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La Guardia: no coração da maçã
New York, como toda boa metrópole que se preza, é servida por 3 grandes aeroportos: JFK, Newark e La Guardia. Fiorello La Guardia foi um dos mais queridos prefeitos de New York, e como tal, foi quase uma escolha natural para o nome do mais central e conveniente aeroporto a serviço da grande cidade: batizado oficialmente em 1º de Junho de 1947 como La Guardia International Airport (IATA: LGA / ICAO: KLGA), coordenadas 40° 46` 36.2" N, 73° 52` 23.7" W.
Situado no Queens, sobre as baías de Flushing e Bowery, está a apenas 13km da ilha de Manhattan, é o aeroporto melhor situado para acomodar o tráfego doméstico, embora LGA também oficialmente seja um aeroporto internacional, com vôos regulares para o Canadá. É para NY o que o Santos Dumont é para o Rio ou Congonhas é para São Paulo: o aeroporto no coração e do coração dos habitantes da Big Apple.
História
Inicialmente, LGA era um campo de pouso privado, construído em 1929. As obras para transformá-lo em aeroporto começaram mesmo em 1937, sendo inaugurado oficialmente como New York City Municipal Airport em 15 de outubro de 1939. Em 2 de novembro seu nome foi mudado para New York Municipal Airport - LaGuardia Field e o tráfego comercial começou em 2 de dezembro seguinte.
Como todo aeroporto antigo, LGA tem uma distribuição de terminais não planejada, cheia de constantes obras que lhe permitiram passar de um modesto campo de pouso para um dos mais movimentados aeroportos do mundo. Ocupa uma área de 680 acres e está a apenas 4m acima do nível do mar.
Mudanças e investimentos
LGA gera 9,000 empregos diretos, movimentando anualmente mais de $6.1 bilhões de dólares, gerando 63,000 empregos adicionais que colocam nas carteiras destes trabalhadores nada menos que $2.1 bilhões de dólares anualmente em salários e gratificações. Os planos de desenvolvimento não param. A prefeitura e o Port Authority of NY e NJ, empresa que administra os aeroportos da cidade, já reservou mais US$ 830 milhões para novas ampliações e construção de um novo terminal, ampliação e reconfiguração de taxiways e das pistas, entre outras melhorias.
Terminais
Domina o aeroporto o Central Terminal Building, inaugurado em 1964, ampliado em 1967 e novamente em 1992. É de lá que operam os vôos da maioria das principais companhias aéreas. Além deste, existem terminais utilizados exclusivamente por companhias aéreas. Vamos falar dos principais:
US Airways Terminal
São 12 portões em um dos mais modernos terminais de todo o aeroporto. Inaugurado em 12 de setembro de 1992, tem mais de 100.00 m2 de área e está ligado ao terminal dedicado ao US Airways Shuttle. Este apresenta mais oito portões de embarque e serve a cada hora os vôos da Ponte Aérea para Boston e Washington, D.C.
Delta Air Lines Terminal
Construído pela própria Delta Air Lines ao custo de US$ 96 milhões no setor leste do aeroporto, foi inaugurado em junho de 1983 com 10 portões. A Northwest Airlines e a ASA/Comair também ocupam este espaço.
Marine Air Terminal (MAT)
Também chamado de Overseas Terminal pelos saudosistas, este é um dos mais belos e históricos terminais em todo o mundo. Construído para abrigar os hidro-aviões da Pan American, os famosos Clipper, era daqui que saíam os vôos transatlânticos nos anos 30 e 40. Em 1995 o Marine Air Terminal foi tombado como monumento histórico. Hoje é usado por empresas regionais, taxi aéreos e vôos particulares dos muitos jatos executivos que são assíduos em LGA. Um dos mais famosos é o Boeing 727-100 do magnata Donald Trump.
O MAT ganhou uma extensão em 1986, quando a Pan Am inaugurou um terminal adicional com 6 portões, usado pela empresa quando ela era uma das operadoras da Ponte Aérea para Boston e Washington. Anos depois, já em meio à crise que culminaria com seu fechamento, a Pan Am vendeu as operações da Ponte para a Delta Air Lines, que hoje ocupa este terminal com sua operação própria, batizada Delta Shuttle.
Outros edifícios
A Torre de controle tem 50 metros de altura e foi inaugurada em 1964. As garagens no aeroporto totalizam 10,400 vagas, sendo 7,500 ao público e o restante aos empregados. Há vários hangares no aeroporto, sobretudo para manutenção mas também para simuladores, catering e serviços adicionais. A Delta e a United usam o Hangar 2. A American Airlines usa os hangares 1, 3, 4, e no Hangar 5, divide espaço com a empresa de catering LSG Sky Chefs. O Hangar 7 é ocupado pelo Port Authority, Ogden Catering e pela Flight Safety. O correio (U.S. Postal Service) fica situado no Building 28.
Pistas
São duas: a 4-22 e a 13-31, cada uma com 2,134m por 45m de largura. A 13-31 tem ainda uma área de escape (safety overrun) de mais de 150m.
A pista 4-22 é equipada com ILS nas duas cabeceiras, e permite operações com até 1/4 de milha de visibilidade (4) e meia milha (22) respectivamente. Na cabeceira 22, os auxílios de navegação incluem o Instrument Lighting System (ILS), Approach Lighting System (ALS), Touchdown Zone Lighting (TDZ), Runway End Indicator Light System (REILS), e um Visual Approach Slope Indicator System (VASI). Já a cabeceira 4 tem o ILS, Approach Lighting System e o Precision Approach Path Indicator (PAPI). A pista 13-31 tem REILS e VASI nas duas cabeceiras e o ILS e ALS apenas na 13. Mínimos operacionais são os mesmos para as duas pistas.
Tráfego
O tráfego é constante. Chegam e saem dos vários terminais vôos por todo o dia. Regulares, regionais, charters e até mesmo um grande número de operações de aeronaves privadas, especialmente jatos executivos, movimentam as duas pistas do aeroporto. Longas esperas em solo são a norma, especialmente nos horários de pico. Não é raro o tempo de taxi, à espera de uma posição para decolar ou para ocupar um dos gates do aeroporto, ser superior ao próprio tempo de vôo.
No ano de 2001, foram 365,716 movimentos (mais de 1,000 por dia) com 21,9 milhões de passageiros, 14,795 t de carga e 42,70 t de correio. La Guardia não é um aeroporto dominado por nenhuma empresa, o que garante sempre variedade de operadores. Há a Delta e a Delta Shuttle, US Airways e US Airways Shuttle com muitas operações, bem como a American. Mas quase todas as empresas aéreas dos USA pousam aqui. Da Northwest e Continental à ATA e Spirit, Midway, United... ar raras exceções são as low-cost, que nem passam perto: jetBlue opera de JFK e a Southwest não serve NYC. As regionais estão em peso, com predominância da ACA, American Eagle, US Airways Express, Colgan Air, etc. Companhias aéreas estrangeiras há apenas a Air Canada, que vem com os A320 e A319.
Fotografando
LGA era, até os atentados de 11 de setembro, um aeroporto que permitia excelentes fotos dos terminais, quase todos debruçados sobre as taxiways e não muito distantes da pista 13-31. O melhor lugar era a ponta do terminal da American, que permitia a visão das duas pistas. Mas naquele dia fatídico, tudo mudou: o trágico evento proibiu o acesso aos gates para não-passageiros. Quem quiser entrar agora apenas para fotografar, o que antes era bastante comum, agora precisa de um boarding pass. Nas vias de acesso e cercas próximas à cabeceira 4, pode tirar seu cavalo da chuva: é encrenca com os cops na certa. E você não quer encarar um NY cop, quer? Seja como for, LGA continuará como um dos mais carismáticos aeroportos do mundo. Quem sabe, um dia destes, os bons tempos não voltam?
Gianfranco Beting