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Delta DL60
Noite linda na Cidade Maravilhosa, fresca e estrelada,
no dia 13 de maio de 2007. Um pouquinho fria para os
padrões cariocas, mas perfeita para voar. Desembarquei
de um vôo tranquilíssimo da Gol procedente de Congonhas.
Peguei minha mala e minutos depois estava no balcão de
check-in da Business Elite, a classe executiva da Delta
Air Lines. Eram 20h10 quando entrei na fila e 20h15
quando saí, muito bem atendido, por um jovem
funcionário, Galleguillos, que me recebeu de forma
eficiente e cordial.
Boarding passes finalmente na mão, segui para os
procedimentos de imigração: até estranhei. Acostumado
com a balbúrdia que é o caótico Guarulhos, em meio
minuto já havia deixado os procedimentos burocráticos
para trás, de forma civilizada. Como deveria ser. Em
seguida, após passar pelo raio-x, segui para a sala VIP
da Air France, que é dividida por todas as operadoras da
Sky Team, localizada no segundo andar do Tom Jobim.
Pequena mas bastante bem equipada, trouxe boas
lembranças. E pensar que por aqui, nesta mesma sala, os
passageiros aguardavam a decolagem nos vôos de Concorde
para a França!
É, o Galeão tem um charme único, que me faz lembrar
áureos tempos da aviação comercial. Sim, parte dessa
atmosfera única se deve ao seu ar ligeiramente
decadente, quase melancólico. Mas é inegável que por
décadas, o Galeão reinou soberano dentre os aeroportos
brasileiros. Justamente nos tempos em que voar era mais
do que um meio de transporte. Era como entrar para um
clube, para o "jetset" como se dizia na época. Algo, em
suma, muito civilizado. Nesses áureos tempos, a Varig
reinava soberana dentre as empresas aéreas brasileiras.
Há vinte anos atrás, numa noite como esta de sábado, às
20h30, o Galeão estaria fervendo com dezenas de jatos da
Pioneira, partindo para a Ásia, Europa, Américas e
África. Hoje, não havia nenhum Boeing da empresa. Aliás,
tirando o 767 da Delta, não havia qualquer outro vôo
intercontinental partindo do velho e bom T1 do Galeão. É
ou não é melancólico?
Fomos chamados para embarque no portão 10 as 21h50.
Prioridade foi dada para o embarque dos passageiros da
classe executiva, que eram no total 34 dentre os 36
assentos disponíveis. Um deles sempre fica reservado
para descanso dosm pilotos durante o vôo. Fui um dos
primeiros a embarcar no Boeing 767-332ER, matrícula
N197DN, entregue novo em folha à Delta em dezembro de
1997.
Ao entrar a bordo, de cara gostei bastante do novo
padrão de assentos da Business Elite. Havia viajado
recentemente na executiva da Delta e já havia ficado
satisfeito. Agora, com estas novas poltronas, minha
expectativa por um excelente serviço ficou ainda mais
alta. O interior todo da aeronave estava imaculado. Das
divisórias às paredes, os assentos de couro azuis tanto
na Business Elite como na classe econômica pareciam
saídos de fábrica.
Os passageiros foram muito bem recebidos a bordo, por
uma equipe que tinha tanta experiência quanto simpatia.
Comandada por Susan, a "Flight Leader" do vôo, a
designação adotada pela empresa para seus "pursers" ou
chefes de cabine. Susan - e mais duas comissárias e um
comissário - iriam cuidar dos passageiros da Business
Elite, e uma de suas primeiras funções foi a de oferecer
ajuda para acomodar casacos. Depois, passaram
distribuindo bebidas de boas-vindas. O tempo todo, foram
só sorrisos com todos os passageiros. Realmente muito,
muito simpáticos.
A saída do vôo 60 seria mais uma partida pontual, com
horário previsto de 22h55. Fizeram melhor que isso: o
push-back foi as 22h48, taxi as 22h52, com o 767 pesando
387.893 libras, abaixo de seu peso máximo de decolagem,
que é 409.000 libras. Não havia tráfego à nossa frente e
logo alinhamos na pista 10. A longa e belíssima 10 do
Galeão deveria ser a única pista autorizada para se
deixar o Brasil. Fica em nossa mais bela cidade e, do
ponto de vista aeronáutico, é perfeita: larga, longa e
ao nível do mar. A pista 10, toda acesa à nossa frente,
trouxe lembranças de viagens memoráveis.
Voltemos ao Delta 60. Em meio aos meus devaneios, o
Boeing iniciou a corrida de decolagem precisamente as
22h57. Nossas velocidades nesta operação foram: V1, 160
nós; V-R, 163 nós e V-2, 169 nós. Corremos bastante
terreno: acabamos por sair do chão somente em frente ao
antigo hangar da Varig. Trens recolhidos, o 767 subia em
frente, cumprindo a saída por instrumentos (SID) Porto
3. Nossa "Clean Speed," a mínima velocidade para
"limpar" aerodinamicamente o jato, ou seja, recolher
completamente os flaps, foi calculada em 249 milhas para
este vôo. Logo depois, estabilizávamos em cruzeiro as
23h15, na altitude inicial de 32.000 pés, o que resultou
numa razão de subida de 1.700 pés por minuto,
aproximadamente. Tempo estimado de vôo: 09h20, o que nos
faria chegar bem próximo ao horário previsto de chegada,
07h20.
As luzes de cabine foram acesas e teve início o serviço
de jantar. O cardápio havia sido distribuído ainda em
solo. A Flight Leader Susan, havia anotado o pedido de
prato principal de todos os passageiros ainda em solo. O
menú mostrava o seguinte: para abrir os trabalhos, um
amuse-bouche vegetariano, com legumes grelados e
acentuados com azeite de oliva extra-virgem. Depois,
como entrada, uma salada verde ou sopa de centeio com
carne. Pratos principais eram três: filé mignon com
molho demi-glacé acentuado por alho, acompanhado por
purê de batatas e seleta de legumes; peito de frango
recheado com queijo Fontina, batatas ao forno e molho de
tomate e azeite; linguine com um molho de Brandy e
queijo de cabra, acentuado por estragão e camarões. Este
era o prato "assinado" por Michelle Bernstein, a jovem e
talentosa Chef responsável pelas criações culinárias
servidas nos vôos da Delta. Finalmente, a quarta opção
era a mesma sopa da entrada era servida também como
prato principal, acentuada por cebolinha.
Depois, opções de queijos e frutas numa bonita
apresentação. E para fechar, uma decadente Sundae de
baunilha, com tudo o que tenho direito: marshmallow,
castanhas, coberturas, o diabo. Fiquei com o filé mignon
e estva muito bom.
A carta de bebidas sempre foi um destaque no serviço de
bordo da Delta. No menú, que vem juntamente com a carta
de vinhos, havia uma lista de seis brancos e seis
tintos, mas apenas dois de cada estavam a bordo. O
branco escolhido foi um chardonnay espanhol, Pere
Ventura, de Penedès. Elegante, com boa acidez, não era
nem muito encorpado nem amadeirado demais, este um
pecado que parece cada vez mais frequente nos vinhos que
se valem desta uva. O outro branco também era um
chardonnay, só que italiano, Kaltern Alto Adige, que
acabei não provando.
Para acompanhar meu filé, optei pelo tinto australiano,
Plunkett Blackwood Ridge, um Shiraz australiano
"daqueles": rico, complexo, com muitas especiarias e
pimenta. Sensacional com carne vermelha. Como nos vôos
que recentemente havia feito na empresa, achei notável a
inteligência de Ken Chase, o autor da carta. Mr. Chase
privilegiou vinhos modernos, sobretudo do novo mundo,
que instigam a curiosidade para o passageiro - e
economizam milhares de dólares nas contas do catering da
Delta. Destaque também para o Muscat Beaumes de Venise,
um belo vinho de sobremesa. Novamente fiquei muito
satisfeito com a carta da Delta.
Enquanto o jantar era servido, fiquei da minha poltrona,
a 6G, observando o fluxo de trabalho. Dentre as
vantagens daqueles que sentam na última fila de uma
cabine está a possibilidade de se poder acompanhar o
ritmo, a coordenação do trabalho da equipe durante a
entrega de serviço. Gostei de ver a dedicação dos quatro
comissários da Delta, que trabalharam muio bem em
equipe. Destaco sobretudo o fato de que não deixaram
copos vazios em nenhum instante. Tanto melhor para se
aproveitar a caprichada carta de vinhos da empresa.
No geral, a atitude a bordo foi mesmo excelente, muito
simpática e temperada com o agradável "southern drawl" o
sotaque do sudeste norte-americano, bem musical. Afinal
a tripulação era toda baseada em Atlanta, sede da
empresa aérea que mais passageiros transporta a cada
ano: a Delta Air Lines.
Hora de dedicar a atenção ao entretenimento de bordo. O
N197DN já estava equipado com o novíssimo padrão de
entretenimento da empresa, que segue o padrão AVOD -
Audio-Video On-Demand. Os videos individuais são
comandados pelos passageiros, o que é bárbaro.
Eram 01h30 quando terminou o jantar, depois de voar
2.136 km desde a partida. Aproveitei e testei a
poltrona: reclinação satisfatória e espaço entre
fileiras excelente. Bastante confortável para vôos
longos, sem dúvida.
O assento estava na verdade tão confortável que
simplesmente dormi até o início do café da amnhã, quando
fui gentilmente despertado por Rayla, a comissária que
cuidava da zona onde estava meu assento. Os oito
comissários que trabalahm nos 767 da Delta dividem suas
áreas de atuação por zonas da cabine. Não fosse pelo
gentil despertar da comissária, e teria perdido o café,
pois repousava profundamente. Lá fora, o dia já raiava.
Sobrevoávamos a Flórida nesso exato instante, passando
no través de Fort Lauderdale, que por sinal seria mesmo
meu destino final naquele dia.
Tendo queimado em média, por hora de vôo em regime de
cruzeiro, 11.400 libras de Jet A-1, (42.000 libras/hora
durante a decolagem), o 767 havia ficado mais leve e
agora cruzava a 36.000 pés quando iniciou a descida para
Atlanta, deixando o nível de cruzeiro precisamente as
07h00. Seguimos a STAR Canuk 4 para a pista 27R, onde
tocamos suavemente às 07h20, cravado no horário
previsto, tendo voado exatamente 7.621 km em 09h23
minutos desde a cabeceira 10 do Tom Jobim.
Avaliação: notas vão de zero a dez.
1-Reserva: Nota 10.
Perfeita, sem demoras ou esperas telefônicas louvindo
aquelas musiquinhas detestáveis.
2-Check-In: Nota 10.
Muito simpático e profissional.
3-Embarque: Nota 10.
Procedimentos rápidos, tripulação super atenta.
4-Assento: Nota 8.
Muito confortáveis, com ótimo espaço para a fileira à
minha frente.
5-Entretenimento: Nota 8.
Farta seleção de programas e títulos On-Demand, num
padrão excelente.
6-Serviço dos comissários: Nota 10.
Foram sensacionais. Nota 10 mesmo.
7-Refeições: Nota 9.
Estavam saborosas e bem apresentadas, nas quantidades
certas.
8-Bebidas: Nota 9.
Como sempre, ótima a carta, uma tradição da Delta.
9-Necessaire: Nota 7.
Espartana: apenas o básico.
10-Desembarque: Nota 10.
Rápido, sem complicações. Mas a conexão seria
estressante. Filas homéricas na imigração atrasaram
demais a chegada ao portão A6 de onde sairia meu vôo
seguinte, o DL 753.
11-Pontualidade: Nota 10.
Partida e chegadas mais que pontuais: saímos adiantadose
chegamos no horário cravado.
Nota final: 9,18
Dentre as grandes empresas aéreas dos USA, sempre tive
grande simpatia pela Delta. A empresa personifica o
jeitão típico do povo do sudeste dos Estados Unidos:
cordial e direto ao ponto. Pode-se dizer que a Delta tem
um espírito de equipe difícil de encontrar em empresas
do tamanho dela, que emprega hoje 49.000 profissionais.
Mesmo com tantos profissionais, há um forte espírito de
corpo, num clima de "grande família". Se hoje a Delta
está em plena recuperação, celebrando recentemente sua
saída da concordata, essa recuperação deve -se em grande
parte ao forte espírito corporativo que se encontra em
cada um dos milhares de colaboradores da companhia. E
tem mais: com nova identidade visual, ampliando serviços
a cada dia, sobretudo nos vôos internacionais, a Delta
Air Lines é uma ótima pedida para quem quer viajar com
conforto e segurança.
Gianfranco Beting
Delta DL104
Noite chuvosa em São Paulo. O fim de um feriadão
garantia um clima tranquilo no caminho a GRU. Em lá
chegando, a história era outra: filas enormes nas três
posições dedicadas ao check-in da Business Elite, a
classe executiva da Delta Air Lines. Eram 20h45 quando
entrei na fila e 21h05 quando fui atendido, por uma
funcionária mais preocupada em fazer as filas andarem do
que em providenciar um tratamento personalizado.
Vivíamos o princípio do Apagão Aéreo. Éramos felizes e
não sabíamos...
Boarding passes finalmente na mão, fila de imigração
para trás, entrei num oásis: o Crown Room da Delta, a
sala VIP da empresa localizada no segundo andar de GRU.
Espaçosa, bem equipada, catering excelente, uma das
melhores de GRU. Fomos chamados para embarque no portão
seis as 21h20. Prioridade de embarque para os
passageiros da executiva, que eram 34 em 36 assentos
disponíveis. Rigorosos controles de passaporte e revista
de bagagens na porta do avião e, ufa, finalmente estava
eu a bordo do 767-332ER, matrícula N1200K, entregue novo
em folha à Delta em abril de 1998.
A bordo, inicialmente o tratamento foi polido e algo
distante, sem muita efusividade, na medida. Não se
ofereceram para acomodar casacos, nem outras pequenas
gentilezas típicas, o que surpreendeu negativamente,
sobretudo quando o produto chama-se Business Elite.
Depois, com a aeronave em vôo, a coisa mudaria
totalmente de figura.
Os comissários logo passaram depois oferecendo Champagne,
Suco de laranja ou Mimosa. Pedi Mimosa, a comissária
entornou o suco na champagne e voilá, Mimosa pronta.
Esperto. Taça recolhida dez minutos depois, a tripulação
apressava-se em colocar o vôo 104 no horário, e
conseguiu.
Push-back as 10h22, taxi as 10h26, com o 767 pesando
375.464 libras, abaixo do peso máximo de decolagem (MTOW)
de 409.000 libras. Alinhamos na pista 09L e a torre
autorizou a decolagem as 10h38. Manetes nos batentes, o
Boeing iniciou a corrida com as velocidades: V1, 157
nós; V-R, 160 nós e V-2, 166 nós. Trens recolhidos, o
767 subia em frente, cumprindo a saída por instrumentos
Surf 9. Gradativamente, ganhamos altitude e logo
estabilizávamos em cruzeiro. O speech do cmte. Kopec
previa um tempo estimado de vôo em 09h15, o que nos
faria chegar antes do horário previsto de chegada,
07h00.
Nivelamos inicialmente a 32.000 pés e já passavamos do
través de Belo Horizonte quando as luzes de cabine foram
novamente acesas para ter início o serviço de jantar. O
cardápio havia sido distribuído ainda em solo, e o chief
purser veio pouco depois anotar o pedido de prato
principal. Eram frios de entrada, dois tipos de salada
para começar (opções) e depois 4 de prato principal.
Fiquei com um filé mignon com um molho demi-glacé,
batatas rústicas e cenouras. Bem servido, tenro e
suculento, tudo bem direitinho. Como sobremesa, um
decadentíssimo sundae com cobertura, daqueles que são
"Classe A"para entupir de vez minhas já cansadas e
atrofiadas artérias e válvulas cardíacas.
As bebidas sempre foram um dos pontos fortes do serviço
de bordo da Delta. Entre as cepas apresentadas na carta,
havia uma lista de seis brancos e seis tintos, mas nem
todos estavam a bordo: a carta deixava isso claro,
recomendando perguntar à tripulação o que seria servido.
Pedi um branco para começar os trabalhos. Podia escolher
entre um Sauvignon Blanc australiano ou um chardonnay
chileno. Fiquei na América do Sul e não me arrependi: o
vinho era um Doña Dominga, do vale do Colchágua.
Encorpado, untuoso, acidez exata, um belo exemplo de
chardonnay do novo mundo.
Depois, para acompanhar meu filé, virei para o tinto:
entre dois, optei pelo Finca La Celia, um Malbec moderno
argentino, que recebeu minha peferência versus um
Carmenére chileno, Casal de Gorchs. Analisando os vinhos
da carta, chamou a atenção mesmo a inteligência de quem
elaborou a carta, onde predominavam vinhos modernos,
sobretudo do novo mundo, que instigam a curiosidade para
o passageiro - e salvam vários milhões de dólares para
as contas de catering da companhia. A única ressalva foi
a ausência de champagnes de primeira linha na carta.
Enquanto o jantar era servido, fiquei da minha poltrona,
a 6F, observando o fluxo de trabalho. A vantagem de
sentar na última fila da classe é acompanhar o ritmo, a
coordenação da equipe durante a entrega de serviço.
Gostei de ver quatro comissários da Delta trabalhando em
equipe. Elegantemente trajados, em azul marinho, faziam
uma fina estampa enquanto serviam o jantar. Não deixaram
copos vazios, outro detalhe importante, sobretudo para
nós, grandes amigos de Baco.
No geral, a atitude a bordo foi mesmo excelente, muito
simpática e temperada com o agradável "southern drawl" o
sotaque do sudeste norte-americano, bem musical. Afinal
a tripulação era toda baseada em Atlanta, sede da
empresa aérea que mais passageiros transporta a cada ano
em todo o mundo: a Delta Air Lines, mais de 105 milhões,
em 2006.
Hora de dedicar a atenção ao programa de entretenimento
de bordo, Horizons. Oito canais de video, outros tantos
de som, jogos e o sistema Airshow. Pena que o N1200K
ainda não estivesse configurado com o padrão AVOD -
Audio-Video On-Demand. Os videos individuais dão conta
do recado, mas estão num padrão regular: as boas
companhias do ramo já operam com sistemas AVOD. De toda
forma, não ficou devendo muito. E, nas aeronaves com
novos interiores que a Delta está colocando em serviço,
o sistema é totalmente AVOD.
Eram 00h30 quando terminou o jantar, no momento em que
estávamos no través de Petrolina. Aproveitei e testei a
necessaire: simples e completa. Daí, o teste foi mesmo o
da poltrona: reclinação boa, pitch de 60" e largura
razoável. Confortável para vôos longos, sem dúvida. E
espaço individual é fundamental, sobretudo em vôos
longos e cheios, como era este DL104: nada menos que 95%
dos assentos ocupados.
O assento estava tão confortável que simplesmente dormi
até iniciarmos a descida. Não acordei nem com o
tradicional cheiro de café na cabine, que normalmente
desperta meus sentidos. Desta vez, passei lotado e perdi
o desjejum, que oferecia duas opções de pratos
principais. Lá fora, noite fechada ainda. Antes do
pouso, o cmte do vôo, Fred Kopec, veio trazer
pessoalmente o questionário técnico que sempre entrego
aos tripulantes de comando. Ficamos conversando uns 10
minutos. Com 42 anos, recém promovido ao comando dos
767, Fred ama o que faz. Aliás, como a vasta maioria dos
profissionais da Delta que conheci.
Tendo queimado em média, por hora de vôo, 11.400 libras
de Jet A-1, o 767 havia ficado mais leve e agora cruzava
a 37.000 pés quando iniciou a descida para Atlanta.
Seguimos a STAR Canuk 3 para a pista 16R, onde tocamos
suavemente às 06h44, 16 minutos antes do previsto.
Delta 1129
Atlanta é um dos maiores e mais movimentados aeroportos
do mundo. Seu tamanho equivale a aproximadamente 12
vezes o aeroporto de Guarulhos. São cinco pistas de
pouso e sete terminais. O simples ato de desembarcar já
é tarefa estressante, devido aos controles cada vez mais
minuciosos do governo norte-americano. Fazer uma conexão
é, portanto, uma tarefa que exige ainda mais atenção,
boas informações e, sobretudo, longas caminhadas. Saí do
terminal E, onde o DL104 havia estacionado, e peguei o
trem subterrâneo que liga todos os terminais. Meu
boarding pass, emitido no Brasil, dava conta que o vôo
1129 sairia do portão B23. Lá fui eu para o terminal B.
Sobe no trem, desce, escada rolante, longa caminhada.
até o B23 e... mudança de portão!
Agora o vôo 1129 sairia do terminal T, portão T07. E
toca a descer escada rolante, embarcar no term, subir
escada rolante, andar, andar, andar... até chegar ao
T07: agora sim, lá estava ele, o longo 767-423ER,
prefixo N841MH, que voaria sem escalas até Orlando,
Flórida.
Mas com todo esse périplo, já eram mais de nove horas da
manhã. Mal tive tempo de subir e aproveitar as
instalações belíssimas e amplas do Delta Crown Room. Uma
pena: com uma vista privilegiada do pátio, daria para
passar horas fazendo boas fotos das aeronaves da Delta.
Embarquei no 767, lotado até as tampas, e acomodei-me no
assento 5F. O interior da First Class, igualmente
lotada, era todo em sóbrios tons de azul marinho, mas os
assentos de couro já mostravam marcas de uso contínuo,
apesar do N841MH ser uma aeronave relativamente nova,
entregue em 12/2001 à Delta.
Este é o primeiro Flight Report num 767-400ER. Trata-se
de uma versão alongada do Boeing 767, modelo que somente
a Delta e a Continental Airlines, ambas parceiras do
Skyteam, operam. Na Delta, o 767-400 substituiu o
saudoso Lockheed L-1011 Tristar nos vôos domésticos de
maior procura. Na Continental o papel do 767-400 foi
basicamente subsituir os McDonnell Douglas DC-10-30 em
vôos domésticos e internacionais. Esta versão, a de
menor vendagem da linha 767, pode ser vista diariamente
no Brasil: a Continental usa o "764" nos vôos entre
Houston, São Paulo e Rio de Janeiro.
Todos a bordo, portas fechadas, o cmte. avisou que
estávamos prontos para sair e que o taxi seria
curtíssimo. O terminal T fica particamente encostado na
cabeceira da pista 16L, de onde partiríamos. Push-back
cravado as 09h25, horário publicado de partida. Mais
três minutos, e estávamos taxiando, número 7 na fila de
decolagem. Aeronave totalmente lotada: nenhum assento
disponível nas 36 poltronas da First Class e nas 251 da
classe econômica. Com mais nove tripulantes (sete
comissários e dois pilotos) o total a bordo era de 296
pessoas.
Alinhamos e decolamos as 09h44 usando pouca pista. Com
pouco combustível para o curto vôo, o Boeing não chegava
nem perto de seu peso máximo de decolagem, de 204,117
kg. O 767 subiu direto e manteve-se a 27.000 pés, na
proa sudeste, rumo à Flórida. O vôo seria mesmo curto:
as 10h20, o Boeing iniciou a descida, após atingir o TOD
- Top Of Descent, momento em que abandona a altitude de
cruzeiro. Durante o vôo, foram servidas apenas bebidas
(ainda no solo e depois, por duas vezes, durante o vôo
de cruzeiro) e uma cesta de snacks, com bolachinas,
amendoins, cookies e coisinhas do gênero. Gênero
engordativo.
O 767 manobrou em meio às nuvens que deixavam feio a
manhã de outono na Flórida. Entramos no tráfego e
tocamos suavemente a pista 35R do McCoy International
Airport, Orlando, as 10h41 minutos, completando o tempo
de vôo em exatos 57 minutos. Pouco tempo depois, com
mais cinco minutos, o enorme 767-400ER encostava no
portão 75 do enorme e funcional terminal da Delta em
Orlando. As malas não demoraram a sair e logo estava na
calçada, sentido todo o calor e umidade típicas da
Flórida. Terminava alí a longa jornada entre o Brasil e
Orlando.
Avaliação: notas vão de zero a dez.
1-Reserva: Sem nota.
Feita pela própria empresa.
2-Check-In: Nota 9.
Tirando a fila, foi bastante profissional.
3-Embarque: Nota 10.
Com poucos passageiros, os procedimentos foram bastante
rápidos.
4-Assento: Nota 9.
Confortáveis, bons para a categoria, com ótimo espaço
para a fileira à minha frente.
5-Entretenimento: Nota 9.
Farta seleção de programas e títulos, garantiram um
padrão excelente.
6-Serviço dos comissários: Nota 9.
Foram muito bem, tirando alguns pequenos detalhes,
sobretudo no embarque em GRU.
7-Refeições: Nota 9.
Estavam saborosas e bem apresentadas, nas quantidades
certas.
8-Bebidas: Nota 9.
Boa carta, uma tradição da empresa.
9-Necessaire: Nota 8.
Muito boa: compacta (o que sempre ajuda) e completa.
10-Desembarque: Nota 10.
Rápido, sem complicações, ajudando a tornar a conexão
menos estressante. Excelente sala VIP em Atlanta.
11-Pontualidade: Nota 10.
Partida e chegadas mais que pontuais: saímos e chegamos
adiantados.
Nota final: 9,33
Sempre tive grande simpatia pela Delta. A empresa
personifica o jeitão típico dos confederados, na região
onde está baseada a empresa, o sudeste dos Estados
Unidos. A Delta tem um espírito de equipe difícil de
encontrar em empresas do tamanho dela, que emprega hoje
55.000 profissionais. Há um clima familiar, mais
descontraído mas nada relapso a bordo das aeronaves da
empresa. É certo que a Delta já esteve em melhor forma,
mas essa parece ser a sina das grandes empresas aéreas
norte-americanas. Se hoje a Delta está em plena
recuperação, ampliando serviços (sobretudo
internacionais), essa recuperação se deve sem sombra de
dúvida ao forte espírito corporativo de cada um dos
milhares de colaboradores da companhia. Em suma: a Delta
Air Lines é uma grande companhia, que merece ser
seriamente considerada em suas próximas viagens.
Gianfranco Beting