridades da Polícia Federal submeter os
passageiros estrangeiros à intermináveis filas no
controle de passaportes, fazendo com que a entrada no
Brasil seja sempre com o pé esquerdo. Minha mulher tem
cidadania brasileira mas passaportes israelense e
uruguaio: ela ficou mais de 45 minutos na fila para
poder entrar de volta no país onde mora. Deve ser assim
também em Tegucigalpa, no Zimbábue...
11-Pontualidade: Nota 10.
Push-back 10 minutos antes do STD e chegada On-time.
Nota final: 7,60
Comentário final: O grande problema nos vôos
internacionais da Varig é o de equipamento: os MD-11 são
aviões ultrapassados, que oferecem assentos antiquados e
programação de entretenimento centralizada, sujeitando
os pax a uma programação que pode não ser interessante.
Mas neste vôo, a atitude dos comissários deixou muito a
desejar. Com uma única exceção, eles trabalharam sem
nenhuma animação, sem nenhum detalhe ou atenção extra
para com os passageiros: numa espécie de
"piloto-automático" mental.
Fica como ponto alto a eficiência operacional: o RG 8865
chegou e saiu antes da hora. Mas... quem voou com a
Varig nos anos 70, 80 e começo dos anos 90, fica com
aquela sensação de que o melhor do filme já passou. A
Varig foi uma companhia espetacular: nós passageiros, em
função disso, sempre esperamos mais da "Nossa Varig". E
ficamos desapontados quando a imagem projetada não bate
com a realidade encontrada.
Gianfranco Beting
Varig RG8641
Segunda-feira, 6 de novembro, hora de voltar ao Brasil.
O check-in no aeroporto de Ezeiza foi feito por um
funcionário argentino, uniformizado com as cores da
Varig. Se não foi muito simpático, ao menos foi
eficiente. E não havia fila alguma. Em poucos minutos
rumávamos para a sala VIP da empresa, localizada ao lado
do portão 2. Não tão grande e bem equipada como a sala
da Classe Executiva de Guarulhos, mas silenciosa e
confortável mesmo assim, sobretudo quando se viaja com
crianças pequenas. Um lindo dia de sol, temperatura de
19ºC, banhava o aeroporto de Ezeiza.
Nessa tarde radiante, observei a chegada do PP-VOZ,
737-300 escalado para o RG 8641, serviço non-stop entre
Buenos Aires e Guarulhos. A aeronave chegou ao portão 5
e os passageiros proveninentes do Rio de Janeiro
desembarcaram rapidamente. Faltava menos de uma hora
para nossa saída, prevista para as 17h45, quando as
equipes de terra finalmente puderam entrar na aeronave e
prepará-la para o vôo seguinte. Os caminhões de água
potável, combustível e catering logo atracaram nos
costados do 737 e a "operação retorno"recomeçou para o
PP-VOZ. Digo recomeçou porque o PP-VOZ havia iniciado
sua jornada naquela dia pela manhã em Buenos Aires. A
Aeronave havia decolado da capital argentina para o Rio
de Janeiro e então retornou a Ezeiza. O Boeing e sua
tripulação fariam ainda o trecho até Guarulhos antes de
encerrarem sua longa jornada naquele dia.
A tripulação do PP-VOZ era do tipo composta, ou seja:
dois comandantes (Fernando Celso e Maurer) um primeiro
oficial e, para cuidar dos passageiros, cinco
comissários. Sob liderança do Cmte. Fernando Celso, essa
tripulação aumentada poderia realizar a longa jornada
sem comprometer a segurança de vôo nem exceder os
limites máximos de jornada de trabalho.
Fomos chamados para embarcar e entramos primeiro no 737
de prefixo PP-VOZ, que a exemplo do PP-VOY no vôo de
ida, estava muito bem conservado. Vale lembrar que o
PP-VOZ foi entregue diretamente da fábrica à Varig em
agosto de 1991, novinho em folha. Não demorou muito e os
100 passageiros ocuparam seus assentos. Tudo pronto para
partida, o cmte. Fernando Celso chamou o controle de
solo e pediu autorização para push-back e acionamento.
Autorização negada: um Boeing 767 da Air Canada estava
naquele exato instante sendo tratorado e posicionado bem
atrás do VOZ, impedindo nossa movimentação. Eram 17h45,
horário cravado de nossa saída. O cmte. do RG 8641
solicitou então autorização para acionamento dos motores
na posição e desta vez foi atendido. Dessa forma, assim
que fossemos liberados e tratorados para o pátio, o RG
8641 poderia sair taxiando imediatamente. Um pequeno
detalhe, mas que demonstrava claramente o compromisso
dos tripulantes em manter a aviação no horário.
Finalmente o 767 canadense deixou sua posição e o PP-VOZ
foi empurrado para o pátio às 17h54, taxiando para a
pista no minuto seguinte. Autorizado a cumprir a SID La
Plata 6A, transição Dorvo, o Boeing alinhou na pista 17
e esperou a autorização de decolagem. Como as pistas em
Ezeiza se cruzam, tivemos de aguardar ainda mais um
pouco, até que um A340-600 da Ibéria pousasse pela pista
29 e liberasse a pista 17. Eram 17h58 quando a torre de
Ezeiza fez-se ouvir nos fones de ouvido dos pilotos do
RG8641:
- Varig 8641, cleared for take-off.
O cmte. Fernando Celso empurrou as manetes e tirou da
inércia as 52 toneladas do Boeing. V1 de 133 nós, VR 135
e V2 de 142 nós, lá fomos nós ganhando altura sob o
imenso azul celeste do céu Portenho. Trens e flaps
recolhidos, o Boeing executou uma longa curva à esquerda
e foi ganhando a direção do Oceano Atlântico, deixando
Buenos Aires para trás e subindo diretamente para sua
altitude de cruzeiro de 35.000 pés. Voaríamos na proa de
Caxias do Sul, de lá direto até Santos e então
entraríamos no procedimento GURU para a psita 27L de
Guarulhos, que operava sob chuvas esparsas com 19ºC de
temperatura.
Ajustei meu relógio para o horário de verão no Brasil:
eram agora 19h00 e em duas horas e 18 minutos deveríamos
estar de volta ao solo, segundo o speech do comandante,
feito logo após a decolagem. Por sinal, nos dois vôos,
todos os speeches foram feitos em português, inglês e
espanhol. Com o Boeing acelerando para 466 nós (cerca de
863 km/h) o tempo passou rápido. Logo depois de
estabilizarmos, a tripulação (igualmente simpática e
atenciosa, como na ida) iniciou o serviço de jantar.
Detalhe: com opção de prato quente, herança do padrão de
serviço que fez toda a fama de nossa velha e boa Varig.
De fato, havia duas opções de pratos quentes: um penne
com manjericão e molho de tomate; ou contra-filé alto,
mal passado no centro (como deve ser) acompanhado de
creme de espinafre e purê de batatas. Provei dos dois e
estavam saborosos. Uma saladinha, pão com manteiga e uma
fatia de torta de Dulce de Leche completavam a bandeja.
Para acompanhar, bebidas a escolher e dois vinhos
argentinos: o Caracter Malbec (tinto) e Caracter
Chardonnay (branco). Tudo muito satisfatório, servido
com esmero e atenção. E muita simpatia. Terminei a
refeição e fui andar pela aeronave.
Ao passar pelo corredor, não pude deixar de ouvir um
casal comentar como estava sendo prazeroso o vôo.
Reportei isso aos comissários durante uma breve
paradinha na galley traseira. Eles me confidenciaram
fque manifestações espontâneas de carinho do público
viajante para com os tripulantes da Pioneira têm
acontecido com freqüência. Voltei ao meu assento e
constatei que lá fora já se viam estrelas: o anoitecer
deu-se de forma muito rápida. Jantares recolhidos,
reinava uma confortável penumbra na cabine. Às 20h55,
iniciamos a descida para GRU, onde o Boeing da Varig
pousou as 21h24, depois de enfrentar vários desvios na
Terminal São Paulo, em função de tráfego pesado.
Chegamos com apenas 4 minutos de atraso.
Avaliação: notas vão de zero a dez
1-Reserva: Nota 10.
Sem problemas para conseguir meu e-tkt.
2-Check-In: Nota 9.
Muita cordialidade no Brasil, impessoal em Buenos Aires,
nenhuma fila em ambos.
3-Embarque: Nota 10.
A prioridade para crianças de colo foi respeitada.
4-Assento: Nota 7.
De tecido azul, bem conservados e limpos. São
confortáveis, com padrão de espaço entre fileiras
correto.
5-Entretenimento: Nota 0.
Não há mais entretenimento a bordo. Nenhum jornal foi
distribuído, a revista Ícaro não circulava mais, o 737
não apresentava video nem audio a bordo. Uma clara
desvantagem competitiva da Varig, que foi melhorada nas
últimas semana de 2006, quando empresa voltou a contar
com sua revista de bordo tradicional.
6-Serviço dos comissários: Nota 10.
Os comissários foram impecáveis em ambos os vôos, com
todos os passageiros. A Nova Varig está de parabéns e
deve mesmo se orgulhar de seus abnegados colaboradores.
7-Refeições: Nota 8.
Razoável apresentação, quantidades bastante honestas e
saborosas. Pontos para a Varig, afinal, refeições
quentes são algo raro de se ver nas companhias aéreas
brasileiros nos dias de hoje.
8-Bebidas: Nota 9.
Em ambos os vôos, ótima variedade: bebidas alcoólicas (uisques,
gin, vinhos), diversos sucos, refrigerantes, chás, água
e café. 9-Necessaire: sem nota.
Não é oferecida.
10-Desembarque: Nota 8.
Rápido e ágil em ambos os casos. Curto tempo de entrega
de malas nos dois vôos.
11-Pontualidade: Nota 10.
Saídas ligeiramente atrasadas, e chegada com apenas
alguns minutos de atraso nos dois trechos, devido ao
tráfego. O importante é que, em ambos os vôos, a Varig
não teve culpa pelos atrasos e foi claro notar que a
atitude das tripulações foi a de tentar fazer o possível
para colocar a aviação no horário.
Nota final: 8,10
Comentário final: a Nova Varig só existe por uma
combinação de fatores. Em primeiro lugar, pelo abnegado
grupo de colaboradores da empresa que lutou pela sua
sobrevivência. Em segundo, mas não menos importante, por
um fato inegável: o Brasil ama a Varig. A opinião
pública manifestou-se claramente a favor da manutenção
da "Estrela Brasileira" nos céus do país e do mundo. O
grupo que comprou a marca e o nome, tão queridos e
fundamentais na história da avição brasileira, tem agora
uma árdua tarefa pela frente: reconquistar o espaço
perdido para concorrentes competentes, capitalizadas e
com crédito no mercado. Não vai ser fácil, mas tampouco
é impossível.
Afinal, o impossível (continuar voando) a Varig já fez.
Agora, com o apoio do público viajante, que começa a
retornar aos aviões da empresa, a história de 79 anos de
lutas da Pioneira entra num novo e promissor capítulo.
Com a equipe de profissionais de primeira linha (que
sempre teve) trabalhando em conjunto com uma alta
administração voltada somente a operar sob rígidos
controles de custos, visando obter eficiência
operacional e lucro, a Varig tem uma real chance de se
recuperar. Senão totalmente, ao menos reconquaistando
boa parte de sua fatia do mercado. Some-se a isso o
indisfarçável carinho que o público brasileiro tem pela
Pioneira, pode-se vislumbrar um futuro promissor para a
empresa e para essa talentosa, abnegda e aguerrida
equipe que dá asas à Nova Varig, que está voando tão bem
como nos velhos tempos.
Gianfranco Beting