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Madrid

Olé, Hombre. Que aeroporto interessante, este Madrid Barajas. Há um bom tempo flertava com a idéia de passar uns dias fotografandoi aqui. A oportunidade surgiu graças à minha viagem para a Inglaterra nas asas da British Airways. Utilizei o conceito de Great Circle e solicitei o trecho entre Londres e a capital espanhola sem pagar a mais por isso. Fique esperto com essa dica, pois ela vale para qualquer um...

Barajas é uma cidade pequena, que empresa seu nome ao aeroporto, este situado 12 km ao leste de Madrid. Todos chamam o aeroporto de Barajas, assim como fazemos com Guarulhos, no caso do Internacional Governador André Franco Montoro em São Paulo. Barajas, em seus terminais 2 e 3, é bastante velho e acanhado, visivelmente ultrapassado. Já o terminal 1, internacional, é um pouquinho melhor, pero no mucho. Igualmente incapaz de dar conta do enorme número de vôos, a maioria dos quais acaba sendo atendido em posições remotas. Para quem gosta de aviões, nenhum problema. Mas para uma nação que tem na indústria do turismo uma de suas maiores fonts de riqueza, chega a ser inconcebível algo assim. Este problema será equacionado em breve, quando os dois novos e gigantescos terminais, atualmente em construção, forem inaugurados. 

Por enquanto, ao viajante, Barajas deixa muito a desejar, parecendo algo como o velho Galeão - só que em maior escala. O que surpreende em Barajas é o formidável tráfego, incessante durante todo o dia. Sem parar, vôos de todas as partes do mundo formam longas filas nos céus, entrando um atrás do outro na aproximação para a pista 36R, única usada regularmente para pousos. A Ibéria e suas afiliadas, desnecessário dizer, dominam os movimentos. As outars granes espanholas, a Spanair e a Air Europa também comparecem em grande número. As empresas aéreas espanholas do segundo pelotão, a Iberworld, Air Pullmantur, Volar, Spanair -AeBal e a novata Air Madrid operam durante todo o dia, com chegadas e saídas espaçadas. 

Mas se existe uma boa, definitiva razão para se visitar Barajas é o tráfego sulamericano. É fácil entender porque. Madrid e a Espanha, como matriz colonial do continente sulamericano, ainda mantêm estritos laços com nossos países vizinhos, donde qualquer companhia aérea sulamericana que se preza trata de voar para Madrid tão logo consiga. Este é literalmente o porto de entrada da Europa para o nosso continente. Como de Espanha saíram os descobridores, agora à Espanha retornam os "descobertos". 

Assim, empresas aéreas de todo o continente, algumas conhecidas como a Aerolineas Argentinas, LAN (Chile, Ecuador), Varig e Avianca pousam em Madrid diariamente. Outras menores, tais como a venezuelana Santa Bárbara Airlines, o Lloyd Aéreo Boliviano, a Southern Winds e algumas outras do mesmo calibre, sempre dão um jeito de operar vôos para Madrid. Isso, por sí só, já é garantia de tráfego interessante. 

Além destas, vêm da América do Norte a Aeroméxico (767-200ER ou 300ER) a Delta Air Lines (767-300ER), Continental (777-200ER), American Airlines (767-300ER) e finalmente, a US Airways (A330-300) todas estas com freqüências diárias. Esses vôos norte-americanos chegam invariavelmente pela manhã, entre 9 e 10h30, retornando às suas bases por volta do meio dia. Já os vôos da América do Sul tanto chegam pela manhã como até o começo da tarde. Da Ásia, vêm as famosas Thai e Singapore Airlines. Do Oriente Médio, todas que se prezam: Iran Air, El Al, Royal Jordanian, apenas para citar as principais. Da África, a Egyptair e a Royal Air Maroc marcam presença. 

 

Europa: de tudo um pouco

É claro que, como uma das principais cidades da Europa e capital de um país que atria turistas como moscas, as principais em-presas aéreas da Europa marcassem sua presença. British Airways, Air France, Lufthansa, TAP Air Portugal, Aeroflot, LOT, Malev, KLM, Alitalia, SAS e Swiss estão todas lá. As menos famosas, como SN Brussels, THY, Portugália, BMI, Transavia, Virgin Express e Air Berlin também aparecem. Mas além destas, um outro tipo de empresa também dá o ar da graça e com isso, aumenta o fascínio por Madrid: as novas (e não tão novas assim) empresas aéreas Low-Cost / Low-Fare: Smart Wings, Helvetic.com, German Wings, Volareweb, easyJet, Air Polonia, Bulgaria Air, são algumas das principais. 

 

Fotografando

Alugar um carro é fundamental. Sem ele, esqueça. Como as pistas tem orientação norte-sul, as mesmas apresentam condições ideais ou péssimas - dependendo de onde você se encontre. Sendo assim, na parte da manhã, é necessário ficar no setor leste do aeroporto. O único lugar razoável que encontrei fica num terreno baldio, ao lado de uma campinho de futebol e da Rodovia A2. Ah, e do lado de uma loja do Carrefour, onde aproveitava para estacionar. 

Chegando lá antes do sol nascer, primeiro era devorado vivo por mosquitos, como se fosse um jamón serrano de 95kg. Depois, com o sol já alto, fritava como uma tortilla sob o calor de 37ºC típico do verão madrileño. A vida de spotter não é nada fácil. Mas o esforço valia, pois essa posição era a melhor para fotografar as chegadas na 36R, boa até as 11h30, quando então a luz ficava péssima - aliás, para qualquer posição externa ao aeroporto. Aproveitava, voltava ao hotel e fazia a siesta. Por exemplo, a foto do 747-300 da Ibéria foi feita aqui.

Voltava depois das 15h00 para duas posições: uma, para continuar fotografando as aproximações na 36R, que fica nas estradas atualmente em construção e paralelas à rodovia A2, no sentido Madrid, quase em frente ao hotel Auditorium. Estas posições apenas permitem fotografar as aeronaves chegando, durante a aproximação. Veja o A321 da Volar.

Outra posição boa apenas no período vespertino é talvez, a mais famosa, a mais clássica de Barajas: trata-se de um morrote próximo à pista de taxi que conduz à cabeceira da 36L, a pista usada para todas as decolagens. Aqui, só é possível fotografar aeronaves taxiando, mas isso se não houver obstáculos, como máquinas trabalhando nas construção dos novos terminais. Sem estas, este é mesmo um lugar excepcional, como comprova a foto do A320 da Spanair, EC-IOH. 

Como chegar a este local? Passando de carro pelo centro da Villa de Barajas, siga as instruções para acessar a rodovia M111- direção oeste, sentido de Ajalvir. Ao chegar na última rotatória antes do tunel que passa sob as pistas, procure estacionar e siga a pé para o morrote que se projeta sobre a cerca do aeroporto. Não é fácil encarar o calor brutal nem a caminhada morrote acima cheio de equipamentos. Mas como as fotos comprovam, vale a pena. Não se esqueça de levar muita água (pelo menos 1 litro a cada duas horas), chapéu - e torça para encontrar alguma coisa para projetar sombra! Eu, por exemplo, improvisei uma cabana com folhas de uma placa de obras e ficava lá embaixo, escondido do sol inclemente. Mas, no final do dia, os resultados comprovam como vale a pena o esforço. Mosquitos, desidratação, fome, sede, queimaduras solares: a Regra Número 1 do spotter é essa - tem que camelar! 

 

Onde ficar? 

Minha recomendação é o Hotel Auditorium, por sinal, o maior hotel da Europa. O nome estranho não faz jus ao excelente hotel, que pratica preços razoáveis, na casa de 86 Euros por noite, isto é, se pensarmos em relação aos seus ótimos serviços. Ele fica na Avenida de Aragón, 400 na vicinal da Carretera A2 Madrid-Zaragoza. O site? Pois não: www.hotelauditorium.com

Mas a grande atração está em frente ao hotel. Atravessando a autopista A2 por uma passarela para pedestres, você chega ao Finca Del Valle, um excepcional restaurante cuja cozinha é assinada por Don Pedro Larumba. (Carretera Nacional 2, Km 13,200, sentidio Madrid). Com 48 anos, Don Pedro é uma das estrelas da culinária madrilenha, com o restaurante que leva seu nome instalado num elegante endereço em Serrano. 

Já na filial dos arredores, neste caso o Finca, Don Pedro recria pratos memoráveis, como um divino rodaballo (robalo, o peixe favorito de Paulo Maluf) com ajos. Ou então um inesquecível solomillo con queso de cabra. Isso sem falar na qualidade do serviço: se você tiver sorte, será atendido pelo camarero Manuel Marquez, que irá levá-lo a uma das mesas no jardim, onde você irá jantar sob as estrelas - e vai se sentir uma delas. Com sua atenção, delicadeza e conhecimento profundo de sua profissão, Manuel irá fazer com que seu jantar seja memorável. 

Gostei tanto que fui uma vez e voltei nas duas noites seguidas, uma melhor que a outra. Regado por um Rioja Crianza 2000, o "vinho da casa" como bem explicou Manuel, os jantares foram tão memoráveis quanto os dias que os antecederam. De bucho e alma saciadas, era só correr para o abraço, voltar ao hotel e entregar-se aos braços abertos de Morfeu. 

Bem hospedado, alimentado, fotografado, Madrid e seu aeroporto em Barajas são diversão garantida. Como dizem na Espanha: Ay, hombre, Madrid ¡Vale!

 

Gianfranco Beting

 

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