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Arriba México
O 737 da Copa Airlines voava baixo sobre a gigantesca Cidade do México. Era uma manhã clara de inverno, coisa rara na cidade eternamente coberta pelo smog. À medida que o Boeing perdia altura, percebi que estava ansioso em chegar. Conhecer o México, sua cultura, seu povo adorável "y sus guapas chicas" era um sonho acalentado já a bastante tempo. A oportunidade apareceu em janeiro de 2001 e eu não deixei escapar.
Hospedei-me no Hotel Marriott, localizado do outro lado da avenida em frente ao terminal: não perderia tempo indo e vindo no trânsito caótico da cidade. Consegui um quarto no 7º andar, voltado para a pista, com excelente visão do pátio.
Um bom começo
Deixei as malas no hotel e fui imediatamente para a estação de metrô dentro do próprio aeroporto. Andei apenas dois minutos até chegar à estação "Hangares", primeira parada. Subindo as escadarias da estação, você já está praticamente na cabeceira da pista 05R, uma das principais. Fotos são possíveis nesta posição tanto das aproximações (lente 100mm) como de aeronaves alinhando nas pistas 05R (lente 200mm para um 737) e 05L, embora para esta última você esteja um pouco distante (400mm para um F100). Fotografei umas duas horas, até que o vento mudou e as operações passaram para a pistas 23L e 23R.
Corra que a polícia vem aí
Haviam me informado que era bastante difícil fotografar nestas posições. Ora bolas, não ia ficar assistindo o resto da tarde. Parei um taxi - fusquinha verde, como todos os outros - segui para as cabeceiras, explicando para o simpático motorista o que eu fazia, que era "Reportero de aviones", que ia tomar fotografias, etc... a princípio ele achou estranho. Depois se animou e começou a me ajudar, procurando o melhor lugar.
Pela internet, tinha sido alertado a tomar o máximo cuidado na Cidade do México: vários spotters europeus haviam sido assaltados e alguns até sequestrados. Como moro em São Paulo, pensei: "Café pequeno. Monto dois kits de câmeras e lentes. Deixo um no hotel. Se me pegarem, volto depois com o kit reserva. Perco a câmera mas não perco a viagem."
Volatndo ao taxi, finalmente chegamos numa avenida sob as cabeceiras 23. Nada de espetacular, mas fotos de aproximação seriam possíveis. A única coisa é que o local era barra pesada mesmo... perguntei ao taxista quanto ele cobraria para ficar lá na escolta. Acertamos o preço, irrisório, e ele estacionou. Um minuto após, outro fusca - desta vez, da polícia - encostou atrás da gente. O distinto desceu de arma em punho (apontada pra mim) e gritando:
-No te muevas, no te muevas!
Para resumir: ELE me assaltou. Fez as perguntas de praxe, examinou minha sacola e explicou que lá era muuuuuy peligroso, "hay cantidad de mala gente. Y además, el señor está preso, por fotografar sin autorización."
-Protestei. Falo espanhol bem, tentei argumentar. O motorista de taxi, ao lado, rezava e me fazia sinais, pelas costas do guarda, para que lhe "azeitasse". Fiz sinal que não. Ora bolas, não estava fazendo nada de errado. Iria preso, não me curvaria. Foi quando o oficial revirou meus bolsos e achou uma nota de US$ 100,00 para a evntualidade de um bandido (profissional) me pedir emprestada.
O capitão guardou a nota rapidamente. Em seguida, baixou a arma e e completou, dizendo que podíamos ir, mas que tomássemos cuidado com os bandidos.
Voltando ao tema...
O tráfego em MEX é excelente: a começar pelo óbvio, quase todas as companhias mexicanas voam para lá. Também muitas americanas, durante todo o dia. Até mesmo a Cubana visita o aeroporto, assim como algumas latino-americanas também. A única coisa ruim foi descobrir que as européias e a JAL só chegam à noite. Fora isso, é uma festa de velhos 727 e DC-9, e até um ou outro DC-8 Cargo desfilando...
No dia seguinte ao encontro com o policial, fiquei nas posições das pistas 05. Às melhores você chega assim: ao sair da estação "Hangares", saia andando em direção ao terminal: lá, próximo à cabeceira da 05L, estão as melhores posições, inclusive com buracos nas cercas feitos pelos fotógrafos. Para capturar um 727, bastam 60mm.
Como era inverno, pela posição do sol, não pude ficar nas passarelas que passam por sobre estas avenidas, onde no verão os spotters locais se congregam. Por sinal, é uma das mais calorosas comunidades locais que já vi. Aliás, fora os policiais, o povo é adorável, a comida e as mulheres apimentadas, as atrações turísticas únicas, interessantes. Um grande lugar para se visitar. ¡Arriba México!
Gianfranco Beting