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Miami: capital da América Latina

Hablas spanglish? Arranhas um portunhol? Do you speak português? Então já tens tudo o que é preciso para desembarcar na capital da América Latina, a ensolarada Miami. Compras? Restaurantes? Praias? Aviões? Se você procura isso, o lugar é esse.

 

Começo PanAmericano

A origem do atual Aeroporto Internacional de Miami (MIA) remonta à 1928, quando a inesquecível PanAm comprou um terreno de 116 acres adjacente à rua 36, para servir de base de operações para seus recém inaugurados vôos para Havana. O "PanAm Field" deu origem ao que hoje é o 19º aeroporto do mundo (33,5 milhões em 2000) em volume de passageiros. Em 1945, a prefeitura do condado de Dade comprou o terreno da PanAm e adotou o nome que ostenta até hoje, MIA international.

 

Crescimento

MIA nasceu como elo de ligação entre os Estados Unidos e a América Latina. As aeronaves excedentes de guerra precisavam de modificações para entrar em serviço no transporte de passageiros. fazendo com que já em 1949 MIA possuísse a maior infraestrutura de manutenção e modificações aeronáuticas do mundo. A proximidade do Caribe fez da cidade o portão de entrada dos Estados Unidos para toda essa região, bem como para toda a América Central. 

Naqueles tempos de calça curta, qualquer companhia aérea das várias "Banana Republics" podia ser vista operando com surrados C-46, C-47, DC-4, Constellations, Boeings 377 e outras relíquias em vôos de carga e passageiros. As pistas eram tomadas por uma infinidade de combinações de empresas e tipos coloridos, em vôos regulares ou não, sem falar nos muitos aviões que por lá passavam para serem revisados. Este intenso movimento fez de Miami, até o final dos anos 80, o aeroporto de tráfego aéreo mais heterogêneo do mundo. Eu mesmo presenciei, numa tarde de 1990, uma seqüência de pouso assim formada: L1011 da Eastern, Constellation da Aerochago, Concorde da British e um DC-6 Dominicano. Que outro aeroporto poderia oferecer isso? 

 

Corrosion Corner

Muitas destas aeronaves à pistão chegavam "nas últimas" à Miami. Muitas vezes, as empresas proprietárias não conseguiam pagar pelos consertos, ou simplesmente faliam. Ou então, as aeronaves eram apreendidas por contrabando. O fato é que os pátios da parte norte do aeroporto, próximos à rua 36, acabavam ficando apinhados de aeronaves abandonadas, canibalizadas ou apreendidas, e que muitas vezes ficavam lá por anos. Com as torrenciais chuvas de verão, o sol escaldante e a proximidade do mar, suas células começavem a apresentar sinais de corrosão aparente. 

O lugar começou então a ser chamado de "Canto da Corrosão" (Corrosion Corner). Lá, até o início dos anos 90, podia-se ver de tudo. De um DC-8 haitiano à seis Boeings 720 da Belize Air (empresa que faliu antes mesmo de iniciar operações), de um DC-10 da LAP à um DC-7 abandonado. Era uma festa: o cavalheiro deseja um Boeing 377 em bom estado? Talvez um ponta de asa de Canadair CL-44? Ou quem sabe dois Super Constellation para fazer um só? O lugar era este.

 

A maldição de Miami

A cidade foi sede de três grandes empresas aéreas: Pan Am, Eastern e National. Como se fosse uma maldição, todas fecharam, deixando a cidade sem nenhuma empresa aérea para chamar de sua.. A National foi absorvida pela PanAm em 1980. A Eastern quebrou no começo de 1991. E a própria PanAm fechou as portas em 4 de dezembro de 1991, atolada em dívidas: no dia seguinte, pousei no aeroporto e vi um mar de aviões parados no hangar da outrora mais importante linha aérea do mundo. Uma cena terrível e inesquecível. A American ocupou o lugar vago e hoje é a principal operadora na cidade, mas foi-se o tempo das coloridas empresas aéreas locais.

 

Tráfego hoje

Foram-se os tempos gloriosos dantanho. A consolidação no mercado aéreo norte-americano, iniciada com a deregulation em 1979/1980, fez com que o número de operadores yankees desabasse: além da Eastern, PanAm e National, desapareceram as cores da Western, Northeast, Braniff, Piedmont, Republic, Ozark, Midway, Valujet e mais recentemente a TWA. Na América Latina não foi diferente: A NICA, Ecuatoriana, APSA, Viasa, Faucett, AeroPerú, Avensa, Aviateca, TransCaribbean, Air Aruba, Surinam Airways, faliram, encolheram, sumiram do mapa. Mesmo assim, MIA ainda concentra suas atrações: como principal porta de entrada de carga da região, muitas operadoras servem o aeroporto: ATC, Fedex, UPS, US Postal, Airborne Express, Gemini, Atlas, Fine Air, LAN Cargo, MAS Cargo, e até mesmo a China Airlines Cargo são vistas regularmente.

No mercado de passageiros, da Europa chegam, após as 12:00hs, a Lufthansa, British, Virgin, Air France, Swissair, LTU, Lauda, Ibéria (que opera em Miami o único hub de uma companhia aérea estrangeira nos USA), Belair, Aeroflot, Novair. Do sul da América do Sul, os vôos costumam chegar muito cedo ou muito tarde. Mesmo assim, ainda podemos ver a Avianca, Aero Continente, Grupo TACA, e quase todas as caribenhas e as canadenses (que sobraram após 11/9/2001) chegando durante o dia. Até mesmo a THY Turkish mandava seus A340 para a cidade.

 

Fotografando e visitando lá

Confira no mapa anexo os melhores pontos. Estes estão indicados pelo ícone do "olho". Um ponto de destaque é o topo do hotel dentro do terminal, que permite uma ampla visão do aeroporto. Mas os meus locais preferidos estão próximos à pista 09L/12, onde se pode fazer fotos de pousos, decolagens e aeronaves no taxi através de buracos feitos na cerca pelas próprias autoridades aeroportuárias locais (Alô Infraero, que tal copiar o exemplo?). Porém, esta posição encontra-se fechada desde os atentados de 11 de setembro (Alô Infraero, que tal NÃO copiar o exemplo?). Outra posição excelente é aquela próxima à cabeceira 09R, ao lado de uma loja chamada Eldorado Furniture. Está sempre cheia de gente vendo os aviões. Na mesma pista, na cabeceira oposta, existe outro ponto que congrega spotters: estacione perto do restaurante 94th Aero Squadron e vá andando através da linha de trem até chegar ao local. Lá você irá monitorar os movimentos das pistas 27L e 30, podendo fotografar pousos e decolagens em ambas. Mas lembre-se: convém tomar cuidado e respeitar as indicações da polícia, especialmente nesta época de segurança redobrada. 

Veja os resultados de vários anos fotografando lá. Vá até a seção "galeria de fotos e videos" e digite no campo de busca "MIA". O jetsite tem mais de 500 fotos para você curtir.

 

A melhor época para se fotografar em Miami é entre final de novembro e fevereiro: os dias são muito azuis, os céus claros e a temperatura amena. A posição menos zenital do sol colabora para as fotos, que ficam com cores mais vibrantes. Durante os meses de verão, entre junho e setembro, os dias são quentes e úmidos demais e quase sempre chove. Quando o sol sai, está sempre muito alto e as fotos não ficam tão boas. Evite se puder.

 

Ah, Miami. Terra de sol, avião, praia e muchachas bonitas. Alguém se habilita?

 

(Gianfranco Beting)  

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