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Johannesburgo: hub africano

Johannesburg ou simplesmente Joburg é a encruzilhada nos céus africanos. Principal cidade da África do Sul, é o maior polo do continente para a aviação comercial. Atrai companhias aéreas de todo o mundo, um destino fascinante.

 

Chegando lá

Hoje em dia, a melhor opção partindo do Brasil é pegar um dos 3 vôos semanais da South African Airways que partem de Guarulhos às terças, quintas e domingos. Oito horas depois você estará chegando ao aeroporto Jan Smuts. Se não for assim, você ainda pode viajar via Europa, que foi o meu caso. Eu estava spotting no velho continente e dei uma "esticadinha" de Lufthansa. 

 

Segurança pessoal

Antes de sair, havia sido alertado por todos os spotters europeus que encontrei: cuidado, cautela, atenção... afinal, eles não moram em São Paulo: não sabem o que é viver com medo.

Enfim, fui com um olho nos aviões e outro nos arredores. Hospedei-me no próprio hotel do aeroporto, situado a dois minutos de carro do terminal- ou a quinze a pé - caminhada que não recomendo neste caso: a zona não é bonita e não convida a passeios...

No mais, mantive a habitual atenção. Não encontrei qualquer problema, não passei susto nenhum. Mesmo numa zona afastada, onde era necessário ficar para conseguir as melhores fotos e visivelmente problemática - a julgar pela altura das cercas e quantidades de arame farpado encontradas - mesmo lá nada de mais complicado aconteceu. Mas cautela e canja de galinha nunca fazem mal a ninguém.

 

With a little help from my friend

Antes de partir do Brasil, havia conhecido pela internet um spotter local e funcionário da torre de controle (ATC), Mike Winter. Spotter fanático na melhor tradição, seu sonho de trabalho seria o de ser PAGO para observar aviões. Conseguiu.

Mike ajudou numa tarefa normalmente complicada, tornada fácil por seu acesso quase irrestrito ao aeroporto: conseguir uma autorização para os pátios. Assim, além das excelentes posições fora do aeroporto, tive também excepcionais oportunidades de fazer fotos desde os pátios.

Bastou trazer duas fotos 5x7, pagar US$ 20,00 pelo acesso por dia e voilá: estávamos no pátio. E o melhor: sem ser escoltados por agentes ou fiscais, usávamos o carro do próprio Mike para nos deslocarmos de um lado para outro, com total liberdade. Não poderia ser melhor que isso...

À noite, saíamos para beber e conversar. Mike era estrito em me levar aos lugares "liberados" para brancos: centro de Joburg nem pensar: problema na certa, segundo ele. Na época, 1999, a África do Sul enfrentava uma onda de sequestros que faria até um Governador Alckmin corar. O governo havia "lavado as mãos" para algumas zonas e horários... o centro de Joburg à noite sendo um deles.

 

Fotografando

Escolha bem a época de ir. Joburg tem um clima absolutamente intolerável para o spotter no verão: chove muito e o calor é infernal. Prefira o outono-inverno (maio-agosto). Eu fui em julho e peguei 5 dias CAVOK- somente uma tarde, a última, bastante ruim. 

Nesta época, nevoeiros pela manhã são freqüentes, mas se dissipam rápido, por volta das 08:00 horas. Assim como no sul do Brasil e São Paulo, depois da névoa um radiante sol se abre. O por do sol acontecia por volta das 18:00. Fotos decentes só eram possíveis até as 17:30. Depois, somente as "artísticas". 

Nas posições externas do aeroporto, a luz de inverno é decente o dia todo. Como as pistas são no sentido N-S (03-21) uma troca de lado é necessária durante o dia: pelas manhãs fica-se no setor leste do aeroporto e à tarde, no setor oeste.

 

Pistas cheias

Os movimentos constantes e variados são o ponto alto de JNB, que realmente justificam a visita. Além da onipresente South African, quase todas as companhias aéreas africanas que se prezam operam vôos para o aeroporto. Portanto, se você nunca esteve na África para fazer spotting (era o meu caso) o local é este. Aero Zambia, Air Austral, Madagascar, Afrique, Botswana, Cameroon, Congo, Gabon, Mauritius, Malawi, Namibia, Zimbabwe, Egyptair, Linhas Aéreas de Moçambique, Kenya Airways, African International e tantas outras do continente voam regularmente para lá. Surpresas como a Gabon Express e CAL aparecem regularmente, com chegadas e saídas espaçadas durante o dia.

Da Europa chegam suas principais empresas, a maioria chegando bem cedo, até as 09:00. Muitos destes vôos prosseguem para Cape Town, só retornando no fim da tarde, para recolher passageiros em Joburg e retornar para suas bases. Entre elas, destacam-se a KL, LH, BA, SR, Virgin Atlantic, Olympic, Austrian Airlines, THY, TAP, Iberia. Algumas européias porém chegam à noite, fazem um turnaround de duas horas e voltam. Na época, eram a Alitalia e a Sabena operando assim.

Do Oriente Médio chegam a El Al (767), Emirates(A330) e Saudia (777). Da Ásia a Cathay Pacific (340), Singapore Airlines (744) e Malaysian (747). Temos ainda a Qantas, atravessando todo o Índico com um 747-300.

Não menos interessante são os movimentos domésticos: SAA Express, Airlink, Interair, Sun Air, Nationwide, Comair (operando nas cores da British Airways), Executive Aerospace e Intensive Air mantêm as pistas cheias. Os cargueiros também emprestam seu colorido, tanto de países exóticos como Líbia e antigas colônias soviéticas até a Lufthansa Cargo, Atlas Air e Martinair.

Em resumo: Joburg é um destino fascinante para se conhecer. Combinando-se a viagem de spotting com uma visita turística aos Parques Nacionais e às outras cidades do país e da região, você terá umas férias e tanto. 

 

Gianfranco Beting

 

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