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TAM JJ3503
O sol brilhava maravilhosamente na capital pernambucana
quando desembarquei do ATR da TRIP que me trouxera de
Fernando de Noronha. Tinha reserva no vôo da TAM das
17:20 sem escalas de Recife para Guarulhos. Olhei para o
relógio: 14:15. Não haveria outro vôo antes deste?
Arrisquei: fui para o balcão e o funcionário da TAM, Sr.
Mattos, me recebendi com atenção, me informou:
-Sim, temos o TAM 3503 com decolagem as 15:00. O senhor
tem bagagem?
Eu tinha. Mattos coçou a cabeça e apontando para a loja,
disse: o senhor tem um PTA, precisa emitir o bilhete e
pagar uma taxa de remarcação de R$ 40,00. Mas acho que
dá. Deixe-me cuidar disso.
E então Mattos fez o que qualquer profissional
genuinamente dedicado a servir faz: cuidou de seu
cliente. Atravessou o saguão,entrou na loja (cheia) e
fez com que o distinto aqui conseguisse o que queria:
voltar pra casa mais cedo.
O check-in foi feito por ele com a mesma simpatia e
eficiência mostrada antes. Fui o último a embarcar no
TAM 3503, e se passei mais 3 horas na vida com minha
família, devo isso à eficiência e dedicação do Mattos.
As 14:45 estava de volta ao pátio ensolarado de Recife,
para a curta viagem de ónibus até o A320 destacado para
nos levar à GRU. Isso em breve vai ser coisa do passado,
pois Recife acelera a construção de um belíssimo
terminal com pontes de embarque.
E sob o lindo sol do inverno pernambucano, embarquei
pela porta traseira do A320, para acomodar-me no assento
23A, reservado também pelo Mattos. Chega a hora de
embarcar. Lá estava o tapete vermelho estendido na
pista. O Cmte. Ricardo postado na porta dianteira e uma
comissária cumprimentavam a todos que embarcavam, mas
não havia ninguém na porta traseira. Deveria haver,
certo?
A comissária passou oferecendo os já tradicionais
caramelos e então, uma vez na poltrona, observo que as
ações de merchandising à bordo da cabine continuam
firmes e fortes na TAM: desta vez, colado na poltrona à
minha frente um adesivo, uma peça feia, visualmente
poluída, vendia computadores da HP.
O video de instruções de segurança, feito com uma
técnica de modelagem e filmagem conhecida como
stop-motion é iniciado, e logo depois o O Cmte. Ricardo,
através do sistema de PA (Public Announcement) faz um
speech em portuguêse num inglês bastante bom. Em
seguida, o chefe de cabine falou não apenas na língua de
Shakespeare, como em ótimo castelhano e alemão!
O push-back foi dado bem antes do STD (15:00), às 14:53.
As 14:57 estávamos taxiando e decolamos precisamente as
15:00. Fiquei vendo a bela capital pernambucana passar
sob o sol da tarde e fomos lentamente subindo para o
nível 390 (39.000 pés), altitude de cruzeiro até nosso
destino final. Na subida, o comandante deve ter
solicitado ao centro Recife uma proa e altitude que
possibilitasse o sobrevôo do litoral, permitindo aos
passageiros do lado esquerdo da aeronave observar as
praias ensolaradas lá embaixo.
Estabilizamos e então começou a programação de
entretenimento, com programas da Globo, tudo no padrão
de serviço e de expectativa que eu tenho em relação à
TAM. Observava os comentários positivos de um grupo de
turistas americanos de Ohio, sentados nas fileiras à
minha frente, que elogiavam o vôo e os serviços da
empresa.
O entretenimento de bordo realmente faz diferença na
TAM. Nos fones de ouvido, 12 canais de música com
programação variada, que consta na revista de bordo
Carpe Diem, dedicada exclusivamente ao entretenimento de
bordo. Outro título, Almanaque Brasil, especialmente
interessante para os estrangeiros, além da própria
revista de bordo da TAM, a Classe, faziam o tempo passar
mais rápido.
E voando a quase 900km/h ia o nosso avião, que escalado
para o vôo daquela tarde era o PT-MZQ. Configurado agora
em uma única classe, o seu interior estava muito bem
cuidado e arrumado. Ninguém poderia dizer que se tratava
de uma aeronave com 11 anos de uso, tendo antes voado
para a South African Airways (com o prefixo ZS-SHF)
antes de ser entregue à empresa paulista.
O horário da decolagem 15:00, faria supor que ao menos
um lanchinho fosse servido, e assim foi: na bandeja, uma
empada quente recheada de ricota. Bolachinhas, um queijo
Polenguinho e um docinho. Cervejas e refrigerantes
completavam o lanche. Devo dizer que fiquei
decepcionado.
Nõa que eu esperasse um almoço completo. Mas é inegável
que a era da "redução de custos" já chegou ao catering
da TAM. Uma pena. A decisão de cortar custos, imperiosa
para qualquer empresa aérea neste momento, é
inquestionável. Mas para a empresa do tapete vermelho,
ela deveria ser reconsiderada quanto ao catering. Este
lanchinho confirma uma suspeita de outros vôos feitos
recentemente pela empresa: alguém lá em cima mandou
cortar custos. Só esqueceram que cortar custos, no caso
da TAM, significa alterar o DNA do marketing da
companhia. Seria o prenúncio de uma mudança de
posicionamento, um sinal inequívoco de uma lowcostização
da TAM?
Ou nos dois últimos vôos que fiz pela empresa teria eu
simplesmente tido azar com o catering? Seja como for, o
marketing da companhia sempre foi baseado no fato da TAM
dar mais ao passageiro do que ele espera. Sempre foi
assim, dos primeiros F-27 em diante, a empresa fundada
pelo saudoso comandante Rolim surpreendeu sempre para
mais.
Uma coisa é certa: pelo o que a TAM cobra, ela tem a
obrigação de servir refeições quentes e de boa
qualidade, como sempre fez. Ela não é low-cost/low-fare
e nós aqui, do outro lado do balcão, não somos tontos. O
padrão caiu, sim, e isso não ajuda em nada a TAM na
eterna briga pelo mercado. Se ela quer reduzir custos e
consequentemente, tarifas, tanto melhor. Mas por
enquanto, ninguém foi avisado. Ou abaixa a tarifa ou
sobe o nível das refeições.
O vôo prosseguiu serenamente, cruzando na vertical de
Confins e Pirassununga, como avisou o comandante num
simpático speech. Por fim, começamos a descer às 17:39 e
estimei nosso pouso para 25 minutos depois. Iniciamos o
procedimento de descida para o Aeroporto Internacional
Franco Montoro, onde tocamos com suavidade no solo as
18:04, depois de 03:04 minutos de vôo. Desembarcamos com
rapidez e as 19:30 estava em casa, graças ao Mattos de
Recife.
Avaliação: notas vão de zero a dez.
1-Reserva: Sem nota.
Feita pela TAM.
2-Check-In: Nota 10.
Show do Mattos e de quem o preparou tão bem para lidar
com o público
3-Embarque: Nota 9.
De ônibus até a aeronave e tapete vermelho... mas
ninguém na porta traseira para receber.
4-Assento: Nota 8.
Não gosto das cores nem da padronagem, e são em tecido.
São confortáveis, e o pitch é correto.
5-Entretenimento: Nota 10.
Ótima seleção musical e de video. Boas revistas, a Carpe
Diem, Classe e Almanaque Brasil.
6-Serviço dos comissários: Nota 9.
No padrão da TAM: muito obrigado, bom dia, boa tarde,
boa noite...
7-Refeições: Nota 5.
Não basta ser quente, tem de ser bem apresentada e
saborosa. Sinal de alerta, TAM.
8-Bebidas: Nota 8.
Corretas.
9-Necessaire: Sem nota.
Não é distribuída.
10-Desembarque: Nota 10.
Rápido e cordial.
11-Pontualidade: Nota 10.
Atraso desprezível.
Nota final: 8,77
Comentário final: O preço do sucesso é a eterna
vigilância, TAM. A queda no padrão das refeições é
notável e precisa ser revertido. A TAM é o que é por
sempre dar mais ao seus clientes, nunca menos. Cortar
nas refeições não vai levar a TAM a lugar nenhum, a não
ser, talvez, que consiga retirá-la da posição de
destaque que ocupa em nossa aviação. Quem avisa, amigo
é.
Gianfranco Beting
Tam JJ8000
Primeiro de Maio de 2004 seria a data de meu primeiro
vôo internacional num A320 da TAM, e esta experiência me
deixava curioso: como seria o produto internacional da
Vermelhinha em outra aeronave que não os confortáveis
A330?
Este vôo seria feito com troca de milhas e seria
necessário passar antes numa loja para emitir um
bilhete. Fui para a loja do Shopping Ibirapuera, em São
Paulo, e o tratamento não poderia ser melhor: a menina
que me atendeu foi tudo o que se espera de alguém que
lida com o píblico: elegante, solícita, eficiente e
simpática. Não havia fila e em menos de um minuto saí
com minha passagem.
Apresentei-me em GRU com duas horas de antecedência à
partida e, como aconteceu em todos os meus vôos
internacionais com a TAM, o check-in ficou devendo. Não
sei o que acontece com a empresa em GRU: tudo o que ela
tem de eficiente e rápido em Congonhas parece esquecer
nos balcões do aeroporto central de S. Paulo. Não é a
primeira vez que escrevo sobre isso aqui.
Quando finalmente fui atendido, mais de 30 minutos
depois de entrar na fila (ao chegar, havia apenas 5
pessoas à minha frente) fui muito bem tratado. Mas a
empresa parece sempre confusa nos procedimentos: mais de
cinco minutos por passageiro parece mostrar que há algo
que pode ser mesmo melhorado.
Bem, cartão de embarque na mão, lá fui eu para a sala de
espera. Como voaria de classe econômica, não teria
direito à regalia, mas, com meu cartão Mileage Plus
Premier da United, poderia entrar. Além disso, minha
patroa, com seu cartão Smiles Gold, também tem acesso.
A sala da United é uma das melhores de GRU, e tomamos um
verdadeiro café da manhã enquanto aguardávamos a chamada
para o vôo JJ8001. Quando finalmente chegou a hora
prevista, fomos para o portão. O embarque foi tranqüilo,
pois o A320-200 de prefixo PT-MZV não estava lotado: 8
assentos ocupados na Executiva e 119 na Econômica, 127
passageiros e seis tripulantes completavam o POB de 133.
Muito bem: ocupei meu lugar, 22A, atrás da janela.
Portas fechadas bem antes do previsto, o Cmte. Menke
solicitou o push e às 09h11, nada menos que 9 minutos
antes do previsto para nossa saída, o Zulu Victor era
tratoradao para o pátio. Motores IAE V2500 girando,
iniciamos o taxi as 09h15 com pouco tráfego à nossa
frente.
Alinhados na 09L, Menke aplicou potência de decolagem
aos dois motores: em 42 segundos, o A320 pesando
77.400kg deixou a pista, rodando com a V1 idêntica à VR,152
nós. Mais 4 nós, safety speed ultrapassada, trens de
pouso em cima, Menke usou seu joystick para comandar uma
pronunciada curva à direita, para cumprir a subida TUCA
1. Eram 09h20 e o JJ8001 estava apenas começando.
Nosso A320 subia e acelerava numa manhã especialmente
cristalina sobre São Paulo, depois de dias seguidos de
mau tempo, o ar encontrava-se limpo, algo cada vez mais
raro na maior cidade da América do Sul.
As telas de cristal líquido logo entraram em operação e
o sistema de entretenimento da TAM começou. Curtas
metragens e programas especiais foram exibidos. Na
classe econômica, serviram um café da manhã quente, com
um sanduíche de peito de perú e queijo no pão croissant
que estava mesmo bom demais para deixar passar.
Bebidas a escolher e outros ítens na bandeja completaram
a refeição que, se não estava deslumbrante, estava
bastante correta para o trecho e horário. Mais
importante, talvez, seja a atitude dos tripulantes,
liderados pelo purser Flávio. Todos e todas muito
simpáticos (as) com os passageiros, passando nitidamente
a impressão de que estavam lá para servir e, melhor, que
queriam agradar. Conseguiram.
Cruzando a 39.000 pés, o Airbus sacudia um pouco,
atravessando uma grande frente fria sobre a região sul
do Brasil, que impedia uma melhor visão do solo. Depois
de uma segunda passada com o trolley de bebidas e das
bandejas serem retiradas, já não faltava muito tempo
para nossa chegada a Buenos Aires. Aproveitei a cabine
mais calma, identifiquei-me à tripulação e pedi para
visitar a cabine e dar um abraço ao Cmte. Menke,
ex-colega na Transbrasil.
Menke abriu seu escritório para este reporter com
simpatia. Pelo visor frontal do Airbus, a cidade de
Buenos Aires brilhava sob um lindo sol de outono, às
margens do Rio da Prata, mas a conversa teve de ser
encurtada, pois já iniciávamos a descida para Ezeiza e a
TAM segue a rotina de Sterile Cockpit com rigor:
trata-se de limitar ao máximo conversas não pertinentes
durante as operações de pouso e decolagem e,
desnecessário dizer, proibir o acesso de convidados ou
mesmo de tripulantes não técnicos. Segurança em primeiro
lugar.
Menke foi "sujando" o A320, configurando o jato para
nossa chegada, que seria pela pista 11. Cabeceira
cruzada a 136 nós, Menke caprichou ainda mais, pois
nosso pouso foi daqueles perfeitos, os famosos
"vaselina" no jargão. Eram 11h37, completando o vôo em
02h17 de vôo. Mais alguns minutos e estávamos calçados.
JJ8000
Dia 3 de Maio, uma segunda feira, nosso retorno ao
Brasil seria pelo vôo JJ8000. Escalado para este vôo,
comandado pelo Cmte. Helio, estava a aeronave de prefixo
PT-MZN. O check-in foi super eficiente, sem fila alguma.
O embarque idem. A bordo do A320, menos de 80
passageiros. Com menos gente, os procedimentos foram
bastante agilizados e assim, em minutos, estávamos
prontos para a partida, prevista para as 22h00. As 21h45
o trator já nos afastava do portão e com mais quatro
minutos, saíamos taxiando rumo à cabeceira 11. Tudo
pronto, o JJ8001 deixou Buenos Aires as 21h54, seis
minutos antes do previsto. Excelente.
O dia havia sido longo para todos e logo as luzes da
cabine forma reduzidas, o que fez com que muitos
passageiros já reclinassem as poltronas e se entregassem
ao sono. Pouco depois de estabilizarmos, o serviço de
jantar foi iniciado, com duas opções de pratos quentes,
apenas razoáveis. Porém, a atitude desta tripulação do
JJ8001 seguia o mesmo padrão de simpatia habitual na
TAM, embora, como já notava em algumas faces,
encontrasse em alguns tripulantes um indisfarçável ar de
cansaço.
Findo o jantar, as luzes foram diminuiídas mas pouco
menos de 30 minutos depois, as 23h54, iniciamos a
descida para Guarulhos, onde tocamos as 00h18 da terça
feira, 4 de maio. Nosso pouso foi pela 27L, o que
diminuiu ainda mais o tempo de táxi. Logo estávamos no
portão e pouquíssimo tempo depois, as malas estavam à
disposição nos carrosséis. Luz verde na alfândega, sem
fila, eram 00h40 quando subi num dos t´åxis azuis e
brancos que monopolizam a transporte em GRU.
E só não fechei com chave de ouro o fim de semana, pois
pagar R$ 100,00 de táxi tira o humor de qualquer
cristão. ou de qualquer judia - como minha esposa.
Avaliação: notas vão de zero a dez.
1-Reserva: Nota 10.
Bastante cordial e eficiente, no padrão TAM.
2-Check-In: Nota 5.
Novamente tive problemas em GRU, um problema
aparentemente crônico da TAM. Já em EZE, foi excelente.
3-Embarque: Nota 10.
Tranqüilo e antecipado nos dois vôos.
4-Assento: Nota 7.
Não gosto das cores nem da padronagem em tecido e não em
couro. São confortáveis, e o pitch é correto.
5-Entretenimento: Nota 10.
Boa seleção musical e video nos dois vôos. As revistas
Carpe Diem e a Classe, agora com um projeto gráfico e
editorial mais moderninho, agradam.
6-Serviço dos comissários: Nota 10.
Excelentes: muito obrigado, bom dia, boa tarde, boa
noite... atitude com o passageiro é essa, um padrão na
TAM.
7-Refeições: Nota 6.
A sombra do que já foi um dia, mas foram duas refeições
quentes. Falta mais criatividade e atenção nas
combinações, como no vôo de ida, em que havia pão
francês E sanduíche de perú no croissant.
8-Bebidas: Nota 8.
Tudo no padrão.
9-Necessaire: Sem nota.
Não é distribuída.
10-Desembarque: Nota 10.
Rápidos, ordenados, muito bons. Malas nas esteiras
rapidamente.
11-Pontualidade: Nota 10.
Tudo ANTES dos horários!
Nota final: 8,60
Comentário final:
Muito bons estes dois vôos na TAM. O padrão das
refeições caiu, é certo, mas continua ao menos honesto,
pelo menos nos vôos internacionais. Aeronaves
impecáveis, por dentro e por fora: tudo limpinho, novo,
bem conservado, apesar destes dois A320 voados serem já
veteranos de muitos anos na África do Sul, quando
serviram a SAA. Mais do que impecáveis, os jatos estavam
bem tripulados. A atitude da esmagadora maioria dos
tripulantes da TAM é excelente e sem medo de errar,
afirmo que na média, é a melhor do Brasil.
Antes que me acusem de proteger a TAM em detrimento da
Varig, repito: na média, as tripulações da TAM estão
(vou colocar assim, no transitivo) mais atenciosas do
que as tripulações de empresas concorrentes. Digo isso
porque sempre que elogio ou critico qualquer empresa
aérea, mas sobretudo essas duas, recebo dezenas de
mensagens me acusando de proteger ora a TAM, ora a
Varig. Repito e coloco em negrito: não tenho preferência
por nenhuma: ambas são empresas notáveis, com uma
extensa folha de serviços prestados ao viajante
brasileiro. Ambas têm espaço e história para cobrir
nossos céus. E, para quem ainda não desconfiou, nem a
TAM nem a Varig me pagam nada (infelizmente!) pelas
minhas opiniões. Portanto, escrevo sobre o que vejo,
reporto sobre o que me acontece como passageiro. Nem
mais nem menos.
Voltando para concluir: para ser um vôo superlativo, a
TAM deveria voltar a pensar em investir mais no
catering, que já foi bem melhor. Aí, o produto ficaria
perfeito. Acho também muito mais confortável voar num
jato de 150 lugares, em vôos curtos como este, sobretudo
na hora de embarque e desembarque: fica tudo mais
rápido, simples, sem stress. Aprovada, TAM.
Tam JJ8090
O aeroporto de Guarulhos encontrava-se vazio naquela
noite de domingo, 30 de março de 2003. Em plena Guerra
do Iraque, os vôos internacionais não estavam sendo
muito procurados, sobretudo para os Estados Unidos.
Sendo assim, não foi surpresa encontrar os balcões de
check-in da TAM vazios. Mas foi surpresa o que
aconteceria a seguir.
Reputo a TAM como tendo equipes bem treinadas para
tratar com o público. Percebo na esmagadora maioria de
seus funcionários uma preocupação genuína em servir, em
agradar. Esta sensação eu tenho ao falar com a reserva,
com o atendimento em terra e sobretudo em vôo. Portanto,
o que ocorreu em GRU nesta noite foi inacreditável. Eram
21:00 quando entrei na área de atendimento da Classe
Econômica. Prontamente fui atendido com simpatia e
solicitude pelo funcionário de nome Ramon, que fez um
pré-exame no bilhete e no passaporte e me encaminhou
para uma inspeção manual da bagagem a ser embarcada,
procedimento de praxe em vôos com destino aos USA.
Fui encaminhado então para o check-in propriamente dito.
Apesar da TAM ter mais de 10 posições, apenas duas
atendiam naquele momento. Três pessoas estavam à minha
frente, portanto imaginei que em minutos estaria
liberado. Para minha total incredulidade, somente 35
minutos depois disso é que estava de posse de meu
boarding pass.
Caótico é o melhor termo para descrever os procedimentos
de solo naquela noite. As duas atendentes demoraram
demais com estes três passageiros, um deles visivelmente
contrariado por ter de pagar excesso de bagagem. No
outro caso, um rapaz sozinho trazia uma mala com 32 kg e
também discutia com a funcionária. Enquanto isso, a fila
ia crescendo atrás de mim.
Quando finalmente fui atendido pela funcionária de nome
Taylor, veio a surpresa: um de seus companheiros
simplesmente cortou-me a frente, subiu na balança (por
sobre a minha mala) e de costas para mim, com sua
"poupança" balançando a apenas alguns centímetros de meu
rosto, icalmamente pos-se a colar adesivos num maço de
cartões de embarque que trazia na mão. Não satisfeito,
interrompia a funcionária que fazia meu check-in com uma
série de perguntas.
Estupefato, lancei ao ágil funcionário um olhar tão
desagradável que mesmo de costas, ele deve ter sentido o
desconforto. Então virou-se e, ao ver meu semblante,
continuou meio constrangido a garatujar algo nos seus
cartões de embarque, até concluir sua tarefa e descer de
seu "pedestal". Nunca vi nada parecido.
Seja como for, somente 35 minutos depois de chegar é que
saí para o portão de embarque. Inaceitável para a
empresa que estende aos passageiros o Magic Red Carpet.
E enquanto me dirigia ao portão de embarque, pensava cá
com o meu boarding pass: puxa, o que teria acontecido
com o Estilo TAM de Voar?
Veio então a hora do embarque no A330-200 de prefixo
PT-MVE, o mesmo usado nos últimos anos pelo
ex-presidente FHC e último dos 5 originalmente
encomendados pela TAM. A aeronave, entregue em novembro
de 2000, estava muito bem conservada por dentro, limpa e
bem arrumada quando embarquei. Fui para minha poltrona
(34H, corredor) numa das últimas fileiras do aparelho.
O processo de embarque foi rápido. No total, 133
passageiros na classe econômica ante os 171 lugares
disponíveis. Na executiva, mais 20 assentos ocupados dos
36 disponíveis e na Primeira Classe, apenas 3 dos 7
assentos foram ocupados naquele vôo, o JJ8090.
Embarque completo, os comissários (11 tripulantes de
cabine mais 2 técnicos) começaram a distribuir aos
passageiros da Econômica suco de laranja ou água, além
de um simpático pacotinho de castanhas de cajú, isso
ainda no solo. Antes do push-back, outra comissária
passou entregando aos passageiros escova de dentes e um
tubo de pasta, sempre útil num vôo noturno.
O chefe de cabine Marcos Chieiri deu as boas vindas,
seguido pelo speech do Cmte. Arbage, que estava, como
manda a tradição da companhia, na porta da aeronave
recebendo os passageiros. As mensagens foram em
português, inglês e espanhol.
Portas fechadas, o A330 foi rebocado para o pátio as
22:38, sete minutos antes do previsto. Quatro minutos
depois, Arbage liberou os freios e o enorme bimotor
começou a taxiar rumo à cabeceira da pista 09L, de onde
partimos rumo à Miami as 22:48.
Estabilizados, começou o serviço de jantar: em primeiro
lugar, uma toalhinha úmida foi oferecida aos pax, o que
achei muito bom. Depois, outra comissária veio e
ofereceu uma espécie de guardanapo com fitas
auto-adesivas, ou se preferir, um babador. Simples e
prático, especialmente num avião. Detalhes que fazem a
diferença.
Veio o jantar, de apresentação apenas correta: os
pratinhos plásticos estão muito feios, brancos, pobres
demais. A toalha da bandeja, com imagens promocionais da
companhia aérea, contraria a tendência atual de fazer
com que o passageiro esqueça que está num avião: além do
que, com os pratos por cima, ninguém pode ler mesmo a
mensagem.
Duas opções de prato principal: um penne ao sugo e um
peixe à bahiana com arroz e pirão, saboroso. De
sobremesa um parfait com calda de farmboesa, correto. Os
vinhos estavam bons para uma classe econômica: um
Beringer californiano, branco, e tintos chilenos e
argentinos. Whiskies e outras bebidas faziam companhia.
Ao longo do jantar, começou a programação de audio e
video. No PT-MVE, o sistema ainda não é AVOD (Audio
Video On Demand) aquele em que o passageiro tem total
controle sobre a programação. Esta tecnologia só está
disponível na segunda leva de A330-200 entregues à TAM,
as aeronaves de prefixos MVF, MVG, MVH e MVK.
Seja como for, havia três filmes de longa metragem,
todos atuais e interessantes. Fiquei com o "Casamento
Grego" que já queria ter assistido em terra. Esse foi um
fator que fez muita diferença na impressão geral que
tive do vôo, afinal, foram duas horas de atenção
dedicada à tela individual no assento à minha frente.
Sentado na poltrona fabricada pela Sicma Aero Seat,
constatei que eles são mesmo mais modernos e
confortáveis: possuem apoio para a cabeça, descanso para
os pés e têm os controles de A/V (audio/video) no braço
da poltrona. Enfim, são muito bons.
Pelas próximas duas horas, quase esqueci do vôo. Não o
suficiente porém, para deixar de notar a atenção
dispensada pela tripulação, que voltou duas vezes
enchendo copos, retirando bandejas e, finalmente,
oferecendo chás, café, licores e chocolates. Tudo muito
bom, acima do padrão médio de outras classes econômicas
por aí. E o que é mais importante: o tempo todo, todos
os comissários mostraram uma atitude impecável, de quem
está genuinamente dedicando toda a atenção aos
passageiros.
Terminado o filme, fui descansar. Dormi por duas horas e
acordei com o nosso A330 cruzando os céus do Caribe. Fui
despertado para o café da manhã quando eram
aproximadamente 01:30 da manhã, hora do Brasil, ou 03:30
hora de Miami. Um café saboroso foi apresentado, com um
Croque Monsieur de perú que estava bastante bom.
Eram 04:07 quando o Cmte. Arbage começou a descida,
quando estávamos ainda a 230km do destino, no través das
ilhas de Andros. 25 minutos depois, as 04:32, as rodas
do Mike Victor Echo tocaram a pista 27R de Miami. Mas só
foi depois de 16 minutos de taxi que finalmente
estacionamos no gate A25. Ainda estava escuro e frio,
com 15ºC do lado de fora. O vôo 8090 acabava alí, com
duas impressões: uma péssima dos serviços em terra,
outra ótima dos serviços à bordo.
Avaliação: notas vão de zero a dez.
1-Reserva: Nota 10.
Sem problemas, gentileza e simpatia totais.
2-Check-In: Nota 0.
Imperdoável! Surpreendentemente ruim para uma empresa
que gosta de estender tapetes vermelhos.
3-Embarque: Nota 10.
Eficiente e organizado.
4-Assento: Nota 7.
Bancos confortáveis e modernos, pitch correto.
5-Entretenimento: Nota 8.
A revista Carpe Diem é o guia de entretenimento e a
Classe é a revista de bordo. Mas a grande atração é,
claro são os monitores individuais.
6-Serviço dos comissários: Nota 9.
Profissionalismo, eficiência e simpatia.
7-Refeições: Nota 5.
Saborosas e numa quantidade um pouco pequena.
8-Bebidas: Nota 7.
Bem razoável a seleção: cerveja, água, suco,
refrigerantes e bons vinhos.
9-Necessaire: Sem nota.
Não há, apenas uma escova de dentes e pasta dental.
10-Desembarque: Nota 8.
Organizado e relativamente rápido. Malas na esteira
quando saímos da alfândega.
11-Pontualidade: Nota 10.
Chegamos e saimos antes do previsto.
Nota final: 7,4
Comentário final: Tirando a sofrível experiência no
solo, inaceitável para uma empresa como a TAM e,
principalmente num aeroporto central como GRU, o resto
foi muito bem. São tempos difíceis para as empresas
aéreas, e percebe-se uma diminuição sensível em alguns
ítens como, por exemplo, as refeições. Mas a empresa
mostrou-se muito bem na atitude dos tripulantes durante
o vôo, uma tradição da companhia. Em resumo, a nota
exprime que se não foi um vôo perfeito, sobretudo em
terra, a sensação ao desembarcar foi de que se tratou de
um bom vôo.
Gianfranco Beting
TAM JJ8091
O vôo JJ8091, Miami-Guarulhos começou muito bem. A
reserva da TAM nos USA contactou-me no hotel
reconfirmando o vôo e oferecendo transporte gratuito
para o aeroporto: aceitei e marcamos um "pick-up time"
para as 17:00. Pontualmente, uma van apontou na portaria
do hotel e em segundo estávamos a caminho do MIA
International. O motorista, brasileiro, me explicou que
na média a empresa, que presta o serviço de transporte
para os passageiros da TAM, faz sete traslados por dia.
O trânsito era leve e 20 minutos depois entrava no
saguão para fazer o check-in do vôo que partiria as
20:00. Para minha surpresa, ao chegar aos balcões no
Terminal A, havia uma flagrante desorganização. Por
exemplo, os letreiros postados acima das posições de
check-in não indicavam as posições exclusivas para a
Primeira Classe ou Classe Executiva, um erro grosseiro.
Uma única fila formava-se, mas era evidente que já havia
uma distinção de classes. Passei à frente e me postei
detrás de uma cavalheiro de terno, que embarcava, como
viria a perceber depois, na Primeira Classe.
Só então é que um funcionário da empresa, não
uniformizado, mas com todo jeito de supervisor, resolveu
trocar as plaquetas e colocá-las corretamente, indicando
os check-ins dedicados. Mas apenas duas horas e meia
antes do vôo?
O procedimento foi caótico. A funcionária da TAM me
atendeu visivelmente estressada, reclamando a todo
momento que o sistema estaria "inoperante". Não estava:
ela é que não sabia programá-lo corretamente, como
descobri ao observar o "supervisor" revertendo comandos
por ela digitados e lhe ensinando o que deveria ser
feito. Enquanto isso, ela mascava seu chiclete,
impávida. Tudo bem que estamos na América, terra do
Chewing Gum, mas... mascar chiclete ao atender ao
público? Ôpa! Red Light! Red Light! Danger! Danger!
Seja como for, demorou mais do que deveria, o cavalheiro
e eu precisamos dispor de 20 minutos para fazer o
check-in. E a fila atrás de nós crescia...
Passamos finalmente pela Operação Humilhação que é praxe
hoje em qualquer embarque nos USA. Tira roupa, sapato,
cinto, casaco. Você é apalpado, sua bagagem revirada:
uma boçalidade.
Entrar na Sala VIP da British Airways, utilizada pela
TAM para os pax da Classe Executiva, foi como chegar a
um oásis. De lá pra frente a experiência só iria
melhorar. A sala é decorada segundo as novas tendências,
de "desesterilizar" o clima de aeroporto, humanizando os
ambientes com materiais e revestimentos mais orgânicos,
naturais, nada que "lembre" uma sala VIP. Será que tem
um dedo de Feng Shui também? Vai saber...
A vista da sala é ótima e fiquei namorando o desfilar de
MD-11s, DC-10s, MD-80s e Boeings que passavam taxiando
abaixo. Na tela da TV, eram exibidos os últimos
acontecimentos da Guerra do Iraque, ela própria
responsável por um aeroporto bastante vazio.
Eram 19:30 quando finalmente me dirigi ao portão A25,
onde o reluzente PT-MVH, com pouco mais de seis meses de
uso, aguardava as atenções finais para começar seu vôo.
Os demais passageiros já haviam embarcado, então fui
diretamente à minha poltrona, 7A, primeira fila da
segunda cabine da executiva, na janela.
O interior, novíssimo, causou ótima impressão. Melhor
ainda a acolhida da tripulação responsável pela Classe
Executiva. Naquela noite, eram apenas comissárias e
todas elas belíssimas. Logo trouxeram um taça de
champagne e castanhas de cajú quentinhas, apresentadas
em pratinhos de louça alemã e colocadas nos largos
apoios das poltronas. Em seguida, antes das portas serem
fechadas, as comissárias circularam oferecendo jornais e
revistas, depois os cardápios e as necessaires. Por
sinal, especialmente bem apresentadas e completas, mais
parecendo necessaires de primeira classe de outras
companhias. Finalmente, voltaram recolhendo copos e
perguntando sobre a seleção de cada passageiro para o
prato quente.
O comandante Élcio fez um speech curto, em português e
inglês, informando apenas o tempo em rota, condições na
chegada em GRU e horário estimado de pouso, 05:43. As
portas foram fechadas às 19:50, com dois passageiros na
Primeira Classe, 18 na Executiva e 132 na classe
econômica. O push-back foi à 19:55 e taxiamos
pontualmente às 20:00, ou seja, saímos antes do horário
previsto.
Nosso taxi para a cabeceira da pista 09L demorou 13
minutos. Foi então que Élcio encheu a mão nas manetes e
o A330-200 decolou sem grande esforço, aproando
inicialmente as Ilhas de Bimini, uma SID padrão em
Miami. Lá embaixo os neons coloridos de Miami Beach,
sempre um espetáculo de se ver, emolduravam o gigantesco
motor nº 2 da GE, girando a plena potência a poucos
metros de minha janela. Logo reduzimos para a potência
de subida, climb thrust, utilizada para reduzir o ruído
em solo e para não sobrecarregar os motores.
O PT-MVH faz parte da nova leva de A330-200 entregues à
TAM, e como tal, é equipado com um sistema de
entretenimento de Audio e Video On-Demand (AVOD). Isto
significa que cada passageiro não só tem a opção de
escolher a programação de seu interesse, como também a
hora de início, pausa, avanço e retrocesso da
programação. Ou seja, é como se estivesse em sua casa
operando um videocassete ou DVD. Esta é a mais moderna
tecnologia em sistemas de entretenimento no mundo, só
disponíveis em empresas brasileiras nestes 4 últimos
A330-200 recebidos pela TAM (MVF, MVG, MVH, MVK) e nos
dois Boeings 777-200 da Varig.
No caso da TAM, esta comodidade é complementada por
telas de 10 polegadas, das maiores já vistas a bordo. O
som é digital, de excelente qualidade. E você ainda pode
jogar video-games em seu próprio assento. Melhor que
isso, apenas um par de companhias aéreas asiáticas.
Sendo assim, imediatamente após a decolagem, já assistia
a um filme de longa metragem.
As comissárias retiraram seus blazers e vestiram uma
peça usada exclusivamente durante o serviço de
refeições, conhecida como jumper. No caso da TAM, as
peças são de dupla face, de um lado vermelha e do outro
azul. A supervisora da Classe executiva usa o seu jumper
do lado vermelho após as 18 horas e azul após as 06:00
da manhã. As outras duas comissárias usam as cores
invertidas, para justamente diferenciar a supervisora de
suas assitentes.
Isso ocorre na Classe Executiva e Econômica: a TAM
dedica um equipes fixas, por classe, dentre os 11
comissários a bordo dos serviços para Miami. Para a
Primeira Classe são 3 comissários (para 6 assentos), na
Executiva são mais 3 (para 34 assentos) e na econômica,
os 5 restantes (para 171 assentos). Isso já dá idéia da
diferença de tratamento e atenção disponíveis.
Veio então o jantar: uma salada verde com presunto crú,
temperada à minha frente e um creme de frango (saboroso)
de entrada. Em seguida o prato principal, filé mignon
com puré de batatas e cenouras, bastante bom. Era uma
das quatro opções de pratos quentes, outra coisa rara de
se ver. Hoje, nas melhores classes executivas,
normalmente há apenas 3 opções de pratos quentes. Os
outros eram um filé de salmão no molho de manjericão,
filé de frango ao molho de cebolinhas e finalmente um
ravioli recheado de queijo de cabra à la Alfredo. Como
sobremesas, queijos e frutas ou então uma torta
marmorizada de chocolate, bastante boa.
Chá, café e licores arremataram a refeição. Já
cruzávamos a costa da Venezuela, com mais de duas horas
de vôo, quando finalmente o último copo foi retirado.
Voávamos a 37.000 pés e a noite lá fora era clara, sem
turbulências. Descansei por duas horas, esticando o
esqueleto na confortável poltrona, equipada com suporte
lombar, bom descanso para os pés e apoio para a cabeça
ajustável. Em suma, o assento compete em pé de igualdade
com os melhores do mundo. Melhor que isso só as camas
que começam a ser frequentes nas classes executivas da
melhores empresas aéreas internacionais. Que tal pensar
no assunto, TAM?
Acordei duas horas depois, quando eram 04:00, horário de
Brasília ou 02:00 hora de Miami. Estava sem sono e
fiquei acompanhando o progresso do Airbus num mapa que
indica posição geográfica, altitude (no caso a 41.000
pés), velocidade em relação ao solo (920km/h) e outros
parâmetros no sistema conhecido por Airshow, que é
ligado diretamente aos computadores de navegação da
aeronave.
Eram 04:33 quando os passageiros foram despertados para
o que viria a ser um pantagruélico café da manhã, o
maior que já vi em muitos anos de vôo. Só me lembro de
tanta variedade assim na Primeira classe da Qantas, da
BA e da Singapore. Realmente um espanto: prato com frios
e queijos, prato quente com duas opções (misto-quente de
perú ou omelete, em quantidades bastante generosas),
cereais, frutas, sucos, geléias, iogurtes e pães
quentinhos. Eu, que não sou de deixar comida no prato,
fui vencido desta vez.
Já não restava muito mais tempo de vôo quando terminou o
serviço. Uma alvorada carrancuda, carregada de nuvens,
ia rompendo a noite lá fora, num rasgo de luz
amarelo-azulada lá no horizonte. O motor vermelho do
A330 contrastava de forma muito bonita, como você pode
ver na penúltima foto da matéria.
Élcio iniciou a descida as 05:26. Como na média entre o
início da descida e o pouso se passam 25 minutos,
estimei o pouso às 05:51. Chegamos um minuto antes à
pista 09R de Guarulhos e taxiamos até o Gate H03. Portas
abertas às 06:05, eram exatamente 06:15 quando entrei no
táxi que me levaria até minha casa. Melhor que isso,
impossível.
Avaliação: notas vão de zero a dez.
1-Reserva: Nota 10.
Reconfirmado pela empresa. E uma van para me levar até o
aeroporto? Nota 10!
2-Check-In: Nota 0.
Como no vôo da ida, surpreendentemente ruim. Tapete
Vermelho não, um Cartão Vermelho para o atendimento no
aeroporto.
3-Embarque: Nota 10.
Melhores impossível: da sala VIP ao assento sem nenhuma
fila.
4-Assento: Nota 8.
Bancos bastante confortáveis, modernos, pitch correto,
monitor de 10 polegadas é espetacular. Nota dez só se
reclinasse 180 graus.
5-Entretenimento: Nota 10.
A revista Carpe Diem indicava as muitas opções no
sistema AVOD, entre elas 7 filmes de longa metragem.
6-Serviço dos comissários: Nota 9.
Só não é um redondo 10 porque por três vezes, tive de
pedir para completarem meus copos. Fora isso, atitude e
apresentação impecáveis.
7-Refeições: Nota 10.
Saborosas, bem apresentadas, quantidade generosíssima e
quatro opções de prato principal.
8-Bebidas: Nota 9.
Seguindo as tendências mais modernas, uma seleção de
vinhos privilegiando o Novo Mundo: Chile, África do Sul,
Austrália, Argentina. Para ficar perfeita, faltou apenas
um francês mais classudo, até porquê a TAM voa para
Paris. Várias opções de cervejas, água, sucos,
destilados e refrigerantes.
9-Necessaire: 9.
Uma das melhores vistas ultimamente.
10-Desembarque: Nota 10.
Organizado e rápido. Malas na esteira em minutos.
11-Pontualidade: Nota 10.
Mais que on-time, chegando e saindo antes da hora.
Nota final: 8,63
Comentário final: minha opinião sobre o serviço da TAM
reflete a experiência de quem, em 7 semanas, voou em 7
companhias aéreas internacionais diferentes: a bordo, a
TAM foi a melhor de todas, embora no geral, não tenha
sido perfeita, apresentando falhas imperdoáveis no solo.
A TAM conta com algumas das equipes de profissionais
mais motivadas e bem treinadas para tratar com o público
dentre quaisquer companhias aéreas: há uma preocupação
genuína em bem servir. E isso é fundamental neste
momento em que a empresa co-representa o nome do Brasil
lá fora.
Gianfranco Beting
TAM JJ8083 PRIMEIRA CLASSE
A noite de 23 de janeiro era calma e chuvosa, como a
maioria das noites do verão 2007, o mais chuvoso das
últimas décadas no sudeste brasileiro. Apresentei-me no
balcão de check-in da Classe Executiva da TAM.
Finalmente iria experimentar o "jeito TAM de voar" para
a Big Apple, a cidade de Nova York.
E não seria um vôo qualquer: pela primeira vez, iria
voar na Primeira Classe da JJ. Um sonho antigo, pois
somente havia experimentado (e aprovado) a Classe
Executiva em vôos intercontinentais da TAM.
Fui conduzido para uma sala dedicada ao atendimento da
Primeira Classe, localizada logo depois da calçada, em
frente ao terminal, antes mesmo de entrar no saguão
principal. Ao cruzar as portas de vidro, foi como entrar
num oásis. Um ambiente calmo, elegante, finamente
decorado. O padrão de atendimento e a atmosfera na sala
estavam mais para um banco de investimentos do que para
um saguão de aeroporto: tratamento cortês, discreto e
ágil. As malas "desapareceram" de vista
instantaneamente. Numa questão de segundos estava com
meu cartão de embarque. Mal deu tempo de tomar a bebida
e uma funcionária, Amábile Coelho (sim, o nome ajuda)
apareceu para me acompanhar até a sala VIP da empresa,
outra cortesia que é padrão no serviço da TAM e que não
passou desapercebida.
Minutos depois entrava na sala VIP da empresa. A
decoração chamou a atenção: surpreendente, para dizer o
mínimo. Bastante diferente da maioria das outras salas
VIP que já conheci. A começar pelo piano de cauda, onde
uma pianista executava standards com suavidade. Um busto
do comandante Rolim, sorridente como sempre lembraremos
dele, dominava o salão. Espalhados pelas paredes, em
estantes de vidro, uma notável coleção que reunia desde
instrumentos usados por aeronaves antigas à troféus e
prêmios conquistados pela TAM ao logo de sua vitoriosa
trajetória.
A combinação da inefável imagem do Cmte. Rolim com o som
do piano ao vivo me fez lembrar do fortíssimo DNA de
serviços da empresa. Um patrimônio que a TAM trabalhou
por décadas para estabelecer. Um legado e um desafio, em
meio ao caos instalado na aviação brasileira, para a
empresa preservar. Uma missão que não tem fim. Que exige
perfeita execução em cada contato entre seus
funcionários e o público.
Ao entrar na sala, a atendente me informou que o
embarque seria feito conforme minha conveniên cia: antes
que os outros passageiros ou no último instante. Essa
decisão é mais um toque de personalização de serviço e é
padrão no atendimento da primeira classe. Optei por
embarcar antes: para mim, quanto mais tempo dentro de um
avião, melhor. Na realidade fui o primeiro a embarcar no
PT-MVL, mais novo A330 em operação na frota da empresa.
Como era de se esperar, estava impecável. A aeronave
parecia saída de fábrica o que, de fato, ocorreu em
28/10/2005, quando foi entregue em Toulouse. Fui
recebido com cortesia e gentileza, o que aliás é comum
nos jatos da companhia, indistintamente, em todas as
classes. Ocupei meu assento, 1K, primeira fileira, e
aguardei o término do embarque.
Nosso horário previsto de saída era 22h45, mas quando
chegou a hora, as portas do PT-MVL permaneceram abertas.
Na verdade, o vôo acabaria por sair bem depois do
horário publicado de partida. O push-back foi dado as
23h17, já com 32 minutos de atraso em relação ao STD,
22h45. O A330 foi tratorado à sua posição para taxi, os
motores acionados e... Nada. Finalmente, as 23h47, o
comandante do vôo explicou ao passageiros que o PT-MVL
apresetava uma pane. Havia uma indicação de "low fuel
pressure" no motor nº1. Apesar do motor girar
normalmente e da tripulação ter tentado várias vezes
descobrir a origem da indicação, não foi possível
retificar o defeito. O relógio marcava 23h47 quando o
PT-MVL foi tratorado de volta ao portão. Portas abertas,
a tripulação recebeu a bordo um mecânico que, em pouco
minutos, entrou na baía de aviônicos, localizada sob o
assoalho do cockpit. O mecânico religou os computadores
e a comprovou-se que não havia problema algum com o
motor Nº1 do PT-MVL: a indicação era falsa. Já passava
da meia noite quando finalmente as portas foram
novamente fechadas e o A330 chamou o controle de solo.
As 00h22, fomos tratorados novamente. Motores acionados,
tudo certo, iniciamos o taxi as 00h26. Decolamos quatro
minutos depois da pista 09L de Guarulhos, entrando
rapidamente dentro da camada de nuvens.
A bordo, os 169 passageiros, tão logo estabilizamos,
receberam as atenções de 11 comissários (as) que
rapidamente trataram de servir o jantar. As refeições na
Primeira Classe não têm horário determinado pela
empresa, mas sim pelo passageiro, que pode escolher o
que comer, e sobretudo, quando comer. Outro toque
importante que reflete uma filosofia básica de serviço
escolhida pela TAM: a personalização.
Na verdade, não seria muito difícil escolher, devido ao
avançado horário: com o atraso de quase duas horas em
relação ao STD, queria mesmo jantar o mais rápido
possível para me esparramar pelo assento-cama, com 180º
de inclinação. Assim, logo que estabilizamos a 36.000
pés, parti para o ataque. O cardápio é assinado pelo
chef Jean Paul Bondoux. Já conhecia e admirava a
clássica cozinha desse francês radicado em Buenos Aires,
onde comanda o imopecável restaurante do Hotel Alvear.
Bondoux também tem uma casa em Punta del Este, Uruguay,
a belíssima "La Bourgogne". Esses dois restaurantes são
uns dos poucos que conquistaram a distinção de pertencer
à cadeia Relais e Chateaux na América do Sul.
Na Primeira Classe do vôo JJ8080 havia duas opções de
entrada. Um gazpacho com pesto de rúculas ou camarões
com uma compota de limão e echalotes (pequenas
cebolinhas) que, por sinal, estava sublime. Depois, foi
servido um sorbet de limão e aguardente para "quebrar" o
vigor da inusitada entrada. Em seguida, passei "non-stop"
por uma sopa de ervilhas e em seguida, escolhi dentre
quatro opções de pratos principais: um surubim ao molho
de manga, acompanhado por batatas, azeitonas, tomate
seco e timbale de vegetais, receita de inspiração
brasileira; havia ainda um filé de frango ao estilo
indiano, com compota de manga e passas, arroz selavagem
e vegetais ao vapor; uma massa, quadratini recheado de
carne seca e mandioca, com duas opções de molho (tomate
ou cremoso de queijo); e, finalmente, minha escolha:
costeletas de cordeiro com molho oriental, couscous de
damasco e limão. Estava muito boa, carne macia e
saborosa, couscous delicado e no ponto certo.
Váris opções de sobremesas: destaque para uma terrina de
chocolate com amêndoas ao molho de framboesas; uma
variedade de chocolates, sorvetes e frutas frescas. Uma
tábua de queijos (brie, cabra, gorgonzola, parmesão e
reino) acompanhou os licores e café. Quando a refeição
terminou estava realmente satisfeito: as porções
servidas eram delicadas, sem exageros, servidas em
pratos de porcelana japonesa Narumi.
A carta de vinhos é assinada pelo expert Arthur Azevedo,
presidente da Associação Brasileira des Sommeliers. Os
vinhos estavam muito bons, embora não houvesse opções
nos brancos. A champagne francesa era uma Drappier La
Grande Sendrée. O vinho branco era um Viu Manent
Sauvignon Blanc do vale de Colchagua, Chile. Entre os
tintos, destaque para um espanhol muito bom, o Jacques e
François Lurton "El Albar Excelência" de Toro. Um
bordeaux (Château Le Grand Verdus) e um chileno (Domus
Áurea, Maipo) completavam as escolhas. Ao final, achei a
carta suscinta e inteligente, um fino balanço de cepas
do novo mundo com regiões mais tradicionais. Somente a
variedade decepcionou. Afinal, espera-se numa primeira
classe ao menos duas, senão três opções de vinhos
brancos. Um ponto que a TAM poderia rever no seu
catering.
Quando a refeição terminou, já estávamos além de
Brasília. Restavam ainda mais oito horas de vôo,
aproximadamente. Foi o tempo de dar uma passadinha no
banheiro e retornar ao assento, rapidamente convertido
em cama pela tripulação. Além de receber um confortável
pijama, recebi chinelos e um kit de conveniência
bastante completo. Um belo travesseiro de pena de ganso,
lençol macio e edredom fofinho formavam uma verdadeira
cama. Para dormir profundamente foi apenas uma questão
de minutos.
Acordei naturalmente cinco horas depois, bastante
descansado. Um café completíssimo foi servido com graça
e elegância pela purser do vôo, Zarrarah. Ela e mais uma
colega, Dominic, tomavam conta da Primeira Classe, que
tinha seis dos sete assentos ocupados. Mais três
comissários cuidavam da Classe Executiva e outros cinco
atendiam os passageiros na Classe Econômica. No total
havia 169 passageiros no JJ8080 e mais treze
tripulantes, perfazendo um POB (People On Board) de 184.
Durante o café assisti mais um pouquinho da variada
oferta de entretenimento a bordo do A330. O sistema é
totalmente AVOD, Audio-Video On Demand. O passageiro tem
absoluto controle sobre todos os programas, podendo
adiantar, voltar, parar e retomar qualquer programa
exibido. A revista da TAM está cada vez melhor e havia
ainda uma ampla variedade de revistas brasileiras e
internacionais, bem como jornais do Brasil e dos Estados
Unidos.
Foi apenas uma questão de tempo para chegarmos na pista
31R de Kennedy. O pouso, as 07h14, foi incrivelmente
suave, completando o tempo de vôo em 08h44. Taxiamos até
o portão 22 do Terminal 4 e cortamos os motores com
quase duas horas de atraso em relação ao horário
previsto de chegada, 05h30.
Avaliação:
1-Reserva: Nota 10.
Reservar foi fácil. Usei minhas milhas do programa
AAdvantage da American Airlines e escolhi voar na TAM,
empresa parceira da AA.
2-Check-In: Nota 10.
Só comparável ao atendimento de Primeira Classe da
Singapore Airlines no aeroporto de Cingapura.
3-Embarque: Nota 10.
Outra grande idéia: permitir ao pax escolher a hora de
embarque de sua preferência.
4-Assento: Nota 10.
Além de proporcionar conforto insuperável, acho o modelo
escolhido pela TAM o mais belo nos céus. A pequena
cabine (apenas 7 poltronas) ajuda a tornar a atmosfera
ainda melhor. O travesseiro de pena de ganso e o edredom
"mataram".
5-Entretenimento: Nota 10.
O entretenimento é em quantidade e qualidade de opções
comparável aos melhores do mundo.
6-Serviço dos comissários: Nota 10.
As quatro comissárias, nos dois vôos, foram perfeitas,
sob todos os aspectos.
7-Refeições: Nota 10.
As refeições foram excelentes, em ambos os vôos. Da
apresentação às quantidades, da escolha do cardápio à
flexibilidade na hora de servir, tudo de Primeira
Classe.
8-Bebidas: Nota 9.
Ah-há! Encontrei um defeitinho! Não havia opção de vinho
branco na carta de vinhos. De resto, tudo ótimo.
9-Necessaire: Nota 9.
Excelente, muto bem equipada, compacta. Podia ser mais
inovadora na forma, porém.
10-Desembarque: Nota 10.
Rápido e ágil, perfeito nos dois vôos.
11-Pontualidade: Nota 5.
Nos dois trechos, saídas e chegadas quase duas horas
atrasadas em relação aos horários publicados.
Avaliação geral: Nota 9,36
Comentário final:
Tirando o atraso, foi um excepcional vôo. No mundo da
aviação comercial, sabe-se que uma empresa aérea
internacional "chegou lá" quando ela voa para destinos
como Nova York, Paris ou Londres. Estas cidades,
juntamente com Tóquio e Hong Kong (e dentro de alguns
anos, Dubai) formam os "Top Five", os cinco destinos
internacionais maior procura e prestígio para qualquer
empresa aérea. O fato da TAM operar em em três destes
cinco deixa claro que a empresa, com menos de 30 anos de
idade, atingiu sua maturidade. Um balzaquiana
enxutíssima, que mostra ao mundo o que o Brasil tem de
melhor na aviação comercial: aeronaves moderníssimas,
muito bem equipadas internamente; um serviço de bordo
primoroso; uma equipe de profissionais de primeira
linha, bem treinada e empenhada em agradar o passageiro.
Quanto à essa característica, há um fato que acho
relevante: os comissários da TAM sempre tratam os
clientes de forma direta e humana, num plano igual. Nem
com a indisfarçável "superioridade" demonstrada pelas
tripulações de outras empresas aéreas brasileiras que um
dia operaram nas citadas cidades; nem com uma certa
subserviência, muitas vezes encontradas em empresas
asiáticas. As tripulações da TAM tratam os passageiros
de igual para igual, com educação. Minha impressão
mesmo, depois de dezenas de vôos domésticos e
internacionais, nas três classes, é que as tripulações
da TAM são assim mesmo: na medida certa, nem arrogantes
ou distantes, nem íntimas demais. Um padrão que é ao
mesmo tempo jovial e discreto; elegante e solícito.
Com uma das frotas mais modernas do mundo, um time de
profissionais de primeira linha, uma malha aérea que
serve os principais pontos da América do Sul e agora, as
principais rotas intercontinentais que unem o Brasil à
Europa e aos Estados Unidos, a conclusão é uma só: da
mesma forma como a TAM afirma seu "orgulho de ser
brasileira," o Brasil pode se orgulhar de ter uma
empresa como a TAM.
Gianfranco Beting
O domingo 28 de janeiro de 2007 amanheceu feio e e
chuvoso em Nova York. Muito diferente da antevéspera,
quando a cidade havia enfrentado um frio de rachar, de
10ºC abaixo de zero, fora o vento que soprava com 25
milhas por hora em céus absolutamente azuis. A
temperatura era de dois graus positivos quando, às 06h00
da manhã, entrei no moderno saguão do terminal 4 no
aeroporto John Fitzgerald Kennedy. Não havia ninguém à
minha frente e o check-in foi feito em poucos minutos
para o vôo 8083, um dos dois operados diariamente pela
empresa na rota Nova York - São Paulo.
Rumei para a sala VIP da Virgin Atlantic, que os
passageiros da TAM podem utilizar enquanto aguardam o
embarque. Sala VIP é pouco para descrevê-la. Só para se
ter uma idéia, há um cardápio impresso com a seleção de
refeições e bebidas disponíveis. Obras de arte, uma
fonte, um espelho d`água e 67 poltronas giratórias
compõem o ambiente. Musica pop, tocada num volume maior
do que seria comum, completava a atmosfera hype que é
característica dessa espetacular empresa aérea
britânica.
O próprio comandante Rolim não disfarçava sua admiração
pela companhia de Sir Richard Branson. Certa vez, em
janeiro de 2000, Rolim me puxou pelo braço em Congonhas,
na fila do embarque da Ponte Aérea. Me confidenciou ao
pé do ouvido, como costumava fazer: "Ô Gianfranco, vou
pintar todas essas caudas aí dos nossos aviões de
vermelho, como faz a Virrrrgin" - arrastando bem no seu
delicioso "erre" caipira. E daí completou: "Nossos
aeroportos "tão" muito azuis. É TAM, Varig, Vasp. Tudo
azul. Vou pintar a TAM de vermelho e `ocê` vai ver que
só vai dar a gente." Rolim olhou para o pátio, onde os
primeiros A319 da empresa manobravam e então completou
com uma pérola do pensamento Roliniano. "Você vê só como
é a vida. A concorrência tem a cauda azul mas voa no
vermelho. Nós vamos ter a cauda vermelha e só voamos no
azul" - e completou a frase com sua gostosa gargalhada.
Quem poderia dizer que, pouco mais de um ano depois
dessa prosa, Rolim estenderia o tapete vermelho da
saudade e decolaria em seu último vôo?
Seu legado continua mais do que vivo. Em meio à alvorada
que começava a despontar, a cauda vermelha do A330-200
PT-MVG pode ser observada negociando seu lugar em meio
aos 747 e A340 que dominavam os pátios em Kennedy ao
redor do terminal 4. O vôo 8080 chegou de São Paulo às
06h30, com quase uma hora de atraso, e pouco depois
estacionou no portão B24.
Pouco mais de uma hora depois, o embarque foi iniciado e
rapidamente concluído. Fui recebido com muita simpatia
por Lecy, a purser do vôo e Luiza, as duas comissárias
responsáveis pela Primeira Classe no vôo 8083. Minutos
depois, os 176 passageiros estavam todos a bordo, mas o
A330 não saía de sua posição. Havia muita carga ainda a
ser embarcada no porão, o que acabou por atrasar nossa
partida, programada para as 08h00, em quase uma hora.
Finalmente, o comandante Rocha, responsável junto ao
Cmte. Moreira pela operação do JJ8083, chamou o controle
de solo e indicou que estávamos prontos para push-back e
acionamento, as 08h50. Com mais quatro minutos,
iniciamos o taxi para a pista 4L, que conta com 3.460 m
de comprimento. À nossa frente, taxiavam o maior
(777-200ER) e o menor (ERJ135) jatos da American,
seguidos por um A320 da JetBlue.
Finalmente alinhamos às 09h07 e decolamos. Pesando 254.2
toneladas (63 delas somente de combustível), o PT-MVG
executou a SID Kennedy Uno, com curva à direita para a
proa 100 logo após a decolagem. As casinhas da região de
Nassau, em Jamaica Bay, foram ficando cada vez menores à
medida que o controle de tráfego aéreo permitia ao
PT-MVG ganhar altura. Nossa velocidades na decolagem
foram: V-1 152, V-R 164, V-2 170.
Logo após estabilizarmos, um lauto café da manhã foi
servido. Frios, frutas, pães, iogurtes, geléias,
queijos, duas opções de pratos quentes (quiche ou
omelete) foram trazidos em pantagruélica sucessão. Tudo
muito bem apresentado e servido com graça e elegância
por Luiza e Lecy. Experimentei e estava tudo muito bom.
Entramos na parte de sobrevôo da América do Sul passando
praticamente na vertical de Georgetown, Guyana, quando
os relógios indicavam o horário de 13h47 em Nova York
(16h47 em GRU), aproximadamente 4 horas antes de nosso
estimado para pouso.
Aproveitei a enorme mesa disponível na minha "estação de
trabalho" e labutei por algumas horas. Havia sido
informado por Luiza que o almoço seria servido "quando
fosse da minha conveniência." Aproximadamente duas horas
mais tarde, no momento em que entrávamos no espaço aéreo
da Guyana, solicitei a refeição. Poucos minutos depois,
a ITCZ (Inter Tropical Convergence Zone) mostrou-se em
plena forma, provocando sensível turbulência a bordo.
Tive de esperar mais alguns minutos, até que as
condições melhorassem um pouquinho para iniciar o
almoço.
Mesmo padrão da ida: duas entradas (confit de pato ou
timbale de salmão); salada, sopa bisque de lagosta.
Quatro opções de prato principal: medalhões de cordeiro
ao alecrim e batatas assadas; filet de badejo com
redução de vegetais, lentilhas e espinafre; filé de
frango com cogumelos, purê de batata, espinafre e tomate
seco; raviolis de abobrinha com molho Alfredo, pinolis e
ervilha torta. Depois uma seleção de queijos e as
sobremesas: tortas de chocolate ou a tradicional Key
Lime Pie; sorvetes Häagen-Dasz e frutas frescas, café,
chás e licores.
Optei pelo confit de pato e pelos medalhões de cordeiro,
ambos muito bons. A bisque estava absolutamente
perfeita. A carta de vinhos era a mesma do vôo da ida. A
TAM trabalha com quatro ciclos de refeições em rodízio
de maneira a sempre oferecer refeições diferentes oara
os passageiros mais freqüentes.
Em vôos diurnos, como este JJ8083, as refeições fazem
parte do "entretenimento de bordo". Elas são mais
espaçadas, servidas e degustadas com mais calma. Comecei
meu almoço na fronteira do Brasil com a Guyana. Terminei
a refeição mais de uma hora depois, quando o PT-MVG já
sobrevoava o travé s de Imperatriz, Maranhão. Um
belíssimo almoço, que serviu para dar mais alguns passos
importantes para a inauguração (em breve, receio) da
minha primeira ponte de safena...
O PT-MVG cruzava a 38.000 pés e a 837 km/h, enfrentando
um forte vento de través que, por um bom tempo, soprou
com intensidade de 150 nós. Os dois motores do jato
queimavam pouco mais de 3.250 kg de JET-A1 por hora,
cada um, praticamente seis e meia toneladas de
combustível gastos a cada hora de vôo.
Dediquei-me com atenção à análise do sistema de
entretenimento de bordo. "Nas Nuvens" é o título da
publicação especializada que mostra, de forma impressa,
as várias opções: são 9 canais de video, 7 filmes de
longa-metragem e mais 11 canais de áudio. E vários CDS
inteiros à disposição, com ótimo critério de seleção.
Além disso há vários (11) games disponíveis. Tudo de
primeira linha, inclusive o genereoso monitor individual
de 10 polegadas.
O vôo 8083 já havia partido de Nova York quase uma hora
depois do previsto. Ele sofreria novo atraso quando
faltava menos de uma hora para o pouso e mais 250 milhas
para chegarmos ao destino. O centro Brasília chamou o
vôo e ordenou que o A330 fizesse três órbitas nas
proximidades de Uberlândia (MG) devido "à intenso
tráfego aéreo". Depois de ficar 24 minutos orbitando a
40.000 pés, o controlador permitiu que rumássemos direto
na proa de Ribeirão Preto, para depois nos vetorar até a
pista 09R de Guarulhos, onde pousamos as 21h52.
Avaliação: notas vão de zero a dez.
1-Reserva: Nota 10.
Usei minhas milhas do programa AAdvantage da American
Airlines e escolhi voar na TAM, empresa parceira da AA.
2-Check-In: Nota 10.
Agilidade e bom atendimento. Espera agradável na super
sala VIP da Virrrrgin.
3-Embarque: Nota10.
Outra grande idéia: permitir ao pax escolher a hora de
embarque de sua preferência.
4-Assento: Nota 10.
Além de proporcionar conforto insuperável, acho o modelo
escolhido pela TAM o mais belo nos céus. A pequena
cabine (apenas 7 poltronas) ajuda a tornar a atmosfera
ainda melhor. O travesseiro de pena de ganso e o edredom
"mataram". E tudo isso já caducou, na nova configuração
com apenas 4 lugares. Imagina só.
5-Entretenimento: Nota 10.
O entretenimento é em quantidade e qualidade de opções
comparável aos melhores do mundo.
6-Serviço dos comissários: Nota 10.
Lecy e Luiza, as duas responsáveis pela First Class,
parecem saídas da canção "Aeromoça" de Billy Blanco,
imortalizada por Dick Farney. Escute e você entenderá.
7-Refeições: Nota 10.
As refeições foram excelentes. Da apresentação às
quantidades, da escolha do cardápio à flexibilidade na
hora de servir, tudo de Primeiríssima Classe.
8-Bebidas: Nota 9.
Ah-há! Encontrei um defeitinho! Não havia opção de vinho
branco na carta de vinhos. De resto, tudo ótimo.
9-Necessaire: Nota 9.
Excelente, muto bem equipada, compacta. Podia ser mais
inovadora na forma, porém.
10-Desembarque: Nota 10.
Rápido e ágil, mala na esteira rapidinho.
11-Pontualidade: Nota 5.
Saída e chegada bem atrasadas em relação aos horários
publicados.
Nota final: 9,36
Comentário final:
Tirando os atrasos, foi um vôo espetacular. Com uma das
frotas mais modernas do mundo, um time de profissionais
de primeira linha, uma malha aérea que serve os
principais pontos da América do Sul e agora, as
principais rotas intercontinentais que unem o Brasil à
Europa e aos Estados Unidos, a empresa mostrou neste vôo
aquilo que seu novo slogan diz: Paixão Por Voar e
Servir. Com as melhorias no produto (que já era ótimo)
ora em curso, a empresa brasileira de fato ocupa um
lugar de respeito na aviação comercial mundial.
Gianfranco Beting
Tam JJ3452
Nosso Flight Report agora nos leva de Congonhas a
Salvador nas asas de um Fokker 100 da TAM. Este é nosso
primeiro FR num F100, aeronave que construiu o bom nome
da TAM a partir de 1990. Numa dessas viradas que o
destino dá, o jato quase destruiu essa imagem tão
laboriosamente conquistada. Após uma série de acidentes
e incidents fatais envolvendo o jato holandês aqui no
Brasil, não é exagero dizer que o F100 atingiu o status
de um mito. Pró ou contra, todo mundo tem uma opinião
sobre o F100.
Em outros países, o F100 comprova que é uma máquina tão
segura como qualquer outra aeronave comercial em uso
atualmente. Mas se "A voz do povo é a a voz de Deus", a
TAM não teve opção a não ser renegar o valente bimotor
às suas rotas menos nobres.
Voamos de São Paulo a Ilhéus (1.262 km) e de Ilhéus a
Salvador (224 km), duas etapas que, somadas, dão 1.486
km. Se nos outros vôos durante o dia, na mesma rota, a
TAM escala seus reluzentes Airbus, neste primeiro vôo
daquela linda manhã de 23 de agosto de 2005, esperava
pelos passageiros um veterano da frota da TAM, o PT-MQK.
Operando na empresa desde 1998, este F100 foi fabricado
em 1991 e entregue originalmente à Sempati da Indonésia,
por onde operou até meados de 1998. Ao final daquele
ano, a TAM recebeu o jato e o colocou em suas rotas,
sobretudo a serviço da TAM Mercosur, a empresa de
bandeira do Paraguai, que é uma subsdiária da empresa
brasileira. A única maneira de identificar esse fato é
observando próximo às janelas do cockpit. Lá estão as
bandeiras dos países servidos pela empresa em seus vôos
pela América do Sul.
Minha reserva feita em segundos pelo site da TAM. A
emissão do bilhete foi feita na loja de Congonhas, com
cortesia e rapidez. O check-in eu mesmo fiz num terminal
de auto-atendimento, sem filas nem problemas. Fui direto
para o portão e aguardei o chamado. Era dia de casa
cheia, o F100 sairia com praticamente 100% de ocupação
nos seus 108 assentos. Minha poltrona era a 3A, bem na
frente, o que garante um vôo bem silencioso: mal se
escutam os motores Rolls Royce Tay instalados na cauda.
Tripulação na porta, jornais oferecidos, sorriso e as
famosas balinhas: tudo nos conformes, no padrão de
atendimento que fez da TAM a maior empresa aérea
doméstica. Iniciamos nosso push-back pontualmente às
07h00, nosso ETD. Três minutos depois estávamos rumando
para a cabeceira 35L de Congonhas, tendo apenas um A319
da companhia à nossa frente. Eram 07h07 quando as rodas
do F100 deixaram a pista, dando início ao vôo 3452. A
manhã era excepcionalmente clara, permitindo uma ótima
visão de São Paulo.
Em sua subida de CGH, o F100 cruzou próximo ao aeroporto
de Guarulhos, permitindo as fotos que você vê aí do
lado. Estabilizamos e minutos depois apareceram as
comissárias, oferecendo um modesto café da manhã: um
sanduíche quente de perú com queijo branco e bebidas a
escolher. Depois de servir todos os passageiros, a
tripulação passou ainda mais uma vez, oferecendo apenas
bebidas.
E foi só: nas duas horas que levamos para atingir
Ilhéus, apenas esse foi o serviço de bordo oferecido.
Bons tempos em que o catering a bordo dos jatos da TAM
era realmente o melhor do Brasil.
A Bahia nos recebeu de cara amarrada: chovia leve em
Ilhéus quando o F100 começou a manobrar para pouso na
pista 11, que mede apenas 1.577 m. Em meio à muitas
nuvens, o F100 tocou no solo as 09h07, cravando duas
horas de vôo desde CGH. A chuva tornou a frenagem ainda
mais delicada, mas o F100 deu conta do recado com
tranqüilidade e em minutos estávamos cortando os motores
em frente ao acanhado terminal.
Aproveitei a escala e depois do desembarque dos
passageiros locais, apresentei-me à tripulação. Daí para
receber um convite para fazer a próxima etapa na cabine
de comando foi um pulo. Não me fiz de rogado e logo
estava amarrando o cinto de cinco pontos no jump seat.
Será que é por isso que ele tem esse nome? :-)
Embarque local autorizado, fechamos as portas na
"capital do sul da Bahia" com um total de 86 passageiros
e cinco tripulantes. Eram 09h35 quando a tripulação
solicitou o acionamento e taxi. Sem tráfego, o TAM 3452
foi instruído a chamar na cabeceira, pronto para
decolagem. As 09h35, cravado no ETD, iniciamos o taxi
rumo à pista 11. Em quatro minutos estávamos na posição
e autorizados para decolar.
Os 1.577 metros de asfalto pareciam curtos, vistos da
cabine. Como é norma em pistas curtas, o cmte. pisou
fundo nos freios enquanto aumentava gradativamente a
potência dos motores, até atingir o máximo. O Fokker
protestava, querendo voar, querendo levar nossas mais de
40 toneladas para a capital baiana sem demora.
Freios soltos, o Holandês Voador saiu em disparada,
acelerando com vigor e vencendo a gravidade com
facilidade ao atingir 122 nós de veolcidade (226 km/h).
Imediatamente após a decolagem, entramos novamente na
camada e o belo litoral baiano desapareceu do windshield,
sendo substituído minutos depois pelo azul do céu acima
da camada. O Fokker cumpria uma saída por instrumentos,
a SID (Standard Instrument Departure) ONDA.
Este seria um curto trecho, aproximadamente 30 minutos.
Nossa altitude de cruzeiro foi no nível 130, 13.000 pés.
E não houve muito tempo para prosa, pois em etapas
curtas assim, mal a aeronave decola e já começam os
preparativos para o pouso.
Em meio aos preparativos para a aproximação, uma
comissária ainda tentou ofereceu uma bebida, mas nós
três, ocupantes do cockpit, declinamos. Absorto na
observação dos dois profissionais manejando os controles
do Fokker, confesso que senti uma profunda inveja. Isso
sim que é profissão.
Pouco tempo depois, estávamos balançando dentro das
nuvens, descendo rumo à pista 10 de Salvador. As
formações deram uma trégua e a cidade apareceu bem na
nossa proa, circundada pelos famosos verdes mares. Com
42º de flap, o Fokker foi preparado para pouso, trens
baixados, chuva intermitente castigando a aeronave de
tempos em tempos. Nas últimas milhas, já na reta final,
a chuva cessou. O aeroporto surgiu claramente à frente
do nariz do PT-MQK, que enfrentava um vento leve de 4
nós, soprando de 150º. Eram 10h10 quando o Fokker 100
cruzou a 220km/h a cabeceira da pista 10 e, arredondando
suavemente, concluiu o vôo 3452 da TAM.
Avaliação: notas vão de zero a dez.
1-Reserva: Nota 10
Rapidez e agilidade. Muita cortesia da atendente.
2-Check-In: Nota 10
Auto-atendimento é sempre 10.
3-Embarque: Nota 8
Ah, andar de ônibus para chegar até o Fokker na posição
remota. mas a TAM não tem culpa.
4-Assento: Nota 6
O pitch é o menor dentre o "tolerável", 31 polegadas.
Não se pode chamar de confortável.
5-Entretenimento: Nota 6
As revistas de bordo e muitos jornais.
6-Serviço dos comissários: Nota 7
Boa atitude e apresentação.
7-Refeições: Nota 4
Melhor que nada, mas. quem te viu e quem te vê.
8-Bebidas: Nota 6
Apenas no padrão.
9-Necessaire: Sem nota.
Não é distribuída.
10-Desembarque: Sem nota.
Não posso avaliar: fui o último a sair, pois fiquei
proseando com os pilotos.
11-Pontualidade: Nota 10
Saída e chegada no horário.
Nota final: 8,55
Comentário final:
Continuo a dizer que considero um equívoco mercadológico
a queda de padrão no catering da TAM. Um ponto em que a
empresa já foi muito forte, hoje a coloca no mesmo
patamar de suas rivais ditas "Low Cost". Outro bastião
da empresa, o atendimento, continua muito bom: no solo
excepcional, e em vôo, acima da média. Nota baixa para o
sistema de ar condicionado do F100, que sempre deixa a
desejar: frio demais na frente, quente demais nos fundos
da fuselagem. Tirando isso, o F100 mostrou que ainda tem
muito a oferecer.
Gianfranco Beting
Tam JJ8096 PARIS
Pela primeira vez iria voar na mais prestigiosa rota da
TAM, Guarulhos-Paris. O vôo fazia parte de uma longa
matéria que estaria escrevendo sobre a empresa para a
revista norte americana Airways. Assim, sairia de São
Paulo numa quinta a feira a noite para a capital
francesa e retornaria ao Brasil no domingo a noite:
literalmente, um fim de semana em Paris. Corrido, sim,
mas divertido também. E, como o tempo em solo seria de
pouco mais de 48 horas, era importante tentar chegar o
mais descansado possível, pois a correria seria grande.
Depois de mais de 11 horas de vôo, pude confirmar minhas
expectativas (altas) sobre o serviço da TAM. O vôo foi
excepcional, como você vai ver.
Check-in em GRU foi uma brisa: rápido e tratado com
cortesia. Por sinal, o primeiro check-in realmente bom
que fiz com a TAM em GRU, onde em outras ocasiões sempre
enfrentei uma certa ineficiencia neste aspecto do
serviço. Em poucos segundos, sem malas a despachar,
rumava para a sala VIP que a empresa divide com a Air
France e com outras companhias da aliança Skyteam. Nem
deu tempo de aproveitá-la: logo fomos chamados para o
embarque.
Na porta do A330-200 de prefixo PT-MVG, estava o Cmte.
Tadeu e uma comissária, ambos recebendo os passageiros
como é praxe na empresa. Eu, que já voei em mais de 130
companhias aéreas, acho este um diferencial louvável da
TAM, uma característica única. Pois então prossegui para
o meu assento, 7K. Fui realmente recebido pela
tripulação com uma delicadeza e deferência tão
explícitas que cheguei a ficar até envergonhado. Depois
notei que todos os outros passageiros estavam sendo
tratados da mesma forma. Então relaxei, admirado com o
notável padrão de cortesia.
Pouco depois, outro assento me foi oferecido, pois a
fileira 7 tem menos espaço para as pernas. Mudei-me para
10A. O interior do PT-MVG estava impecável. Afinal este
é um avião novo, tendo sido recebido em 2002. Em
seguida, castanhas quentes foram oferecidas, junto com
champagne Veuve Clicquot, tudo isso ainda em solo, o que
realmente não é comum. Apenas agradeci e passei sem
pedir o nobre vinho, o que provocou uma reação
interessante, emblemática do alto padrão de atendimento
da empresa: a comissária veio me perguntar se eu não
gostaria de outra bebida. "Água? Um suco talvez?" Tudo
isso ainda durante o embarque? Puxa!
Portas fechadas as 22h30, nossa saída deveria ser as
22h25. Um pequeno atraso no carregamento e acabamos
saindo do gate as 22h36. Com mais sete minutos iniciamos
o taxi e em seguida, decolamos as 22h52. Pesando 227
toneladas (72,6 t apenas de combustível), o A330 estava
próximo de seu peso máximo de decolagem, 230 toneladas.
Mesmo assim, a corrida pela pista 09L foi rápida e a
subida SID Surf, transição Mondy, executada sem esforço
pelo A330. Nossas velocidades foram V1 150, VR 154, V2
161 nós.
A tripulação continuava com um comportamento impecável.
Logo após estabilizarmos, passaram oferecendo os drinks
que abririam o jantar. A TAM está com um conceito de
cardápios chamado "Rota das Especiarias" e neste
cardápio havia quarto opções de prato principal, mas
nenhuma opção de entrada: apenas uma salada de folhas
verdes com preseunto e melão, uma sopa de tomates com
manjericão e a seguir, optei por um filé mignon no molho
de alecrim. Frutas e queijos, licores e café.
Notável também a carta de vinhos. Escolhas muito boas,
meus cumprimentos a quem selecionou. Além do champagne,
havia dois brancos e dois tintos. Conhecia (e gostava)
de dois deles e então experimentei os outros. Gratas
surpresas: um chardonnay argentino, Família Zuccardi Q,
muito bom mesmo. No caso dos tintos, outra grata
surpresa: além de um Jacobs Creek Shiraz/Cabernet
australiano, honestíssimo, havia um Bordeaux muito bom:
Chateau Haut-Surget, Lalande-de-Pomerol. Corte de Merlot
(70%) com Cabernet Franc (15%) e Cabernet Sauvignon (15%
restantes) era um vinho de personalidade, rico em
taninos, elegante e encorpado, bem como eu gosto. Pode
comprar uma caixa, se encontrar.
Assim, já passava de duas da manhã quando terminei de
trabalhar. Estávamos já bem no meio do Atlântico, noite
escura, cabine escura: todos dormiam. Eu desliguei meu
computador, alimentado diretamente pea conexão na
poltrona e tratei de dormir. Reclinei o assento 180º e
dormi tranquilamente por 5 horas.
Acordei com o dia já claro, o A330 cruzando a 38.000
pés. Escrevi mais um pouco e então pedi uma visita a
cabine para o cmte. Tadeu, identificando-me como o
repórter da Airways e do Jetsite. A comissária ficou
feliz em saber que o publisher estava a bordo, pois
segundo ela, era leitora assídua do Jetsite. Então ela
fez um comentário que para mim, já fez toda a viagem
valer: "A gente, lá na TAM, quando precisa saber o que
acontece na aviação, entra mesmo no Jetsite: está tudo
lá."
Fui para a cabine e o cmte. Tadeu me recebeu com muita
simpatia: mostrou-me os sistemas de operação do avançado
A330. Em especial, prestei muita atenção no ACARS
funcionando, recebendo os ATIS na chegada, avisando a
companhia dos tempos todos automaticamente, muito bom.
Durante o tempo em que estive lá, ele ordenou ao seu
F/O, Costa, que requisitasse ao controle autorização
para subir ao nível 400, onde os dois motores GE
consumiriam ainda menos combustível: no nível em que
cruzávamos, FL 380, eles estavam queimando 2,650 kg por
hora. Compare este consumo, 5,3 toneladas / hora contra
as 8,2 toneladas / hora de um 777-200 e você entenderá
porque o A330 é um jato tão popular. Asgradeci a
cortesia e Tadeu ainda me convidou para assistir ao
pouso na cabine!
Retornei ao meu assento. A bordo, os 168 passageiros
começavam a despertar. Havia apenas um na primeira
classe, 17 na executiva e 150 na econômica. O PT-MVG tem
7 poltronas na primeira, 36 na executiva e 171 na
econômica.
As comissárias então passaram despertando a todos e em
seguida, serviram o café da manhã, que estava completo e
saboroso. Ainda saboreava meu croque monsieur quando
senti a desaceleração e início de descida. Eram 09h50
horátio de Brasília, 12h50 GMT ou 13h50 de Paris.
O A330 ia perdendo altura e começou a bailar sobre as
cercanias de Paris: muitos cumulus nimbus na terminal
acabaram forçando o Cmte. Tadeu a mudar as proas em seu
plano de vôo, com o objetivo de não atravessar os
enormes e plúmbeos CBs que dominavam a área, o que
acabou adiando um pouco mais nossa chegada pela pista
26L.
O PT-MVG foi sendo configurado para pouso, com Tadeu,
Costa e outro comandante, Zambon, trabalhando na
aproximação em meio ao intenso tráfego de CDG, um dos
maiores e mais movimentados aeroportos do mundo.
Finalmente autorizados, entramos numa longa reta final e
precisamente as 14h45, cravado no ETA, fizemos um pouso
muito macio. Saímos da pista e prosseguimos num longo
taxi para uma posição remota: com o desabamento do
terminal 2E, não havia posições nos portões para
acomodar todo o tráfego. Cortamos os motores as 14h57,
depois de 12 minutos de taxi. Foram 10h54 de vôo e 11h18
de block time ou calço a calço, como é chamado no
Brasil: este é o tempo que reflete o período que
compreende a aeronave saindo do portão no aeroporto de
origem até parar no portão do aeroporto de destino.
Esperei o desembarque ser completado e então fotografei
a belíssima tripulação do JJ8096. Me despedi e terminei
esse primeiro vôo para Paris com a TAM com a melhor das
impressões. Parabéns, TAM: impecável!
Avaliação: notas vão de zero a dez.
1-Reserva: Sem nota.
Feita pela própria empresa.
2-Check-In: Nota 9.
Muito bom: rápido e cordial.
3-Embarque: Nota 10.
Idem, mal tive tempo de aproveitar a sala VIP e fui dela
ao meu assento sem nenhuma fila.
4-Assento: Nota 10.
Pitch digno de uma primeira classe. Nota dez por
reclinar 180 graus.
5-Entretenimento: Nota 10.
A revista Carpe Diem, o sistema AVOD, tudo muito bom e
avançado.
6-Serviço dos comissários: Nota 10.
Outro redondo 10: atitude e apresentação impecáveis.
7-Refeições: Nota 8.
Bem apresentadas, quantidade correta e quatro opções de
prato principal. Só poderia melhorar na criatividade,
talvez, das receitas.
8-Bebidas: Nota 9.
Uma seleção de vinhos do novo mundo sem esquecer os
clássicos franceses. Várias opções de cervejas, água,
sucos, destilados e refrigerantes.
9-Necessaire: 9.
Das melhores nos céus. Completíssima.
10-Desembarque: Sem nota.
Prejudicado pela posição remota. Não posso avaliar pois
fiquei fotografando.
11-Pontualidade: Nota 10.
Chegada on-time.
Nota final: 9,40
Comentário final: não vou me alongar demais: o produto
da TAM hoje é um dos dez melhores do mundo, e
seguramente o melhor na América do Sul. Dos equipamentos
modernos e bem conservados à atitude dos tripulantes, a
TAM apresenta um padrão excepcional nos vôos de longa
distância. Pena que, nos vôos mais curtos, o padrão -
sobretudo nas refeições - tenha caído nos últimos
tempos...
Gianfranco Beting
Não posso negar que fui fazer meu check-in no balcão da
TAM no terminal 2 do aeroporto Charles de Gaulle
trazendo ainda fresca na memoria a experiência vivida
apenas alguns dias antes e já relatada nesta seção (sob
o título JJ8096 - Impressionante). Tendo ficado em Paris
apenas um fim de semana, ou seja, pouco mais de 48
horas, passadas praticamente todas fotografando aviões,
minhas expectativas sobre este vôo de retorno ao Brasil,
JJ8097 eram mesmo altas. Mais uma vez, a TAM não
decepcionou.
O Check-in em CDG foi uma questão de segundos, embora a
funcionária da Air France que recepcionava os
passageiros de classe executiva tenha se mostrado um
tanto quanto indiferente. Em poucos segundos, sem malas
a despachar, segui para a sala VIP da Air France. Estava
lotada e encontrar um canto para sentar não foi fácil.
Pouco mais de uma hora depois, fomos chamados para o
embarque.
Estacionado no portão estava o A330-200 de prefixo
PT-MVF. Como no vôo de ida, fui recebido pela tripulação
com atenção e delicadeza, como se fosse um convidado
ilustre entrando numa casa. Prestando atenção, vi que
cada um dos passageiros era tratado da mesma forma.
Pouco depois, instalado na confortável poltrona 9K,
outra comissária veio e foi oferecendo castanhas quentes
acompanhadas de champagne Veuve Clicquot.
Portas fechadas as 22h40, nossa saída estava marcada
para as 23h00, as 22h45 já estávamos deixando o gate.
Mais três minutos e iniciamos o taxi. Afinal, decolamos
cravado as 23h00. Pesando pouco mais de 210 toneladas,
20 abaixo de seu peso máximo de decolagem, 230
toneladas, o Airbus ganhou altura sobre a Cidade Luz com
a desenvoltura típica dos modernos birreatores, que têm
uma relação de peso-potência mais generosa que trijatos
ou quadrijatos, pois só são certificados para
transportar passageiros se comprovarem que podem subir,
lotados, usando apenas um motor.
A cidade de Paris, à noite especialmente, justifica o
epíteto Cidade Luz. Fiquei grudado na janela vendo a
cena, majestosa, até que uma camada de nuvens mais
baixas encerrou abruptamente o espetáculo. Estudei então
o cardápio da "Rota das Especiarias" e como no vôo de
ida, havia quatro opções de prato principal.
Logo o jantar foi servido, até porque nem 50% dos
assentos estavam ocupados na classe executiva. Comecei
com uma suave truta defumada acompanhada de salada
verde, uma sopa de mandioquinha e a seguir, optei por
costeletas de cordeiro que estavam realmente excelentes.
Frutas e queijos sim, passei lotado diante da oferta de
doces e arrematei o jantar, licores e café expresso, com
espuminha e tudo.
A carta de vinhos, boa como no vôo de ida. Para o tinto,
fiquei num Bordeaux 2001 honestíssimo, alias o mesmo
servido no vôo de ida: Chateau Haut-Surget,
Lalande-de-Pomerol, um típico corte bordalês com Merlot
70%, Cabernet Franc 15% e Cabernet Sauvignon 15%.
Reclinei a poltrona e transformei meu assento numa
verdadeira cama de 180º e dormi por mais de 7 horas,
coisa que não faço nunca nem mesmo em terra firme, até
pelo fato de ser pai de dois bebês... E como um bebê,
acordei já sobre território brasileiro, mais precisamnet
no través de Brasília, o que, estimei, nos daria pouco
mais de uma hora restante de vôo.
As comissárias despertaram a todos acendendo a luz da
cabine de forma suave e oferecendo toalhas quentes. Foi
servido um lauto café da manhã, com opção de parto
quente. Eram pouco mais de 05h00 horário de Brasília,
quando o PT-MVF iniciou sua descida.
Precisamente as 05h30, cravado no ETA, as 10 rodas do
Airbus tocavam gentilmente a pista 09R de Guarulhos,
encerrando a viagem em 10h30 de vôo. Sem malas de porão,
as 05h50 desembarcava, descansado e tranqüilo, depois de
cruzar todo o Atlântico Sul, como se isso fosse natural
e corriqueiro. Esse talvez é o mais sincero elogio que
posso fazer à TAM .
Avaliação: notas vão de zero a dez.
1-Reserva: Sem nota.
Feita pela própria empresa.
2-Check-In: Nota 7.
Rápido sim, mas pouco cordial.
3-Embarque: Nota 10.
Sem fila, da sala VIP para o assento non-stop.
4-Assento: Nota 10.
Trata-se de uma primeira classe disfarçada...
5-Entretenimento: Nota 10.
O sistema AVOD foi impecável.
6-Serviço dos comissários: Nota 10.
Outro redondo 10: atitude e apresentação perfeitas, do
começo ao fim.
7-Refeições: Nota 9.
Melhor do que na ida - e o ocrdeiro estava excelente.
8-Bebidas: Nota 9.
Adorei a seleção de vinhos do novo mundo sem esquecer os
clássicos franceses.
9-Necessaire: 9.
Completíssima, vem numa lata que fica depois para
guardar coisas - e o nome da empresa na memória, óbvio.
10-Desembarque: Nota 10.
Rapidinho e rasteiro.
11-Pontualidade: Nota 10.
Chegada cravada no ETA.
Nota final: 9,40
Comentário final: já havia dito aqui: a TAM está com um
padrão excepcional nos vôos de longa distância. Cruzar o
Oceano Atlântico num vôo de quase 11 horas e
simplesmente não notar o peso da viagem não é pra
qualquer um. Parabéns, TAM.
Gianfranco Beting